Rua do Açúcar - (1992/93) Foto de Filipe Jorge (BAIRRO CHINÊS- Com a implantação industrial, o abandono prematuro de muitas explorações agrícolas, a falta de habitação acessível e a progressiva degradação da paisagem e do ambiente, vão fornecendo a invasão por ocupação espontânea, sobretudo em terrenos públicos, mas também nalguns privados que originam "Bairros de Lata", de que o famoso "Bairro Chinês", na "Quinta dos Marqueses de Abrantes", constitui exemplo típico e duradouro, embora o seu fim se aproximasse no final da década de 80, início de noventa, motivado pela EXPO'98 que veio alterar radicalmente uma parte substancial desta zona Oriental de Lisboa) (Foto abre em tamanho grande) in LISBOA VISTA DO CÉU
Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Acesso por Portal com Brasão picado, pertencente ao antigo "Palácio dos Marqueses de Abrantes", na "Rua de Marvila, 34. Encontrando-se ali instalada a "Sociedade Musical 3 de Agosto de 1885", local onde se ensaia a marcha que representa a freguesia de MARVILA) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (anos 50 do século XX) -Foto de autor não identificado ("Palácio dos Marqueses de Abrantes" parte virada para o pátio) in ANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS
Rua do Açúcar - ( A Casa de "VILA NOVA DE PORTIMÃO/ABRANTES". Uma sucessão complexa de heranças transformou a "CASA DOS CONDES DE VILA NOVA DE PORTIMÃO", depois também herdeiros dos Marqueses de Abrantes e Fontes, numa das maiores propriedades na zona envolvente de Lisboa) in CAMINHO DO ORIENTE
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXVI ]
«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 3 )»
Na década de sessenta, com um dos quartos térreos arrendados a "JOÃO LOURENÇO VELOSO"(1762-69), irmão de "VASCO LOURENÇO VELOSO" (de Santa Apolónia), as alusões à decadência das casas nobres são frequentes. Manteve-se a situação ao longo do século XIX, embora tivesse o cuidado por parte dos Marqueses de salvaguardarem nos arrendamentos a preservação da quinta - do bom amanho das vinhas, árvores e todas as terras cultiváveis, comprometendo-se os rendeiros, uma vez findos os arrendamentos, a deixar a quinta povoada e cheia de bacelos e cepas - casos de "ANTÓNIO JOAQUIM DOS REIS", mercador de lã e seda, pela renda anual de 400 000 réis e um pipa de vinho (1819-27) ( 1 ), em cuja renda eram abonados 60 000 réis para as obras do referido Palácio.
No ano de 1854, pela expropriação feita em parte do domínio útil do prazo da «QUINTA DE MARVILA» pelos Caminhos-de-ferro, o "Morgado do Esporão" foi compensado pela sub-rogação de 37 700 réis, e em parte do domínio directo pela quantia de 92 320 réis ( 2 ).
Em meados do século XIX foi ali instalada a «ESCOLA NORMAL DE MARVILA», estabelecimento de referência para a formação de professores do ensino primário. Em 1869, depois do Governo manifestar interesse em arrendar à "CASA DE ABRANTES" a "QUINTA DE MARVILA" ( 3 ), era anunciada a sublocação do terreno anexo à "ESCOLA NORMAL DE MARVILA" ( 4 ), constando então a quinta, arrendada em haste pública, de "12 hectares de terra lavradia e dez oficinas rústicas não incluídas nos logradouros reservados ao edifício da referida escola(...) ( 5 ). Depois de desactivada a escola o edifício foi sendo ocupado por várias famílias, e no pátio instalou-se uma uma Associação Desportiva, enquanto o extenso terreno da quinta se transformava em "ilha" habitacional o «BAIRRO CHINÊS». O antigo Palácio interiormente degradado e descaracterizado, mantém a sua traça exterior, acrescentada em mais um piso.
O "BAIRRO CHINÊS"
Nesta grande quinta dos "MARQUESES DE ABRANTES" anteriormente «QUINTA DE MARVILA», dominada pelas explorações agrícolas, este espaço esteve ocupado até finais dos anos 80 início de noventa. As actividades industriais ferroviárias e portuárias deram origem à formação de novas áreas residenciais, que se podem distinguir por uma imagem que hoje publicamos. Assim, coexistiam residências nobres, vilas operárias e habitações clandestinas. O chamado "Bairro Chinês", o maior bairro de barracas na ZONA ORIENTAL DE LISBOA, ficava onde hoje podemos ver os bairros: "MARQUES DE ABRANTES", "ALFINETES", das "SALGADAS" e "QUINTA DO CHALÉ".
Com a entrada do século XIX, após a revolução liberal, houve diversas mudanças na zona Oriental de LISBOA, em que as antigas quintas e outras novas que surgiram, se tornaram propriedade de comerciantes e industriais em ascensão.
A antiguidade desta propriedade da «QUINTA DE MARVILA» e o relevo histórico dos seus proprietários bem assim, como a qualidade arquitectónica das construções ainda subsistentes, fazem dela uma das mais importantes quintas arrabaldinas de LISBOA.
Da sua história, que se confunde com a do sítio de MARVILA, de que constitui o verdadeiro centro, já se falou atrás e no texto genérico sobre Marvila, cabendo aqui tentar sobretudo uma análise estilista resumida do conjunto palaciano, inserindo-o no panorama lisboeta. É claro que, como acontece com a generalidade destas Quintas, o edifício dos "Marqueses de Abrantes" resulta de várias campanhas de obras, devendo ainda ter-se em conta que a antiguidade quase imemorial da Quinta impôs por certo o aproveitamento de construções preexistentes, condicionantes sempre a ter em conta na leitura de qualquer destes conjuntos.
( 1 ) - IAN/TT, ACA - Morgado do Esporão, Mç. 192, Doc. 3942
( 2 ) - IDEM Mç. 194, doc. 4037, fl. 4.
( 3 ) - " Mç. 194, doc. 4030.
( 4 ) - " Mç. 194, doc. 4046.
( 5 ) - " Mç. 194, doc. 4031.
SIGLAS
IAN/TT = Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
ACA = Arquivo da Casa de Abrantes
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXVII ]-A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 4 )»
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