sábado, 11 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ II ]

 Rua do Grilo - (1856-1858) (Pormenor da Planta Nº 16 do "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque", onde se pode perceber a grande extensão do "Convento de Nª Senhora da Conceição do Monte Olivete", da Ordem dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, mais tarde "Convento dos Grilos" in AHML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti (Recanto do Convento no corredor do primeiro pisos de celas, com janelão sobre o Rio) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti  ("CONVENTO DOS GRILOS" escadas de acesso ao piso superior)  in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti (Interior do antigo "CONVENTO DOS GRILOS" na "RUA GRILO", actual "Recolhimento do Grilo" sob a protecção da "Santa Casa da Misericórdia de Lisboa" in  LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (200_) Foto de Autor não identificado (Panorama do "CONVENTO DOS GRILOS" e "IGREJA DO BEATO" na "Rua do Grilo") in  HISTÓRIA
Rua do Grilo - (2007) (Vista aérea do antigo "CONVENTO DOS GRILOS", "IGREJA DO BEATO" ou "IGREJA DOS GRILOS" e parte da "Rua do Grilo) in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ II ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 1 )»

O «CONVENTO DOS GRILOS» ou mais propriamente dito «CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE», cabeça da "ORDEM DOS EREMITAS DESCALÇOS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado na zona do "GRILO"  - por isso a designação de os "GRILOS" - pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO", viúva de "D. JOÃO IV".
Foi sua intenção fundar dois conventos, um masculino e outro feminino, para tal a rainha solicitou ao Geral da Ordem a autorização para concretizar a sua ideia, no ano de 1663.
Os cinco reformadores - vigário, confessor, capelão, sacristão e um outro, vindos do "CONVENTO DA GRAÇA" - que se descalçaram e vestiram o habito reformado dos "AGOSTINHOS", pararam numa ermida de "D. GASTÃO COUTINHO" de onde saíram em procissão "para a igreja e capela da sereníssima rainha", juntamente com as religiosas.
Neste CONVENTO pregou aquele que ficaria por prelado, "FREI MANUEL DA CONCEIÇÃO", confessor da rainha e que a aconselhara sobre aquela fundação. Escreveu ele ao papa "CLEMENTE IX" que persuadira a rainha, "que fizesse uma obra que seria muito agradável a Nosso Senhor; e foi que introduzisse naquele Reino a Reformação dos Descalços de meu Padre Santo AGOSTINHO"( 1 ).
A data da fundação não está determinada com exactidão. "Carvalho da Costa" aponta para o ano de 1664 ( 2 ), e justifica o orago de "MONTE OLIVETE" "por uma devota imagem de Nosso Senhor orando no Horto, que estava na capelinha, a qual hoje se venera na portaria do Convento".
A existência dessa capelinha é afirmada por "FREI AGOSTINHO" que fala de "uma capela que tinha na cerca"( 3 ).  Este segundo autor, cronista coevo, vigário-geral da Ordem e importante fonte para a história desta instituição, refere o dia 02.04.1663 para a sua fundação e a de 15.05.1666 para o lançamento por "D. Afonso VI" ( 4 ) da primeira pedra do edifício, projectado tal como a das "GRILAS", por "JOÃO NUNES TINOCO", "arquitecto da casa da rainha (1665" ( 5 ), em cuja edificação terá participado, como pedreiro, "JOÃO ANTUNES" ( 6 ). 
Leva-nos a crer que durante aquele interregno, os religiosos se acomodaram em casas ali existentes, até à construção do edifício próprio.
Este CONVENTO foi erguido numa quinta que a rainha mandou comprar, pertencente a "GONÇALO VASQUES DA CUNHA", situada no "SÍTIO DE XABREGAS", para nela se fazer agasalho para o confessor, capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro às religiosas recoletas capuchas de "SANTO AGOSTINHO", que a mesma senhora fundou no dito sítio "(...)e em efeito se tomou a dita quinta e nela estão já os respectivos religiosos 16.06.1665" ( 7 ).
Entretanto, falecendo o vendedor, coube aos seus sucessores a efectivação da venda, cujo valor importou à rainha em quatro mil cruzados, depois de emanado o alvará de desobrigação, por a propriedade ser de Morgado.

( 1 ) - Madahil, António da Rocha, A CRÓNICA INÉDITA DA CONGREGAÇÃO DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS, Coimbra, 1938, Coimbra Editora, p. 9 - nota.
( 2 ) - Costa, A. Carvalho da, COROGRAFIA PORTUGUESA, BRAGA, Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III, p. 413.
( 3 ) - SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, oficina de Antº. Pedrozo Galram, 1721, Tomo VII, p. 14.
( 4 ) - SANTA MARIA, Frei Agostinho de, obra citada, Lisboa, 1707, Tomo I, p. 477.
( 5 ) - Santos, Reynaldo dos, OITO SÉCULOS DE ARTE PORTUGUESA, Lisboa, ENP., Vol. II, pp. 217.
( 6 ) - João Antunes - Arquitecto - 1643.1712(Catálogo), Insti. Português do Património Cultural, 1988, pp. 9-10.
( 7 ) - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Cartórios Notariais, C-9A, Cx. 41, Lº 196, fls. 37-39. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ III ] O CONVENTO DOS GRILOS (2

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