sábado, 18 de maio de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ IV ]

 Rua do Açúcar - (1835) (Pormenor da "Carta das Linhas da Fortificação de Lisboa - 1835 - Vendo-se a Estrada de Marvila e a via junto ao rio, hoje "Rua do Açúcar" até ao "Poço do Bispo", dominado ainda pela grande quinta dos "Condes de Valadares". O Palácio da Mitra, junto ao rio, e o Convento de Marvila", as Quintas dos Marialvas, e dos Abrantes na antiga Estrada de Marvila) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1992/3) Foto de Filipe Jorge (A margem direita do "RIO TEJO", junto da "ZONA ORIENTAL DE LISBOA", que nesta altura ainda mantinha grande quantidade de armazéns) in LISBOA VISTA DO CÉU
 Rua do Açúcar - (2007) (Da "Rua Capitão Leitão" para sul, toda a propriedade pertencia aos MARIALVAS, incluindo nela estavam as Fábricas dos Fósforos e Borracha) in GOOGLE EARTH
Rua do Açúcar - (2010) Barragon (Panorâmica abrangendo a "Quinta da Mitra". A norte os edifícios construídos pela Fábrica de Cortiça depois Asilo, separado pela "rua Capitão Leitão" as antigas instalações da "Sociedade Nacional de Fósforos", contíguo a antiga "Fábrica da Borracha Luso-Belga". Do nosso lado direito podemos ver um troço da "Avenida Infante D. Henrique", e seguindo para a esquerda encontramos a "Rua do Açúcar") in SKYSCRAPERCITY  

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ IV ]

«A RUA DO AÇÚCAR E SEU ENQUADRAMENTO ( 4 )

Quanto do Lote ( 7 ) pertencerá então também já à «CASA MARIALVA», pois a partir de 1762 dez anos depois deste desenho, os livros de Registos da Décima são bem explícitos sobre a posse pelos Marqueses de Marialva; "de todos os terrenos à beira da Estrada para o "Poço do Bispo" a partir da "Quinta das Murtas" até à "Quinta da Mitra".
Possivelmente, e a fazer fé neste desenho de memória, o único enclave dentro dos vários lotes reunidos pelos «MARIALVAS» seria o referente ao ( 5 ), citado na legenda como "Quinta defronte da Cruz ao sair da azinhaga das fontes". A Cruz citada é a das "VEIGAS" de que falaremos ao tratar sumariamente do troço inicial da "ESTRADA DE MARVILA".
Refira-se, ainda, o lote ( 10 ), à direita de quem sobe a "RUA DE MARVILA", chamado então a "QUINTA DO ROCHA", cuja casa, apesar de em bastante mau estado, se encontra ainda quase intacta, como o seu pátio, escada exterior com alpendre e varanda. Particularizemos em seguida, cada um destes conjuntos, resultante do emparcelamento da enorme quinta original da "MITRA DE LISBOA".

A ESTRADA DE MARVILA
O troço inicial da "ESTRADA DE MARVILA" merece uma referência específica.
A partir da "ILHA DO GRILO", inicia-se a «ESTRADA DE MARVILA», também chamada no século XIX, como consta na carta de FILIPE FOLQUE, «RUA DIREITA DOS ANANÁSES». Este troço estendia-se até à "AZINHAGA DA FONTE", hoje dita dos "ALFINETES", onde a estrada se passava a chamar «RUA DIREITA DE MARVILA», por se iniciar aí um núcleo urbano. Para poente subiam duas azinhagas de ligação para o interior - a "da BRUXA" e a das "VEIGAS", e para nascente, sobre o rio, a depois chamada "CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES". Antes de chegar à "AZINHAGA DAS FONTES", abre-se hoje um espaço amplo, no qual abriam os portões da antiga «SOCIEDADE NACIONAL DOS SABÕES», e onde outrora existia um CRUZEIRO, talvez de Sinalização Fluvial, chamado a «CRUZ DAS VEIGAS». Em frente abria-se a homónima "Azinhaga das Veigas", dando acesso à "Grande Quinta" também do mesmo nome, onde hoje está instalada a «CASA DE SÃO VICENTE», Instituição de Caridade.
No século XVII, vamos assistir à construção de diversas Quintas em MARVILA, geralmente propriedades de nobres que ali instavam as suas casas de campo para descansar do búlicio da cidade.
A «QUINTA DO BRAÇO DE PRATA» também é dessa época e tem uma história curiosa.
Em 1638, o fidalgo «ANTÓNIO DE SOUSA DE MENESES» perdeu o braço direito numa batalha contra os HOLANDESES no BRASIL. Regressado a PORTUGAL, mandou colocar um braço de prata. A sua Quinta, perto do "POÇO DO BISPO" (actual Quinta da Matinha) cedo tomou aquela designação, mais tarde adoptada pela "Estação do Caminho de Ferro".
Mais uma curiosidade, esta relacionada com a população Moura ou Moçárabe na zona de MARVILA, nos séculos XIII e XIV, e na Panasqueira (freguesia dos Olivais) até ao século XV. Isto foi encontrado em Documentação proveniente dos Cartórios das Corporações Religiosas e conservadas na Torre do Tombo.
As terras dos MOUROS tinham sido doadas à MITRA, mas nem todos abandonaram a região, se bem que alguns tivessem mesmo sido obrigados a permanecer, porque foram feitos escravos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ V ] «A QUINTA DAS MURTAS». 

2 comentários:

Manuel Tomaz disse...

Marvila é das poucas zonas de Lisboa que não conheço. A sua postagem despertou-me o interesse em conhece-la e isso farei brevemente, pois também ela tem a sua história e muita rica.
Os meus cumprimentos,
Manuel Tomaz

APS disse...

Caro Manuel Tomaz
Ben-vindo mais uma vez a este blogue.
MARVILA e toda a zona Oriental de Lisboa é rica em história.
Nesta altura, e para agradar aos nossos olhos, temos o «PARQUE DAS NAÇÕES», que um dia a sua história será contada.
Os meus cumprimentos
APS