sábado, 1 de dezembro de 2012

RUA DO LORETO [ II ]

 Rua do Loreto - (2007) Foto de Alfa Sierra (O eléctrico da Carris Nº 28, na "RUA DO LORETO", ao fundo a "Igreja Nª. Srª. do Loreto") in PANORAMIO
 Rua do Loreto - (2007) Foto de Alfa Sierra (A "Rua da Horta Seca" no lado esquerdo o Edifício da "Casa da Imprensa", segue-se as portas do cinema que só eram abertas depois do filme acabar, para escoamento dos espectadores do "Salão Ideal" hoje "Cine Paraíso") in PANORAMIO
 Rua do Loreto - (1912?) - (Planta da Plateia do "Salão Ideal" na "Rua do Loreto 15-17) in LIVRO OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA
 Rua do Loreto - (1912?) - (Planta do Balcão do "Salão Ideal" na "Rua do Loreto" in LIVRO OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA
Rua do Loreto - (1961) Foto de Armando Madureira (O "Salão Ideal" na "Rua do Loreto" nos anos sessenta do século passado) in AFML     
Rua do Loreto - (1910) - (A "Empresa Cinematographica IDEAL" em 1910 era uma distribuidora em Portugal e estava ligada ao "Salão Ideal") in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO LORETO [ II ]

«O CENTENÁRIO CINEMA DO LORETO ( 1 )»

Ao citarmos a «RUA DO LORETO» vamos dedicar-nos essencialmente ao único cinema que existe nesta artéria.
Um cinema de LISBOA, o mais antigo em funcionamento, atravessou várias vicissitudes, passou do mudo para o sonoro, caiu também na passagem de filmes pornográficos, tendo enveredado na última década pelo campo dos ciclos cinematográficos.
Dizem os preceitos cristãos que o arrependimento sincero nunca é tardio e que o bom caminho pode ser tomado em qualquer altura... 
Nesta "velha" sala hoje arranjada para o «CINE PARAÍSO», que já teve o nome de «CAMÕES» e «SALÃO IDEAL», sem nunca deixar de ser, na gíria mais alfacinha, o cinema do "LORETO".
Diz-nos «LUIS PASTOR DE MACEDO» que o prédio com os números 13 a 19 teve em 1860 os números 23 a 25. Em 1863 era seu proprietário o «DR. JOAQUIM PEDRO SEABRA JÚNIOR», casado com "D. LUÍSA PETRONILHA GOMES SEABRA", que nesse mesmo ano, por escritura de 11 de Novembro o vendeu a «ANTÓNIO JOÃO QUINTAS», casado com "D. CARLOTA MARIA LEAL QUINTÃO". a descrição do prédio então feita, reza assim: "consta de lojas, 1º e 2º andar, e águas furtadas, e tem no fundo um quintal com seu poço, e um subterrâneo com uma loja e uma casa para cima, e uma barraca de madeira, tendo o mesmo quintal frente para a RUA DA HORTA SECA, para onde tem parede levantada até à altura do primeiro andar, com seis vãos de portas, com os números 12, 14, 16, 18, 20 e 22" ( 1 ).
Desde 1924 pertence à "CAIXA DE PREVIDÊNCIA DE PROFISSIONAIS DA IMPRENSA DE LISBOA" (hoje "CASA DA IMPRENSA"), que ocupa a sobre loja.
A entrada para o «SALÃO IDEAL» faz-se pelos números 15 e 17 e a casa de espectáculos é no antigo quintal do prédio (que já nos referimos), que comunica para a "Rua da Horta Seca" por seis portas, e se abrem para facilitar a saída dos espectadores quando termina a sessão animatográfica. (hoje cinematográfica).
O cinema, como o entendemos, chegou a LISBOA em Junho de 1896 e as primeiras exibições tiveram lugar no «REAL COLISEU», situado na "Rua da Palma", no local onde hoje temos a "Garagem Lis". À manivela, é LISBOA uma das primeiras cidades da Europa a conhecer o prodígio. Em breve, a nova arte conquistava adeptos em grande número, levando a que várias salas quisessem experimentar as máquinas que transmitiam imagens em movimento. Assim sucedeu com o Coliseu dos Recreios ou o Teatro D. Amélia (actual "São Luis").
Mas, logo em 1904, houve a ideia de construir de raiz uma casa dedicada ao cinema. «JOÃO FERREIRA CORREIA» - um dos fotógrafos que viria a ser nome indissociável da  história do cinema em Portugal, tendo fundado a «PORTUGÁLIA FILME», produtora de várias obras - lembrou-se de tal edificação ao descobrir um recinto abandonado na «RUA DO LORETO». Associou às suas ideias «D. NUNO ALMADA» e ambos foram a França onde adquiriram às casas "PATHÉ" e "GAUMONT" a aparelhagem de que careciam. Mandaram fazer as obras necessárias no espaço correspondente ao rés-do-chão e cave do prédio e deram-lhe o nome de «SALÃO IDEAL».

( 1 ) - Testamento, maço VI, processo 216- Arquivo de Santa Casa da Misericórdia.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DO LORETO [ III ] - O CENTENÁRIO CINEMA DO LORETO ( 2 )».

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