sábado, 6 de julho de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ XVIII ]

 Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Em terrenos que anteriormente foram da "Quinta de Marvila" dos "Marqueses de Marialva", ergue-se agora este belo edifício moderno, que supostamente pertence à "SOC. GERAL", e dedica-se a arrendar espaços para escritórios, situado na "Rua do Açúcar", 86) in  ARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar -  (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Fachada do Moderno edifício, nos terrenos da antiga "Quinta de Marvila" que pertenceram aos "Marialvas") in ARQUIVO/APS 
 Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Um troço da "Rua do Açúcar" onde podemos observar o estado degradado do "observatório" para o rio, da chamada "Quintinha" que fazia parte da "Quinta de Marvila") in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Este edifício que possivelmente serviu de fábrica ou armazém, foi construído no espaço que pertenceu à "Quinta de Marvila" virada para a "Rua do Açúcar") in  ARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar - (2013) (Um troço da "Rua do Açúcar" sentido para Norte, no lado esquerdo a "Rua dos Amigos de Lisboa" in GOOGLE EARTH
Rua do Açúcar - (2013) (Uma panorâmica tirada da "Rua da Cintura do Porto" para a "Rua do Açúcar" no sítio da grande "Quinta de Marvila") in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XVIII ]

«A QUINTA DO MARQUÊS DE MARIALVA ( 3 )»

A «QUINTINHA» pertenceu ao conjunto da propriedade que o «MARQUÊS DE MARIALVA" tinha nesta área, cujo palácio se situava próximo do actual "PÁTIO DO MARIALVA", e os seus terrenos desciam até ao Tejo.
Como se sabe o palácio ainda visitado por "BECKFORD" em finais do século XVIII, foi descrito pelo nobre inglês como bastante arruinado, e dele hoje pouco resta. A quinta ou pavilhão que agora de desvenda, teve maior fortuna, podendo ser reconhecido como peça da arquitectura civil do século XVII ainda com decoração azulejar coeva e campanhas de obras no século XVIII.
A decoração cuidada dos interiores permite pensar que se trataria de um pavilhão de apoio a um antigo "CAIS MARIALVA", destruído para se ganhar terreno ao TEJO, como aliás o cais da "QUINTA DA MITRA", situado e escassos metros mais à frente.
As salas com abertura a nascente, davam acesso a um grande terraço, sobre o TEJO, de onde se desfrutava ainda no início do século XX de um panorama deslumbrante.
O "Pátio da Quintinha", uma das ilhas de habitação operária de Lisboa Oriental, protegido pelos antigos muros, edifícios para armazéns e fachadas de edifícios da quinta, a ilha franqueia-nos a entrada por um portão desmantelado.
Entramos num antigo pátio de calçada em basalto que se prolonga por baixo de um arco, passadiço da antiga Casa Nobre para outras dependências onde ainda se vêm restos de um muro de varanda ou terraço. No Pátio, restos de uma fonte ou poço, são também memória muito destruída da antiga casa.
A construção de habitações precárias foi tomando conta de todos os possíveis espaços, utilizando muros, armazéns, terraço como elemento de suporte. Os sucessivos habitantes foram criando uma nova realidade de pátio de habitação operária, num ambiente que ainda tem qualquer coisa de rural.
No século XIX a "QUINTA DE MARVILA" dos "MARQUESES DE MARIALVA" chegou a ter uma frente na via que dava para o rio, ou seja a actual "RUA DO AÇÚCAR" juntamente com o início da "RUA DO BEATO", que representa hoje desde a "RUA CAPITÃO LEITÃO" até ao final da entrada para o "PÁTIO DA QUINTINHA".
Nesta propriedade dos "Marqueses de Marialva" junto à actual "RUA DO AÇÚCAR" (na sua parte mais a sul), tem vindo a aparecer novas construções, substituindo os prédios que se vão degradando. Estamos a recordar-nos de um grande edifício pegado à "QUINTINHA" no sentido norte, uma nova construção de cor alaranjado escuro, tendo aspecto de ter sido uma fábrica, com armazéns e escritórios no primeiro piso. Segue-se um outro edifício de grandes proporções com jardins circundantes, linhas modernas que possivelmente serve uma empresa que arrenda espaços para escritórios, com ligação à "SOC. GERAL DE PROJECTOS IMOBILIÁRIOS E SERVIÇOS -SGPS", com entrada pela "Rua do Açúcar" e "Rua Amigos de Lisboa". Neste edifício existe uma representação da "antiga" "SACOR MARÍTIMA", fazendo hoje parte (possivelmente) da "PETRÓLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL".

DESCRIÇÃO DA «QUINTA DOS MARQUESES DE MARIALVA» EM «MARVILA», CONSTANTE DE UNS AUTOS DE 1747.
"QUINTA DE MARVILA" - "Uma quinta no lugar de Marvila, (...) a qual fica no caminho que vai do Grilo para os Olivais e começa no mesmo caminho para onde tem as casas e serventia principal e vai acabar no outro caminho junto ao mar que vai de "SÃO BENTO DOS LÓIOS para o POÇO DO BISPO", e constam de casas nobres que são muitas com galerias e mais oficinas, casa de oratório e ermida grande com tribuna e sacristia, retábulo entalhado e dourado com, serventia para o caminho dos OLIVAIS e na entrada ficam dois recebimentos em forma de alegretes com dois tanques, um maior que outro, que se comunicam com a horta, e tabuleiro com seus passeios e um jardim grande; destas casas se acham seis azulejadas e ladrilhadas, e tem em si vinhas e várias árvores de fruto e recreio, e no fim dela junto à estrada duas casas de campo com janelas para a estrada que vai para o POÇO DO BISPO, e tem dentro mais uma horta, casa de água e uma nora e umas cozinhas térreas com seu pátio, e atendendo a ser (...) a quinta de regalo a ser maior o que nela se despende do que o rendimento que dela se pode considerar (...).
Uma quinta chamada de COTRIM e parte com a quinta principal acima (...) e consta de casas nobres com vista para o mar e entrada que vai do GRILO para o POÇO DO BISPO de onde tem serventia, com estrebaria, palheiro, pátio, poço de nora, tanque, horta, vinha e árvores de fruto e terra de pão grande chamada a PEDREIRA, e da banda do mar.
Declaro mais que no dito sítio de MARVILA defronte da quinta principal há vários prazos em vida que (...) passaram (...) na forma de testamento da Excelentíssima Marquesa a seu filho o Excelentíssimo CONDE DE CANTANHEDE".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«A RUA DO AÇÚCAR [ XIX ] A QUINTA DO BETENCOURT(1 )»

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