sábado, 11 de maio de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ II ]

 Rua do Açúcar - (2007) - (Panorama do percurso mais a norte da "Quinta de Marvila". O Lote do Convento,  do Bettencourt e a "Vila Pereira" integrado neste último lote) in GOOGLE EARTH 
 Rua do Açúcar - (1867) Gravura em madeira de J. Pedrodo (A "Quinta de Marvila" dos Condes de Valadares, ao Poço do Bispo, publicada no Álbum das Gravuras em Madeira) in ARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar - (1835) - (Pormenor da "Carta das linhas de fortificação de Lisboa"(1835), sendo bem visível o traçado antigo da "Estrada de Marvila" e a via junto ao rio, hoje "Rua do Açúcar" até ao "Poço do Bispo") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (anos 50 do séc. XX) (Foto de autor não identificado) (Lavadouro Municipal na "Rua Direita de Marvila" onde se encontra o histórico "Poço do Bispo") in   ANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ II ]

«A RUA DO AÇÚCAR E SEU ENQUADRAMENTO ( 2 )»

Sobre o «PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES» cabeça original desta imensa propriedade  já naquela época "as casas e assento da dita Quinta" , pormenorizar-se-á a evolução do senhorio desta propriedade, transformada em foro perpétuo no século XVI, que foi inicialmente dos senhores de «PANCAS» e mais tarde integrada no «MORGADO DO ESPORÃO», que veio a cair por herança na grande casa de "VILA NOVA DE PORTIMÃO/ABRANTES".
Aqui interessa sobretudo traçar os contornos genéricos que o termo abrangia e perceber-lhe a evolução, quer da subdivisão da propriedade, quer da evolução viária.
Uma das informações contidas nessa descrição de 1495 é a ausência de qualquer referência a uma via pública ribeirinha, afirmando-se que entre o "Mosteiro de São Bento" e o "Poço do Bispo" a quinta segue "a par com o mar". A estrada que vai da cidade é então só uma, aquela que ainda hoje conhecemos como a "ESTRADA DE MARVILA".
Pergunta-se então quando terá sido batido o caminho pela praia até ao "POÇO DO BISPO", da nossa actual "RUA DO AÇÚCAR"? "Ralph Delgado", no seu importante estudo sobre os OLIVAIS, em cuja freguesia de MARVILA se encontrava integrada desde a sua criação , em 1398, afirma que em 1573, «D. INÊS DE NORONHA», viúva de « JOÃO DA COSTA». senhor de «PANCAS», renovou o plano dos aforamentos de toda a quinta, falando-se de uma «QUINTA NOVA», exactamente com serventia já pelo caminho ribeirinho. Ou seja, poderá admitir-se que entre 1495 e 1573, essa nova via foi sendo consolidada ao longo da praia, impondo naturalmente uma utilização diversa da propriedade que a bordejava em toda a sua extensão, alteração essa administrativamente consagrada na última data referida.
Se ligarmos esta informação a outra já atrás reunida, podemos de facto começar a afirmar com segurança, apesar da ausência de documentação explícita, que a via ribeirinha, foi ganhando consistência ao longo do século XVI, aliás no seguimento da franca aproximação da margem do rio detectada em toda a cidade.
Quanto aos limites genéricos abrangidos então pelo termo «MARVILA», são eles bem claros na documentação: "o muro norte do "Convento de São Bento, ( o BEATOe o "Poço do Bispo", que iremos agora localizar com mais precisão.
O POÇO dito do BISPO dada a sua localização na propriedade episcopal, situava-se no término da mesma, quase na base da rampa da actual «RUA DIREITA DE MARVILA». Junto existia uma pequena azinhaga de ligação à praia, cujo traçado deveria corresponder aproximadamente à parte plana da actual «RUA ZÓFIMO PEDROSO» - de certo está muito mais larga - constituindo uma espécie de limite norte da "QUINTA DOS ARCEBISPOS".
Para cima a via passava a chamar-se o "Vale Formoso", bifurcado em duas direcções; o de "CIMA" e o de "BAIXO".
O topónimo «POÇO DO BISPO», logo estendido à vizinha azinhaga, depressa se autonomizou, passando com o tempo a denominar a parte junto ao rio e o seu prolongamento para Norte, distinguindo-se com nitidez da parte antiga mais acima, junto do velho caminho, que manteve o nome "MARVILA", depois reforçado pela construção do «CONVENTO DAS BRÍGIDAS».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«RUA DO AÇÚCAR [ III ] -A RUA DO AÇÚCAR E SEU ENQUADRAMENTO (3)».    

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