quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

RUA DA MISERICÓRDIA [VIII]

Rua da Misericórdia, 35-37- (2009) Foto de APS (Restaurante Tavares Rico na Rua da Misericórdia) ARQUIVO/APS
Rua da Misericórdia - (2009) Foto de APS (Restaurante Tavares Rico na Rua da Misericórdia) ARQUIVO/APS

Rua da Misericórdia (depois de 1901) Foto de Eduardo Portugal (Restaurante Tavares depois da inauguração do primeiro andar) in AFML


Rua da Misericórdia - (depois de 1901) Foto de Artur Goulart ( Restaurante Tavares depois das obras do primeiro andar com as varandas) in AFML



Rua da Misericórdia - (Início do século XX) Foto de Alberto Carlos Lima ( Restaurante Tavares antes das obras do primeiro andar) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DA MISERICÓRDIA [ VIII ]
«RESTAURANTE TAVARES»
Na «RUA LARGA DE SÃO ROQUE» o «TAVARES» na sua fase primitiva, é dos mais antigos restaurantes de «S. ROQUE».
Durante todo o século XIX e princípio do século XX a zona do Chiado era lugar por excelência da vida lisboeta. Entre os seus Clubes, Cafés, Restaurantes e Botequins as mais importantes questões da vida política e artística do país misturavam-se com ditos histórias picantes do dia a dia.
Pelo "chique" francesismo da sua decoração e requinte de cozinha, o «TAVARES» era o restaurante eleito para os momentos especiais. Quando na segunda metade do século XIX este lugar foi renovado e adquiriu luxuoso ponto de encontro, já há muitos anos era um conhecido restaurante da zona.
Foi fundado no ano de 1784 na «RUA LARGA DE SÃO ROQUE» no número 35 por «NICOLAU MASSÁ», mais conhecido pelo «TALÃO».
Por volta de 1823 encontrava-se na posse de dois irmãos Tavares, «ANTÓNIO» e «MANUEL TAVARES» a quem o restaurante deve o seu nome. Nessa época de lutas entre Liberais e Absolutistas o local foi lugar de encontro de Liberais, o que levou à prisão dos dois irmãos, pelo então alcaide do «BAIRRO ALTO».
Mas o restaurante resistiu, até porque os políticos alternavam rapidamente e os Liberais acabaram por tomar o poder.
Dos dois irmãos «TAVARES» a casa passou posteriormente por um galego e um «PIMENTA», e é finalmente em 1861 com «VICENTE CALDEIRA» que o restaurante é renovado com o ambiente com que ficou célebre; altos espelhos enquadrados numa "boiserie" de talha dourada, elaborados estuques nos tectos e grandes lustres.
Pelo facto do mesmo proprietário ter um outro restaurante relativamente perto, no «LARGO DA TRINDADE», os lisboetas começaram a chamar, por brincadeira, um pelo nome «TAVARES RICO», o outro por «TAVARES POBRE», designação que se mantém.
O sucesso do restaurante levou a que em 1901 fossem feitas obras de ampliação, com um primeiro andar de novas salas e gabinetes, e uma fachada com três bojudas varandas ao gosto da arquitectura do princípio do século XX.
Como curiosidade lembramos que foi no tempo de «MANUEL TAVARES» e na época do Absolutismo, que este fez afixar no seu botequim o já clássico letreiro: «O dono desta casa não consente aqui discórdias nem conversações e opiniões políticas».
Depois desta remodelação do início do século XX, ficou conhecido pelo restaurante «TAVARES RICO», tornando-se um ex-libris de Lisboa. Com altos e baixos, este restaurante chegou até nós após 225 de história, sendo actualmente o mais antigo restaurante de Portugal.
Em 2003 o «RESTAURANTE TAVARES» é adquirido por um Industrial e Gastrónomo que promete reabrir com qualidade e manter a velha tradição das Tertúlias e do convívio.
No ano de 2004 o «RESTAURANTE TAVARES» regressou ao seu melhor brilho, após novo processo de reabilitação, estando presente no primeiro andar, a sala «EÇA DE QUEIROZ» destinada a reuniões ou grupos mais numerosos.
Em Novembro de 2009 o «RESTAURANTE TAVARES» é distinguido e reconhecido como um dos restaurantes mais prestigiados do Mundo.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA MISERICÓRDIA [ IX ] - ESTABELECIMENTOS NESTA RUA»