quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE - (2011) - (Um troço da "CALÇADA DO COMBRO" à direita a "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" com a entrada para o SILO, antigo Palácio do desembargador "ANDRÉ VALENTE") in GOOGLE EARTH
TRAVESSA ANDRÉ VALENTE - (2011) - (Entrada sul da "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" virada para a "CALÇADA DO COMBRO") in GOOGLE EARTH

Travessa André Valente - (2011) ("TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" ao fundo a "CALÇADA DO COMBRO") in GOOGLE EARTH

Travessa André Valente - (1969) Foto de João H. Goulart (Um troço da "CALÇADA DO COMBRO" entrada para a "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE", seu Palácio na esquina seguindo-se a "Capela da Ascensão de Cristo" e a "Igreja dos Paulistas") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]

«O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 1 )»

O Palácio que pertenceu ao desembargador «ANDRÉ VALENTE» desapareceu no início deste milénio. Certamente muitos ainda recordam o grande prédio que, à direita de quem desce a «CALÇADA DO COMBRO», formava a esquina para a «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» que, exactamente, tomou o nome do Jurisconsulto seu anterior proprietário. Depois de resistir alguns séculos, o edifício foi demolido, para dar lugar à construção de um «PARQUE DE ESTACIONAMENTO EM ALTURA». Será bom recordar, que o automóvel tem razões, que a história desconhece.

Aproveito para falar do excelente trabalho de dissertação para a obtenção do «GRAU DE MESTRE EM ARQUITECTURA», da senhora «D. MARTA DE ABREU FREIRE PACHECO BANDEIRA», no «INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO» - «UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA», em Novembro de 2008, sobre o tema «ESTACIONAMENTO INTENSIVO EM MALHAS HISTÓRICAS CONSOLIDADAS», nomeadamente o «ESTACIONAMENTO ELEVADO - SILO DA CALÇADA DO COMBRO».

"A construção de um silo entendido como um parque de estacionamento em altura é uma tipologia invulgar em LISBOA. Apesar de vulgarmente aplicado a grandes áreas comerciais, interfaces de transportes ou mesmo no Aeroporto da Capital, esta tipologia urbana no Centro Histórico era, até à altura da construção do presente caso completamente inovadora (1 ). (...) De entre as propostas apresentadas, antes do licenciamento do actual silo, encontrava-se o projecto desenvolvido pelo «ARQUITECTO MIGUEL CORREIA». (...) O abandono da realização desta proposta alterou mais uma vez para a competência de edificar num espaço com sensibilidades restritas. (...) Foi neste contexto de reflexão que surgiu uma nova proposta para o «PARQUE DE ESTACIONAMENTO DA CALÇADA DO COMBRO». (...) O principal objectivo da proposta apresentada pelo «APPLETON e DOMINGOS ARQUITECTOS, LDApara o terreno, confinado pela «CALÇADA DO COMBRO» números 58 a 74 e pela «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» números 1 a 7, concedido pela C.M.L. à EMEL-Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa, S.A., pressupunha a ocupação total do lote com a construção de um SILO Automóvel com capacidade para 250 viaturas. Além do estacionamento, o edifício incluía uma loja ao nível do piso térreo e uma cafetaria de apoio ao funcionamento do SILO no último piso. O edificado é circunscrito pelas duas fachadas limitadas pelos anteriores arruamentos de declive acentuado e por dois edifícios de cércea inferior (sendo um deles a "IGREJA DE SANTA CATARINA"). O seu miolo é construído por uma rampa helicoidal contínua para os dois sentidos de transito, que liga os diferentes pisos, desde os cinco abaixo da cota de soleira assim como os sete acima do solo. Esta geometria de rampa permite um piso contínuo sem variações na inclinação e garante uma adaptação suave à envolvente a sua cércea à dos edifícios adjacentes".

- ( 1 ) - APPLETON e DOMINGOS ARQUITECTOS, LDA. - Memória descritiva Silo Automóvel do Combro, Lisboa 2003, p.7.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ IV ] - O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 2 )».


3 comentários:

Anónimo disse...

Só um pormenor: o palácio não foi demolido para dar lugar ao parque de estacionamento. Parte do palácio ruiu e como consequência teve de ser demolido por completo. O espaço esteve ao abandono durante alguns anos até a câmara decidir usá-lo para estacionamento.

Creio que antigamente era usado como sede do MRPP e também habitação, mas nunca existiram provavelmente cuidados com o edifício, infelizmente, o que conduziu à degradação.

APS disse...

Caro Anónimo
Agradeço o seu comentário e fica aqui registado as suas palavras para futuras consultas a este blogue.
Podemos então concluir que uma parte do Palácio acabou por ruir e, como consequência teve de ser demolido. Este espaço encontrava-se ao abandono durante anos e a CML decidiu usá-lo para a construção do SILO.
Quanto aos seus últimos "inquilinos" nunca fizeram obras de conservação o que acelerou a ruína do edifício.
Renovo os meus agradecimentos e volte sempre.
Despeço-me com amizade
APS

Paulo Casaca disse...

Bem me lembro do Palácio em 1974, e confirmo que já então se encontrava em adiantado estado de degradação. O problema não é saber se primeiro se deixou que ruísse para depois fazer um silo automóvel ou se nem se esperou que ruísse para o fazer. Isso parece-me um pormenor de somenos importância. O que me parece é que um edifício daquela natureza era mais um bem público do que um bem privado, e que as autoridades não deveriam ter deixado que ruísse. Isso aliás aplica-se a muitos outros edifícios e a uma visão portuguesa do direito de propriedade que não subscrevo.
Paulo Casaca pcasaca@gmail.com