segunda-feira, 30 de julho de 2012

AVENIDA D. CARLOS I [ XVIII ]

 Avenida D. Carlos I - (2009) Foto de Alves Gaspar - (Panorama da Fachada principal da "Assembleia da República Portuguesa" en LISBOA) in ALEM DO MINHO
 Avenida D. Carlos I - (2009) - Foto de autor não identificado (Fachada da actual "Assembleia da República") in AUTOCARAVANISMO
 Avenida D. Carlos I - (2012) - Foto de autor não identificado (Frontão que encima a varanda principal da "Assembleia da República") in ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 
 Avenida D. Carlos I - (2007) Foto de Dias dos Reis (O "Palácio de S. Bento" actual "Assembleia da Republica") in DIAS DOS REIS
 Avenida D. Carlos I - (2002) - Foto de Andres Lejona ("Assembleia da República fachada principal) in AFML
Avenida D. Carlos I - (1959) - Foto de Armando Serôdio - ("Palácio de S. Bento" depois "Assembleia da República") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - AVENIDA D. CARLOS I  [ XVIII ]

«DE "CORTES" A "ASSEMBLEIA DA REPUBLICA"»

O nome vai alterando, o edifício também, mas as funções são sensivelmente as mesmas desde que, em 4 de Setembro de 1833, «D. PEDRO IV» decretou que o "congresso da Nação" passasse a ter sede no "velho" Convento. Chama-se-lhe hoje de «ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA» e os monges que lá viveram talvez não reconhecessem na casa majestosa o seu «CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE». 
O Arquitecto «POSSIDÓNIO DA SILVA» foi o encarregado em 1834, de transformar o Convento em «PALÁCIO DAS CORTES», com uma "Câmara dos Deputados" e outra para os "Pares do Reino". Apertado por prazos rígidos, pouco mais pode fazer do que adaptações. A "Câmara dos Deputados" (que ficaram em salas novas, propositadamente feita), a "Câmara dos Dignos Pares" (foram instalados na antiga "Sala do Capítulo"). Pode dizer-se que as obras nunca mais pararam. Sabe-se que os deputados não começaram a protestar logo de seguida, mas os pares cedo encontraram razões de queixa das instalações. 
As obras recomeçaram em 1863 e, se quiséssemos exagerar só um bocadinho, dir-se-ia que ainda não terminaram, tantas têm sido as alterações e ampliações sofridas nestes cento e cinquenta anos.
Em 1866 por acção do «MARQUÊS DE NISA»(1817-1873) novo impulso foi dado e foi construída a nova "Câmara dos Pares", na parte do edifício que dá para a «CALÇADA DA ESTRELA». Trabalhou-se a preceito: sala com auditório semicircular, tecto com clarabóia de vidro fosco, 22 colunas de mármore, trabalhos de madeira executados por «SANDRO BRAGA», um chão todo em carvalho e pau santo... O azar bateu à porta das «CORTES» em 1895 e a "Câmara dos Deputados" ficou largamente danificada por um violento incêndio. Assim, voltou quase tudo ao princípio e apareceu então «VENTURA TERRA» (muito jovem ainda), a ganhar o concurso para a reedificação quase total do edifício.
Os deputados reuniram-se provisoriamente na «ACADEMIA DAS CIÊNCIAS», instalada, obviamente, também num antigo Convento, neste caso o de «JESUS».
As novas obras foram o pretexto para tirar ao vetusto edifício beneditino o ar conventual e dar-lhe uma feição palaciana e adaptada às funções desempenhadas. 
Os Deputados só voltaram a casa em 1902, mas, como de costume em condições "provisórias".
Pode anotar-se, como curiosidade, que o escultor «ANATOLE CALMELS» (o mesmo que executou o conjunto escultórico, na parte superior do "ARCO" da "RUA AUGUSTA"), teve o seu "Atelieé" no próprio edifício da "ASSEMBLEIA", sendo autor, por exemplo, dos medalhões de bronze com os bustos do «DUQUE DE PALMELA» e do patriarca «D. GUILHERME»(que foi presidente da "Câmara dos Pares", incrustados na tribuna presidencial. Dizia-se que as obras nunca pararam e os factos e datas aí estão a demonstra-lo. Até 1926, foi renovada a fachada principal e avançado o corpo central depois, foram arrancados os portões de ferro do tempo Conventual. Já no tempo do "ESTADO NOVO", surgiu o corpo central com as seis colunas centrais, foi colocado o florão que hoje ali se admira: 
"Tímpano do frontão que remata o corpo central da fachada principal do palácio de S. Bento, executado em alto-relevo entre 1934 e 1938 pelo escultor "JOSÉ SIMÕES DE ALMEIDA (sobrinho), com base nas alterações feitas em 1928 à maqueta aprovada no concurso aberto em 1923, no qual foram preteridas as propostas de "FRANCISCO DOS SANTOS", "ANJOS TEIXEIRA" e "MOREIRA RATO". (in BOLETIM DO MUSEU DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Nº 3 de MAIO de 2012 - instalado na Avenida D. Carlos I, Nºs. 128-132 - 4º piso - LISBOA).
A escadaria de honra, concebida por «LUÍS CRISTINO DA SILVA». Ficou, convenhamos, obra asseada. E ainda as instalações foram alargadas para o largo vizinho, para o sítio onde outrora existiu o "MERCADO DE S. BENTO".
O conjunto formou um palácio digno deste nome e os parlamentares não podem lamentar-se de falta de dignidade do edifício onde trabalham.
Outra curiosidade: por iniciativa do académico «JOAQUIM LEITÃO», chegou a ser organizado no edifício da «ASSEMBLEIA» um museu, no qual figuravam obras de pinturas, desenho, gravuras, manuscritos e peças de mobiliário que tinham sido deslocados em cada remodelação ou sobre os quais tinha caído a desactualização imposta por novas fases políticas (lembre-se, por exemplo, o retrato do rei que figurava em lugar de honra na sala maior e já não podia ter essa localização depois de proclamação da República).
Mas as necessidades de espaço dos deputados levaram a que o museu mudasse de local. Entretanto, como se sabe, as obras não param. Tirou-se das imediações o «MERCADO DE S. BENTO», levou-se o «ARCO» (que quase 60 anos depois, ressurgia na "PRAÇA DE ESPANHA", demoliram as casas anexas, instalou-se a «TORRE DO TOMBO» em edifício próprio, tudo para que os deputados possam dispor de gabinetes e de serviços próprios.
Quanto aos nomes: «CORTES», «CONGRESSO», «PARLAMENTO» «ASSEMBLEIA CONSTITUINTE», «ASSEMBLEIA NACIONAL», «ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA»... o nome terá a sua importância, mas não será por certo o essencial. Assim, pede-se a «S. BENTO» que proteja os nossos deputados para que cuidem bem dos interesses de quem, através do voto, para lá os mandou. [ FINAL].

BIBLIOGRAFIA

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- CARVALHO, José Silva - Madragoa Sons e Arquitectura - Livros Horizonte - 1997 - LISBOA
- CASTILHO, Júlio - A RIBEIRA DE LISBOA - CML- 3ª Ed. - 1964- Volume IV - LISBOA
- DIAS, Marina Tavares - Lisboa Desaparecida - Volume 4 - Quimera - 1994 - LISBOA
- GAMEIRO, Roque - Lisboa Velha - Vega - 2ª Ed. - 1992 - LISBOA
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- LISBOA - REVISTA MUNICIPAL - Nº 19 -1º Trimestre de 1987 - Edição da CML
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- OLHARES DE PEDRA - ESTÁTUAS PORTUGUESAS- Notícias Publicações - 1994 - LISBOA
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- SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (Dir.)- Dicionário da História de Lisboa- Carlos Quintas & Associados-Consultores, Lda. - 1994 - Sacavem

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