sábado, 18 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ V ]

 Praça dos Restauradores - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada do espectacular "Palácio Foz" na "Praça dos Restauradores", antigo Palácio dos "Marqueses de Castelo Melhor", hoje ali instalado o GMCS-Gabinete para os Meios de Comunicação Social) in INSTITUTO GREGORIANO DE LISBOA 
 Praça dos Restauradores - (2009) Foto de autor não identificado ("Palácio Foz" antigo "Palácio dos Marqueses de Castelo Melhor", restaurado nos finais do século XIX pelo arquitecto "José António Gaspar" nos interiores, sendo a fachada do escultor "Simões de Almeida") in MARCAS DAS CIÊNCIAS
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de Lampião2000 (Fachada Sul do "Palácio Foz" na "Praça dos Restauradores") in SKYSCRAPERCITY
Praça dos Restauradores - (2007) Foto de Dias dos Reis ("Palácio Foz", "Hotel Avenida Palace" e o Obelisco dos Restauradores na "Praça dos Restauradores ao entardecer) in DIAS DOS REIS
Praça dos Restauradores - (1945) Foto de autor não identificado ( O "Palácio Foz" na época a sede do "SNI-Secretariado Nacional de Informação") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - (PRAÇA DOS RESTAURADORES [ V ]

«O PALÁCIO FOZ»

No ano de 1889 «D. HELENA DE VASCONCELOS E SOUSA»  6ª MARQUESA DE CASTELO MELHOR, vendeu a propriedade a «TRISTÃO GUEDES CORREIA DE QUEIROZ CASTELO BRANCO»(1849-1917), senhor de alguma linhagem herdada da pequena nobreza rural nortenha, com antepassados que foram ostentando os títulos de «BARÃO», «VISCONDE» e «CONDE».
Tinha residência num palacete às «CHAGAS», onde se dedicava ao comércio de arte (ou "Coleccionismo", de melhor ou pior qualidade, estava então na moda). Esta actividade e o exercício de funções públicas para que era frequentemente nomeado, granjeara-lhe larga fortuna, pelo que resolveu estabelecer-se em 1888 no «PALÁCIO CASTELO MELHOR» que se debruçava já sobre a «AVENIDA», aberta quase dois anos antes. Alugou-o nessa data à «MARQUESA» viúva, comprando-lhe logo no ano seguinte, em negócio não de todo transparente.
Tinha então o título de «MARQUÊS DA FOZ».
Transcrevemos um resumo, das razões dessa suspeita. Sendo «TRISTÃO GUEDES» à data administrador da «COMPANHIA REAL DO CAMINHO DE FERRO» e havendo que fazer passar um túnel para circulação das composições entre a «ESTAÇÃO CENTRAL» e o limite da cidade (hoje Campolide), optou por fazê-lo, abrindo na encosta de «S. ROQUE» de forma a mergulhar sob a rampa da glória (CALÇADA DA GLÓRIA) um pouco a ocidente do torreão norte do edifício. Esta estratégia permitia-lhe expropriar assim a fidalga, a excepção de um pequeno trecho de jardim, e por razões de utilidade pública, dos valiosos terrenos que constituíam o parque da residência.
Entalada entre os novos espaços agora atribuídos aos "Caminhos de Ferro" e a «AVENIDA», então aberta em 1886, o velho Palácio, que durante mais de um século fora pertença de uma das mais antigas e ilustres famílias portuguesas, ter-se-ia assim transformado em presa fácil para o «MARQUÊS DA FOZ», estereótipo do seu tempo, homem de ostentação e amante das festas de "BOULEVARD", que em poucos meses o adquiriu, ao que consta, por preço razoável.
Durante uma dúzia de anos, não mais, pertenceu o edifício ao titular da "FOZ" que nele introduziu tais modificações e de tal forma o recheou de património que, à excepção das paredes exteriores e da grande e rica capela, pouco ficou que lembrasse os «CASTELO MELHOR».
Encarregou um prestigiado arquitecto, «JOSÉ ANTÓNIO GASPAR», do desenho e construção dos interiores, que os fez como se de obra nova se tratasse. Ao escultor e entalhador «LEANDRO BRAGA», o mais talentoso entre nós e ao nível dos melhores congéneres europeus do tempo, atribuiu a responsabilidade da decoração.
A ambos concedeu os mais amplos poderes para contratar e encomendar quem e o que entendessem, com o único limite da sua aprovação final. Trabalhando em estreita colaboração e respeitando a capela, chamaram a participar nas obras um grupo de artistas notáveis na época. O escultor «SIMÕES DE ALMEIDA» que se ocupou da fachada; enriqueceu as molduras da sacada, acrescentou o frontão do torreão Norte armoriando-o, assim como ao seu igual a Sul, construiu uma balaustrada coroada de pináculos e assentou, por fim, nos acrotérios grupos escultóricos de talhe cuidado e razoável proporção.
O telhado foi substituído por uma alta mansarda francesa, estudada em PARIS, na qual fez rasgar cinco janelas, também de sacada, separadas por quatro óculos ovais,  e debruçadas sobre troços de balaústres  limitados por sólidas urnas de cantaria.
Com a queda da «CASA DA FOZ», foi tudo posto em praça pública no ano de 1901, num leilão que ficou célebre.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VI ] - O EDEN TEATRO» 

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