quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

LARGO DO CALHARIZ

Largo do Calhariz (2005) Autor desconhecido (Presentemente estes dois Palácios; do Calhariz e do Sobral fazem parte do mesmo conjunto arquitectónico) in Lisboa.Com - Bairro Alto
Largo do Calhariz (1966) Foto Armando Serôdio (Palácio do Calhariz-Palmela já depois das obras, lá ao fundo o Palácio Sobral) in AFML

Largo do Calhariz [194-] Foto Horácio Novais (Palácio Calhariz-Palmela, também conhecido por Sousas Calhariz-Palmela ou Calhariz) in AFML


Largo do Calhariz (1966) Foto Armando Serôdio - Palácio Sobral - onde está a C.G.D. e mais à frente o Palácio-Calhariz-Palmela in AFML



Largo do Calhariz (1960) Foto Arnaldo Madureira - Palácio Cabral onde se instalou a C.G.D. in AFML




Largo do Calhariz (1968) Foto Armando Serôdio - Palácio Sandemil in AFML





Largo do Calhariz, 17 (1960) foto Arnaldo Madureira - Palácio Valada-Azambuja - 6ª Conservatória do Registo Civil in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa






Largo do Calhariz, 17 (inicio do séc. XX) Foto Alberto Carlos Lima - Palácio Valada-Azambuja in AFML





O LARGO DO CALHARIZ pertence a duas freguesias. À freguesia de SANTA CATARINA correspondem os números 20 a 25, à freguesia de S. PAULO os números 1 a 19.
Esta Largo encontra-se entre as ruas (do Loreto, das Chagas, da Bica Duarte Belo, Marechal Saldanha, Luz Soriano, da Rosa, da Atalaia e a Calçada do Combro).

Vem assim descrito no Itinerário Lisbonense de 1804; «Fica entre o cimo da Calçada do Combro e a Rua do Loreto».
Toda esta zona que vai do Camões ao Calhariz pouco mais era, no século XV, do que um lugar ermo, fora da cintura das muralhas. Sitio de terras de semeadura, com olivais e ferragiais, só começou a ser urbanizado com o desmembramento provocado pelo aforamento e emparcelamento das propriedades rurais ai existentes. Neste lugar possuía uma Quinta D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches, morto em batalha de Alfarrobeira em 20.05.1449.
A sua propriedade (Casa e Quinta) transitou para a família dos Távoras em 1449. Também os Condes de Cantanhede, depois Marqueses de Marialva, tinham ali uma propriedade em (1650).
A urbanização deste lugar fez-se lentamente ao longo dos finais do século XVII. Datam deste século alguns belos exemplares de Palácios da conhecida artéria lisboeta.
O Palácio Valada-Azambuja (Conde de Azambuja) construído no século XV no sítio da Quinta do D. Álvaro Vaz de Almada, sofreu várias modificações ao longo de três séculos.
Tendo ruído com o terramoto, foi sendo reconstruído. A sua fachada com as beneficiações no decurso do século XIX e início do século XX sofreu grandes alterações.
O Palácio foi vendido em 1867, pelos descendentes dos antigos proprietários ao Conselheiro Francisco José da Silva Torres que o deixou a uma enteada, casada com o Conde de Azambuja, de onde vem a designação porque é conhecido aquele Palácio. No ano de 1922 é vendido ao comerciante e antiquário Manuel Henriques de Carvalho, a cujos herdeiros hoje pertence.
No primeiro andar do imóvel está um equipamento cultural da C.M.L., com a instalação da Biblioteca Municipal Camões. Neste mesmo andar funciona, a 6ª Conservatória do Registo Civil.
A este Palácio se refere também Eça de Queiroz num excerto de "O Mandarim".
Do Palácio Sandemil (Condes de Sandemil) não temos muitas referencias. Sabemos que é anterior ao terramoto de 1755, tendo sido depois beneficiado, foi pertença da Misericórdia de Lisboa, faz esquina com a Rua das Chagas, e nele esteve instalado o clube dos "Cem à Hora".
O Palácio Sobral, mandado construir entre 1770 e 1780 por Joaquim Ignácio da Cruz Sobral, lº Administrador do vínculo dos Sobrais, nasceu da compra de um velho prédio, propriedade de D. Lázaro Leitão Aranha, rico e erudito principal da Sé, que nesse lugar fez reunir a famosa Arcádia (1764). Neste Palácio se deram belas festas e concertos organizadas por ele e mais tarde pelo seu pai, a que concorria toda a Corte. Entre elas ficou célebre a esplendida festa dada por ocasião do nascimento da princesa da Beira, D. Maria Teresa, no dia 29 de Abril de 1793, onde cantaram artistas estrangeiros especialmente convidados para o evento, Todi, Violanti, Angelleli, Ferracuti entre outros. Isto no mesmo dia em que se inaugurava o Teatro de São Carlos, também ele em homenagem à primeira filha de D. João e de D. Carlota Joaquina.
Neste palácio ficou instalado o Quartel Geral de Wellington em 1811, o Marechal Beresford entre 1812 e 1813. Durante alguns anos e até 1879 aí esteve, ocupando parte das instalações o Hotel Mata.
Em 1887 foi vendido, por pouco mais de 50 contos (250 Euros) pelo seu último proprietário particular, o Marquês de Sousa Holstein, tendo sido comprado para lá se instalar a CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS que ainda continua , nos dias de hoje, a ser daquela instituição bancária.
O Palácio do Sousa Calharizes, que deu o nome ao largo é hoje uma construção do início do século XVIII e foi erguido pelo Morgado do Calhariz (Nome de uma casta de uvas), D. Francisco de Sousa, em terrenos que foram de uma parente sua, a condessa do Alvito. Continuando na mão do Sousa Calharizes, nele habitou o conhecido diplomata D. Pedro de Sousa Holstein, mais tarde lº Duque de Palmela.
Também neste Palácio do Calhariz, funcionou em 1882 o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A partir de 1947, passou para aposse da CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS, depois de várias alterações, é ligado por um arco ao vizinho Palácio Sobral. Em 1997 sofre novamente obras de recuperação, que lhe valeu a atribuição do Prémio Eugénio dos Santos.
Presentemente os dois Palácios; do Calhariz e do Sobral fazem parte do mesmo conjunto arquitectónico.

1 comentário:

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes disse...

Meu caro Amigo dos Amigos de Lisboa


Vim dar ao seu Blogue, por acaso. Acho-o muito interessante, fidedigno, útil, esclarecedor. É uma fonte rica acessível. Os meus parabéns pelo seu trabalho e esteja certo de que não haverá quem o não louve. Escrevi no meu blogue um texto que se refere ao meu primeiro e único emprego - Caixa Geral de Depósitos, no Calhariz, onde entrei em 1966. Senti a falta duma foto do edifício sede para a inserir lá...
Será possível ao meu amigo, fazer-ma chegar por Mail,
( jmendesgomes@hotmail.com) pois doutro modo não sou capaz de a obter?...Ficar-lhe-ia muito grato.
Joaquim Mendes Gomes