sábado, 27 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIX ]

 Rua de dona Estefânia - (2010) Foto de autor não identificado (O "Paço Real da Bemposta" no "Largo do Paço da Rainha" nos números 21-31) in  CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua de dona Estefânia - (2010) Foto de autor não identificado (A Capela no "Paço da Bemposta" dedicada a "Nossa Senhora da Conceição", no seu comprimento abrem-se seis capelas lateralmente) in SIPA
 Rua de dona Estefânia - (2010) Foto de Mário Marzagão ("Capela da Bemposta". No altar-mor uma tela representando a padroeira da autoria do pintor italiano "José Troni". Em plano inferior a família Real - pintada segundo alguns autores mais tarde, pelo pintor inglês "F. Hichey". No tecto uma pintura em moldura oval com o tema da Virgem, sendo o autor "Pedro Alexandrino de Carvalho" in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
 Rua de dona Estefânia - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel ("Palácio da Bemposta" Capela e fachada principal no "Largo do Paço da Rainha") (Esta foto abre em tamanho grande) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (O "Palácio da Bemposta", Capela e fachada vista de outro ângulo, no "Largo do Paço da Rainha") in AFML 
Rua de dona Estefânia - (1949) Estúdios Mário Novais - (O "Palácio da Bemposta" onde está instalada a "Academia Militar" in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIX ]

«O PAÇO E CAPELA DA BEMPOSTA»

A «RAINHA D. CATARINA» regressou a PORTUGAL em 1693, depois de ter atravessado a FRANÇA , ESPANHA e finalmente entra em território português, onde visita várias cidades.
À sua espera encontrava-se o Rei (seu irmão) «D. PEDRO II» que a encaminhou para o "PALÁCIO DE ALCÂNTARA».
Mudou-se depois para o "PALÁCIO DOS CONDES DE REDONDO" a "SANTA MARTA", tendo ainda residido no Palácio do "Conde de Soure" na "Penha de França", mas fixou residência em BELÉM, no Palácio do "Conde de Aveiras", (depois o "Paço Real de Belém", quando "D. João V" o adquiriu em Julho de 1726), entre 1700 e 1701, enquanto aguardava a conclusão do Paço que para si mandara construir ao "CAMPO DE SANTANA" ( 1 ).
Terá sido a primeira rainha que habitou o "Palácio de Belém". Para a receberem condignamente, se mudaram os "AVEIRAS", por largos meses,  para a "QUINTA DO CORREIO-MOR".
Como necessitava de possuir uma casa sua, resolveu construí-la no «CAMPO DA BEMPOSTA» lugar pouco povoado, tinha terrenos espaçosos e de ar muito saudável e boas vistas.
Os terrenos para o Palácio e para a Quinta, foram adquiridos a diversos proprietários. A época da construção do «PAÇO DA BEMPOSTA» remonta ao século XVIII, tendo como arquitectos "JOÃO ANTUNES" (1701) e "MANUEL CAETANO DE SOUSA".
A Capela da Bemposta, dedicada a "NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO", organiza-se dentro de um rectângulo de ângulos arredondados. A nave, na qual se abrem lateralmente seis capelas, constituindo a do "SANTÍSSIMO SACRAMENTO", pela sua profundidade, uma unidade especial autónoma, ao qual se justapõe a da Capela-mor, de menor largura.
Exteriormente a Capela apresenta um corpo central e dois laterais ligeiramente recuados e coroados de platibanda. Antecede a galilé uma escadaria desdobrada em dois lanços e guarnecida de balaustrada, pontuada por fogaréus. O acesso à galilé ou átrio faz-se por uma porta em arco de volta inteira ladeada por duas alas de peito. Uma varanda central mais elevada e encimada pelas armas reais. A fachada deste corpo termina-se por frontão triangular, onde se observa um relevo representando dois Serafins adornando a virgem (do escultor "JOAQUIM BARROS LABORÃO"), encimado por cruz sobre um plinto. No átrio ladeando a porta de acesso à capela, dois nichos albergam estátuas de mármore figurando "SANTA ISABEL DE PORTUGAL" e "SÃO JOÃO BAPTISTA" (obras de "José de Almeida", concluídas por "Barros Laborão").

«D. CATARINA» faleceu em 31 de Dezembro de 1705 tendo deixado em testamento, o "PALÁCIO DA BEMPOSTA" ao Rei seu irmão. Mais tarde o Rei "D. JOÃO V", por decreto de 14 de Julho de 1707, doou à "SERENÍSSIMA CASA DO INFANTADO" todas as dependências do Palácio e a Quinta da Bemposta. Neste Palácio ou (casa do Infantado) habitaram alguns infantes entre os quais "D. FRANCISCO", irmão de "D. JOÃO V" e "D. PEDRO II", irmão de "D. JOSÉ".
Com o terramoto de 1755 o Palácio sofreu muitos danos procedendo-se de imediato à sua reconstrução. Em 1803 habitava neste Palácio e tinha a sua corte o príncipe regente «D. JOÃO», futuro Rei «D. JOÃO VI».

A família Real regressa do Brasil a 3 de Junho de 1821, e o Rei "D. João VI", que à chegada habita o Paço de Queluz, passado pouco tempo instala-se com a sua corte no «PALÁCIO DA BEMPOSTA», onde manda fazer novas benfeitorias no ano de 1822. Nos anos de 1824 e 1825 continuaram as obras no Palácio, para moradia real, sendo-lhe acrescentado vários quartos para trás da capela e para os lados do jardim.
Factos políticos foram desenrolados neste Palácio na época de "D. João VI" como sejam os decorrentes da chamada «VILAFRANCADA» e os da «ABRILADA» e ainda ser este o local onde faleceu "D. João VI" em 10 de Março de 1826.
Ainda neste Palácio esteve instalada a "JUNTA E A ADMINISTRAÇÃO" da "CASA DO INFANTADO". Os serviços da secretaria e administração da "ORDEM DE MALTA" estiveram estabelecidos em algumas dependências do «PALÁCIO DA BEMPOSTA» até à extinção daquela casa, decretada em 18 de Março de 1834. Como consequência, o Palácio e a Quinta da Bemposta são incorporados nos bens da coroa, e por decreto de 9 de Dezembro de 1850, a Rainha «D. MARIA II» destinou o Palácio e quinta à instalação da «ESCOLA DO EXÉRCITO».
( 1 ) - Trata-se do "PAÇO DA BEMPOSTA" também conhecido como "PAÇO DA RAINHA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XX ]-A ACADEMIA MILITAR (1)»

quarta-feira, 24 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVIII ]

 Rua de dona Estefânia - (2008) Foto de Getty (Livro dedicado a "D. CATARINA DE BRAGANÇA" da autora "ISABEL STILWELL" Edição da Esfera dos Livros) in ARQUIVO/APS
 Rua de dona Estefânia - (1998)- Foto de autor não identificado (A estátua de "Catarina de Bragança" colocada no "Parque das Nações" no "Jardim do Passeio dos Heróis do Mar", é uma réplica da autoria do Norte-Americano "AUDREY FLACK") in PORTAL DAS NAÇÕES
 Rua de dona Estefânia - (1998) Foto de autor não identificado ((Réplica da estátua de "D. Catarina de Bragança" com destino ao bairro "QUEENS" em New York, da autoria de "AUDREY FLACK") in PORTAL DAS NAÇÕES
 Rua de dona Estefânia - (1998) Foto de autor não identificado (Palácio mandado construir por "D. Catarina de Bragança", onde viveu quando regressou a Portugal) in FACTOS E FIGURAS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Rua de dona Estefânia - (depois de 1693) Desenho de autor não identificado ("Palácio da Bemposta" ou "Palácio da Rainha" mandado construir por "D. Catarina de Bragança" rainha da Inglaterra, depois de regressar a Portugal) in PALÁCIO BEMPOSTA
Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Carlos II" rei da Inglaterra num quadro a cavalo, propriedade da Embaixada Britânica de Lisboa) in FACTOS E FIGURAS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL

(CONTINUAÇÃO)- RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVIII ]

«A RAINHA DONA CATARINA DE BRAGANÇA (4)»

Embora as diferenças de costumes entre PORTUGAL e a INGLATERRA tivessem criado alguns dissabores iniciais a "D. CATARINA", a verdade é que a princesa portuguesa se adaptou à etiqueta a as modas inglesas, passando a apreciar os passeios públicos, os jogos de cartas, as danças e os espectáculos. Aliás, "D. CATARINA" não deixou de exercer alguma influencia na sua nova pátria. Poucos saberão, por exemplo, que o hábito de consumir CHÁ, até então pouco conhecido na Ilha, foi ali introduzido pela portuguesa, que era grande apreciadora, até se tornar hoje a bebida nacional inglesa. Poucos saberão igualmente que a rainha incentivou o gosto pelo Teatro e que foi graças a si que, pela primeira vez, se cantou ópera italiana em Londres, em Janeiro de 1675.
"D. Catarina" ficaria célebre pela sua bondade, paciência e prudência.
Ninguém a poderia, no fundo considerar capaz de qualquer acção menos digna ou lesiva para o Rei ou os interesses do Reino. Até os seus inimigos e rivais a ela recorreram. Um dos casos mais célebres foi a de "Lady Frances Stuart", amante do Rei que após cair em desgraça apelou à Rainha que a perdoasse e protegesse, ao que "D. Catarina" acedeu.
Também "Lord Monmouth", filho ilegítimo de "Carlos II" e chefe protestante, que se manifestara hostil à Rainha, viria a apelar para que lhe salvasse a vida, no que "D. Catarina" se empenhou, intercedendo junto do seu cunhado, que então reinava como "Jaime II".

A vida de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" parece ter causado alguma impressão junto do público Norte-Americano. De facto, existe hoje em dia um interesse crescente pela vida e personalidade da Rainha, sobretudo em NEW YORK. A sua ligação a esta cidade é curiosa: tendo o local sido tomado aos Holandeses, os Ingleses mudaram o seu nome de «NOVA AMESTERDÃO» para «NOVA YORK», em homenagem ao "Duque de York", irmão de "Carlos II", autor da conquista. O monarca baptizou então uma das áreas de «KING'S COUNTY» e outra de «QUEEN'S COUNTY», em homenagem a "D.CATARINA".
Hoje em dia, o Bairro de "QUEEN'S" é uma das zonas mais florescentes de "NEW YORK".
Desde 1986, por ocasião do 360º aniversário do nascimento de "D. CATARINA", que tem crescido o interesse local por esta personagem. Foi criada uma associação com o nome de «FRIENDS OF QUEEN CATHERINE», com o objectivo de erguer uma estátua a «D. CATARINA» cuja organização de fundos começou imediatamente, assim como a escolha do projecto da estátua.

A ideia da estátua de «D. CATARINA» que o bairro «QUEEN'S» ia receber não chegou a ser concretizada. E assim se perdeu uma boa oportunidade de homenagear aquela Rainha, cuja maioria das pessoas desconhecem a sua verdadeira importância na história de um país. 
Foi esta portuguesa que introduziu no Reino Unido o famoso costume do "CHÁ DAS CINCO", o uso de "LEQUES" e a "LOIÇA DE PORCELANA" (até aí desconhecida na sociedade inglesa).
Com a infanta foram também importantes bastiões de Portugal e do seu Império, como as cidades de TANGER e BOMBAIM; esta última viria a ser um dos baluartes do «IMPÉRIO BRITÂNICO».
Pensamos que esta estátua, seria uma merecida homenagem a esta princesa portuguesa. Para tristeza de todos aqueles que acreditam que «D. CATARINA» foi uma grande mulher e Rainha, a colocação da estátua não foi autorizada, por um grupo de moradores, principalmente afro-americanos, acreditavam que o simbolismo da estátua provinha de uma família que tinha lucrado com o comércio de escravos.
Presentemente encontra-se uma réplica dessa estátua - da autoria do Norte-Americano "AUDREY FLACK" - colocada no «PARQUE DAS NAÇÕES» no local do «JARDIM DO PASSEIO DOS HERÓIS DO MAR» em LISBOA, na zona Oriental desta cidade, desde o ano de 1998.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIX ] - O PAÇO E CAPELA DA BEMPOSTA».

sábado, 20 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVII ]

 Rua de dona Estefânia - (depois de 1663) (D. Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra) in FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) (O rei "CARLOS II" marido de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" in  THE PÚBLIC "I" 
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) (As armas de Inglaterra e Portugal usadas no tempo de D. Catarina) in FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
 Rua de dona Estefânia - (1945) Foto de André Salgado ("Palácio da Bemposta" mandado construir por "D. Catarina de Bragança", após o seu regresso de Inglaterra) in  AFML
Rua de dona Estefânia - (1930) Foto de Eduardo Portugal ("Palácio da Bemposta" ou "Paço da Rainha" com sua porta brasonada, alberga actualmente a "Academia Militar") in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA  [ XVII ]

«A RAINHA DONA CATARINA DE BRAGANÇA (3)»

Dispondo de vários apoios na corte inglesa, nomeadamente por parte de vários ministros de «CARLOS II», «D. CATARINA» não levou uma vida fácil no decorrer da sua estadia em Inglaterra. As primeiras dificuldades resultaram da própria diferença de costumes.
Os seus trajes e modos eram considerados antiquados pela corte inglesa.
Inicialmente influenciada pelas suas damas (particularmente detestadas pelos Ingleses), "D. Catarina" recusou-se de início a adoptar as modas inglesas, o que em conjunto com a sua devoção religiosa foi motivo de desconfiança e troça.   
Contudo, uma boa parte da sua desventura provinha do próprio REI: embora dedicasse atenção, cuidado e ternura à Rainha, o monarca levou uma vida dissoluta, deixando-se dominar por um conjunto de cortesãs, amantes e preferidas que minavam a posição de "D. Catarina" na corte.
Um dos problemas mais graves que enfrentou foi a incapacidade de dar um herdeiro à Coroa: apesar de ter engravidado várias vezes, a Rainha abortou em todas elas, o que criou um problema grave à própria sucessão do REI.
Deste facto se aproveitaram várias personagens, que nunca viram com bons olhos o casamento do seu Rei com a princesa portuguesa.
Manobrando com o concluio de "Lady Castlemaine", o "Duque de Buckingham", propôs por diversas vezes ao Rei, - embora em vão - o divórcio, sendo uma das propostas particularmente curiosa: previa que "D. Catarina" fosse exilada para a "AMÉRICA DO NORTE», sendo esta "fuga" um motivo para o Rei pedir a anulação do casamento. A população de LONDRES era incentivada a manifestar-se contra a Rainha, o que chegou a acontecer em diversas ocasiões.
"D. Catarina" foi informada de que várias cantigas e inscrições satíricas "corriam" na cidade; uma delas dizia: "três coisas podem ser vistas: Dunquerque, Tânger e uma rainha estéril". A sua figura física era ridicularizada, a sua personalidade, carácter e preferência, motivo de boatos e mentiras de todo o tipo. Porém, o facto mais grave ocorreu nos anos seguintes a 1678 quando, no desenrolar das disputas e intrigas políticas, houve acusação de que se preparava uma conspiração católica contra a vida do Rei, em que "D. Catarina" estaria supostamente envolvida. "CARLOS II", apesar de ter investigado a veracidade desta suposta "conspiração", nunca acreditou que a Rainha tivesse conhecimento de qualquer manobra política obscura, pelo que a posição de "D. Catarina" conseguiu manter-se acima destas disputas.
Em 1685, «CARLOS II» falecia, deixando "D. Catarina" e o país mergulhado no luto. O Rei não deixara descendência legítima, pelo que ocorreu nos anos seguintes uma luta pelo trono.
Sucedeu-lhe o irmão, "DUQUE DE YORK", com o nome de «JAIME II». Católico convicto, não conseguiu sanear a inimizade dos seus opositores, mergulhando a INGLATERRA em nova guerra civil.
"D. Catarina", então doente, decidira que era chegada a hora de voltar à sua pátria, já que nada a retinha ali e não estava disposta a suportar os anos difíceis que se avizinhavam. Para tal, escreveu ao seu irmão «D. PEDRO II», para que tratasse do transporte que a levaria a Portugal. O Rei português, porém, não mostrou pressa em satisfazer os constantes apelos da irmã. O Rei de Inglaterra estava igualmente demasiado ocupado em salvar o seu próprio trono, pelo que "D. Catarina" se viu involuntariamente retida em Inglaterra.
Em 1688, finalmente, "D. PEDRO" autorizou a partida da irmã, mas um novo agravamento da sua doença impediu-a de partir.
Entretanto, a situação complica-se em Inglaterra. O holandês «GUILHERME DE ORANGE», apoiado pelos protestantes, desembarcou em Inglaterra e tomou a "COROA", obrigando «JAIME II» a fugir. Embora isto não colocasse a vida da Rainha em perigo, tornava a sua posição difícil e incómoda, aumentando-lhe assim a vontade de partir.
Contudo, a sua influência na Corte havia aumentado. As suas qualidades, que vinham a ser gradualmente reconhecidas, tornavam-na um interlocutor privilegiado entre católicos a protestantes.
Em Janeiro de 1692, finalmente, estava tudo pronto para o seu regresso a Portugal. Só sairia em Março, sendo saudada pelos Londrinos nas ruas da cidade. Atravessou FRANÇA (onde recebeu um convite de "Luís XIV" para visitar Versalhes, que foi obrigada a declinar) e ESPANHA, tendo entrado pela Beira. O seu percurso até LISBOA inclui Pinhel, Celorico, Gouveia, Santa Comba Dão, Coimbra, Condeixa, Pombal, Alcobaça, Caldas, Alcoentre e Vila Franca de Xira. Recebida pelo Rei «D. PEDRO II», seu irmão, viria a ser designada por duas vezes regente do reino, até falecer 1705, no seu «PALÁCIO DA BEMPOSTA», que mandara erguer e onde passou a maior parte do seu tempo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVIII ]-A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA (4)».
   

quarta-feira, 17 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVI ]

 Rua de dona Estefânia - (2008) Foto de Dias dos Reis (Painel de azulejos com D. Catarina de Bragança" Rainha de Inglaterra, colocado na antiga Vila de Ourém) in  DIAS DOS REIS 
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Dona Catarina de Bragança" Rainha de Inglaterra in LEME
 Rua de dona Estefânia - (Depois de 1663) ("D. Catarina de Bragança e seu marido "Carlos II" Rei de Inglaterra) in GRUPO DESPORTIVO BAIRRENSE
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Carlos II" Rei da Inglaterra marido de "D. Catarina de Bragança" in LEME
Rua de Dona Estefânia - (Século XVII) ("Lady Castlemaine" uma das principais adversárias de "D. Catarina de Bragança) in HINCH HOOSE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVI ]

«A RAINHA DONA CATARINA DE BRAGANÇA ( 2)»

O Embaixador inglês "SIR RICHARD FANSHAWE" tinha trazido o tratado de casamento para rectificação e mais um documento oficial assinado pelo Rei, contendo a declaração de ser «DONA CATARINA DE BRAGANÇA» sua esposa. Era ele , o Embaixador, encarregado de acompanhar a rainha à Inglaterra; porém, como a vinda da esquadra inglesa demorasse, foi forçado a regressar a Londres, deixando essa honra ao comandante em chefe da frota, o «CONDE DE SANDWICH» que, depois de tomar posse de TANGER em Janeiro de 1662, chegou a LISBOA para esse fim, em Março desse ano.
A 23 de Abril de 1662 a rainha embarcou, rumo para Inglaterra. A esquadra chegou a "PORTS MOUTH" a 14 de Maio e o casamento realizou-se ali a 21 , na igreja de "DOMUS DEI". Foi este casamento protestante, mas nesta mesma manhã, antes de sair dos seus aposentos, "D. CATARINA" fez saber ao REI que não casaria a não ser que o seu matrimónio também se realiza-se pelo rito Católico, e assim aconteceu, realizou-se na sua câmara pelo padre «LORD AUBIGNY», esmoler-mor da rainha, na presença do "CONDE DA PONTE", mais três fidalgos portugueses e duas ou três damas da rainha, também portuguesas. Não assistiu a este cerimónia nenhum inglês a não ser o padre, o próprio Rei e seu irmão, «D. Jaime» o "Duque de YORK", que era católico. O matrimónio de "CARLOS II" com a Infanta de Portugal teve não só o apoio da Rainha-mãe, "HENRIQUETA MARIA", que continuava a residir em PARIS e cuja maior ambição era ver o seu filho convertido ao Catolicismo, mas do próprio "LUÍS XIV", que reforçou os seus conselhos nesse sentido com a oferta de 300 000 pistolas francesas, para as despesas imediatas de "CARLOS II".

A «DONA CATARINA» estava reservada uma dura aprendizagem das regras da corte inglesa. No entanto, o que mais a amargurou foi assistir às permanentes infidelidades do marido até à sua morte em 1685, que suportou com abnegação pelo amor que lhe dedicava.
A primeira prova estava-lhe destinada logo após o matrimónio; "BARBARA PALMER" depois "CONDESSA DE CASTLEMAINE" e amante do Rei (de quem teve vários filhos), conseguiu ser nomeada para dama de companhia da RAINHA. «D. CATARINA», após reagir inicialmente de forma emotiva, ameaçando até regressar a Portugal, aceitou o facto, já que o Rei se mostrou inflexível na sua decisão, tendo-lhe então garantindo que apenas nutria simpatia pela Condessa, por quem se sentia responsável. «D. CATARINA» passou, assim, a  contar com uma fonte de intrigas junto da sua pessoa, já que "LADY CASTLEMAINE" vivia no Paço, ceando regularmente com o Rei. A sua influência seria, nociva, tanto para o relacionamento do casal Real, como para a própria posição de «D. CATARINA» na Corte Inglesa.
A INGLATERRA que «D. CATARINA» conheceu e onde viveu durante 30 anos, era um país dividido, saído de greves perturbações religiosas, sociais e políticas.
A questão religiosa nunca fora pacífica, desde que "HENRIQUE VIII" fundara a INGLATERRA  ANGLICANA e abandonado o «CATOLICISMO» e a fidelidade a ROMA. Embora nunca sofresse uma guerra religiosa semelhante às que ocorriam nos PAÍSES BAIXOS, na ALEMANHA, ou mesmo em FRANÇA, os conflitos entre a maioria protestante e a minoria católica eram constantes.
Apesar da prudência e inteligência com que "CARLOS II" governou a INGLATERRA, o país permanecia dividido e numa situação de tensão social. Foi este ambiente que  "D. CATARINA" encontrou na "sua" nova pátria: "uma corte perigosa e corrupta, com intrigas tecidas e urdidas em todos os corredores".
Dois acontecimentos agravaram a situação da capital: a grande peste, que atingiu a cidade em 1665 e que terá causado a morte a cerca de setenta mil habitantes, e um grande incêndio, que deflagrou a 2 de Setembro de 1666 e que destruiu parte substancial da cidade. O desespero e a superstição popular acabaram por inflamar os ódios contra os católicos, agravando a tensão social existente. «D. CATARINA», olhada com especial desconfiança por ser estrangeira e católica, sofreu vários dissabores, que suportou e enfrentou, contudo, com grande coragem, valendo-lhe o apoio do REI que, apesar do seu comportamento, sempre reconheceu na rainha portuguesa um importante apoio à sua governação.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVII ]-A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA (3)».  

sábado, 13 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XV ]

 Rua de dona Estefânia - (entre 1663 e 1665) Quadro a óleo sobre tela, do artista Peter Lely - (O quadro de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" rainha consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda, colecção do "Royal Collection of the U. K." in  WIKIPÉDIA
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Carlos II", Rei de Inglaterra marido de "D. Catarina de Bragança" de 1662 a 1685) in  IDENTIDADYCULTURA
 Rua de dona Estefânia - (Segundo quartel do século XVII) (A Infanta "D. Catarina Henriqueta de Bragança", futura rainha de Inglaterra) in  GRUPO DESPORTIVO BAIRRENSE
 Rua de dona Estefânia - (Segundo quartel do século XVII) ("D. Catarina de Bragança" Rainha de Inglaterra, introduziu na corte Inglesa o culto do CHÁ) in  GRUPO DESPORTIVO BAIRRENSE
Rua de dona Estefânia - (Terceiro quartel do século XVII) (A Rainha consorte de Inglaterra de 1662 a 1685, foi casada com "Carlos II" Rei da Inglaterra) in RAINHAS E DEUSAS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XV ]

«A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA ( 1 )»

«DONA CATARINA DE BRAGANÇA», Infanta de Portugal e Rainha de Inglaterra, nasceu em Vila Viçosa a 25 de Novembro de 1638 e faleceu em LISBOA a 31 de Dezembro de 1705, no Palácio do "CAMPO REAL DA BEMPOSTA" que o tinha mandado construir para sua residência.
Casou com "Carlos II», Rei de Inglaterra, filho de "Carlos I", que foi degolado em 1649.
A Rainha de Inglaterra era filha de "D. JOÃO IV" e de sua mulher, "D. LUÍSA DE GUSMÃO" e ainda irmã dos monarcas "D: AFONSO VI" e "D. PEDRO II".
Foi educada no Convento de ALCÂNTARA, de onde raramente saia.  Quando casou não conhecia uma palavra de inglês; o francês que sabia não era suficiente para poder dialogar com perfeição. Com o marido falou sempre em espanhol. Deve ter deixado o Convento em 1656, ano em que faleceu "D. JOÃO IV".
"D. CATARINA" inicialmente destinada a casar com o monarca francês, acabaria, no entanto, por vir a contrair matrimónio com o Inglês «CARLOS II», apesar de ser uma princesa católica num país onde a religião oficial era o protestantismo. Prudente, recatada, dotada de espírito de sacrifício exemplar e bondosa em extremo, «D. CATARINA» não teria uma vida fácil no meio das intrigas da corte inglesa, mas tudo suportou em nome do bom relacionamento entre PORTUGAL e a INGLATERRA e do seu amor pelo marido.
Quando em 1660, em Inglaterra foi restaurada a Monarquia, pondo fim a um breve mas atribulado período republicano, «D. LUÍSA DE GUSMÃO» que governava Portugal desde a morte de seu marido «D. JOÃO IV», ordenou imediatamente que se iniciassem os contactos  com vista ao casamento da filha com o novo monarca inglês.
Desde 1657 que se encontrava em LONDRES como Embaixador de Portugal o padrinho de "D. CATARINA DE BRAGANÇA", «D. FRANCISCO DE MELO» "CONDE DA PONTE", depois «MARQUÊS DE SANDE». "D. Francisco" pôs-se logo em comunicação com "CARLOS II" em "BREDA" e também com "MONK" em Inglaterra, sobre o assunto do casamento, conseguindo deste a promessa do seu apoio. Após a proclamação do Rei, em Maio de 1660, "D. Francisco" renovou oficialmente a proposta, reforçada pela oferta de 2 000 000 de cruzados como dote, a cedência de «TÂNGER» e «BOMBAIM» e a liberdade de comércio para os Ingleses nas Colónias Portuguesas.
Em troca pedia para a Infanta a liberdade de exercer o seu culto religioso e para Portugal o auxílio inglês no caso de agressão por parte da Espanha ou da Holanda.
Em Londres, a classe mercantil recebeu com o maior agrado a proposta de Portugal, pois passavam a dispor de amplas facilidades comerciais e acesso ao comércio da «ÍNDIA» e do «BRASIL».
O Rei convocou uma reunião secreta em casa do «LORD CHANCELLOR», estando o Conselho de "Carlos II" inclinado para aceder a este acordo, caso não houvesse princesas protestantes disponíveis para casar com o Rei.
No cenário Internacional "LUÍS XIV" de França aconselhava o monarca Inglês a aceitar a proposta portuguesa, que servia os seus próprios interesses.
O Embaixador Espanhol em Londres, evidentemente, agia em sentido contrário, mas o seu peso era ali bastante reduzido. Havia, porém, uma dificuldade suplementar, que viria atrasar o acordo.
"Carlos II" era um homem particularmente sensível aos aspectos físicos femininos, e ninguém pensaria em casá-lo com uma princesa que lhe desagradasse fisicamente. O Rei não gostava de loiras e das mulheres do Norte; as propostas suecas ou alemãs estavam, assim, postas de parte. Existia ainda a alternativa de várias princesas italianas, mas nenhuma cumpria os requisitos exigidos pelo monarca.
Após ponderar cuidadosamente a questão e, segundo se diz, depois de lhe ter sido mostrado, pelo «CONDE DA PONTE», um retrato de "D. CATARINA", "CARLOS II" decidiu-se pela princesa portuguesa.
Em LISBOA, a resposta favorável foi recebida com entusiasmo. Era agora necessário juntar a enorme quantia destinada ao dote, para o qual a própria Rainha vendeu as jóias pessoais e recorreu a diversos empréstimos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVI ] -A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA (2)»

quarta-feira, 10 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIV ]

 Rua de dona Estefânia - (2012) - (Fachada da entrada do IPR - hoje Departamento Técnico e Financeiro da Instituição - um edifício com características mouriscas de finais do século XIX) in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (2011) Foto de autor não identificado (Pormenor da entrada do Instituto Português de Reumatologia - IPR, hoje o Departamento Técnico e Financeiro do IPR) in LIFECOOLER
 Rua de dona Estefânia - (2007) - (Panorâmica do edifício do Instituto Português de Reumatologia na "Rua de Dona Estefânia", hoje serve de Departamento Técnico e Financeiro da Instituição) in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (2009) Foto do Engº José Sá Fernandes (A estátua de "Cesário Verde" no jardim com seu nome, na "Praça Ilha do Faial" junto da "Rua de dona Estefânia") in  LISBOA é muita gente
 Rua de dona Estefânia - (2009) - Foto do Engº José Sá Fernandes (Um aspecto do "Jardim Cesário Verde" na "Praça Ilha do Faial", junto da "Rua de dona Estefânia") in  LISBOA é muita gente
 Rua de dona Estefânia - (2007) (Panorama da "Praça Ilha do Faial" jardim "Cesário Verde", junto à "Rua de dona Estefânia") in GOOGLE EARTH
Rua de dona Estefânia - (2012) (A "Rua de dona Estefânia" na  parte um pouco mais a Norte, vendo-se no lado esquerdo o "JARDIM CESÁRIO VERDE") in  GOOGLE EARTH 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIV ]

«O INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA-IPR E O JARDIM CESÁRIO VERDE»

O «INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA - IPR» teve  a sua Sede durante longos anos neste edifício de tendências românticas de finais do século XIX, com pitorescas janelas e porta, na "Rua de dona Estefânia" números 187-189.
Presentemente nesta morada encontra-se o "Departamento Técnico e Financeiro da Instituição", estando neste momento a funcionar as consultas externas e internamentos na "Rua da Beneficência" no número sete, próximo da "Praça de Espanha".
O "Instituto Português de Reumatologia-IPR" é uma "Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS)", dedicada ao estudo,  investigação, prevenção e tratamento das doenças reumáticas desde há 64 anos.
Constituído em 18 de Dezembro de 1948 com a denominação de «ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA», passa a (IPR) em 5 de Abril de 1954, o (IPR) é uma instituição particular de solidariedade Social, sob a forma de Associação com duração ilimitada, tendo os seus Estatutos sido publicados no D.R. III série Número 83 de 09.04.1987 e encontra-se registado como  "Instituição Particular de Solidariedade".
O «IPR» é a maior unidade de Reumatologia de Portugal. Aquela que  tem mais médicos, faz mais consultas da especialidade, tem grande quantidade de internamentos e realiza vários tratamentos ao domicílio da Medicina Física e de Reabilitação. O doente reumático é a sua razão de ser deste Instituto, sendo tratado de forma dedicada.
Integrada no Sector de Formação, Ensino e Investigação, dispõe de uma Biblioteca especializada na área da Reumatologia.

«PRAÇA ILHA DO FAIAL» - "JARDIM CESÁRIO VERDE"

Depois de passarmos o "LARGO DE DONA ESTEFÂNIA", quem se dirige para Norte continuando a "Rua de dona Estefânia", logo no seu lado direito entre as ruas "CIDADE DA HORTA" e "PONTA DELGADA" vamos encontrar a «PRAÇA ILHA DO FAIAL» conhecida por "JARDIM CESÁRIO VERDE" (1855-1886), onde está colocado o busto feito em bronze, com pedestal em pedra, deste poeta do século XIX. A escultura foi executada por "MAXIMIANO ALVES" em 1951, tendo sido inaugurada a 21 de Abril de 1955.
Um local aprazível de lazer bastante arborizado e tranquilo. Está de novo aberto (2009) depois de importantes obras de requalificação, na plantação de novas espécies e actualização de novos equipamentos, bem como a substituição de algum pavimento menos bom e novos sistemas de rega.
Quem passar hoje pela "Rua de dona Estefânia" e olhar a "Praça Ilha do Faial", talvez possa ter uma surpresa.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XV ] - A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA ( 1 )»  
  

sábado, 6 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIII ]

 Rua de dona Estefânia - (2007) -(Local destinado à urbanização no "Casal de Santa Luzia". Um terreno com cerca de 13 000 metros quadrados, prevendo-se a construção de 84 fogos - T1 a T5  - totalizando 13 600 m2 de habitação, acrescido de 1 500 m2 de espaços comerciais e um lote de 1 600 m2 destinados a equipamento)  in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (2011?) - Foto de autor não identificado (Projecto para o "Casal de Santa Luzia" da autoria do Arquitecto "Frederico Valsassina") in RODRIGUES & NÉVOA
 Rua de dona Estefânia - (2011?) - Foto de autor não identificado (Projecto do "Casal de Santa Luzia" junto à "Rua de D, Estefânia" da firma "Rodrigues & Nèvoa") in RODRIGUES & NÉVOA
 Rua de dona Estefânia - (2012) (O que resta da "Garagem Santa Luzia" na "Rua de dona Estefânia") in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (1969) Foto de João H. Goulart (A "Garagem Santa Luzia" Estação de Serviço e Oficinas, na "Rua de dona Estefânia, 109 a 115) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (A "Garagem de Santa Luzia" na "Rua de dona Estefânia") in AFML
 Rua de dona Estefânia - (1969) Foto de João Goulart (Entrada para o "Casal de Santa Luzia", junto à "Rua de dona Estefânia" in  AFML
Rua de Dona Estefânia - (1969) Foto de João H. Goulart (O "Casal de Santa Luzia" com entrada pela "Rua da Escola de Medicina Veterinária, 10) in AFML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIII ]

«O BAIRRO CATARINO E O CASAL DE SANTA LUZIA»

Na «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» frente ao portão lateral de entrada do "HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA» existiu há anos um pequeno BAIRRO de nome «CATARINO», entre os números 69 e 71 da referida "RUA", hoje já nada resta desse bairro, a não ser a indicação no "Roteiro de Lisboa" edição do Anuário 7.ª edição de 1987.
Além deste bairro, vem igualmente mencionado neste roteiro o «CASAL DE SANTA LUZIA» (que pertencia à freguesia de S. Jorge de Arroios) hoje «ARROIOS», e nos indicava que  a sua entrada se fazia próximo do número 113 da «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» e tinha ainda outra entrada para o "CASAL", pelo número 10 na "RUA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA".
Este espaço (há muito abandonado) inserido na malha urbana das denominadas "Avenidas Novas", situa-se nas traseiras do "ex-LICEU CAMÕES" junto dos seus campos desportivos, tem duas entradas, era uma urbanização do século XIX, um local essencialmente industrial.
Nesta altura existe um projecto para o espaço, calculado aproximadamente de treze mil metros quadrados. O projecto de loteamento para o local é da autoria do Arquitecto "Frederico Valsassina", foi aprovado em Novembro de 2011, prevendo-se a construção de 84 fogos de tipologia T1 a T5 totalizando 13 600 metros quadrados de habitação, acrescidos de 1 500 metros quadrados de espaços comerciais e de um lote com cerca de 1 600 metros quadrados destinados a equipamentos.
O desenho urbano é apoiado no prolongamento de estrutura viária envolvente, em vias exclusivamente pedonais, criando uma continuidade visual com os espaços vizinhos do "ex-Liceu Camões".
Esta informação obtida através da C.M.L. gabinete do senhor vereador "Manuel Salgado", referente à «Aprovação do prédio de licenciamento da operação de Loteamento a realizar no "Casal de Santa Luzia", proposta 596/2011». Que no seu ponto um nos diz: "A operação de loteamento nos terrenos sitos na "Rua de dona Estefânia", 93 a 119 e na "Rua Escola de Medicina Veterinária", 6 a 8A (vulgarmente designada por "Casal de Santa Luzia" na antiga freguesia de "São Jorge de Arroios" (hoje "ARROIOS").No seu ponto terceiro, indica-nos que o loteamento resulta de reparcelamento de vários prédios, tendo para o efeito a construção de quatro lotes destinados à edificação urbana, neles se prevendo a construção de dez edifícios com um máximo de seis pisos acima do solo (destinados a comércio, habitação e equipamento) e um máximo de três pisos abaixo do solo, exclusivamente destinados a estacionamentos.
Ainda no ponto sete, diz-nos que a operação de loteamento prevê a construção de quatro parques de estacionamento autónomos, que se desenvolvem nos pisos em cave, com capacidade para 370 lugares de estacionamento. Alguns destinados a estacionamento público localizado nos lotes 4, e outros a ceder para o domínio privado municipal, prevendo-se o acesso ao mesmo, através da construção de uma servidão de passagem pelo lote 3.
No ponto oito, este loteamento prevê a cedência gratuita de uma área de 5195,60 metros quadrados para integrar o domínio público municipal, destinada a espaços verdes e de utilização colectiva, (dos quais, 3661 metros quadrados constituem a área verde permeável) bem como a cedência, como compensação em espécie, de um lote com 2 960,40 metros quadrados, onde se prevê a construção de um edifício com 1 568,40 metros quadrados de superfície de pavimento destinado ao funcionamento de uma creche/jardim e de um lar de terceira idade.
Todo este terreno confina com as ruas: "RUA DE DONA ESTEFÂNIA" a (Nascente), "RUA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA" a (Sul) e a (Poente) com a "ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES", antigo "LICEU CAMÕES".
Grande parte da área não tem construção, com excepção de uma na "RUA DE DONA ESTEFÂNIA" e outra, na "RUA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA".
Este sítio do «CASAL DE SANTA LUZIA» está ainda hoje muito mal documentado quanto à sua história. Propunha-se a quem eventualmente por ali viveu ou trabalhou, nos deixe aqui o seu depoimento, para assim, amanhã, um outro vindouro, conseguir juntar uma história que certamente terá por ali existido, neste "CASAL" bastante antigo.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIV ]-O IPR-INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA E O JARDIM CESÁRIO VERDE»

quarta-feira, 3 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XII ]

 Rua de dona Estefânia - (1962) - (Programa de um de muitos espectáculos efectuados no "Ginásio do Liceu Camões", este dedicado aos profissionais de Seguros, no ano de 1962) in ARQUIVO/APS
 Rua de dona Estefânia - (1962) (Especificação da estrutura do Espectáculo realizado no "LICEU CAMÕES", sendo a primeira parte cultural e a segunda mais recreativa) in ARQUIVO/APS
 Rua de dona Estefânia - (2007) (Panorama do sítio de Arroios onde está inserido o ex-Liceu Camões, o "Casal de Santa Luzia" e a "Escola Superior de Medicina Veterinária") in GOOGLE EARTH 
 Rua de dona Estefânia - (1960) Foto de Arnaldo Madureira (O "Liceu Camões", hoje "Escola Secundária de Camões" na "Praça José Fontana") in AFML
Rua de dona Estefânia - (depois de 1974) autor Petroevr (Desenho do Busto de Camões, adaptado à "Escola Secundária de Camões", antigo "Liceu Camões" na Praça José Fontana") in WIKIPÉDIA


(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XII ]

«O LICEU CAMÕES ( 2 )»

Em 1910/11, frequentavam o "LICEU CAMÕES" 690 alunos; em 1940/41, eram já 1167 alunos distribuídos por 31 turmas e 51 o número de professores.
No corpo central do edifício eram as salas do Conselho Administrativo, no pavimento nobre, por cima deste encontrava-se a habitação do reitor.
Pelos corpos laterais repartem-se as aulas destinadas aos alunos. Além das aulas, tem o novo Liceu, pátio para recreio dos alunos, um grande ginásio, piscina, refeitório, recinto arborizado para a prática de exercícios físicos ao ar livre.
A situação do novo liceu é magnifica, encontra-se num ponto elevado da cidade e servindo a numerosa população que hoje (início do século XX) alastra por aquela parte norte de LISBOA que por todos os lados se alarga de dia para dia.
Um dos factores de prestígio do liceu foi, sem dúvida, a Cantina Escolar criada em 1931 e que incorporava desde logo quatro secções: Refeitório, pastelaria, livraria e papelaria. A Cantina Escolar foi dos maiores contributos para o desenvolvimento do liceu.
No final da década de cinquenta, o liceu conhece um momento de expansão com a abertura de duas secções: a de ALVALADE(1957/58), actual "ESCOLA SECUNDÁRIA PADRE ANTÓNIO VIEIRA"; e a do "AREEIRO"(1958/59), hoje em dia, a "ESCOLA E.B. 2,3 LUIS DE CAMÕES". Esta expansão vem como parte da solução ao combate de sempre crescente número de alunos. No ano lectivo de 1972/73, o liceu, inicialmente previsto para acolher 600 alunos, suportava mais de 2200, sem contar com o ciclo nocturno.
Ainda na década de cinquenta e sessenta do século passado, no "Ginásio" do "LICEU CAMÕES" efectuavam-se "SERÕES PARA TRABALHADORES" (principalmente aos Sábados à noite) alguns organizados pela ex-F.N.A.T.(hoje INATEL) outros, pela ex-EMISSORA NACIONAL, proporcionando assim, grandes momentos de cultura musical.

A «ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES» (antigo "LICEU CAMÕES"), ainda hoje mantém o ensino nocturno e continua a ser uma das melhores escolas secundárias do país. Nos últimos anos tem sido alvo de remodelações e expansão, tendo sido criado de raiz um refeitório, um auditório, uma sala de musculação, um novo espaço para o museu da escola e um pavilhão gimnodesportivo. Dispõe igualmente de um centro de recursos escolares, de uma biblioteca, sala de informática e desenho, uma papelaria, um bar de alunos e professores, os laboratórios de Física, Química e Biologia, a sala da "ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES", dois campos de futebol, mesas de pingue-pongue e de matraquilhos.

Em 21 de Agosto de 1990 foi feita "Membro-Honorário da Ordem da Instrução Pública( 1 ).

Pelo "velho" "LICEU CAMÕES" passaram grandes vultos da "HISTÓRIA" e da "CULTURA" do nosso país, quer como alunos quer como professores, nomeadamente "MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO", "VIRGÍLIO FERREIRA", "AQUILINO RIBEIRO" entre outros.
Após o 25 de Abril de 1974 todos os liceus mudaram a sua designação para "ESCOLA SECUNDÁRIA" sendo dessa forma que hoje se designa esta instituição: «ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES».


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XIII ]-O BAIRRO CATARINO E O CASAL DE SANTA LUZIA»