quarta-feira, 28 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ VIII ]

«DO BANCO LUSITANO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS»
 Rua Alfredo da Silva - (2016)  -  (Início da "RUA ALFREDO DA SILVA" na antiga "QUINTA DO ALMARGEM" na freguesia da "AJUDA")    in     GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva - (Entre finais do séc. XIX e início do séc. XX)  -  (Anúncio da "Companhia União Fabril" das suas fábricas em ALCÂNTARA que produziam; sabão de todas as qualidades)  in FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX 
 Rua Alfredo da Silva - (anos 50 do século XX) - Foto de Ricardo Ferreira  -  (Chávena de café da SOCIEDADE GERAL, um interessante conjunto da marca CÉSOL-Fábrica de Faianças situada em SOUSELAS. Esta CHÁVENA era usada não só nas instalações em terra, como em Barcos da SOCIEDADE GERAL-SG)    in     GRUPO CUF
Rua Alfredo da Silva - ( 1956 )  -  (Mais um anúncio da COMPANHIA UNIÃO FABRIL-CUF, publicitando toda a sua gama de oferta)  in   RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ VIII ]

«DO BANCO LUSITANO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS»

Enquanto a IMPRENSA acompanhava a descoberta de novas fraudes o anterior presidente do BANCO LUSITANO era preso por falta de fiador, circulando boatos, usando desacreditar a recente-empossada direcção de "ALFREDO DA SILVA", de novo na linha da frente. 
Em ABRIL, "ALFREDO DA SILVA" ascende ao lugar de Director do "BANCO LUSITANO". Aos 21 anos, subia o primeiro degrau que o levaria ao "Mundo dos grandes negócios". Para o jovem nem tudo estava perdido. Sem descurar a boa administração das acções familiares de que é responsável, começa então a participar com mais regularidade nas ASSEMBLEIAS GERAIS de outras empresas, ressaltando-se o seu desempenho junto das COMPANHIA DOS CAMINHOS-DE-FERRO, do GÁS e da CARRIS DE FERRO DE LISBOA-CCFL. Em finais de 1892, o director da CARRIS designa-o para realizar no estrangeiro um estudo sobre a questão da electrificação das suas linhas, com vista à instalação de CARROS ELÉCTRICOS. Pela mesma altura, entraria para membro do CONSELHO FISCAL DA COMPANHIA DO GÁS. Tinha conseguido já adquirir, por ele mesmo, um bem precioso: CREDIBILIDADE

No entanto o historiador "RUI RAMOS" sintetizaria: a   "falência do "BANCO LUSITANO" [foi] a oportunidade para a revelação de (...) "ALFREDO DA SILVA" (...), que aproveitou o descrédito da anterior Direcção para se promover a si próprio sob o lema "LEI DA MORALIDADE". ( 1 ) 
O certo é que nas ASSEMBLEIAS GERAIS de várias Empresas, onde firmou a sua personalidade, discutindo com os seus opositores problemas de Administração, foi provando assim do que seria capaz o seu espírito de administrador e organizador, quando para isso se lhe oferecesse oportunidade. Esta não tardou a chegar. ALFREDO DA SILVA estava atento... e agarrou-a.

ALFREDO DA SILVA o mais arrojado dos empreendedores industriais, responsável pelo lançamento do que será o maior GRUPO ECONÓMICO PORTUGUÊS em 75 anos.
Teve a vantagem de nascer no seio de uma família abastada da capital, da qual herda aos 14 anos, em 1885, prédios, terras e acções de grandes Companhias. Começando como empregado da CASA BURNAY, aos 22 anos e já figura proeminente, a ponto de ser convidado para Director da CARRIS. Cinco anos depois, proprietário da pequena "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL", convence o MARQUÊS DE BURNAY a fundi-la com a sua "COMPANHIA UNIÃO FABRIL", de maior dimensão. Assim nasceu a CUF - COMPANHIA UNIÃO FABRIL, de que se tornou Presidente, no meio de uma relação por vezes tempestuosa com o banqueiro BURNAY.  A CUF começa pela indústria de sabões e velas. ALFREDO DA SILVA tendo em conta o recente crescimento do consumo de adubos no ALENTEJO, todos importados, a Companhia, passou a produzi-los no BARREIRO, uma vila rural com excelente situação geográfica.
Cedo a Empresa adquire uma tendência monopolista no sector. Sempre adepto do autoritarismo. ALFREDO DA SILVA torna-se deputado franquista em 1907, chegando a acompanhar o primeiro-ministro de pistola em punho para o proteger de ataques populares. É personagem central do processo de Industrialização portuguesa do século XX.

- ( 1 ) - RUI RAMOS in "A SEGUNDA FUNDAÇÃO", in HISTÓRIA DE PORTUGAL" pág.167.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ IX ] O PENSAMENTO NA FUSÃO ENTRE A "CAF" E A "CUF"»

sábado, 24 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ VII ]

«VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO BANCO LUSITANO ( 2 )»
 Rua Alfredo da Silva - (2016)  -  (Panorâmica mais aproximada da "RUA ALFREDO DA SILVA)   In   GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva -  (2016)  -  (Um troço da "RUA ALFREDO DA SILVA" em direcção a nascente   in   GOOGLE EARTH 
 Rua Alfredo da Silva -  (1954)  -  (Anúncio da CUF suas fábricas em todo o país  seus produtos e oferta de serviços)   in   ESTAÇÃO CRONOGRAPHICA
Rua Alfredo da Silva -  (1902)  -  (ALFREDO DA SILVA com 31 anos, já como Director da Companhia União Fabril-C.U.F.)    in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ VII ]

«VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO BANCO LUSITANO ( 2 )»

Ainda do Jornal "O COMÉRCIO DO PORTO" de 3 de Fevereiro de 1893.


«Quando o governo de então se convencera do estado aflitivo do BANCO e dos processos que ele empregara em certas operações, arrependeu-se  de ter protegido este estabelecimento e retirou-lhe todo o favorecimento. Todavia a Direcção continuava a afirmar que o "BANCO LUSITANO" tinha a confiança do GOVERNO».

«"ALFREDO DA SILVA" graças  à sua tenacidade, conseguira realizar um ligeiro exame à escrituração do BANCO e, convencido das irregularidades cometidas, requereu em assembleia uma Sindicância a essa escrituração. O resultado, porém, foi ter sido posto violentamente fora da sala. Consta que há dois directores que, por processo curioso, ainda são credores do BANCO, e que alguns dos vogais do Conselho Fiscal negociaram com o estabelecimento.
No relatório de Dezembro de 1890 dizia-se que toda a escrituração se achava na melhor ordem e, não obstante, há três anos não existiam livros de actas. Contudo - triste era dize-lo - perante este sudário a direcção na última assembleia geral tinha nada menos de 1:000 votos a seu favor contra uns 84 ou 86 daqueles que impugnavam seus actos.
Não admira que isto aconteça desde que se saiba que grande número dos accionistas favoráveis à direcção eram devedores ao BANCO.
Constou-se que o senhor CONDE DE ALMEDINA solicitara do BANCO para lhe comprar uma grande soma de FUNDOS PERUANOS em LONDRES e como esses fundos, confiados à guarda deste estabelecimento de Crédito, tinham desaparecido, relatando acto contínuo como aquele titular demandara  o BANCO e como este fora compelido a pagar-lhe 26:600 libras em LONDRES. Pede a todos os accionistas que vão em massa a LISBOA, explicando que cada accionista só pode ser portador de uma procuração de outro e declara constar na praça de LISBOA que a direcção demissionária compra todas as acções que apareçam, a fim de conseguir ter maioria na próxima assembleia geral. Mais constava, sem contudo o garantir, que a direcção demissionária trabalhava pela sua reeleição, o que é condenável, e diz não se conceber que o CONSELHO FISCAL não tenha pedido já a sua demissão. 
Refere que é difícil encontrar em LISBOA gente que não esteja presa por interesses ao mesmo estabelecimento bancário e todos sabem o perigo que há em a actual direcção se fazer substituir na gerência por amigos seus. 
Mostra que o senhor MARQUÊS DA FOZ era devedor ao BANCO pela quantia de 264:792$229 e a direcção, em vez de zelar os interesses confiados à sua guarda, aceitar papeis de difícil realização e uma hipoteca  sobre as propriedades desse titular. Mas as hipotecas às propriedades do senhor MARQUÊS eram tantas que não chegava uma janela para cada uma delas.
Acções que nada valem e que não têm cotação no mercado são também os títulos que se encontram em cofre no BANCO LUSITANO.  Ora, para tudo isto urgem providências, ordenadas por uma direcção independente. A Direcção demissionária e os seus amigos tinham um plano que podia ser-lhes proveitoso. Espalhando, como espalharam, que o BANCO está de todos perdido, tinham em vista afugentar os accionistas honestos da Assembleia Geral. Mas não conseguiram fazer vingar tal estratagema, porque se há-de ir lá, pois talvez se possa salvar alguma coisa. Nem tudo há-de ser papel mau ; O BANCO deve ainda possuir importantes valores. (...) A assembleia "coroou" com muitas palmas as palavras do senhor "ALFREDO DA SILVA" ».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ VIII ]-DO BANCO LUSITANO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS»

quarta-feira, 21 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ VI ]

«VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO BANCO LUSITANO ( 1)»
 Rua Alfredo da Sola - (1894) -  (ALFREDO DA SILVA com 23 anos, casa-se poucos meses depois após se iniciar como INDUSTRIAL, à frente da COMPANHIA ALIANÇA FABRIL -CAF)   in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX.
 Rua Alfredo da Silva - ( 1895 )  -  (Uma Acção do "BANCO LUSITANO" igual às que seu pai lhe tinha deixado como herança, um bom lote de Acções desta Instituição Bancária, onde acabou por ser Director)  in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1907)  -  (Anúncio da Companhia União Fabril - CUF, na RUA 24 DE JULHO, 940 LISBOA - Publicitando ADUBOS QUÍMICOS e MASSAS DE PURGUEIRA)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Alfredo da Silva -  (2016)  -  (Um troço da "RUA ALFREDO DA SILVA" no sentido Noroeste, na freguesia da «AJUDA»)    in    GOOGLE EARTH 


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ VI ]

«VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO "BANCO LUSITANO" ( 1 )»

PORTUGAL encontrava-se numa crise POLÍTICA e ECONÓMICA quando o jovem "ALFREDO DA SILVA" entra para o "mundo dos negócios" e, nomeadamente, como gestor dos negócios da família. Mal poderia adivinhar o que vinha pela frente, quando em 1890 se torna responsável pela administração da parte da herança deixada por "CAETANO ISIDORO DA SILVA" aos filhos. onde figurava a sua cobiçada carteira de acções, incluindo as do «BANCO LUSITANO». Isto é, "ALFREDO DA SILVA" desde os 19 anos e ainda estudante do ICIL,  cabia agora zelar pela aplicação do CAPITAL da sua família, no então confuso meio financeiro português.
No final de 1891 já "ALFREDO DA SILVA" se "movimentava" com notória facilidade nos meandros complicados da organização administrativa das Companhias. Este jovem bem parecido, de bigode castanho escuro, cabelo da mesma tonalidade, que trajava com esmero, possuidor de "palavra-fácil" e de "terrível poder de argumentação", começa a dar nas vistas.
O caso do "BANCO LUSITANO" era, sem dúvida um assunto a resolver.
Em 26 de Novembro de 1891 tem a sua primeira intervenção documentada numa Assembleia Geral do Banco. A reunião convocada para apresentação de um relatório que a Direcção não lograria vê-li discutido.
Em vão "ALFREDO DA SILVA" protestaria. A maioria dos accionistas contra a sua proposta de discussão. Ele é ainda uma voz isolada, mas por pouco tempo. 
Na histórica sessão de 28 de Dezembro de 1891, que só por acaso não deu em  conflito. Encontramos um "ALFREDO DA SILVA" mais enérgico que nunca, na companhia de "JOÃO ALFREDO DIAS", dispostos a impedir um novo adiamento da discussão do Relatório da Direcção. "ALFREDO DA SILVA" perfeitamente senhor dos seus objectivos, recusa terminantemente colar-se.  Ameaçando com a sua bengala todos os que ali pretendessem evitar que ele falasse, no que era puro interesse dos accionistas do BANCO. Acabaria por ser expulso. 

O seu nome salta para os jornais. E vamos encontrar no "O COMÉRCIO DO PORTO" que destaca as intenções de "ALFREDO DA SILVA" junto dos accionistas de "BANCO LUSITANO" reunidos na cidade do PORTO, a 2 de Fevereiro de 1892.

"REUNIÃO DE ACCIONISTAS DO BANCO LUSITANO" - «Na casa do "CENTRO COMERCIAL" reuniram ontem os accionistas do "BANCO LUSITANO", a fim de se ocuparem de assuntos importantes. Como na reunião procedente, presidiu o senhor JOSÉ DA SILVA PIMENTA e foram secretariados pelos senhores ISIDORO DA FONSECA MOURO e JÚLIO GONÇALVES MOREIRA.
Aberta a sessão, o senhor Presidente dá conta dos trabalhos a que se procedeu na sessão transacta; do facto da Direcção do BANCO ter dado a sua demissão e de estar convocada uma reunião em LISBOA para o próximo sábado, a fim de se proceder à eleição de nova Direcção, mostrando que alguma coisa havia que resolver sobre este ponto; e, por último, apresenta ao reconhecimento da numerosa assembleia o facto de estar presente o senhor "ALFREDO DA SILVA", accionista do BANCO, residente em LISBOA, que fizera o sacrifício de vir ao PORTO colaborar na obra de alto valor moral, que a mesma Assembleia está resolvida a levar a cabo, custe o que custar.
O Senhor "ALFREDO DA SILVA", tomando a palavra, faz uma exposição desenvolvida de diferentes factos, ignorados pelos accionistas do PORTO, e que impressionaram profundamente.
Diz estar muito penhorado pelo bom acolhimento que os accionistas do "BANCO LUSITANO", aqui residentes, infelizmente seus companheiros na desgraça, lhe faziam, entendendo ser um dever vir ao PORTO mostrar as razões que teve e tem para combater a Direcção demissionária, por causa das operações que efectuaram pouco regularmente e que deram em resultado a perda deste importante estabelecimento de crédito.   Relata em seguida que a sua família é, infelizmente, grande accionista do "BANCO LUSITANO" e explica o modo violento como as duas assembleias Gerais do BANCO, efectuadas em LISBOA, fora obrigado a deixar a sala das sessões. Consta-lhe que a Direcção demissionária terá praticado ilegalidades; quisera explicações e não lhas deram; então o seu procedimento se levantará com a indignação dos indivíduos ligados a essa direcção.»


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ VII ]-VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO "BANCO LUSITANO ( 2 )».

sábado, 17 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ V ]

«DO TESTAMENTO AO FINAL DOS ESTUDOS»
 Rua Alfredo da Silva - ( 2016 )  -  (A "RUA ALFREDO DA SILVA" à nossa esquerda, sentido oeste, vista da "RUA DA BOA-HORA")   in   GOOGLE  EARTH
 Rua Alfredo da Silva - ( 1865 )  -  (A "COMPANHIA UNIÃO FABRIL" em Lisboa na zona de Alcântara)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (1901)  -  (Tabela de Preços da C.U.F.- Preço Corrente de Massas para o sustento e engorda de gado)  in  FOTOBIOGRAFIAS DO SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva - (Transição do séc. XIX para o séc. XX)  -  ANÚNCIO da C.U.F. dos seus óleos, sabão e massas, adubos agrícolas e alimentação de gado)  in  FOTOBIOGRAFIAS  DO SÉCULO

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ V ]

«DO TESTAMENTO AO FINAL DOS ESTUDOS»

O testamento de "CAETANO DA SILVA" tendo como testamenteiro o irmão "ALEXANDRE ROBERTO"  -  designado também administrador dos seus bens, uma vez que a lei não permitia às esposas assumirem tal encargo  -, JOAQUIM XAVIER DA SILVA OLIVEIRA, FRANCISCO SILVA e o caixeiro que tivesse estado mais tempo ao serviço da firma "SILVA & IRMÃO", prova isso mesmo.
O testador deixava: Acções do BANCO DE PORTUGAL e do BANCO LUSITANO; Acções e Obrigações de algumas importantes empresas nacionais, como a COMPANHIA DAS ÁGUAS, COMPANHIA DO GÁS LISBONENSE, COMPANHIA DOS CAMINHOS DE FERRO, COMPANHIA DA CARRIS DE FERRO DE LISBOA-(CCFL), COMPANHIA DE CRÉDITO PREDIAL, COMPANHIA DE SEGUROS BONANÇA e outras do mesmo ramo de seguros; terrenos de cultivo; Mobiliário; Pratas; Roupas; o recheio da casa; a famosa "QUINTA DOS MARECHAIS; Os Edifícios que possuía na TRAVESSA DA PALHA ( depois RUA DOS CORREIROS); Um prédio situado na "RUA AUGUSTA" que tinha adquirido pouco tempo antes de falecer; e ainda algum dinheiro para ser distribuído por familiares, pelo referido CAIXEIRO, pelos pobres do ALBERGUE DOS INVÁLIDOS DO TRABALHO, pela sua AFILHADA, e por NEPOMUCENO FERRÃO. A juntar a tudo isto, e continuando a analisar o documento com as últimas vontades. "CAETANO" referiu que além destes bens em comum com seu irmão "ALEXANDRE ROBERTO DA SILVA", que possuía sob a firma "SILVA & IRMÃO", os quais deveriam ser inventariados de acordo com o estabelecido na escritura realizada aquando da constituição da sociedade familiar.
Embora o testamento não se refira ao valor exacto da fortuna em causa, DIAS MIGUEL, baseado-se no processo orfanológico de menores existente no TRIBUNAL DA 5.ª VARA desde 31 de Maio de 1886, fala de uma cifra total avaliada em cerca de quatrocentos mil réis ( ou 400 contos, o que equivaleria seguramente, 100 anos depois, a cerca de 230 mil contos).
Passados dois anos sobre a morte de "CAETANO DA SILVA", já em 1887, é que o nome de "ALFREDO DA SILVA" volta a aparecer novamente nas pautas de um estabelecimento escolar mais propriamente nas do INSTITUTO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE LISBOA (ICIL), percursos tanto do INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E FINANCEIRAS como do INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO. 

Com apenas 16 anos, o candidato propunha-se tirar, como aluno voluntário, O CURSO SUPERIOR DE COMÉRCIO. Com a duração de quatro anos, o curso possuía como cadeiras principais e obrigatórias as de FÍSICA GERAL e SUAS APLICAÇÕES à INDÚSTRIA, de ARITMÉTICA, GEOGRAFIA GERAL e HISTÓRIA ELEMENTAR, LÍNGUA INGLESA, DESENHO DE FIGURAS E PAISAGEM NATURAL.
As primeiras provas do jovem realizadas a 1 de Junho de 1888 ficaram logo bem evidentes, ao efectuar o exame de FÍSICA conseguiu tirar uma nota de 18 valores acompanhada de MENÇÃO HONROSA.  A 5 do mês seguinte ficou aprovado com 17 valores na LÍNGUA INGLESA. Para além de dar a perceber as capacidades do jovem ALFREDO como estudante aplicado, designadamente no conhecimento de um idioma estrangeiro, que tanta utilidade teria na sua vida profissional. Foi, portanto, com uma média de 15,7 valores que, em 14 de Julho de 1891,  ALFREDO DA SILVA concluía o seu CURSO SUPERIOR DE COMÉRCIO. Mas quando tudo parecia estar terminado, em Outubro desse ano o MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, JOÃO FRANCO, anunciou a REFORMA que havia criado para o ensino COMERCIAL, INDUSTRIAL e AGRÍCOLA, sob a sua tutela. Para além doa 4 anos até então obrigatórios, os alunos teriam de frequentar um quinto ano, composto de mais umas quatro cadeiras.
Desnecessário será salientar que gerou uma grande polémica entre os alunos, estando "ALFREDO DA SILVA" como contestatário da REFORMA, tal como todos os seus colegas. Revelaria, nesta conjuntura específica, uma dinâmica de atitude de activista e agitador, capaz de agir contra a decisão governamental.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ V ]-VICISSITUDES NA ASSEMBLEIA DO BANCO LUSITANO ( 1 )»

quarta-feira, 14 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ IV ]

«DOS PRIMÓRDIOS À INSTRUÇÃO E MORTE DO PAI»
 Rua Alfredo da Silva - (2016)  -  (A "RUA ALFREDO DA SILVA" no sentido Oeste e sem saída) in  GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva - (Início do século XX)  -  (A "FABRICA SOL" na 24 de Julho em LISBOA, já depois da fusão C.A.F. com a C.U.F.)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX 
 Rua Alfredo da Silva - (1894)  -  (Anúncio da "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL- CAF, publicado num jornal diário)  in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva - (1888)  -  ("ALFREDO DA SILVA" com 17 anos entrava para o INSTITUTO INDUSTRIAL E COMERCIAL DE LISBOA)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ IV ]

«DOS PRIMÓRDIOS À INSTRUÇÃO E MORTE DO PAI»

O pai de «ALFREDO DA SILVA»,  "CAETANO ISIDORO SILVA" era o mais novo de três irmãos - DOMINGOS, ALEXANDRE ROBERTO e CÂNDIDA JESUÍNA -. tendo desempenhado durante algum tempo as funções de "MARCENEIRO", tornara-se depois proprietário do estabelecimento industrial da BAIXA POMBALINA. Na base desta prosperidade estava, por certo, a firma "SILVA & IRMÃO", fundada em 1855 (em plena REGENERAÇÃO), dedicada ao fabrico de móveis e à colchoaria, sendo abastecedor da realeza Nacional, da qual "CAETANO SILVA" era sócio com seu irmão "ALEXANDRE ROBERTO".
Para além desta sociedade, detinha seguramente outros bens. Prova disso é o caso do acordo pré-nupcial, onde ficou estipulado que não haveria comunicações de bens, passados ou futuros, entre os cônjuges, quer fossem adquiridos a título oneroso ou gratuito. Ou ainda o facto de, a 3 de Setembro de 1855, "CAETANO SILVA" ter recebido uma herança, deixada por um familiar falecido em SÃO PAULO ( BRASIL).
Foi portanto no seio desta família pertencente a uma burguesia confortavelmente instalada que nasceu e cresceu o futuro Industrial "ALFREDO DA SILVA", sem nunca ter passado necessidades.
Sendo de comum acordo com todos os membros do clã que CAETANO  e EMÍLIA decidiram levar o pequeno "ALFREDO DA SILVA" s receber o primeiro sacramento religioso na "IGREJA PAROQUIAL DE SÃO NICOLAU", apadrinhado por seu tio "ALEXANDRE ROBERTO" e Nª. Srª. DA CONCEIÇÃO, tendo ainda tido a "benção" de "JOÃO NEPOMUCENO FERRÃO, um comerciante abastado e amigo de "CAETANO SILVA".

Foi no século XIX quando a questão da instrução em PORTUGAL assumiu uma importância relevante num país onde a percentagem de analfabetos era bastante elevada.
"CAETANO  SILVA" colocou seu filho "ALFREDO DA SILVA" ainda com a idade de seis anos no "LICEU FRANCÊS", (colégio privado, situado mesmo em frente à casa da família no "ROSSIO", (para onde entretanto se tinha mudado), e um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino do país (na época), frequentado por nomes como o seu colega de turma e futuro actor "CHABY PINHEIRO".
Quando terminavam as aulas, no Verão, a família sai da capital, sendo o tempo de férias repartido entre a QUINTA DOS MARECHAIS (na BURACA) e CAXIAS ou PEDROUÇOS. Este último local era então "a residência oficial de vilegiatura burocrática da capital".

Em 1885 conclui com êxito a sua passagem pelo LICEU FRANCÊS, o jovem viu-se obrigado a realizar provas de MATEMÁTICA, PORTUGUÊS e FRANCÊS, no LICEU CENTRAL DE LISBOA, para poder matricular-se num estabelecimento superior.
A 29 de Abril desse ano "ALFREDO DA SILVA" afasta-se temporariamente em consequência da morte de seu pai. A data da morte de "CAETANO  SILVA", aos 55 anos, os seus filhos eram ainda menores: ALFREDO tinha 14 anos; MARIA EMÍLIA 11; RICARDO oito e ALEXANDRE apenas dois. Mas a família SILVA não passaria por dificuldades monetárias. O falecido deixara bens que permitiam à mulher e aos descendentes continuarem a viver confortavelmente.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ V ]-DO TESTAMENTO AO FINAL DOS ESTUDOS».

sábado, 10 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ III ]

«OS PRIMÓRDIOS DE ALFREDO DA SILVA»
 Rua Alfredo da Silva - (1902)  -  (Foto de "ALFREDO DA SILVA" com 31 anos de idade, após ter passado a dirigir os destinos da CUF)   in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (1971)  -  (Placa em homenagem a "ALFREDO DA SILVA" na RUA DA PRATA, 185 1.º - LISBOA, dizendo:  "NESTA CASA NASCEU NO DIA 30 DE JUNHO DE 1871 O INDUSTRIAL - ALFREDO DA SILVA - CRIADOR DO GRUPO CUF")  in  O GRUPO DA CUF 
 Rua Alfredo da Silva - (1973)  - Foto de autor não identificado  -  ("Cooperativa AJUDENSE" na "RUA ALFREDO DA SILVA")   in    AML 
 Rua Alfredo da Silva - (2016)  -  (A "RUA ALFREDO DA SILVA" no sentido nascente, ainda no seu final sem saída, na freguesia da "AJUDA")   in    GOOGLE EARTH
Rua Alfredo da Silva - (início de 1898)  -  (Os três logótipos da CUF ao longo da sua vida Industrial e Comercial)  in   RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ III ]

«OS PRIMÓRDIOS DE ALFREDO DA SILVA»

«ALFREDO DA SILVA» nasceu em LISBOA a 30 de Junho de 1871, no edifício da "RUA BELA DA RAINHA" (hoje "RUA DA PRATA"), com o número 185 (Identificado por uma placa colocada no 1.º andar em 1971 por ocasião do CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO, enaltecendo o grande INDUSTRIAL "ALFREDO DA SILVA" e criador do grupo CUF).
Seu pai "CAETANO ISIDORO DA SILVA" casado com "EMÍLIA AUGUSTA LAYMÉE FERREIRA", com apenas 17 anos de idade, casamento celebrado na freguesia de SANTA ENGRÁCIA ( hoje SÃO VICENTE), a 23 de Junho de 1870.
«ALFREDO DA SILVA» era, apenas mais uma criança embora já com a vantagem então socialmente muito considerada, de ser um primogénito (depois surgindo uma irmão e dois irmãos). O passar do tempo viria, no entanto, a provar que algo o haveria de diferenciar.

Seu pai, nascido a 22 de Maio de 1830, e baptizado oito dias depois, era filho de "DOMINGOS ANTÓNIO DA SILVA - um pequeno comerciante da praça lisboeta - e de MARIA ALEXANDRINA DA SILVA, casado em 1807, na freguesia de SÃO NICOLAU (hoje SANTA MARIA MAIOR) e moradores em LISBOA, na RUA DOS CORREEIROS. A vida, e talvez a profissão, fizeram dele um quarentão «metódico e sereno a quem a prosperidade dos negócios não causava soberba, mas dava um orgulho confiante e optimista». A mãe, nascida a 3 de Março de 1853, baptizada a 15 de Abril, na freguesia da "PENA" (hoje ARROIOS), era filha de "ANTÓNIO FERREIRA" e de MATILDE LAYMÉE FERREIRA, casados a 4 de Maio de 1842, na IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA na freguesia da MADALENA (hoje SANTA MARIA MAIOR), tinha ascendência francesa por parte dos avós maternos e era órfã de pai.

Estamos em pleno reinado de "D. LUIS I", e com a "TUTELAGEM" de "FONTES PEREIRA DE MELO", PORTUGAL de 1871 atravessava um período de pleno desenvolvimento capitalista e material. A ascensão de uma "banca" com cerca de 51 estabelecimentos, ou ainda no apogeu de uma BOLSA DE VALORES na qual pontificavam investidores como o "TODO-PODEROSO" financeiro "HENRIQUE BURNAY" (o homem mais rico de PORTUGAL), banqueiro por excelência, detentor de numerosos interesses na Industria, Comércio, nos CAMINHOS-DE-FERRO, nas COMPANHIAS DE NAVEGAÇÃO,  nos JORNAIS, etc., o qual na década seguinte se afirmaria como o maior financeiro Nacional, negociando com o ESTADO, partidos, políticos e influente como nenhum  outro. No que respeita à INDUSTRIA, e sendo este o século quer da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, quer do desenvolvimento chamado "CAPITALISMO ECONÓMICO", o panorama começava a ser igualmente prometedor. Muito embora dominassem ainda as pequenas unidades, com um número muito reduzido de operários por estabelecimento fabril, começavam também a surgir as primeiras grandes fábricas, fruto de um processo de acumulação de capital, por sua vez proporcionado por uma acentuada especulação financeira.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ IV ]-DOS PRIMÓRDIOS À INSTRUÇÃO E MORTE DE SEU PAI».


10 DE JUNHO DIA DE PORTUGAL

E VIVA PORTUGAL...



 1) - in O MELHOR BLOG DO MUNDO            2) - in  CARINHAS LAROCAS
 3) - in WIKIPÉDIA

CELEBRA-SE HOJE MAIS UM DIA DE PORTUGAL, CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS. NESTA DATA, ASSINALA-SE A MORTE DO POETA "LUÍS VAZ DE CAMÕES" E ENALTECEM-SE OS FEITOS  DOS PORTUGUÊS.

E VIVA PORTUGAL...

quarta-feira, 7 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ II ]

«A RUA ALFREDO DA SILVA E SEU ENQUADRAMENTO (2)»
 Rua Alfredo da Silva - ( 2015 ) (foto de Fábio Pinto)  -  (A "RUA EDUARDO BAIRRADA" possivelmente (antigo leito do "RIO SECO" e vista da "GRUTA do RIO SECO", que representa hoje um GEOMONUMENTO DE LISBOA) in  OBSERVADOR
 Rua Alfredo da Silva - (1885)  -  (Parte da Planta da Cidade de Lisboa, o "X" assinalado representa sensivelmente o sítio do RIO SECO que passava perto da "QUINTA DA ALMARGEM")  in   ARQUIVO/APS/FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva - ( 2014) Foto de Carlos Gomes -  (Um aspecto da "GRUTA DO RIO SECO" ou GEOMONUMENTO DE LISBOA, em pleno Bairro da AJUDA)  in  BLOGUE DE LISBOA 
 Rua Alfredo da Silva - ( 2016 )  -  (vista da "CALÇADA ERNESTO DA SILVA" o "GEOMONUMENTO" que representa a gruta do "RIO SECO")  in   GOOGLE EARTH
Rua Alfredo da Silva - (2016)  -  (Panorâmica da vista da "RUA EDUARDO BAIRRADA" possivelmente o antigo leito do "RIO SECO")  in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ II ]»

«A RUA ALFREDO DA SILVA E SEU ENQUADRAMENTO (2)»
Por ocasião do ano de 1911 já a RIBEIRA se encontrava totalmente canalizada, através de um caneiro subterrâneo até à "RUA DO RIO SECO", terminando a segunda fase até ao "POLO UNIVERSITÁRIO"  nos anos 80, com a criação da "RUA EDUARDO BAIRRADA". Nesta "RUA", com efeito, são visíveis o leito daquilo que foi possivelmente noutros tempos um rio (passando por várias quintas) definido  por um aglomerado de calhaus, ladeado por dois desfiladeiros de grandes dimensões construídos naturalmente pela corrente das águas durante séculos. São pois, os vestígios deste "RIO" há muito extinto que deram origem ao topónimo do "RIO SECO". 
Na realidade, o "RIO SECO" (quando activo) dividia-se em dois leitos, a partir aproximadamente do " LARGO DO RIO SECO". Em cima, à esquerda, viria a  ser o troço da "RUA EDUARDO BAIRRADA", em baixo, à direita o troço da "RUA D. JOÃO DE CASTRO". Este último mais curto e com menos impacto no território, termina numa PEDREIRA que faz fronteira com a "TAPADA DA AJUDA".

Não só nos terrenos dos "SALDANHAS", como ao longo das prazenteiras margem do RIO, muitas famílias iriam construir as suas casas de veraneio, da nobreza antiga aos grandes nomes que nasceram da RESTAURAÇÃO, e com o passar dos anos, aqueles que se denomina como burguesia "do grande funcionalismo público, Ministros, Juízes, Tesoureiros do Estado, Procuradores de armazém e o alto Clero da IGREJA PATRIARCAL". [FRANÇA, JOSÉ-AUGUSTO, pág. 37 ]. Aqui se refugiaram, usando estas quintas de recreio, como espaços de fuga aos dias quentes ou enfadonhos da CAPITAL.
Após o Terramoto de 1755, de um CONVENTO para "Ermitas Descalços de SANTO AGOSTINHO", entre o lugar da AJUDA e o RIO SECO, que se chamaria de NOSSA SENHORA DA BOA-HORA, e após a extinção das ORDENS RELIGIOSAS, em 1834 o CONVENTO seria transformado em  HOSPITAL MILITAR e a IGREJA passaria anos mais tarde a assumir o papel de IGREJA PAROQUIAL DA AJUDA. No entanto a BOA-HORA será sempre parte da AJUDA, tal como o CALVÁRIO parte de ALCÂNTARA. Lugares mais antigos e já de maior importância.

Não só os religiosos procuravam outros ares; algumas das mais antigas quintas de exploração agrícola foram sendo adquiridas pela nobreza lisboeta, que assim, procurava segunda casa, fora da balbúrdia citadina. Os ares frescos do TEJO, os banhos refrescantes no VERÃO, o repouso, a pesca, a caça, e os passeios pelos campos e azinhagas, foram razões mais do que suficientes para uma cada vez maior, a procura destes lugares.
A «QUINTA DO ALMARGEM» zona recentemente urbanizada, e onde se encontravam instaladas várias empresas, algumas de origem francesa; a H. VAULTIER, produtora e comercializadora de óleos para máquinas, correias de transmissão etc.. A "SOCIEDADE PORTUGUESA AR-LÍQUIDO" também, uma firma de origem francesa, instalada neste sítio, onde hoje se realizam a maior parte das aulas de ARQUITECTURA e DESIGN da UNIVERSIDADE LUSÍADA. E no início do século XX, os arruamentos que vieram ocupar o espaço da antiga "QUINTA DO ALMARGEM", (memórias de um espaço agrícola) onde crescia o "ALMARGE" ( 1 ).
- ( 1 ) - ALMARGE - Erva para pasto. ALMARGEM - Prado natural, Almarge, Almarjão, Almarjem, Pastagem e Prado. TERRENO ALMARGEADO - Diz-se dum terreno que só produz ervas para prado, embora cultivado. A palavra "ALMARGEM" deriva do Árabe " Al-marje".
  (CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ III ]-OS PRIMÓRDIOS DE ALFREDO DA SILVA».

sábado, 3 de junho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ I ]

«A RUA ALFREDO DA SILVA E SEU ENQUADRAMENTO  ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - ( 2015 )  - ( Panorâmica da freguesia da «AJUDA» onde se insere a "RUA ALFREDO DA SILVA")    in   GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo da Silva - (18.07.1885) -  ( Planta da Cidade de Lisboa e seus Arredores na sua totalidade, na época)  in  ARQUIVO/APS/FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva - (1998) Foto de Paulo Catrica  - (Campo das Salésias, antigo Campo de futebol do Belenenses, junto da "QUINTA DO ALMARGEM" onde se situa a "RUA ALFREDO DA SILVA") ( Abre em tamanho grande )  in     AML 
 Rua Alfredo da Silva -  (2014 ) Foto de Carlos Gomes  -  ( Aspecto do "GEOMONUMENTO DE LISBOA" e entrada da enorme Caverna,  virado para o antigo leito do "RIO SECO")  in  BLOGUE DE LISBOA
Rua Alfredo da Silva - ( 2016 )  -  A "RUA EDUARDO BARRADA" no sítio do "GEOMONUMENTO DE LISBOA", "antigo leito do chamado RIO SECO"  in  GOOGLE EARTH 


(INICIO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ I ]

«A RUA ALFREDO DA SILVA E SEU ENQUADRAMENTO ( 1 )»

A «RUA ALFREDO DA SILVA» pertence à freguesia da «AJUDA», começa na "CALÇADA DA BOA HORA" no número 87 e não tem saída.
Na ACTA Nº. 75 de 21 de Outubro de 1960, a "COMISSÃO CONSULTIVA MUNICIPAL DE TOPONÍMIA" considerou que a RUA - "D" à "QUINTA DO ALMARGEM" se denomine: "RUA ALFREDO DA SILVA - INDUSTRIAL - (1871-1942)".
Podemos acrescentar que a CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA teve a nobreza de colocar o seu nome numa RUA do "ALTO DA AJUDA" "olhando cá do alto" o sítio bem perto do seu início  "INDUSTRIAL", que terá a freguesia de ALCÂNTARA como cenário.
A "QUINTA DO ALMARGEM" fazia parte dos terrenos da Ermida de SANTO AMARO, tinham sido reunidos por um "AIRES DE SALDANHA" (filho de um Navegador companheiro de D. AFONSO DE ALBUQUERQUE) e sua esposa "D. JOANA DE ALBUQUERQUE", que instituíram um MORGADO em 1600.
Grande parte do espaço era constituído por terrenos improdutivos, mesmo assim eles seriam arrendados em pequenas propriedades agrícolas, dando à família alguns lucros, que seriam aumentados quando em 1701, foi pedida a autorização a "D. PEDRO II",  o aforamento de terrenos para ali se edificarem casas de habitação. Entretanto estes aforamentos permitiram a construção pela própria família de casas para alugar, e ainda a venda de alguns lotes. E tudo se foi transformando ao longo do século XVIII, num grandioso bairro urbano.
Os próprios "SALDANHAS" iam ao longo do tempo, prosperando o conjunto de casas rústicas que dominavam o seu "MORGADIO", datado de 1582.

Associado à "QUINTA DO ALMARGEM" estará o muito antigo "RIO SECO" do qual permanecem vestígios por onde passou o seu leito, e deixou  a sua designação perpetuado com alguns topónimos. Este RIO, que possivelmente nascia no PARQUE FLORESTAL DA SERRA DE MONSANTO. Deste "RIO SECO" destaca-se um elemento que nos merece um pouco de atenção na encosta da AJUDA, pela riqueza na "HETEROGENEIDADE" Urbanística que o envolve, seja pelo "GEOMONUMENTO" presente no tecido urbano do vale do "RIO SECO", (RUA EDUARDO BAIRRADA). Surpreende quem por ali passa, devido às grandes dimensões a enorme CAVERNA, em plena Freguesia da AJUDA.

Dizia-nos o documento final do doutoramento de FREDERICO CRUZ (na época) estudante de Cartografia na Universidade de Lisboa - Faculdade de Arquitectura. "que outrora o RIO rico em organismos produtores de esqueletos (conchas) de natureza calcária, acabou eventualmente por ser mais uma vítima da industrialização com a ocupação empírica e desordenada, (90 milhões de anos mais tarde), levando à sua extinção e dando origem ao topónimo RIO SECO".

O RIO SECO, propriamente dito, ter-se-há extinguido algures por volta do início do século XIX, talvez aquando da construção do "CHAFARIZ DO LARGO DO RIO SECO" em 1821, sobrando somente um resquício de uma ribeira que percorria um trajecto descendente já canalizado, em parte, após a construção da "CORDOARIA NACIONAL", na "RUA DA JUNQUEIRA" e vinha desaguar no RIO TEJO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [II]- A RUA ALFREDO DA SILVA E SEU ENQUADRAMENTO (2)».