sábado, 1 de outubro de 2016

LARGO TRINDADE COELHO [ VII ]

«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 1 )»
 Largo Trindade Coelho - (2008) - (Fachada principal da "IGREJA DE SÃO ROQUE" no "LARGO TRINDADE COELHO", antigo "LARGO DE S. ROQUE)  in  MUSEU DE S. ROQUE
 Largo Trindade Coelho - (1919-05) Foto de Artur Leitão Bárcia, gravura de C. J. - (A "IGREJA DE S. ROQUE" o "PALÁCIO DE BRITO FREIRE" e no centro a Coluna mandada erguer pela colónia italiana, comemorando o casamento de D. LUÍS com D. MARIA PIA de SABÓIA) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Largo Trindade Coelho - (Início do século vinte) -Foto de Eduardo Portugal - ( A IGREJA DE SÃO ROQUE no principio do século vinte, no "LARGO DE S. ROQUE")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
Largo Trindade Coelho - (Depois de 1573) Desenho de BAEDEKER - (Planta da "IGREJA DE SÃO ROQUE", no "LARGO TRINDADE COELHO")  in   PLANET

(CONTINUAÇÃO)- LARGO TRINDADE COELHO [ VII ]

«A IGREJA DE SÃO ROQUE ( 1 )»

No início do século XVI existia apenas neste sítio uma pequena «ERMIDA» dedicada a "SÃO ROQUE" para exorcizar a peste que grassava sobre LISBOA. No ano de 1555 deu origem a uma grandiosa "IGREJA" que pertenceu à «COMPANHIA DE JESUS» e «JESUÍTAS», erigida neste mesmo local, com cinco naves, e cuja a autoria do desenho se ignora, sabemos que a primeira pedra foi lançada pelo Padre Jesuíta "NUNES BARRETO", PATRIARCA DA ETIÓPIA.
Os trabalhos foram arrastados, até porque voltou novamente a peste a LISBOA, mas aproximadamente ao ano de 1573 as paredes já estavam de pé.
A construção da abóbada constituiu um problema, que por final "FILIPE TERZI", já depois de 1580, resolveu, fazendo-a construir em madeira. 
A fachada pobre de linhas embora austera, não diferia muito do que hoje apresenta; tinha a mais uma varanda sobre a cimalha, e um nicho de "SÃO ROQUE" no tímpano. 
O adro era avançado, sensivelmente até meio do "LARGO", e no ângulo, próximo da entrada da "MISERICÓRDIA" (de hoje), abria-se a portaria conventual.
A IGREJA era rica, adornada de boas obras de arte, e constantemente objecto de generosidades régias, especialmente no tempo de "DOM JOÃO V", que mandou construir a opulenta Capela de SÃO JOÃO BAPTISTA.
O terramoto causou alguns estragos à "IGREJA DE SÃO ROQUE", principalmente na sua fachada que ao cair arrastou uma parte extrema do tecto, embora não tivesse arruinado o TEMPLO: as obras de restauro que se seguiram foram importantes e outras que foram executadas em diversos períodos. 
A «CASA DE  SÃO ROQUE» deixou de pertencer à "COMPANHIA DE JESUS" desde a confiscação dos bens dos "JESUÍTAS" (em 19 de Janeiro de 1759), após a sua expulsão de PORTUGAL pelo  Primeiro Ministro da época o "MARQUÊS DE POMBAL".  

Diz-nos "ROCHA MARTINS" no seu livro "LISBOA DE ONTEM E DE HOJE", páginas 71 e 72: "Quando os JESUÍTAS foram expulsos, ficou a sumptuosa igreja para a Misericórdia, até que os franceses deliberaram desmontar-lhe o frontal de lápis-azul e apoderar-se das valiosas pratas que decerto, ao começo, destinaram à fundição.
O decreto de 1 de Fevereiro de 1808, publicado pelos, senhores das Corporações Religiosas. Destinava-se a ser fundida para bater moeda ou então à escolha, nos quais eram peritos alguns componentes do exercito da ocupação. ( ... ) O Ministro da Fazenda, "HERMAN", dava as ordens, os funcionários chegaram, com uma ou duas companhias de granadeiros, os respectivos carros e o comissário militar , recebiam os vasos sacros e as outras alfaias e despejavam-nas, mediante um recibo na fábrica das moedas. ( ... ) o Cónego "LUÍS XAVIER TELES DE MELO", administrador da "CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA" da Igreja da Misericórdia, abria o cofre do tesouro e, de coração magoado, entregava o que não podia furtar às vistas gananciosas  do bando. ( ... ) O Ministro da Fazenda, "HERMAN", oito dias depois do sequestro, ordenara, apressadamente, ao encarregado da moeda, em nome de "JUNOT" «que, não haja de dispor da referida prata, conservando-a, com toda a cautela, até que sobre este objecto lhe seja dirigida nova ordem». 
Já era tarde, alguns dos valores requisitados tinham sido fundidos, barbaramente, e, entre eles, um apagador, um vaso; quatro relicários, perto de noventa quilos e meio de metal, o que devia ter aborrecido os artistas do exército". 

Pormenores da "IGREJA DE SÃO ROQUE" no "LARGO" que já não tem o seu nome... Com 45 metros de comprimento e 25 de largura, o corpo da IGREJA comporta oito Capelas principais, além da capela-mor, bem estruturada com seus quadros liturgicamente alternativos, e suas molduras de talha dourada simples. São as outras Capelas as mais importantes do conjunto, erguidas nos séculos XVI a XVIII, ricas de talha dourada, como a primeira do lado da EPÍSTOLA, de Nª. Sª. DA DOUTRINA de 1635, ou de fria decoração de mármore como a segunda, de SÃO FRANCISCO XAVIER, com quadros atribuídos a "BENTO COELHO DA SILVEIRA", ou de decoração de azulejos, como a terceira, de "SÃO ROQUE", com painéis assinados por "FRANCISCO DE MATOS" e datados de 1584, de novo rica de talha como a do SANTÍSSIMO que ostenta também mosaicos florentinos e quadros de atribuição anterior. Do lado do EVANGELHO, a CAPELA DA SAGRADA FAMÍLIA é toda de pedra, com um retábulo principal, figurando "JESUS ENTRE OS DOUTORES" de JOSÉ DE AVELAR REBELO", e mais pinturas atribuídas a "A. REINOSO"; nela, uma rica balaustrada de teca insere mosaicos florentinos. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO TRINDADE COELHO [VIII]A IGREJA DE SÃO ROQUE (2)».

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