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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ V ]
«O BULÍCIO NA RUA DE XABREGAS»
Com a industrialização no século XIX desenha-se uma importante concentração fabril em Xabregas.
Estas fábricas dão lugar a um aglomerado populacional podendo mesmo considerar-se o núcleo da industrialização oitocentista, na Zona Oriental de Lisboa.
Em finais do século XIX as fábricas, as diversas e pequenas oficinas, os armazéns, e os novos bairros operários, iam transformando de certo modo a paisagem de XABREGAS. Era a visão de uma «XABREGAS», já bem alfacinha, mas ainda com as suas reminescências de arrabalde rural, que o progresso imparável e irreversível não perdoa.
O «LARGO DE XABREGAS» tornava-se por vezes curioso na sua fisionomia bairrista e fabril, pelo movimento de gente que deixara de ouvir os sinos da torre da «IGREJA DO CONVENTO DE S. FRANCISCO», para passarem a ouvir as sirenes das fábricas, bem como os apitos dos comboios.
Pela década de 40 e 50 do século passado, «XABREGAS» prosseguia em ser uma importante e activa zona Industrial da Capital.
A vida deste ex-arrabalde continuava a regular-se pelos apitos das fábricas. Ás 7h 45 soava o primeiro, às 7h 55 o segundo e às 8 h 00 (já todo o operário devia estar na frente do seu lugar de trabalho) soava o último. O intervalo para o almoço era das 12 h oo às 13h oo. Para a reentrada soava o primeiro às 12 h 45, o segundo às 12 h 55 e o último às 13h oo.
Durante várias décadas, estas sirenas das fábricas em Xabregas, marcaram o ritmo de milhares de pessoas, quer directa ou indirectamente.
Quem por essa época, se desse ao incómodo de deambular por estas paragens na hora do almoço, depararia com animado e colorido quadro de um pitoresco fora do comum.
Mal soava o meio-dia, abriam-se os portões das fábricas saíam apressadamente, calcorreando os passeios (homens e mulheres, velhos e novos), toda aquela gente parecia ter uma força anímica, que os impelia ou empurrava freneticamente. Assim, durante uma bela hora, «XABREGAS» fazia a sua indispensável paragem para o almoço.
As «TABERNAS» ou «TASCAS» eram ponto de encontro do operariado de «XABREGAS».
Só na «RUA DE XABREGAS» existiam quatro tabernas: a "tasca" do «GERALDO & SEBASTIÃO» conhecida pelo «GALEGO» nos números 81 a 83, hoje com o edifício e instalações remodeladas, vamos encontrar «O CAÇADOR DE XABREGAS-BAR E RESTAURANTE».
Nos números 75 a 77 existiu a "TASCA" do «PINHA» de nome próprio «JAIME PINHA MOURA», hoje é ocupado pelo «RESTAURANTE - O RETORNADO». Existia a «SERRAÇÃO DE MADEIRAS» de «JOSÉ PEDRO» no número 71 (actualmente em ruína). Logo a seguir no número 69 a «MERCEARIA DO GERMANO», hoje uma casa de petiscos «O GERMANO». Na porta com o número 67 vamos encontrar as instalações da «JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO», que ocupa todo o primeiro andar do prédio. Nos números 63 a 65 existia a «FARMÁCIA PINTO» hoje substituída pela «FARMÁCIA SALTER» tendo como técnico responsável o «DR. CARLOS COSTA CABRAL SALTER CID».
Ainda no número 7 da «RUA DE XABREGAS» a taberna de «ANTÓNIO TAVARES DA COSTA» e no número 57 a de «JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS».
No antigo «CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS» existem vários serviços do Estado, no prédio que se lhe segue e antes do «PALÁCIO OLHÃO» existiu nesse edifício num rés-do-chão alto o «FOTO ORION» e na porta mais à frente uma «ESTAÇÃO DOS CTT».
No prédio do «PALÁCIO DE OLHÃO» na parte de baixo existiu uma loja de curtumes e correaria do «FLORA», a seguir uma loja de fanqueiros de «FERNANDO ADÃO» de uma prima da minha mãe. E finalizamos com a «FARMÁCIA CONCEIÇÃO» no início da «RUA DE XABREGAS» e final da «CALÇADA DE D. GASTÃO» que infelizmente se encontra emparedada.
As caracteristicas industriais (têxtil e tabaqueira) deste bairro de «XABREGAS», sucessivamente renovadas nos diversos períodos do desenvolvimento industrial, determinou a concentração operária junto às fábricas e o seu crescimento populacional. Hoje, sobretudo após os anos 80, agonizaram e morreram as fábricas seculares e outras transferem-se para novos arrabaldes da grande LISBOA.
Ficou para trás épocas dos silvos das máquinas a vapor, dos sons rítmicos das máquinas operadoras e dos gritos nervosos das greves operárias.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ VI ] - CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS (1)».
5 comentários:
A Farmácia Salter encerrou há umas semanas, tendo o seu espaço sido já ocupado por um cabeleireiro de senhoras.
Quanto à Farmácia Conceição, as suas antigas instalações estão emparedadas, mas a farmácia ainda existe, a poucos metros daí, já na Calçada de Dom Gastão junto à nova estação dos CTT de Xabregas.
Não há dúvida que a actualização supera a velocidade da escrita. O que ontem existiu, poderá hoje já não ser verdade.
Realmente a Farmácia do antigo "PINTO" (como eu a conheci), surpreendeu-me por questão de semanas, se calhar quando estava a preparar esta página já existia negociações para a sua mudança.
Não vou alterar o texto, fica aqui a rectificação.
O «Conceição» passei em tempos de carro e vi que estavam fechadas aquelas instalações e o prédio muito degradado. Conclusão minha... esta também foi desactivada. Ainda bem que funciona noutro local e está de boa saúde, fico contente.
Agradecido pela informação
APS
Velhos tempos, em que eu ia de Chelas, à pesca para a praia de xabregas, passava pelo mesmo sítio que agora tem uma estrada aberta para a marginal, isto em 1960
Caro Humberto
A praia a que se refere era conhecida pela "rapaziada" do meu tempo, com o nome de «PRAIA DA MARABANA», hoje um "TERMINAL DE CONTENTORES".
A RUA que possivelmente refere - lateral ao Viaduto de Xabregas, chama-se: "RUA BISPO DE COCHIM D. JOSEPH KUREETHARA" que liga a "AVENIDA INFANTE D. HENRIQUE ( a tal marginal) à RUA DE XABREGAS.
Despeço-me com amizade
Possivelmente um seu "vizinho",
um abraço
Agostinho Paiva Sobreira
Obrigado pela informação.
Morei na Estrada de Chelas num prédio em frente à Calçada de Santa Catarina a Chelas,
desde que nasci em 1951 até 1976, conheço como aquilo está actualmente, vi a construção
da Rua Bispo de Cochim (há uns anos atrás já se falava que ia haver ali uma passagem para
a marginal), e também a construção do LIDL.
Depois de mudar de residência, ainda continuei a lá ir, porque os meus pais continuaram a morar lá, infelizmente já morreram
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