sábado, 30 de julho de 2011

CALÇADA DAS LAJES [ VII ]

Calçada das Lajes - (2005) Foto de APS (Fachada da Capela da "QUINTA DO ROMA" virada para a "Calçada das Lajes", construída no século XIX) in ARQUIVO/APS Calçada das Lajes - (200_) - Foto de BARRAGON (Descendo a "Calçada das Lajes" encontramos à nossa direita as casas da "QUINTA DO ROMA") in PANORAMIO

Calçada das Lajes - (2010) - (Calçada das Lajes, à esquerda a porta de entrada e edifícios da "QUINTA DO ROMA" in GOOGLE EARTH Calçada das Lajes - (2010) (Subindo a "Calçada das Lajes" vamos encontrar à nossa esquerda a "QUINTA DO ROMA", na direita fica o edifício na "QUINTA DO MANIQUE") in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DAS LAJES [ VII ]


«QUINTA DO ROMA ( 1 )»

Esta propriedade denominada «QUINTA DO ROMA», fica situada na «CALÇADA DAS LAJES», na freguesia de «SÃO JOÃO», que se compõe de uma grande casa nobre com todas as acomodações, jardim, horta com poço e nora, tanque e um terreno de sequeiro, uma vinha e árvores de fruta; pertence ao vínculo instituído por «FRANCISCO MORATO ROMA», faz fronteira pela parte norte com a «TRAVESSA DO ALTO DO VAREJÃO», a sul com o «LARGO DE SANTOS», junto deste está o «CONVENTO DAS COMENDADEIRAS DE SANTOS-O-NOVO», a nascente «CALÇADA DAS LAJES», poente com vários prédios do «ALTO DO VAREJÃO». Deve a sua designação, desde o século XVIII, à família «MORATO ROMA». Esta Quinta foi anteriormente conhecida pela «QUINTA DO PINHEIRO» ou «QUINTA DO PESTANA».


A «QUINTA DO PINHEIRO» foi vendida em 1637 pela viúva de «LOURENÇO PESTANA», escrivão do Cível. Aparece depois na posse da propriedade o «DR. FRANCISCO MORATO ROMA», médico oriundo de «CASTELO DE VIDE» (1588) veio para LISBOA com «D. JOÃO IV». Não sabemos ao certo se terá habitado na QUINTA, apesar do seu óbito não constar dos registos da freguesia de «SANTA ENGRÁCIA» (na época), mas num inventário do século XIX, pode ler-se que: "a quinta denominada do Roma (...) pertence ao vínculo instituído por "FRANCISCO MORATO ROMA" ( 1 ).


Ao certo sabe-se que seu filho, «JOÃO MORATO ROMA», e sua mulher, "moradores na sua quinta por detrás do dito "Mosteiro de Santos", venderam em (19.12.1670) umas casas nobres junto à Igreja de S. Vicente de Fora, por 10.000 cruzados" ( 2 ).


Em 1672, os mesmos dotaram seu filho «FRANCISCO» natural de «S. VICENTE», "para casar com D. MARIANA DE SANDE, e instituíram um morgado composto de muitas propriedades e de parte da sua terça (...)". A «QUINTA DO ROMA» foi vinculada por sentença dada em 1677 a favor de «JOÃO MORATO», que já a vincular "por sub-rogação de um morgado no Alentejo, em 1672 ( 3 ).
-
( 1 ) - IAN/TT, vínculos, Lisboa, nº 24 e 25 fl, 16.

- ( 2 ) - IAN/TT, CN, C-12A. Cx. 54 L. 218, fls. 95 e 96.

- ( 3 ) - Morato, Francisco Manuel Fragoso de Aragão, Memórias, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1933, p. 198.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DAS LAJES [ VIII ] - QUINTA DO ROMA ( 2 )».

12 comentários:

J. Abrantes disse...

Muito interessante. Tanta história ao redor de uma ruela que ninguém conhece. Eu conheço, vivi perto muitos anos. Lembro-me da casa que era posto da GF mas não sabia que tinha tido essa função. Só conhecia a que estava na R. Cruz da Pedra e onde se manteve uma guarnição até há uns 20 anos atrás. Na Afonso III havia um chafariz. Julgo que há uma foto numa publicação da Junta de São João que li há uns anos.
Prossiga por favor
Obrigado
J. Abrantes

APS disse...

Caro J. Abrantes

Agradeço as suas palavras de incentivo, fico feliz pelo seu elogio.

Realmente a "ruela" que neste momento estou a editar (já no final), outrora foi uma calçada de grande utilidade e percurso obrigatório para se entrar em Lisboa, a quem se apresentava de norte. Hoje infelizmente vai aos poucos desaparecendo.

Já publiquei a foto onde se podia ver a tal casa da Guarda Fiscal na "CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA". O chafariz da Av. D. Afonso III (por enquanto)ainda permanece no mesmo local.

Volte sempre
Um abraço
APS

Anónimo disse...

Também eu venho agradecer os momentos de prazer que lhe devo, pois pela sua generosidade pude voltar à infância. Muitissimas vezs a subi e desci, no caminho da várias escolas que frequentei.
Banal a calçada? Talvez, mas... fiquei a saber bastante mais... e olhe que eu fui amiga de uma filha dos caseiros dessa tal Quinta, onde aliás entrei bastantes vezes. Chamavamos-lhe a quinta do morgadinho...
Bem haja por tudo!
Helena Oliveira

APS disse...

Cara Helena Oliveira

Peço desculpa de só hoje responder ao seu comentário.

Fico agradecido pelas suas amáveis palavras a este blogue.

Também para mim esta calçada me "diz" muito. Fez parte da minha infância, além de terem morado familiares meus.
Quanto à sua banalidade, isso depende da envolvência de cada um, conhecer a sua história, embora o seu aspecto actual como "calçada" se vá tentando "apagar".

O morgado que se refere é com toda a certeza a «QUINTA DO ROMA», uma autentica "pérola" do património dos séculos XVII,XVIII,XIX e XX, que ainda no séc. XXI se mantém na posse dos descendentes de «FRANCISCO MOURATO ROMA».

Mais uma vez obrigado e volte sempre.
Cumprimentos
APS

APS disse...

Para MovieAddicter
Obrigado pelo seu comentário a este blogue.
Quando somos novos as coisas passam-nos mais ao lado. Quero referi-me, evidentemente, ao local da "Calçada das Lajes", "Calçada da Cruz da Pedra"e ainda de "Xabregas" até ao "Poço do Bispo" é, sem dúvida alguma, um "poço" de história e de "histórias".
A escola que se refere está na esquina da "Calçada das Lajes" com a "Calçada da Cruz da Pedra", em terrenos que pertenceram ao antigo Palacete dos "Maniques", a sua inauguração deve ter surgido no início dos anos 50 do século passado. (A minha escola ainda estava na parte Noroeste do Convento, no "Largo de Santos-o-Novo").
Para ver uma foto da sua ex-escola envio-lhe este link.
http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.com/2009/03/calcada-da-cruz-da-pedra-iv.html
Com os meus cumprimentos, despeço-me com amizade,
APS

MAM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MAM disse...

Obrigada pela riqueza de informação que o seu Blog nos oferece.Moro na Calçada há 28 anos, frequentei a Escola Patrício Prazeres e ignorava tanta bela História deste local, pena que se mantenha tão degradado.Hoje na pesquisa de eventual reabilitação do mesmo tive o grato prazer de ler o seu Blog que me transportou a algumas memórias da minha infância.
Parabéns, pelo excelente trabalho de pesquisa.
Obrigada.
Cumprimentos
Maria Alda Mendes

APS disse...

Cara Maria Alda Mendes
Agradecido pelas suas palavras a este blogue.
Realmente a "CALÇADA DAS LAJES" é bastante antiga e tem muita história. A ela estavam ligados alguns familiares meus que, pela força do progresso, suas casas foram demolidas. Mesmo assim e embora já não cumpra a mesma missão que no século XIX, eu tenho-lhe uma certa simpatia.
Renovo os meus agradecimentos, despedindo-me com amizade,
Cumprimentos
APS

MAM disse...

Caro amigo,
Não têm que agradecer mas muito obrigada pelo carinho da sua resposta. Lamento o que teve de acontecer, como diz pela força do progresso. Eu, nos anos 50 caminhei a pé todos os dias esta Calçada que me levava para a minha Escola, tive o prazer de vir em 1986 viver para a Praça Dr. Ernesto Roma, e gostaria de ver esta linda zona tão rica de História recuperada. Acho que está em andamento um dito projecto de pormenor.....vamos ver se a devida e urgente reabilitação acontece, antes que caia toda a Muralha......espero que não, em cima de algum carro.....ou caminhante...
Mais uma vez, Obrigada amigo
Cumprimentos
MAM

APS disse...

Cara Maria Alda Mendes
Como diz viver na "Praça Dr. Ernesto Roma", onde a entrada se faz (em duas vias) pela parte de baixo de um prédio. O topónimo deve estar ligado a algum familiar da "QUINTA DO ROMA", o terreno onde estão instalados parte desses edifícios, chamava-se "Quinta do Borda-de-Água" mais tarde foi integrada na "QUINTA DO MANIQUE", isto nos séculos XVIII e XIX.
Deve ter uma bonita vista para o TEJO e para aquela "Torre" que construíram mesmo em cima do «BALUARTE DE SANTA APOLÓNIA» de que já falei. Esta "obra", (só mais tarde vim a saber), foi construída pela firma (já desaparecida) do marido de minha sobrinha que vivia em França e veio para Portugal, construir este "Mamarracho".
Provavelmente devem estar a preparar o resto do terreno para novas construções, o que irá inviabilizar, qualquer recuperação do «BALUARTE».
Com os meus cumprimentos, despeço-me com amizade,
APS

MAM disse...

Caro APS,
Só hoje tive a grata satisfação de ler o seu Post, que mais uma vez veio enriquecer os meus parcos conhecimentos Históricos sobre este belo local onde vivo.
Moro precisamente no edifício Colmeia em cima dessa entrada e tenho uma vista fabulosa para o Tejo. Mas também lhe vou dar uma boa notícia, começaram há uns cinco dias as obras de reabilitação do 'BALUARTE DE SANTA APOLÓNIA' com espaços verdes e zonas de lazer assim já estou mais descansada quanto à possibilidade de novos mamarrachos me venham roubar a paisagem....
Mais uma vez Obrigada
Com os meus cumprimentos
Maria Alda

Helena Filipe disse...

Eu vivi aí cerca. Assisti a muitas missas na capela dessa quinta. Uma das donas era na altura uma senhora já como muit’s idade D Engrácia( pensei até que era de sangue azul não sei)! Ela era muito religiosa, dava catequese numa sala junto à capela eu aprendi o catecismo com ela ía todos os sábados a esse lugar quando era criança para a catequese.