sábado, 12 de outubro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XIX ]

 Rua da Junqueira - (depois de 20.03.1940) -Foto de autor não identificado (O "Forte de São João da Junqueira" depois de começarem os trabalhos de demolição) in  PEREGRINAÇÕES EM LISBOA (LIVRO)
 Rua da Junqueira - (Ant. 20.03.1940) Foto de José Artur Leitão Bárcia (O "Forte de S. João da Junqueira" que serviu no século XVIII de prisão do ESTADO) (Abre em tamanho grande) in AFML 
 Rua da Junqueira - (depois de 20.03 1940) Foto de autor não identificado (O "Forte de S. João da Junqueira", conhecido também por prisão da JUNQUEIRA, serviu ainda de "Posto da Guarda Fiscal") in  PEREGRINAÇÕES EM LISBOA(LIVRO)
 Rua da Junqueira - (Ant. a 1940) Foto de autor não identificado (O Forte da Junqueira actualmente demolido, tratava-se de uma construção do século XVII, que cumpriu, durante o reinado de D. JOSÉ, a função de cadeia. Nela se aprisionaram os "supostos" implicados no atentado contra a vida do monarca) in  BELÉM REGUENGO DA CIDADE (LIVRO)
 Rua da Junqueira - (séc. XVIII-Gravura de H. L´Eveque) (Panorama de Lisboa vista da Junqueira. No primeiro plano, grupos de populares, entre os quais um ajuntamento de Galegos dançando. Em plano secundário, provavelmente o "FORTE DE S. JOÃO DA JUNQUEIRA", cuja existência remonta ao séc. XVII. Reconhecemos que a localização não era bem na frente do "Palácio Burnay" (segundo outra fonte), no entanto como se trata de uma gravura, poderá o autor ter usado a "liberdade visual") in O POVO DE LISBOA(LIVRO)-MUSEU DA CIDADE
 Rua da Junqueira - (Início dos anos 50 do Séc. XX) (Vista aérea da zona da JUNQUEIRA e terrenos onde veio a ser construída a FIL. Assinalamos com um X em azul, o local aproximado do antigo "Forte de S. João da Junqueira". Nesta foto ainda não existia o complexo do "Instituto de Medicina Tropical" que se instalou num edifício construído junto ao "Hospital do Ultramar" em 1958) in SKYSCRAPERCITY
Rua da Junqueira - (2001) (O saudoso "Henrique Viana" na interpretação de "D. Francisco de Távora". Uma série histórica televisiva, realizada pela RTP, em que a prisão original da "Família dos Távoras" foi precisamente neste "Forte de S. João da Junqueira" in O PROCESSO DOS TÁVORAS NA RTP

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XIX ]

«O FORTE DE SÃO JOÃO DA JUNQUEIRA»

O «FORTE DE S. JOÃO DA JUNQUEIRA» ou simplesmente «FORTE DA JUNQUEIRA» terá sido construído no reinado de D. JOÃO IV, provavelmente após 1649, com a finalidade de reforçar a defesa marítima portuguesa depois da RESTAURAÇÃO, e dos eventuais ataques que pudessem suceder por parte dos espanhóis. Este forte ficava junto do areal da JUNQUEIRA, com a sua frente virada para a (actual) "AVENIDA DA ÍNDIA", a nascente do "EDIFÍCIO DA CORDOARIA NACIONAL", em terrenos que hoje são da "RUA MÉCIA MOUSINHO DE ALBUQUERQUE" e a "FIL".

O Plano Joanino de defesa do PORTO DE LISBOA e da barra do TEJO, resultava da construção de uma série de fortes nas enseadas arenosas entre "XABREGAS" e o "CABO DA ROCA". 
O sistema de defesa marítima de Lisboa, constituído por três sub-sistemas, as "REPARTIÇÕES DE LISBOA" (nas margens Norte e Sul do TEJO), CASCAIS (dividia entre a "parte de dentro" e a "parte de fora") e SETÚBAL. Vamos hoje falar da "REPARTIÇÃO DE CASCAIS" e da "parte de dentro" que representava: 1 TORRE; 2 FORTALEZAS e 20 FORTES entre eles o "FORTE DE S. JOÃO DA JUNQUEIRA" e o "FORTE DE S. PEDRO DE BELÉM" (também chamado da ESTRELA). Deste último, mais tarde será referido quando falarmos dos «MARQUESES DE ANGEJA» no lugar da «BIBLIOTECA MUNICIPAL DE BELÉM".
De acordo com uma carta dirigida a ,D. JOÃO IV o "CONDE DE CANTANHEDE", "D. LUÍS DE MENESES" declarava-se pronto a iniciar as fortificações da parte ribeirinha da cidade. Em 1763, existiam para nascente da "TORRE DE BELÉM" 12 fortificações ribeirinhas (Mapa de Portugal Antigo e Moderno, Vol. 2 do P. João Baptista de Castro), entre elas, o "FORTE DE S. JOÃO DA JUNQUEIRA". Muito modificado, conseguiu chegar ao século XX, tendo sido demolido em  (20.03.1940) aquando da abertura da "AVENIDA DA ÍNDIA", nos trabalhos preparatórios dos acessos à "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS".
O Forte já no ano de 1666 se encontrava praticamente concluído. Tinha, nessa altura, pequenas dimensões; uma casa forte à retaguarda e uma bateria voltada ao TEJO. Foi sucessivamente aumentado e transformado, sendo provavelmente no reinado de D. JOSÉ I que atingiu as grandes dimensões.
Este forte de "São João da Junqueira" no tempo deste monarca foi convertido em prisão do ESTADO. Tenebroso cárcere, com suas casas subterrâneas, suas lendas tristes, horríveis narrações que por muito exageradas  que tivessem sido pelo desespero das vítimas e pela "piedade", sempre presente dos inimigos do "Marquês de Pombal" bastante deverá ter de verdadeiro e abominável.
Cadeia severa dos presos políticos, tantos deles inocentes - túmulo em vida, do qual grande parte dos encarcerados nunca mais saiu para ver o Sol - ela está ligada à história do século XVIII; encheu-se de nobres e de plebeus, réus confessos e  simples suspeitos, principalmente quando da «CONSPIRAÇÃO DOS TÁVORAS».
O forte-prisão, tinha três pavimentos abaixo do nível do solo; o mais fundo era o "cemitério"; pois nele se enterravam os que morriam durante o cativeiro, e os outros dois constituíam propriamente as prisões.
Após a queda do MARQUÊS, a prisão foi extinta. Por carta de 1796 do príncipe regente D. JOÃO, foi criada "nas casas e armazéns do Forte de São João da Junqueira" um "PORTO FRANCO" (num edifício acrescentado e desenhado por "FRANCISCO FABRI") a iniciar a sua actividade a 1 de Janeiro de 1797
Em 1806, o "PORTO FRANCO" foi extinto, por se ter tornado "casa de contrabando público". Este casarão do areal da Junqueira e antes de ser demolido, esteve assim durante anos abandonado. Embora atarracado e misterioso, veio depois a servir de POSTO DA GUARDA FISCAL, e cujo semblante não desdiz da função odiosa que teve um dia.
Á sua demolição se refere o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" de 23.11.1939, "Nogueira de Brito", sob o título «A JUNQUEIRA DE OUTROS TEMPOS E O FORTE DE SÃO JOÃO QUE VAI A DEMOLIR».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XX ] A CASA NOBRE DE LÁZARO LEITÃO ARANHA ( 1 )»

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