quarta-feira, 28 de abril de 2010

RUA DO TERREIRO DO TRIGO [ III ]

Rua do Terreiro do Trigo - (2009) Foto de APS (Parte do edifício da Alfândega no lado Sul e início do Largo do Terreiro do Trigo) ARQUIVO/APS
Rua do Terreiro do Trigo - (2009) (Foto de autor não identificado) (A Rua do Terreiro do Trigo - o segundo prédio à direita com os números 78 a 84, foi em tempos "OS BANHOS DO BAPTISTA", hoje uma agência do BPI) in SKYSRAPERCITY

Rua do Terreiro do Trigo - (s/d) - Fotógrafo não identificado (Mercado Central de Produtos Agrícolas, actual edifício da Alfândega) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DO TERREIRO DO TRIGO [ III ]
«O CELEIRO PÚBLICO DE LISBOA (2)»
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No meio das pilastras abre-se um portal, de grande efeito arquitectónico e por cima, sobre plataforma de cantaria apoiada em robustas consolas divergentes, uma janela de sacada entre dois remates piramidais adoçados à parede, parcialmente cobertos por salientes espigas de trigo.
Embora não visível do exterior, e talvez mais engenhoso o reforço da parede Sul do bloco Norte do edifício só observável da passagem interior, também era utilizado para depósito do cereal, por beneficiar do calor do sol.
Quando a utilização do edifício mudou para a actual, os artifícios técnicos descritos perderam todo o sentido. A passagem longitudinal média, a céu aberto, foi coberta e alterada a disposição de alguns espaços interiores; e os gigantes, de funcionais passaram a decorativos, numa fachada de grande impacto visual.
Este espaço funcionava como depósito obrigatório, mercado regulador e alfandega de trigo e outros cereais, proibindo-se a venda fora do terreno, sob pena de multa e de açoites com baraço e pregão. O «CELEIRO DE PORTUGAL», assim lhe chamou o padre «DUARTE DE SANDE», na centúria de quinhentos, não deixando de enaltecer a mestria das padeiras alfacinhas e o «SABOR FINÍSSIMO» do seu pão.
Não se pode imaginar a miscelânea de gente que davam vida e cor a esta local. Se os moços vadios e amigos do alheio que por aqui abundavam não destoam num cenário onde outrora se realizavam «EXECUÇÕES CAPITAIS», já o mesmo não se pode dizer da convivência entre os carregadores do trigo e as centenas de «MEDIDEIRAS», que ali trabalhavam e cuja reputação deveria ser incontestável, pois teriam de ser "casadas ou viúvas honestas, mulheres de homem de idade, que não presuma delas fazerem o que não devem".
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O «CELEIRO PÚBLICO DE LISBOA» há muito que cessou a função para que foi destinado. Com o aparecimento das fábricas de Moagem e em determinada época foi o «GRÉMIO DO TRIGO» que se encarregava de gerir o cereal.
O tão falado "agasalho do pão" do tempo de «D. MANUEL I», tomou então variantes, hoje irreconhecíveis na expressão orgânica e administrativa.
Neste edifício funcionou o «MERCADO CENTRAL DE PRODUTOS AGRÍCOLAS», e recebeu obras de limpeza em 1911, tendo funcionado até Março de 1937, os seguintes serviços: «DIRECÇÃO GERAL DE PECUÁRIA»; «DIRECÇÃO GERAL DOS SERVIÇOS FLORESTAIS E AGRÍCOLAS».
A transformação do velho «TERREIRO DO TRIGO» no seu interior, esteve subordinada à «DIRECÇÃO GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS», dirigida pelo arquitecto «JORGE BERMUDES» e pelo engenheiro «DÁCOME DE CASTRO». No edifício após a sua renovação, foram instaladas a «DIRECÇÃO GERAL DAS ALFÂNDEGAS» e seus serviços anexos, bem como a «GUARDA FISCAL»(1937).
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DO TERREIRO DO TRIGO [ IV ] - A ALFÂNDEGA DE LISBOA»


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