quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

RUA DA EMENDA

Rua da Emenda - (início do século XX) Foto Alberto Carlos Lima (Rua da Emenda esquina com a Rua do Loreto - Chapelaria Salão Ravasco e Alfaiataria A. Couto) in AFML
Rua da Emenda - (Actual) Fotografo não identificado

Rua da Emenda, 46 a 50 - (s.d.) Fotografo não identificado (Partido Socialista) in AFML


Rua da Emenda, - (s.d.) Foto Eduardo Portugal in AFML



Rua da Emenda - (1935) Foto Eduardo Portugal (Início da rua obras de pavimentação) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


A RUA DA EMENDA pertence à freguesia da ENCARNAÇÃO. Começa na Rua do Ataíde no número 14-A e termina na Rua do Loreto no número 36.
A Rua da Emenda, anteriormente denominada de «Rua das Parreiras» no seu percurso entre a Rua do Ataíde e a Horta Seca, o restante tinha o nome de Travessa do Meio ou do Mel, lugar compeendido entre a Rua da Horta Seca e a Rua do Loreto.
Nesta rua residiu o Dr. Gustavo Soromenho excelente Advogado e militante do Partido Socialista onde veio a falecer no ano de 2000, aos 93 anos de idade.
Esta rua é atravessada pela Rua da Horta Seca, onde foi edificado numa das suas esquinas, em meados do século XVIII, um palácio com o sugestivo nome do «Manteigueiro», nome pelo qual era conhecido o seu fundador.
É servida pelo elevador da "Bica", cujo trajecto tem início na Rua de São Paulo e termina no Largo do Calhariz, constituindo uma curiosa e pitoresca viagem pela Lisboa antiga.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

RUA VOZ DO OPERÁRIO

Rua Voz do Operário - (Actual) Fotografo desconhecido (Edifício Voz do Operário fachada principal) in mjfs.wordpress.com
Rua Voz do Operário - (Actual) Fotografo não identificado - (Edifício da Voz do Operário) in mjfs.wordpress.com

Rua Voz do Operário - (1969) Foto João H. Goulart in AFML


Rua Voz do Operário - (entre 1898 e 1908) Fotografo não identificado in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


A RUA VOZ DO OPERÁRIO pertence a duas freguesias. À freguesia de SÃO VICENTE DE FORA os números 1 a 17 e 2 a 20, à freguesia da GRAÇA os números 19 e do 22 em diante. Começa da Calçada de São Vicente e termina no Largo da Graça no número 58.
A RUA VOZ DO OPERÁRIO é chamada por este nome desde 11 de Fevereiro de 1915 antes chamava-se Rua da Infância, cujo nome derivou da circunstância de ali existir desde 31 de Julho de 1877, uma das casas de Asilo de Infância.
No dizer de Norberto de Araújo nas suas "Peregrinações em Lisboa" volume VIII, página 58. «A Rua da Infância tem um troço moderno, que parte exactamente de onde está o edifício da Sociedade de Beneficência "VOZ DO OPERÁRIO", e vai até à Graça; daí para baixo havia já a Travessa das Bruxas, antigamente muito estreita (...) e que continuava, subindo a poente, como hoje, pela actual Travessa de S. Vicente, até defronte do Convento dos Agostinhos, ou seja o dos frades da Graça».
A majestosa igreja de São Vicente vista sem dificuldade por quase toda a cidade de Lisboa, é vizinha da Rua Voz do Operário.
A instituição que deu o nome à actual artéria, deve-se a um edifício do principio do século XX mais propriamente dito 1912/1914, com projecto do Arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), onde se encontra instalada a sede de "A Voz do Operário", caracteriza-se pela conjugação entre a monumentalidade e equilíbrio de massas e a funcionalidade do espaço interior.
A Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário é bem mais antiga (1879) e tem-se mantido com exemplar dedicação nos campos da instrução e da solidariedade. Deve-se este empreendimento a homens públicos, entre alguns podemos citar João Franco, tendo possibilitado a construção do vasto edifício na actual Rua Voz do Operário.
Foi considerado Instituição de Utilidade Pública a partir de 1925, estando o Imóvel em vias de classificação, Despacho de 18 de Fevereiro de 1987. (1)
(1) - DGEMN - Inventário do Património Arquitectónico.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

RUA DOS SAPADORES

Rua dos Sapadores - (2000) Foto Luís Pavão in AFML
Rua dos Sapadores - (1969) Foto Artur Inácio Bastos in AFML

Rua dos Sapadores - (1969) Foto Artue Inácio Bastos in AFML


Rua dos Sapadores - (1966) Foto Arnaldo Madureira in AFML



Rua dos Sapadores - (1953-07) Foto Eduardo Portugal - (Quatro Caminhos, actualmente Rua dos Sapadores) in AFML




Rua dos Sapadores - [s.d.] Foto Arnaldo Madureira - (esquina para a Calçada dos Barbadinhos) in AFML





Rua dos Sapadores - (1953-07) Foto Eduardo Portugal -(Quatro caminhos, tirado da entrada da antiga Estrada da Penha de França) - in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



A RUA DOS SAPADORES (antiga Cruz dos Quatro Caminhos) pertence a três freguesias. À freguesia de SANTA ENGRÁCIA os números 1 a 5 e 2 a 14, à freguesia da GRAÇA os números 53 em diante, à freguesia da PENHA DA FRANÇA do número 16 em diante. Começa na Calçada dos Barbadinhos no número 247-B e termina na Rua da Graça no número 1.
Naquele tempo a Rua do Abarracamento da Cruz dos Quatro Caminhos passou a ser denominada de Rua dos Quatro Caminhos e dos Sapadores, pelo Edital de 8 de Junho de 1889. O Decreto de 5 de Maio de 1762 explica como se mandou fazer o abarracamento do exército e no Livro das Plantas das freguesias, esta Rua figura como pertencendo às freguesias de Santa Engrácia, S. Vicente e Nossa Senhora dos Anjos.
O sítio dos Quatro Caminhos existe ainda hoje na memória dos lisboetas. Nos finais do século XIX a Cruz dos Quatro Caminhos era o eixo natural de quatro áreas do oriente da cidade, das quais apenas a da Graça estava urbanizada. Por aqui se descia para os Caminhos de Ferro, para o Vale de Santo António, onde se situavam várias quintas que foram desaparecendo ao longo dos tempos. Também por aqui se passava, pelo poente, em direcção ao Caminho do Forno do Tijolo (a Charca), para os lados dos Anjos, de Santa Ana, do Intendente e em direcção à Baixa. O trajecto pela Estrada antiga, depois Rua, que se dirigia à Penha de França e ao Poço dos Mouros, fazia-se também pelos Quatro Caminhos.
Era uma zona bonita, com casas do final do século XIX. Em meados do século XX, este conjunto habitacional tinha um aspecto alegre, já digno da denominação de bairro lisboeta. Do lado direito, as casas eram baixinhas, onde dominavam as habitações pobres, em linha contínua sobre uma cortina à entrada da Rua Angelina Vidal (antigo Caminho do Forno do Tijolo). Do lado esquerdo, podia ver-se o último sinal dos Quatro Caminhos Setecentista. Era o Quartel do Regimento de Telegrafistas, unidade que constituía a chave das Transmissões Militares, e era uma das guarnições mais importantes de Lisboa.
Na primeira metade do século XVIII já ali existia um aquartelamento, embora de reduzidas dimensões, que servia de sede ao Regimento de Engenharia. Posteriormente foram-lhe feitas várias ampliações, embora diminutas.
No ano de 1911, quando o exército foi reorganizado, a arma de Engenharia foi subdividida e neste quartel ficaram instalados os Sapadores Mineiros. A partir dos anos de 1912 e 1913, foram feitas mais ampliações, ficando o edifício com um corpo central de Comando, recuando um pouco de frente, para alargamento da nova RUA DOS SAPADORES.
A seguir à revolução de 7 de Fevereiro de 1927, os Sapadores saíram desta unidade militar que passou a ser ocupada novamente pelos Telegrafistas.
Neste local encontramos ainda o Regimento de Transmissões e alguns outros departamentos e instalações militares. As residências em redor começam as perder as características do início do século XX.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

RUA DAS TRINAS

Rua das Trinas, 46 (1951) Foto Eduardo Portugal - Convento das Trinas do Mocambo - in AFML
Rua das Trinas (1953-05) Foto Eduardo Portugal - Casa onde viveu Mousinho de Albuquerque in AFML

Rua das Trinas, 100 a 136 (1968) Foto João H. Goulart in AFML


Rua das Trinas, 61 a 101 (1968) Foto João H. Goulart in AFML



Rua das Trinas (1962) Foto Augusto de Jesus Fernandes - Escola Primária in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa




Rua das Trinas (Início do século XX) Foto Alberto Carlos Lima - Convento das Trinas do Mocambo in AFML



A RUA DAS TRINAS (antiga Rua das Trinas do Mocambo) pertence a duas freguesias. À freguesia de SANTOS-O-VELHO do número 1 a 101 e de 2 a 78, à freguesia da LAPA o número 103 e do 80 em diante. Começa na Rua da Esperança no número 186 e termina na Rua da Lapa no número 45.

A legenda de "Trinas do Mocambo" tem uma curiosa origem. MOCAMBO (do português antigo) é a adulteração da palavra "MOCÂMO", que significa «Casa ou lugar Sagrado», é-lhe atribuído por supostamente nesse lugar ter existido uma antiga mesquita.
O nome de Trinas advém-lhe do Convento das Trinas do Mocambo aí instalado no século XVII. (Imóvel de Interesse Público, Dec. Nº 32973, DG 175 de 18 de Agosto de 1943, ZEP, Port. Nº 512/98, DR 183 de 10 de Agosto de 1998, ali esteve instalado, durante as primeiras décadas do século passado, o Arquivo de Identificação. Actualmente funciona o Instituto Hidrográfico da Marinha). (1)
Este Convento pertenceu à Ordem dos Trinitários, fundada no século XII que se instalou em Portugal no Século XIII.
A Ordem, que se encarregava de recolher meios para resgatar os cativos das mãos dos "infiéis", teve também religiosas, que eram conhecidas por "TRINAS". Estas tinham outras funções, a de educadoras de meninas.
O Convento de Nossa Senhora da Soledade (conhecido pelo Convento das Trinas) teve origem numa capela, que tinha fundado na sua propriedade rústica um rico negociante flamengo, de nome Cornélio Vandali casado com Marta de Boz. Fez questão deixar em testamento que o local onde tinha a sua casa de campo, anexos e ermida, em Mocambo, era destinada à construção de um Convento para a Ordem da Santíssima Trindade. O Convento foi fundado em 1657 e entregue às Freiras Trinas, que para ali foram em 1661, vindas do Mosteiro do Calvário. A primeira noviça que nele entrou foi depois Sôror Maria da Trindade, que morreu no mesmo Convento com a idade de 111 anos.
À palavra «Mocambo» alguns autores consideram que o significado topónimo é um s.m. (do quimbundo um + kambu) (Bras.). Couto de escravos na floresta; quilombo; choça, palhota em que os pretos se refugiavam quando fugiam para o mato. (2)
Destes factos nos têm mostrado como exemplo várias novelas brasileiras que focam temas relacionados com escravos, onde nos aparece a designação de «quilombo», como sendo lugar de negros "fujões".
A área então chamada Mocambo (actual MADRAGOA), era habitada sobretudo por população negra vinda das Colónias que se complementava, com gente ligada à pesca, alternando esta ocupação com o cultivo das terras.
Para além das gentes ligadas à agricultura ou a serviços domésticos decorrentes da ocupação do sítio por importantes casas senhoriais e conventuais, ou ainda às fainas ligadas ao rio, terá tido, segundo Júlio Castilho, uma importante ocupação de escravos vindos de África, certamente com as suas práticas musicais vivas e expressivas.
Entre 1911 e 1934 foi alterado o nome da rua, passando a chamar-se Rua Sara de Matos, nome de uma noviça supostamente envenenada no Convento das Trinas.
Após a proclamação da República em 1910, o Governo provisório procedeu a uma vasta obra legislativa, no sentido de combater o clero. Um dos primeiros diplomas legislativos, publicados em 8 de Outubro de 1910, foi a expulsão das obras religiosas, Sara de Matos seria "vingada", no dia 23 de Julho de 1911, 20 anos após a sua morte.
Em 19 de Agosto de 1937 a Câmara Municipal de Lisboa repôs a nomenclatura anterior e, assim, a Rua Sara de Matos passou a ser Rua das Trinas.
Na Rua das Trinas, fazendo esquina para a Rua das Praças, foi construído, na segunda metade do século XVIII, um pequeno solar pombalino, que na fachada possui uma lápide comemorativa, assinalando que aí viveu Mouzinho de Albuquerque, o herói das Campanhas de Moçambique em 1898 «CHAIMITE», após o seu regresso de África.
(1) - IPPAR.
(2) - Grande Dicionário da língua Portuguesa, cood. por José Pedro Machado.

domingo, 27 de janeiro de 2008

RUA DO MACHADINHO

Rua do Machadinho, 20 (Actual) Autor desconhecido - Palácio dos Machadinhos fachada principal - imagem da CML
Rua do Machadinho (actual) autor desconhecido - Interior do Palácio dos Machadinhos - imagem da CML

Rua do Machadinho [s.d.] Foto Eduardo Portugal - Palácio dos Machadinhos in AFML


Rua do Machadinho, 20 (1968) Foto Armando Serôdio - Direcção Geral dos Abastecimentos da CML no Palácio dos Machadinhos in AFML



Rua do Machadinho, 20 (1959) Foto Armando Serôdio - Palácio dos Machadinhos ao estilo da época de D. José I in AFML

A RUA DO MACHADINHO (antiga Rua do Arcipreste) pertence à freguesia de SANTOS-O-VELHO, começa na Travessa do Pasteleiro no número 57 e termina na Rua das Trinas no número 22.
Antigamente a rua chamava-se Rua do Arcipreste, mas em finais do século XVIII o povo passou a chamar-lhe Rua do Machadinho, por nela existir o Palácio dos Machadinhos. Esta designação corresponde ao diminutivo de José Machado Pinto, fidalgo e Cavaleiro da Casa Real que nessa rua mandou edificar ou restaurar o referido Palácio e que aí faleceu em 22 de Abril de 1771.
O nome da rua surgiu pela primeira vez em 1805 e manteve-se até hoje. A Rua e o Palácio que lhe deu o nome têm também importância para a história da literatura, dado que o Palácio do Machadinho viria a ser, na segunda metade do século XIX, a morada do poeta e escritor António Feliciano de Castilho (1800-1875). O Palácio corresponde ao número 20 e mantém ainda hoje um ar nobre. Trata-se de uma construção de finais do século XVIII, casa brasonada e de aspecto solarengo, com quintal e muro fazendo esquina com o beco do Machadinho. É o edifício que, na actualidade, se encontra em melhor estado. Nele funcionou a Divisão de Controlo Financeiro o Departamento de Reabilitação e Gestão de Unidades e Projectos, a Direcção Municipal, Conservação e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa.
Em 23 de Maio de 2005 a Agência Lusa dava conhecimento que «o Palácio dos Machadinhos, que entretanto vai sofrer obras para eliminação das barreiras arquitectónicas, será então ocupado pelo Departamento de Acção Social da Câmara, que funciona actualmente em várias freguesias». Sendo o objectivo principal unificar todos os serviços de carácter social dispersos pela Capital (1).
Actualmente (2007) está instalado neste Palácio a Direcção Municipal Acção Social, Educação Juventude e Desporto Departamento de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa.
O resto da Rua tem pequenas casas comerciais de interesse para os residentes: Mercearia, café e clube de vídeo. Para os turistas e curiosos poucos são os atractivos. Ela constitui, como tantas outras em Lisboa, uma pequena «aldeia» dentro da cidade.
(1) - rtp.pt-notícias-index

sábado, 26 de janeiro de 2008

RUA TRISTÃO DA CUNHA

Rua Tristão da Cunha (1961) Foto Armando Serôdio in AFML
Rua Tristão da Cunha (1999) Foto Paulo Catrica (Esquina com a Rua Duarte Pacheco Pereira) in AFML

Rua Tristão da Cunha (1961) Foto Artur Goulart (Bairro do Restelo) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



A RUA TRISTÃO DA CUNHA pertence à freguesia de SANTA MARIA DE BELÉM, começa na Avenida da Torre de Belém e termina na Rua Soldados da Índia.
Consta na acta número 15 de 12 de Abril de 1948, que no edifício dos Paços do Concelho da CML, reuniu a Comissão de Toponímia para aprovar a nomenclatura do arruamento e projecto de urbanização da Encosta da Ajuda e Belém, sendo atribuído à RUA SETE o nome de RUA TRISTÃO DA CUNHA.
Tristão da Cunha nasceu em 1460, era filho de Nuno da Cunha, Alcaide Mor de Palmela e de D. Catarina de Albuquerque.
Esteve para ser o primeiro Governador da Índia, para cujo cargo D.Manuel I o nomeou, em 1505. Atacado por cegueira, teve que desistir, sendo substituído por D. Francisco de Almeida. No ano seguinte Tristão da Cunha achava-se completamente restabelecido e D. Manuel I confiou-lhe o comando de uma esquadra de 16 navios, que devia dirigir-se à Índia, deixando no caminho 5 navios debaixo das ordens de Afonso de Albuquerque, que até ao momento da separação ia como seu subalterno. Tristão da Cunha seguiu outro rumo tendo descoberto as ilhas que ficaram com o seu nome. A ilha de Tristão da Cunha tem nesta altura estatuto de território dependente do Reino Unido, é uma ilha de origem vulcânica, fica a Sul da ilha de Santa Helena, é habitada por uma pequena comunidade agrícola, fortemente unida.
Depois de largar de Moçambique, e após feito o reconhecimento da ilha de Madagáscar, dirigiu-se para a Índia em 1 de Agosto de 1507, tendo auxiliado o Vice-Rei na guerra de Calcute e assistido a várias manobras navais bem como participado na destruição da frota Samori em Panane, regressou a Portugal em 1508 com um grande carregamento de especiarias.
Quando D.Manuel I resolveu enviar ao papa Leão X uma deslumbrante embaixada, que fosse oferecer-lhe, em guisa de homenagem, as nossas conquistas no Oriente, foi Tristão da Cunha nomeado embaixador e chefe do esplêndido séquito que causou a maior surpresa e admiração em Roma.
Esta embaixada ficou assinalada na história como uma das mais grandiosas provas de grandeza de Portugal.
Tristão da Cunha saiu de Lisboa em Janeiro de 1514, para Roma, acompanhado de seus filhos: Nuno da Cunha, Simão da Cunha e Pedro da Cunha, igualmente por uma série de notáveis desse tempo.
Foi o primeiro proprietário do Palácio de Xabregas. Palácio de grandes tradições, edificado no século XVI, restaurado no século XVIII, soube resistir ao terramoto de 1755. A ligação desta família aos Melos, Monteiro-Mor do Reino, é pelo casamento de Pedro da Cunha Mendonça e Menezes, senhor de Valdigem, com D. Joana Catarina de Melo, herdeira da casa dos "Monteiros-Mor". Pela morte de seu primo, Francisco de Melo, a 16.02.1789, sem geração, o 1º Marquês de Olhão e 1º Conde de Castro Marim, D. Francisco de Melo da Cunha Mendonça e Menezes, herdou o ofício de Monteiro-Mor, tendo sido o nono de sucessão.
Por volta de 1640 habitava o Palácio de Xabregas Jorge de Melo, irmão de D. Joana Catarina de Melo, sendo um dos mais activos entre os 40 fidalgos que planearam e dirigiram a revolução de 1640, tendo organizado as primeiras reuniões neste Palácio de Xabregas.
Tempos esses em que viveu Tristão da Cunha, que deixa o seu nome ligado à aventura das Índias, acabando os seus dias no ano de 1540 (precisamente cem anos antes da retoma da Independência de Portugal), neste Palácio com tanta história de bravos guerreiros.








sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

RUA DA PENHA DE FRANÇA

Rua da Penha de França (1952-06) Foto Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
Rua da Penha de França (1968) Foto João H. Goulart (Cinema Cine-Oriente-fachada na "Av. General Roçadas") in AFML

Rua da Penha de França (195-) Foto Judah Benoliel (à direita o Cine-Oriente ainda no "Caminho de Baixo da Penha") in AFML


Rua da Penha de França, 2 a 12 (1967) Foto Augusto de Jesus Fernandes (esquina da Rua dos Sapadores) in AFML



Rua da Penha de França (195-) Foto Judah Benoliel in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



A RUA DA PENHA DE FRANÇA pertence a duas freguesias. À freguesia da PENHA DE FRANÇA correspondem os números 1 a 171 e todos os números pares, à freguesia dos ANJOS do número 173 em diante. Começa na Rua Angelina Vidal no número 2 e termina na Rua Cesário Verde no número 2.
Diz-nos Norberto de Araújo no seu livro "Peregrinações em Lisboa" Volume VIII « A Rua da Penha de França, antiga Estrada, mantém ainda a linha levemente sinuosa do século XVII; sua rectificação, aqui e ali iniciada, não se fará demorar. Também por aqui alguns prédios modernos acotovelam outros do tipo da casa do campo, de há trezentos anos».
A Penha de França deve a sua designação a uma primitiva ermida datada de 1597 e construída no seu ponto mais alto, chamado "CABEÇO DO ALPERCHE". Com invocação de Nossa Senhora da Penha de França, foi elevada a paróquia desde 5 de Setembro de 1937. Tendo como a primeira Irmandade os "Fidalgos e Marítimos", a devoção cresceu rapidamente e passou a ser uma atracção das gentes de Lisboa, pelo seu aspecto de romarias domingueiras, pois o sítio a isso se prestava.
Nesta Alto, além do sinuoso "Caracol da Penha", actual Rua Marques da Silva, tinha início na antiga Estrada ou Caminho de Cima da Penha (a nossa Rua da Penha de França), ligando a rampa que descia para o Poço dos Mouros à encruzilhada da Cruz dos Quatro Caminhos, junto ao actual sítio de Sapadores.
Fala-nos ainda Norberto de Araújo que « a Ermida era pequena e o culto progredia, começou a construir-se em 1604 uma nova Igreja com seu Convento, obra do arquitecto Teodósio Frias, cuja conclusão tardou (1635) mas ficando "obra de ver-se". O terramoto de 1755 destruiu o Convento e a Igreja, mas a reedificação, quase total pouco se fez demorar, pois estava concluída em 1785, a esforços de D. Pedro Menezes, 4º Marquês de Marialva».
A aura milagreira da Senhora da Penha de França, enraizou-se na memória lisboeta, sendo eleita protectora da cidade contra a peste e amparo de mareantes desventurados, deixando o seu nome ligado à Procissão dos Ferrolhos, à Irmandade de Fidalgos e Marítimos e ao Círio das Palmeloas. Hoje é difícil rever o cenário deste subúrbio campesino, com pomares, olivais, hortas e terras de semeadura, dispersas em torno da velha Ermida e da Quinta do Monte Agudo.
Ainda no dizer do autor das "Peregrinações em Lisboa" afirma que: «Em 1808 estiveram na antiga casa religiosa - resguardada uma parte para os frades - os regimentos de Artilharia 1 e 4, em 1820 Infantaria 12. Depois de 1834 instalaram-se nele várias unidades, como Infantaria 1, o Batalhão Naval de Artífices, transferido mais tarde para o quartel de Alcântara, e depois os Pombais Militares. (...) a Companhia de Telegrafistas até 1926, depois o Regimento de Telegrafistas até 1931, e presentemente (1940) o chamado destacamento misto da Penha de França.
Este edifício anexo ao Convento, com fachada sobre o Largo, era um Palácio particular construído em 1857: adquirido pelo Ministério da Guerra e nele se instalaram vários serviços, desde 1929 aí funciona a Escola de Transmissões».
Existiu ainda nesta Rua a Escola Académica, talvez o mais antigo estabelecimento escolar português de carácter particular, fundado em 1847 na Quinta de S. João do Monte Agudo à Penha de França. Nela passaram algumas centenas de pessoas que na sociedade portuguesa atingiram um alto nível social no século passado.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

LARGO DO CALHARIZ

Largo do Calhariz (2005) Autor desconhecido (Presentemente estes dois Palácios; do Calhariz e do Sobral fazem parte do mesmo conjunto arquitectónico) in Lisboa.Com - Bairro Alto
Largo do Calhariz (1966) Foto Armando Serôdio (Palácio do Calhariz-Palmela já depois das obras, lá ao fundo o Palácio Sobral) in AFML

Largo do Calhariz [194-] Foto Horácio Novais (Palácio Calhariz-Palmela, também conhecido por Sousas Calhariz-Palmela ou Calhariz) in AFML


Largo do Calhariz (1966) Foto Armando Serôdio - Palácio Sobral - onde está a C.G.D. e mais à frente o Palácio-Calhariz-Palmela in AFML



Largo do Calhariz (1960) Foto Arnaldo Madureira - Palácio Cabral onde se instalou a C.G.D. in AFML




Largo do Calhariz (1968) Foto Armando Serôdio - Palácio Sandemil in AFML





Largo do Calhariz, 17 (1960) foto Arnaldo Madureira - Palácio Valada-Azambuja - 6ª Conservatória do Registo Civil in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa






Largo do Calhariz, 17 (inicio do séc. XX) Foto Alberto Carlos Lima - Palácio Valada-Azambuja in AFML





O LARGO DO CALHARIZ pertence a duas freguesias. À freguesia de SANTA CATARINA correspondem os números 20 a 25, à freguesia de S. PAULO os números 1 a 19.
Esta Largo encontra-se entre as ruas (do Loreto, das Chagas, da Bica Duarte Belo, Marechal Saldanha, Luz Soriano, da Rosa, da Atalaia e a Calçada do Combro).

Vem assim descrito no Itinerário Lisbonense de 1804; «Fica entre o cimo da Calçada do Combro e a Rua do Loreto».
Toda esta zona que vai do Camões ao Calhariz pouco mais era, no século XV, do que um lugar ermo, fora da cintura das muralhas. Sitio de terras de semeadura, com olivais e ferragiais, só começou a ser urbanizado com o desmembramento provocado pelo aforamento e emparcelamento das propriedades rurais ai existentes. Neste lugar possuía uma Quinta D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches, morto em batalha de Alfarrobeira em 20.05.1449.
A sua propriedade (Casa e Quinta) transitou para a família dos Távoras em 1449. Também os Condes de Cantanhede, depois Marqueses de Marialva, tinham ali uma propriedade em (1650).
A urbanização deste lugar fez-se lentamente ao longo dos finais do século XVII. Datam deste século alguns belos exemplares de Palácios da conhecida artéria lisboeta.
O Palácio Valada-Azambuja (Conde de Azambuja) construído no século XV no sítio da Quinta do D. Álvaro Vaz de Almada, sofreu várias modificações ao longo de três séculos.
Tendo ruído com o terramoto, foi sendo reconstruído. A sua fachada com as beneficiações no decurso do século XIX e início do século XX sofreu grandes alterações.
O Palácio foi vendido em 1867, pelos descendentes dos antigos proprietários ao Conselheiro Francisco José da Silva Torres que o deixou a uma enteada, casada com o Conde de Azambuja, de onde vem a designação porque é conhecido aquele Palácio. No ano de 1922 é vendido ao comerciante e antiquário Manuel Henriques de Carvalho, a cujos herdeiros hoje pertence.
No primeiro andar do imóvel está um equipamento cultural da C.M.L., com a instalação da Biblioteca Municipal Camões. Neste mesmo andar funciona, a 6ª Conservatória do Registo Civil.
A este Palácio se refere também Eça de Queiroz num excerto de "O Mandarim".
Do Palácio Sandemil (Condes de Sandemil) não temos muitas referencias. Sabemos que é anterior ao terramoto de 1755, tendo sido depois beneficiado, foi pertença da Misericórdia de Lisboa, faz esquina com a Rua das Chagas, e nele esteve instalado o clube dos "Cem à Hora".
O Palácio Sobral, mandado construir entre 1770 e 1780 por Joaquim Ignácio da Cruz Sobral, lº Administrador do vínculo dos Sobrais, nasceu da compra de um velho prédio, propriedade de D. Lázaro Leitão Aranha, rico e erudito principal da Sé, que nesse lugar fez reunir a famosa Arcádia (1764). Neste Palácio se deram belas festas e concertos organizadas por ele e mais tarde pelo seu pai, a que concorria toda a Corte. Entre elas ficou célebre a esplendida festa dada por ocasião do nascimento da princesa da Beira, D. Maria Teresa, no dia 29 de Abril de 1793, onde cantaram artistas estrangeiros especialmente convidados para o evento, Todi, Violanti, Angelleli, Ferracuti entre outros. Isto no mesmo dia em que se inaugurava o Teatro de São Carlos, também ele em homenagem à primeira filha de D. João e de D. Carlota Joaquina.
Neste palácio ficou instalado o Quartel Geral de Wellington em 1811, o Marechal Beresford entre 1812 e 1813. Durante alguns anos e até 1879 aí esteve, ocupando parte das instalações o Hotel Mata.
Em 1887 foi vendido, por pouco mais de 50 contos (250 Euros) pelo seu último proprietário particular, o Marquês de Sousa Holstein, tendo sido comprado para lá se instalar a CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS que ainda continua , nos dias de hoje, a ser daquela instituição bancária.
O Palácio do Sousa Calharizes, que deu o nome ao largo é hoje uma construção do início do século XVIII e foi erguido pelo Morgado do Calhariz (Nome de uma casta de uvas), D. Francisco de Sousa, em terrenos que foram de uma parente sua, a condessa do Alvito. Continuando na mão do Sousa Calharizes, nele habitou o conhecido diplomata D. Pedro de Sousa Holstein, mais tarde lº Duque de Palmela.
Também neste Palácio do Calhariz, funcionou em 1882 o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A partir de 1947, passou para aposse da CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS, depois de várias alterações, é ligado por um arco ao vizinho Palácio Sobral. Em 1997 sofre novamente obras de recuperação, que lhe valeu a atribuição do Prémio Eugénio dos Santos.
Presentemente os dois Palácios; do Calhariz e do Sobral fazem parte do mesmo conjunto arquitectónico.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO [ll]

Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 7-7E (1968) Foto Vasco Gouveia de Figueiredo (Palácio Cabral - nele está actualmente instalada a Junta de Freguesia de Santa Catarina) in AFML
Largo Dr. António de Sousa de Macedo [s.d.] Autor desconhecido (Palácio Mesquitela e antiga Escola D. Maria I em estado de degradação)

Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1-15 (1968) Foto Armando Serôdio (Escola D. Maria I no Palácio Mesquitela) in AFML


Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1960) Foto Armando Madureira (Entrada para a Secretaria da Escola D.Maria I) in AFML



Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1 (1959) Foto Armando Serôdio (Palácio dos Condes de Mesquitela portal brasonado - Antiga Escola D. Maria I) in AFML




Largo Dr. António de Sousa de Macedo [c. 1952] Foto Salvador Almeida Fernandes (Palácio Mesquitela-Escola D. Maria I - portal e frontaria) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa





Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1942) Autor desconhecido (Armazéns do Poço Novo)



O LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO pertence a duas freguesias. À freguesia de SANTA CATARINA do número 1 a 7, à freguesia das MERCÊS os números 3 e 4.
Fica entre a Calçada do Combro, Rua do Poço dos Negros, Rua dos Poiais de S.Bento e Travessas do Convento de Jesus e do Judeu.
Este Largo instalado no sopé da Calçada do Combro teve em tempos o nome de «Poço Novo», mas em 12 de Agosto de 1937 a Câmara Municipal de Lisboa resolveu mudar o dístico para Largo Dr. António de Sousa de Macedo, figura de notáveis famílias, pertenceu ao Palácio que ainda permanece neste Largo. O seu fundador D. Gonçalo de Sousa de Macedo foi jurisconsulto e diplomata, Secretário do Estado de D. Afonso VI, tendo falecido no dia 1 de Novembro de 1682 neste Palácio.
No dizer de Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» no volume V «quando olhamos em redor do Largo, que "Poço Novo" foi chamado e por "Poço Novo" será conhecido durante muitos anos ainda e sempre por força da tradição oral».



Este sítio começou a ser chamado de Poço Novo no século XVII porque existia mais abaixo deste local, o Poço dos Negros -que deu origem ao nome da Rua que hoje ainda existe -e que era um «poço» ou «vala» onde eram enterrados os cadáveres dos negros escravos. Ter-se-ia neste local aberto mais tarde outra vala, que recebeu o nome de «Poço Novo». O fundamento do Poço dos Negros é exacto; o do Poço Novo é conjectura mas verosímil.

Ainda no dizer do autor citado, comenta que este local no Século XVII não passava de um ermo.
Que o lúgubre Poço acabou, mas a designação não se rendeu. No mesmo lugar do Largo foi plantada, (e existiu até cerca de alguns anos), uma palmeira, arremedo(1) de jardinagem; foi arrancada e abriu-se então um subterrâneo de utilidade pública (urinol) que ainda existe.

A origem do topónimo Poço dos Negros levanta ainda algumas dúvidas. A existência de uma carta régia de D.Manuel I, datada de 13 de Novembro de 1515, escrita em Almeirim e dirigida à cidade de Lisboa, sobre a necessidade de se construir um poço para depositar os corpos dos escravos mortos, sobretudo aquando de surtos epidémicos, tem levado alguns olisipógrafos, desde Júlio Castilho, a sugerir se não estaria na origem do nome desta artéria ao dito poço.
Diz a carta que os escravos eram mal sepultados e muitos seriam mesmo lançados «na lixeira que está junto da Cruz da Pedra a Santa Catarina (actual Rua Marechal Saldanha) que está no caminho que vai da porta de Santa Catarina para Santos» para a praia onde ficavam à mercê da voracidade dos cães. Para obviar as deletérias consequências de tantos cadáveres não sepultados, achava o Rei «que o melhor remédio será fazer-se um poço, o mais fundo que pudesse ser, no lugar que fosse mais conveniente, no qual se lançassem os ditos escravos» e para ajudar a decomposição dos corpos, dizia ainda que se deitasse «alguma quantidade de cal virgem» de quando em quando. Um resguardo de pedra e cal deveria ainda ser erguido em redor do poço. Tal medida seria cumprida pela Câmara que o teria mandado fazer no referido caminho para Santos (descendo a actual Calçada do Combro) conhecido por "HORTA NAVIA" (nome de uma divindade indígena após a ocupação Romana).

A actual localização perdeu-se, mas a proximidade geográfica do Largo do Poço Novo (actual Largo Dr. António de Sousa de Macedo) ao fundo da Calçada do Combro, nome que já nos aparece na segunda metade de quinhentos em substituição da designação primeva, comodamente parece ajudar na sua localização. O referido eixo partia da Porta de Santa Catarina até Belém, passando por Santos onde existiu desde o início do século XVI um Paço Real e Alcântara, onde outro Paço marcava presença.

Mais tarde, neste Largo nos números 1 a 15, existe ainda um Palácio seiscentista «Palácio dos Condes de Mesquitela», que foi pertença da família Sousa de Macedo, e depois Costas, Condes de Mesquitela. Neste Palácio também se reuniram várias vezes os conjurados de 1640.
Ali esteve instalado o Museu Pedagógico fundado em 1883, dirigido pelo Dr. Adolfo Costa. Funcionou também, desde 1924 e durante vários anos a Escola Rodrigues Sampaio.
Situada entre as Travessas do Alcaide e do Judeu, propriedade relativamente extensa com seu pátio, cocheiras, anexos e pedaço de terreno ajardinado era um documento expressivo deste sítio. O Portal do pátio nobre, (outrora recreio da escola), e o umbral de esquina da Travessa do Judeu, são armoriados, no brasão daqueles fidalgos, que descendem dos Albuquerques e foram senhores da famosa Quinta da Bacalhôa, em Azeitão.

Mais tarde, em 1950 surgiu a Escola Comercial D. Maria I só para o sexo feminino existindo, anos depois, uma Secção para alunos do sexo masculino, que recebiam as suas aulas nas instalações do Liceu Passos Manuel, na Travessa do Convento de Jesus em período nocturno, local onde na década de 50 do século passado recebemos também a nossa aprendizagem académica.

Embora o edifício se encontre muito mal tratado, é classificado como "Imóvel de Interesse Público, Decreto Nº 45/93, DR 280 de 30 de Novembro de 1993" (2).



Neste Largo nos números 7 a 7-E encontramos o Palácio Cabral. Construído num terreno em declive, adossado a Nascente ao antigo Convento de São Paulo da Serra da Ossa (actualmente instalada a GNR) e a Poente a um edifício de habitação. A fachada principal a Sul, acompanha o alinhamento da via pública. Na sua frente, do outro lado da rua, situa-se o Palácio dos Condes de Mesquitela.
O Palácio Cabral, construção do século XVIII, encontra-se protegido como imóvel de Interesse Público, no Decreto número 44075, DG 281 de 5 de Dezembro de 1961 e Decreto nº 28/82, DR 47 de 26 de Fevereiro de 1982 (3).
O Palácio era propriedade da família Figueiredo Cabral, senhores de Belmonte, dos quais passa para a posse da casa dos Viscondes de Moçâmedes pelo casamento de Manuel de Almeida e Vasconcelos com D. Francisca de Câmara Meneses, filha de D.Pedro de Figueiredo Cabral. Com o terramoto de 1755 sofreu significados danos que implicou a reconstrução do Palácio. Em 12 de Outubro de 1997 é ocupado pela Junta de Freguesia de Santa Catarina, depois de extinta uma secção da Escola Secundária D. Maria I, que ali funcionava.(4)


Junto a este Largo encontramos a Travessa do Convento de Jesus, cujos terrenos (para Norte), tinham pertencido à antiga cerca do Convento de Jesus e neles começou a ser edificado na década de 80 do século XIX, ficando concluído já no início do século XX o «Liceu Passos Manuel», (hoje Escola Secundária Passos Manuel) em homenagem ao político que remodelara o sistema de ensino da época (Manuel da Silva Passos).
Este Liceu, com entrada pelo Largo de Jesus, teve projecto inicial do Arqº. José Luís Monteiro, tendo sido introduzidas alterações ao mesmo, por Rafael Castro na década de 90. Em 1896 houve novo projecto para o mesmo edifício, da autoria do Arqº Rosendo Carvalheira. Em 1910 é inaugurado pelo Governo da primeira República, que encara o Liceu como um estabelecimento de ensino inovador, tornando-se este num dos mais prestigiados do país. Neste momento trata-se de Edifício em vias de classificação, Despacho de 14 de Maio de 1997. (5)




(1) - Imitação ridícula e grosseira
(2) - DGEMN - Inventário do Património Arquitectónico
(3) - IPA - Inventário do Património Arquitectónico
(4) - Junta de Freguesia de Santa Catarina (NET)
(5) - AML - CMLisboa - DGEMN - IPA - IPPAR