domingo, 30 de agosto de 2009

RUA LUZ SORIANO [III]

Rua Luz Soriano - (2005) - Fotógrafo não identificado (Um troço da Rua Luz Soriano) in FLICKR
Rua Luz Soriano - (2006) - Foto de Brian J. McMorrow (Um troço da Rua Luz Soriano) in BRIAN McMORROW

Rua Luz Soriano - (Século XIX) - (Simão José de Luz Soriano, sensivelmente na década de 80) in MOÇÂMEDES
(CONTINUAÇÃO)
RUA LUZ SORIANO [ III ]
«SIMÃO JOSÉ DE LUZ SORIANO (3)»
De facto, depois de se notabilizar na colonização de «MOÇÂMEDES», foi deputado por Angola e vogal do Conselho Ultramarino.
A acção de «LUZ SORIANO» em «MOÇÂMEDES» foi preponderante. Embora a sua simples condição de chefe duma Repartição do Estado, expôs ao Ministro «VISCONDE DE CASTRO» a necessidade de se fundar em «MOÇÂMEDES», no Sul de ANGOLA, uma colónia agrícola. O seu empenho junto do Ministro foi tanto, que este colocou a seu cargo a colonização do Distrito.
Foi «LUZ SORIANO» que indicou ao Ministro o nome do capitão-tenente «ANTÓNIO SÉRGIO DE SOUSA» para primeiro Governador de «MOÇÂMEDES», tendo coordenado e redigido as instruções por que se havia de regular o Governador.
Mas, entretanto, muito escreveu este homem! Aproveitou excelentemente a longa vida que Deus lhe deu (morreu à beira dos 90 anos) e, especialmente depois de se reformar, deixou em múltiplos volumes a documentação hoje indispensável à reconstituição do período da guerra civil em Portugal.
Para se ter uma ideia do empreendimento, bastará dizer que a «HISTÓRIA DA GUERRA CIVIL», (1866-1890) e do estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, encheu ele 17 Volumes.
Escreveu também sobre «O CERCO DO PORTO» 2 Volumes (1846-1849); a «VIDA DO MARQUÊS DE SÁ DA BANDEIRA» 2 Volumes (1887-1888) e uma «HISTÓRIA DO REINADO DE D. JOSÉ» e da administração do seu Ministro o «MARQUÊS DE POMBAL» em 2 Volumes (1867), entrou em polémicas, dissertou sobre teorias políticas, foi memorialista... Sozinho, enche uma biblioteca.
Um outro aspecto raro deste homem multifacetado foi a maneira como amealhou grande fortuna. Vivendo com economia rígida ele, que nascera pobre, acabou por juntar vastos capitais, dos quais fez legados importantes.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA LUZ SORIANO [IV] - SIMÃO JOSÉ DE LUZ SORIANO (4)»



quarta-feira, 26 de agosto de 2009

RUA LUZ SORIANO [ II ]

Rua Luz Soriano - (2008) - Foto de Dias dos Reis ( Um percurso da rua Luz Soriano) in DIAS DOS REIS
Rua Luz Soriano - (1967) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Sede do Jornal "DIÁRIO DE LISBOA" na Rua Luz Soriano) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA LUZ SORIANO [ II ]
«SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO (2)»
Vai para Coimbra, sendo a sua forte ambição, para estudar, mas é "roubado de todos os seus haveres", deixa Coimbra e procura ir viver para a vila da Azambuja.
Aqui começou a fase agitada da vida deste lisboeta persistente.
Decide-se pela vida monástica, tenta ingressar no «MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA ARRÁBIDA», mas não é aceite por não saber latim.
Parte novamente para Coimbra, instalando-se no velho Colégio da Broa. Troca Engenharia por Medicina, tornando-se bacharel anos depois.
Estava-se na segunda década do século XIX, em plena agitação das lutas liberais e absolutistas. «LUZ SORIANO» não só abraçou a causa liberal como se alistou no respectivo exército académico, fazendo parte do «BATALHÃO DE VOLUNTÁRIOS ACADÉMICOS» (ver mais aqui).
No decorrer deste tempo, que foram contrários aos seus ideais políticos, teve de exilar-se: andou pela «GALIZA», pela cidade inglesa de «PLYMOUTH» e, como muitos dos seus companheiros, acabou por ir parar aos «AÇORES», mais exactamente à «ILHA TERCEIRA», tomando parte no «DESEMBARQUE DO MINDELO» (ver mais aqui).
Foi na bela cidade açoriana de «ANGRA DO HEROÍSMO» que «LUZ SORIANO» teve os seus primeiros contactos com os jornais.
Criou a «CRÓNICA DA TERCEIRA», de que foi redactor principal.
Não havia, porém, em Angra trabalhadores especializados nos trabalhos de composição e impressão, pelo que o próprio «SORIANO», além de redigir o jornal, várias vezes foi para a pequena tipografia, ocupando-se da feitura completa do periódico. Como estas funções não eram muito compensadoras monetáriamente falando, conseguiu empregar-se no sector administrativo do Ministério da Marinha, funções que conservou quando do regresso ao continente e das quais só veio a reformar-se em 1867, ou seja ao fazer os 65 anos.
Com a capitulação de D. Miguel e a celebração da «CONVENÇÃO DE ÉVORA MONTE» (ver mais aqui) em 26 de Maio de 1834, «LUZ SORIANO» pode, como muitos dos seus companheiros, regressar ao continente. E aqui não se sabe o que mais admirar neste homem, se a coerência com que voltou à Universidade para acabar o curso (formou-se em Medicina), se a acção exercida por força do seu emprego (que o levou a ter um papel preponderante na defesa e engrandecimento dos territórios de ANGOLA e MOÇAMBIQUE), se o ser trabalho como escritor que acabou por se tornar quase lendário.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA LUZ SORIANO [III] - SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO (3)»

sábado, 22 de agosto de 2009

RUA LUZ SORIANO [ I ]

Rua Luz Soriano - (2006) - Foto de Dias dos Reis ( Rua do Bairro Alto, freguesia de Santa Catarina) in DIAS DOS REIS
Rua Luz Soriano - (196_) Foto de João H. Goulart (A Rua Luz Soriano do número 124 a 126) in AFML

Rua Luz Soriano - (Século XIX) (Luz Soriano quando escrevia a História da Guerra Civil 1866-1890) in ALMANAQUE REPUBLICANO
RUA LUZ SORIANO [ I ]
«SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO (1)»
A «RUA LUZ SORIANO» pertence à freguesia de «SANTA CATARINA», começa no número 2 da «CALÇADA DO COMBRO» e termina na «RUA DE SÃO BOAVENTURA» no número 3 em pleno «BAIRRO ALTO». É atravessada de Sul para Norte pela «TRAVESSA DAS MERCÊS», «TRAVESSA DOS FIEIS DE DEUS» e «TRAVESSA DOS INGLESINHOS».
Em finais do século XIX, a C.M.L. mudou os nomes em elevado número de artérias em Lisboa.
A importante «RUA DO CARVALHO» - que devia o seu nome à propriedade que era pertença de Carvalho e Melo - foi rebaptizada com o nome de «RUA LUZ SORIANO».
Embora esta rua tenha no seu património histórico algum registo de acervo valor, desta vez vamos só falar do personagem que dá o nome à artéria.
Estamos habituados a olhar com espanto e respeito para aquelas pessoas que dizem "vindas do nada" e chegam, afinal, a posição de grande destaque e até conquistarem grandes fortunas.
Associamos tais factos à América, a terra das grandes oportunidades, o sítio do mundo onde, segundo a tradição, ser esperto e trabalhador recompensa.
Mas também em Portugal existem exemplos concretos desses homens de tenacidade, com começos difíceis e escaladas prodigiosas.
O caso típico, há umas boas décadas em Lisboa, era comum os marçanos, vindos do interior do país quase de "olhos fechados", acarretar caixotes a subir aos andares altos e levar os mantimentos aos fregueses, dormindo num esconso ou debaixo do balcão da loja. Poupavam como sovinas cada tostão que lhes chegassem às mãos e às tantas eram sócios do respectivo patrão ou estabeleciam-se por conta própria. E aí temos, entre outros «FRANCISCO GRANDELLA», numa trajectória que vai de humilde empregado de balcão a dono do maior armazém (ao tempo) em Lisboa, edificador de um bairro para os seus empregados e sobrando-lhe ainda algum dinheiro para outros empreendimentos como foi o caso de empresas teatrais.
Acontece que no próximo dia 8 de Setembro, completam 207 anos sobre a data de nascimento, nesta cidade de Lisboa, de «SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO».
Nasceu no dia 8 de Setembro de 1802 e faleceu também em Lisboa a 18 de Agosto de 1891, com a bonita idade de 89 anos muito próximo dos 90.
Relatam as crónicas que sua família era bastante pobre. Abandonado pelo pai (DOMINGOS JOSÉ SORIANO), barbeiro de profissão, partiu para o Brasil(1), deixando a família que viviam em Famalicão da Nazaré. Sua mãe era empregada doméstica.
Pela mão de um tio (frade Carmelita)(2) o jovem Simão, entra na Casa Pia de Lisboa, onde lhe são ministrados os primeiros estudos. Mas logo aí começou a distinguir-se: tendo sido destinado a preparar-se para uma profissão, teve a perseverança bastante para estudar quanto lhe permitisse o ingresso na Academia Real de Marinha.
E não abrandou o ritmo: logo no primeiro ano se notabilizou, ao ponto de obter um prémio pecuniário. Tendo dado assim nas vistas, o então Intendente Geral da Polícia, «BARÃO DE RESENDE», apadrinhou o ingresso de «LUZ SORIANO» na Universidade de Coimbra.
(1) - Dicionário de Autores Casapianos - Lisboa 1982 pag. 186
(2) - Idem
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA LUZ SORIANO [II] - SIMÃO JOSÉ da LUZ SORIANO (2)»

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XX]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2009) - Farmácia Azevedos com o novo visual) Foto gentilmente cedida por Rafael Santos do Blog «DIÁRIO DO TRIPULANTE»
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2008) Foto da galeria Tatiana (Farmácia Azevedos no Rossio) in ALBUNS DA WEB DO PICASA

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2008) Foto de Joshua Mackes ( Farmácia Estácio no Rossio) in PLANETEYE
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XX]
«A FARMÁCIA AZEVEDOS E A FARMÁCIA ESTÁCIO»
«FARMÁCIA AZEVEDOS»
A «FARMÁCIA AZEVEDOS» fica nos números 31 e 32 desta Praça e data de 1777.
Existiu neste local uma botica de um frade pertencente à «Ordem de São Domingos», de seu nome Francisco José de Aguiar; mais tarde este lugar passou a um José Rodrigues Crespo, cuja filha casou com «ANTÓNIO FELICIANO ALVES DE AZEVEDO». E assim começou então a «Farmácia Azevedos».
Em 1932 foi este estabelecimento completamente remodelado, obras dirigidas por «JORGE SEGURADO», e reabriu em 31 de Março de 1933. Estas eram as informações que nos transmitia o grande mestre da olisipografia «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA» livro XII página 72.
Foi a terceira botica que se fundou em Lisboa, depois do terramoto.
E era neste local que o poeta «NICOLAU TOLENTINO» tinha a sua tertúlia.
A «FARMÁCIA AZEVEDOS» foi remodelada em 2008 substituindo os armários brancos com pórticos vermelhos e balcões corridos por um espaço livre-serviço, com tons de verde e cinza. Um sistema robotorizado procura os fármacos armazenados, mas a figura em cerâmica policromada, do século XIX representando «AVICENA»(1), continua no estabelecimento.
(1) - Doutrina médica
«FARMÁCIA ESTÁCIO»
A «FARMÁCIA ESTÁCIO» funciona desde o ano de 1882 nos números 60 a 63 do «ROSSIO».
Os últimos edifícios do lado ocidental do «ROSSIO», só ficaram concluídos muitos anos depois do terramoto de 1755.
No ano de 1837 ainda era visível neste local os casebres do «DUQUE DO CADAVAL».
Além da «FARMÁCIA ESTÁCIO» a firma «ESTÁCIO & Cª.», fundada no ano de 1891, possuía também uma fábrica movida a vapor e um grande depósito na «RUA DO PRÍNCIPE» hoje «RUA PRIMEIRO DE DEZEMBRO», que veio a ser chamada de «DROGARIA HIGIENE».
Durante algum tempo e até 1895, a farmácia teve uma sucursal na «RUA DE SÃO PAULO».
«Emílio Estácio», farmacêutico e químico (1854-1919), formado pela Universidade de Coimbra e em Análise Química pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, além de fundar a farmácia que recorda o seu nome, foi director técnico da «COMPANHIA PORTUGUESA DE HIGIENE».
Dedicado à química analítica, publicou um tratado de análise química. Estudioso da vitivinicultura, aplicou a pasteurização aos seus vinhos, conseguindo a sua exportação para o Brasil.
A «FARMÁCIA ESTÁCIO», da «COMPANHIA PORTUGUESA DE HIGIENE», conta hoje com quatro farmacêuticos, quinze técnicos e empregados, tem uma decoração moderna, de cores brancas e forte iluminação, num amplo espaço de atendimento, rodeado de balcões e agradáveis expositores.
Para Finalizar.
Hoje como ontem, o «ROSSIO» continua a ser uma Praça nobre por excelência, espectadora de grandes acontecimentos e centro da vida lisboeta.
BIBLIOGRAFIA
- Dicionário da História de Lisboa -Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- Lisboa Pombalina e o Iluminismo de José-Augusto França - 1987-Bertrand Editora - Lisboa
- LISBOA ANTIGA (Bairros Orientais) de Júlio de Castilho Volume X - S.Industriais da CML - 1937 - Lisboa.
- Dicionário Ilustrado da História de Portugal - Coordenação de José Costa Pereira - Pub. ALFA - I e II volumes - 1985 - Lisboa.
- PEREGRINAÇÕES EM LISBOA de Norberto de Araújo Livro XII - Vega - 1992 - Lisboa.
- Lisboa em movimento 1850-1920 - Livros Horizonte - 1994.
(PRÓXIMO) - «RUA LUZ SORIANO [I]»



sábado, 15 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XIX]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2009) (Esplanada do Café Nicola) Foto gentilmente cedida por Rafael Santos do Blog «DIÁRIO DO TRIPULANTE»
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2008) - Fotógrafo não identificado (Café Nicola) in WORDPRESS

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2008) - Fotógrafo não identificado (Interior do CAFÉ NICOLA e estátua de Manuel Maria Barbosa du Bocage) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2007) - Fotógrafo não identificado ( Café Nicola ) in JNPDI



Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2004) Fotógrafo não identificado (O Portal do Café Nicola) in RUAS DOS DIAS QUE VOAM
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XIX]
«CAFÉ NICOLA»
Já em 1787 «A GAZETA DE LISBOA» falava no «CAFÉ NICOLA» do «ROSSIO».
Não fugindo à regra dos cafés do «ROSSIO» o «CAFÉ NICOLA» tinha como clientela políticos e literários, valendo-lhe a designação de «ACADEMIA». Era frequente encontrar neste estabelecimento, grupos de atentos assistentes aos improvisados poemas de «BOCAGE», que gracejava sobre personagens e hábitos locais.
Aparece este café ligado ao comércio da cidade de «LISBOA» apelidado de «NICOLA» desde meados do século XVIII, diz-se que por ter existido um italiano de nome «NICOLA» antes do terramoto que era fabricante de velas de cebo.
«MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE» (1765-1805) (ver mais aqui) morava no «BAIRRO ALTO», era frequentador muito assíduo deste café. Nos primeiros anos do século XIX o «NICOLA» ficara conhecido pela frequência de grandes figuras da nossa literatura e da política, que em épocas diferentes o frequentou.
Alguns destes, acusados de serem jacobinos e maçons, foram parar aos calabouços do «PALÁCIO DA INQUISIÇÃO», ironicamente também situada no «ROSSIO».
No ano de 1834 a loja é trespassada ao «SOMBREIREIRO DIAS».
No início do século XX esteve ali instalada a «OURIVESARIA XAVIER DE CARVALHO».
Em 2 de Outubro de 1929, por iniciativa de um antigo sócio do «CAFÉ CHAVE D'OURO», o «CAFÉ NICOLA» reabriu no mesmo local (números 24 e 25), sendo hoje um dos mais antigos cafés de Lisboa e o último café do «ROSSIO».
A história desta casa não se pode desassociar do poeta «BOCAGE», razão pela qual se encontra actualmente instalada uma estátua da autoria do escultor «MARCELINO NORTE DE ALMEIDA», no salão principal do «CAFÉ NICOLA»(ver mais aqui).
Já sob a administração de «JOAQUIM FONSECA ALBUQUERQUE» o café é remodelado na fachada, pelo arquitecto «NORTE JUNIOR» e o interior é da autoria de «RAUL TOJAL» (1935). É decorado com talha de madeira, molduras requintadas, ferros forjados e lustres ao gosto da época. As telas que ainda se encontram hoje no café e que representam cenas da vida de «BOCAGE», são da autoria do pintor «FERNANDO SANTOS». Para homenagear a história cultural do estabelecimento é instituído em 1985 o prémio «NICOLA DA POESIA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XX] (A FARMÁCIA AZEVEDOS E A FARMÁCIA ESTÁCIO)» - (Finalizando o percurso da Praça).




quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVIII]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2009) - A Praça foto gentilmente cedida por Rafael Santos do Blog "DIÁRIO DO TRIPULANTE"
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2007) - (Foto de Alexandre Pomar) (Tabacaria MÓNACO fechada num Domingo) in ALEXANDRE POMAR

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2008)- Foto de Coca Cutie (Tabacaria MÓNACO no Rossio) in COCABIXINHOS

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (1973) Foto de Armando Serôdio (O Café Brasileira do Rossio caricaturado por Stuart Carvalhais, quadro existente no Palácio Galveias) in AFML

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (1944) - Foto de Eduardo Portugal (A Brasileira do Rossio-com o anúncio na fachada do prédio) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVIII]
«A BRASILEIRA DO ROSSIO e a TABACARIA MÓNACO»
A «BRASILEIRA DO ROSSIO» foi fundada em 1911.
Anteriormente existia neste mesmo lugar uma chapelaria, que datava de 1820.
Situada nos números 51 a 53 as suas tradições estão ligadas à agitação política de Lisboa. Com reparações de vulto na fachada e no interior foi responsável pela obra o construtor «JOÃO DE OLIVEIRA E CASTRO»
Finalmente é inaugurado um café moderno para a época, muito amplo de fachadas aparatosas, que seria impossível num futuro próximo ser ignorado o seu enorme alpendre de ferro e vidro.
A 8 de Maio de 1915, o diário lisboeta «O JORNAL» trazia na primeira página uma notícia de sensação: "O preço da chávena de café da BRASILEIRA (nome de dois cafés do mesmo dono, um no CHIADO, outro no ROSSIO) aumentara dez réis, passando de pataco (40 réis) para meio tostão (50 réis)".
Tal como outros cafés «A BRASILEIRA DO ROSSIO» notabilizou-se ao ser frequentado por revolucionários mais radicais, acabando por ser satirizada no TEATRO, onde no «MARIA VICTÓRIA» foi imortalizado «O FADO DO 31», cuja primeira quadra nos diz: "Á porta da BRASILEIRA/ dois bicos encontram dois/ juntam-se os quatro e depois/ lá começa a chinfrineira".
A «BRASILEIRA DO ROSSIO» passaria por várias reparações mantendo-se contudo, o seu aspecto de 1900 da fachada e do salão principal.
Em 1938 teve intervenção significativa, com a criação de uma sala de bilhares com entrada pela «RUA PRIMEIRO DE DEZEMBRO», sendo o projecto do Arquitecto «JOSÉ SIMÕES». «A BRASILEIRA DO ROSSIO» (na altura propriedade da firma CAFÉS REUNIDOS), encerraria em 1960.
No ano de 1966 reabriu, mas não impediu que o seu destino fosse o habitual dos Cafés do ROSSIO. Para este lugar veio instalar-se uma sucursal do BANCO NACIONAL ULTRAMARINO.
«TABACARIA MÓNACO»
A «TABACARIA MÓNACO» (ver mais aqui ) está instalada no número 21, distinguida pelas suas tradições literárias e centro de cavaqueira de escritores do fim do século XIX e início do século XX.
Esta tabacaria, ao todo, pouco mais tinha do que dois palmos de fundo. Por volta do ano de 1893 o seu proprietário «JÚLIO CÉSAR VIEIRA DA CRUZ», o velho «CRUZ», resolveu alargar o espaço e chama, para a decorar, «RAFAEL BORDALO PINHEIRO». Ainda hoje lá se encontram os azulejos decorativos de «BORDALO PINHEIRO» e todo o aspecto actual da tabacaria data dessa época. Como um pequeno museu, a sua actual proprietária mantém a tabacaria tal como a recebeu de «JOSÉ RODRIGUES MARECOS», seu pai, que no limiar do século passado a tomou ao filho do velho «CRUZ».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XIX]-(O CAFÉ NICOLA




sábado, 8 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVII]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2007) Fotógrafo não identificado - (Este era o local onde existia o CAFÉ PORTUGAL, embora mantenha alguns elementos antigos da fachada hoje esta ali instalado uma sapataria) in O FUNCIONÁRIO CANSADO
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (195_?) - Fotógrafo não identificado - (Café Portugal no Rossio 56-58 e Rua 1º de Dezembro) - in RUA DOS DIAS QUE VOAM

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Anos 40/50 do Século XX) -Fotógrafo não identificado-(Café Portugal inaugurado em 1938) in O DE CONDUTA

(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVII]
«O CAFÉ PORTUGAL»
O «CAFÉ PORTUGAL» (apesar de se dizer que foi o último café a surgir nesta Praça) teve uma vida relativamente breve, durou trinta e poucos anos. Apesar da sua pouca longevidade, marcou uma certa época, devido sobretudo ao esmero das suas linhas e ao seu serviço, tendo como características mais marcantes uma grande dimensão interior e a belíssima galeria.
Projectado pelo arquitecto «RIBEIRO CRISTIANO» exibindo frescos de «JORGE BARRADAS» e baixos relevos de «LEOPOLDO DE ALMEIDA».
Instalado nos números 56 a 58 do «ROSSIO» e inaugurado no dia 16 de Abril de 1938, (pertenceu esta iniciativa à firma Brasileira).
Como curiosidade, fui encontrar no Blogue «CAFÉ PORTUGAL» de 15 de Novembro de 2008 (ver mais aqui e comentários) um comentário referente ao assunto hoje apresentado, e que de algum modo representa a tradição oral da história dos acontecimentos. Dizia assim o senhor «JOÃO GALVÃO TELES»: "(...) Contou-me, então o meu tio, quando as «BRASILEIRAS» ainda eram património da família, que foi fundado no «ROSSIO» o luxuoso café chamado precisamente «CAFÉ PORTUGAL». Falou-me das alterações que para a época, eram grandiosas obras de engenharia que obrigaram a levantar o prédio com macacos hidráulicos, por causa da água do rio que como se sabe, chegava junto do teatro D. Maria II.
A sua inauguração terá dado brado, pelo luxo e pela sua modernidade".

Antes do «CAFÉ PORTUGAL» esteve ali instalado no século XIX uma casa de pianos, propriedade de «J. HELIODORO DE OLIVEIRA», vinda da «RUA DOS FANQUEIROS».
Na década de 70 do século passado o café começava a mostrar uma certa falta de clientela, os proprietários tentaram viabiliza-lo com um salão de jogos. Passaram-se duas décadas e novas obras surgiram mas desta vez para ali instalar a «MEGASTONE» de «VALENTIM DE CARVALHO» que, por sua vez, ocupou também o espaço onde funcionava a leitaria «O PASSO».
Com o encerramento total do «CAFÉ PORTUGAL» este espaço voltaria a ter uma loja de música, tendo esta editora mantido o seu aspecto do anterior café.
No final do século XX, a «MEGASTONE» de «VALENTIM DE CARVALHO» abandonará estas instalações no «ROSSIO» para se instalar no "novo" edifício «GRANDELLA» na «RUA DO CARMO».
Hoje encontramos o espaço do antigo «CAFÉ PORTUGAL» ocupado por uma sapataria.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVIII] - A BRASILEIRA DO ROSSIO E A TABACARIA MÓNACO»

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVI]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2007) - Fotógrafo não identificado (CAFÉ GELO já renovado) in FLICKR
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2007) - Fotógrafo não identificado (O Café Gelo) in COMER E BLOGAR ESTÃO NO COMEÇAR

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (1961) foto de Artur Goulart (Café Gelo e na esquina a Companhia dos Telefones) in AFML


Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Início do século XX) Foto de Alberto Carlos Lima (Café Gelo no Rossio) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVI]
«CAFÉ GELO»
O mais célebre e literário terá sido o «CAFÉ GELO», que, situado no «ROSSIO» nos números 64 e 65, vinha já do século dezanove e funcionava no local onde tivemos uma casa do grupo «ABRACADABRA», mas felizmente voltou a ser o «CAFÉ GELO» com uma decoração mais moderna.
Nos últimos anos da Monarquia, reuniram-se lá (foi sempre frequentado por conspiradores e políticos) os membros da greve «ACADÉMICA DE 1907» e parece terem de lá saído os regícidas de 1908, «MANUEL BUIÇA » e «ALFREDO COSTA» (ver mais aqui e comentários) , em direcção ao Terreiro do Paço, para disparar sobre a família Real. O primeiro, pelo menos, era freguês assíduo.
O «CAFÉ DO GELO» inaugurado em meados do século XIX, inicialmente chamava-se «BOTEQUIM DO GONZAGA», passando depois para «CAFÉ FREITAS» e finalmente para «CAFÉ DO GELO». Só no Século XX nos anos 50 acabou por perder o "do" ficando unicamente a ser chamado «CAFÉ GELO».
Durante a década de 50 sofreu profundas remodelações, a maior até então, tendo ficado no exterior com umas portas envidraçadas.
Foi sensivelmente nesta altura que começou aqui a reunir-se o chamado «GRUPO DO GELO», muitos vindos de outros cafés, mas sempre ligados ao surrealismo, faziam parte nomes como: «MÁRIO CESARINY», «LUÍS PACHECO» (ver mais aqui ) «ERNESTO SAMPAIO», «JOSÉ FORTES», «VIRGÍLIO MARTINHO» entre outros.
Durou esta tertúlia até 1 de Maio de 1962, quando nesse dia se verificaram confrontos no «ROSSIO», entre a polícia de choque e os manifestantes, tratou-se de uma manifestação muito violenta, tendo a polícia utilizado no seu «CARRO DE ÁGUA» um produto chamado «AZUL-DE-METILENO»(1), carregando sobre tudo e todos.
Durante os anos 70 o «CAFÉ GELO» começou a entrar em acelerada decadência, por falta de clientela e acabou por ser vendido, e perder o nome.
Na década de noventa do século passado, o antigo café é transformado num "fast-food" com o nome de «ABRACADABRA».
Em início de 2007 o "fast-food" encerrou e o «CAFÉ GELO» voltou a recuperar o seu velho nome, depois de completamente remodelado.
Moderno, com vidros amplos para o exterior, as paredes são claras, envoltas com lambris em mármore escuro. Com duas entradas uma pelo «ROSSIO» e outra pela «RUA PRIMEIRO DE DEZEMBRO», tendo nas paredes fotografias do café de época antiga.(2)
(1) - Corante e desinfectante extraído da hulha.
(2) - WIKIPÉDIA
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XVII] - O CAFÉ PORTUGAL»

sábado, 1 de agosto de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XV]

Praça D. Pedro VI (ROSSIO) - (2007) - Fotografo não identificado (Neste local funcionava o Café Chave d'Ouro hoje encontramos a CGD) in COMER E BLOCAR ESTÃO NO COMEÇAR
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (194_) Foto de Kurt Pinto (O Café Chave de Ouro no Rossio ocupava um prédio inteiro incluindo zonas de Restaurante, Salão de chá, Tabacarias, Barbearia e Bilhares) in AFML

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (c. 1930) -Negativo produzido pelo Estúdio Mário Novais a partir de prova desconhecida - ( O CHAVE DE OURO visto do Rossio com seu anjo em pedra de lioz) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [XV]
«O CAFÉ CHAVE DE OURO»
Um dos maiores cafés de Lisboa no seu tempo, fundado em 1916, herdou o nome de uma antiga casa de ferragens que ali esteve instalada. Está hoje transformado numa delegação da «CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS» no lado Ocidental desta bela Praça do «ROSSIO».
O «Café» propriamente dito funcionava no rés-do-chão e numa galeria à altura do primeiro andar. Os restantes pisos eram ocupados por uma magnifica sala de bilhares, um salão de chá e um restaurante, de onde se avistava excelente panorama sobre a «Baixa».
Neste sítio no período «SIDONISTA» já aqui tinha funcionado uma Pastelaria.
Este café não teve vida muito longa, já que veio a fechar em 1959 (dando lugar ao Banco Nacional Ultramarino) o que não o impediu de gozar uma época de verdadeira aura. Começou por ser centro de reunião de comerciantes da zona, que ali faziam escritório para receber fornecedores ou efectuar negócios.
Na fachada ostentou cerca de 20 anos um anjo esculpido em pedra de lioz e ferro, projecto da responsabilidade de «Fausto Fernandes», passou depois a um estilo mais moderno quando da remodelação dos anos 30, dirigida pelo arquitecto «Norte Júnior».
O Salão de Chá tinha fama e nele actuou durante anos um conjunto formado por músicos da «ORQUESTRA LIGEIRA DA EMISSORA NACIONAL», dirigida numa época pelo maestro «TAVARES BELO». A estação radiofónica transmitia em directo programas de música de dança.
Gradualmente, o «CHAVE DE OURO» veio a transformar-se num centro de reunião de políticos, mormente dos poucos afectos ao regime do «ESTADO NOVO». Foi neste café que em 10 de Maio de 1958 teve lugar uma conferencia de Imprensa (ver mais aqui) do General «HUMBERTO DELGADO», ao apresentar-se como candidato à presidência da República, contra a candidatura da «UNIÃO NACIONAL». À pergunta formulada pelo jornalista de: "Qual a sua atitude para com o senhor Presidente do Conselho se for eleito?", a que «HUMBERTO DELGADO» prontamente respondeu: "Obviamente, demito-o!". Provavelmente esta foi umas das razões para o inesperado encerramento deste estabelecimento. Hoje, só será possível ter uma ideia do antigo Café revendo velhas fotografias ou no filme «MARIA PAPOILA», de «LEITÃO DE BARROS», onde se observa uma cena cómica (protagonizada por «ANTÓNIO SILVA») no seu interior.
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