sábado, 15 de março de 2014

RUA DO GRILO [ XX ]

 Rua do Grilo - (20__) - Foto de autor não identificado (Fachada do "Palácio dos Duques de Lafões ou do Grilo" virado a nascente para "Rua do Grilo" e a Sul para a "Manutenção Militar") in CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti ("Palácio dos Duques de Lafões" vista sobre o pátio. A fachada lateral com o revestimento em junta fendida, a única que obedece ao desenho do projecto de reconstrução pós-terramoto) in  CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) - (Planta do Piso térreo do projecto de renovação do Palácio. A vermelho está marcado o edifício anterior e a amarelo os acrescentos propostos. Mantém-se o Pátio central. agora reordenado com construções em redor, e sendo substituída a rampa de acesso da "Rua do Grilo" por um vestíbulo e escadarias. Lateralmente a Norte foi aberto novo pátio com acesso pela "Calçada Duque de Lafões") in MUSEU DA CIDADE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) (Projecto ou frente principal do Palácio, proposto para a fachada nobre virada para a "Rua do Grilo". Podemos verificar que as 4 primeiras janelas do andar nobre (lado esquerdo), correspondem ao edifício inicialmente projectado, as únicas ainda existentes) in  MUSEU DA CIDADE
 Rua do Grilo - (Século XVIII) (A Fachada Norte (embora na planta ela venha indicada como virada a nascente). Este corpo novo do edifício nunca chegou a ser construído na sua totalidade, existindo somente o extremo poente, antiga cozinha do Palácio. Ao centro, aberto sobre o pátio da calçada, um pequeno corpo mais cuidado no desenho albergava uma pequena sala redonda, ligando directamente ao pátio interior) in MUSEU DA CIDADE
Rua do Grilo - (Século XVIII) (Fachada Poente (embora na planta seja indicada como virada a Norte), faz frente para os jardins. Ao centro um grande Salão de cinco aberturas - mais tarde em parte construído com outras gramáticas decorativas -, constituía o ponto culminante de todo o projecto aproveitado com mestria o próprio desnível do terreno. Repare-se a dominante volumétrica do desenho proposto de forte sensibilidade  barroca, com colunas salientes e óculos ovais. Realce-se, ainda, a perfeita integração com o edifício preexistente, encostado a Sul em plano inferior, onde se encontra a citada "SALA DA ACADEMIA") in MUSEU DA CIDADE


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XX ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO (4)»

O autor do desenho do «PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES» mantinha o grande corpo anterior, incluindo a sua divisão interna ao nível do andar nobre. O corpo sobre a RUA era duplicado, formando uma fachada de onze aberturas, divididas em dois pisos, o térreo e o nobre.
Conservava o pátio a nível superior quase com as mesmas dimensões, somente corrigido para garantir as simetrias, mas desaparecia a rampa que desce a RUA que, anteriormente, lhe dava acesso. No piso térreo da fachada era proposto um átrio nobre, do qual nascia uma escadaria simplificada, que conduzia a um grande salão aberto sobre esse pátio.
A Nascente deveria nascer outro corpo, simetricamente disposto ao já existente. Aproveitado com mestria o declive, por onde se podia entrar directamente para o pátio, chegando-se lá através de uma rampa, conhecida hoje por CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES.
Por fim a Norte do pátio central erguia-se um novo corpo, bastante complexo na sua articulação. Na parte de trás, sobre os jardins dispostos em Cascatas pela encosta, aparece um imenso Salão de invulgares dimensões. Ao mesmo nível e a ele ligado dispõe-se uma outra grande divisão, cuja marcação na planta parece destinar-se a uma Biblioteca.
Pela leitura destas plantas constata-se, que este PALÁCIO pouco tem a ver com a tradição aristocrática portuguesa. Essa era feita sempre de mais simplicidade, que torna mais fácil a leitura orgânica dos palácios lisboetas.
Este, do "GRILO", passa-se exactamente o contrário. É o projecto em si que se compõe de uma complexidade erudita, própria de quem estava habituado a manusear a arquitectura com um teorizavel exercício de estilo e familiarizado com as grandes construções palacianas que se iam erguendo pela Europa.
Assim se pode deduzir que o ano de 1760 poderá ser pois, uma data-chave para este Palácio. Foi ela que permaneceu na memória de que fez eco "NORBERTO DE ARAÚJO".
Mas as obras terão começado uns anos antes, certamente depois de 1755. Com a expulsão do DUQUE DE LAFÕES em 1760, é o fim dessa primeira campanha.
Assim, com o regresso do 2º CONDE DE LAFÕES, D. JOÃO CARLOS DE BRAGANÇA, as obras terão continuado de forma irregular. Este senhor aproveitou as divisões do corpo antigo para se instalar, sendo uma delas a dita SALA DA ACADEMIA.
No PALÁCIO DO GRILO os interiores caracterizam-se pela riqueza decorativa, os conjuntos de  azulejaria dos séculos XVIII e XIX, as pinturas murais da autoria de CIRILO VOLKMAR MACHADO, com "vários pensamentos poéticos da sua invenção " (JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA em A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX, Vol. I pág. 171), que ornamentam as salas temáticas do PALÁCIO, como a SALA DA ACADEMIA, a SALA VÉNUS e a SALA CHINESA. O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES é, pois, mais uma promessa, que uma realidade. Mas a sua produção em LISBOA, em simultâneo com o processo de reflexão que o planeamento da BAIXA POMBALINA, naturalmente impôs, não pode deixar de ser tomado em conta por quem pretenda ter dessa realidade uma clara consciência.
A CAPELA tem o orago de NOSSA SENHORA DA PIEDADE, alberga um retábulo de talha dourada e policromático do século XVIII, tendo o seu acesso pelo número um da CALÇADA DUQUE DE LAFÕES. Nesta CAPELA onde têm sido baptizados e algumas vezes apadrinhados por monarcas, desde D. JOÃO V, aos filhos dos proprietários da casa.
O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES do gosto setecentista, localiza-se no interior de uma quinta arborizada, cortada pela linha do Caminho -de-ferro, continua na posse dos representantes dos dois irmãos, figuras de primeiro plano na segunda metade do século XVIII. Um deles bem lembrado e o outro pela força inelutável das contigências históricas.[FINAL]. 

BIBLIOGRAFIA

- A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA . 1º Ed. da Junta de Freguesia do Beato-1995-LISBOA
- ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa- Livro XV- Ed. Vega-1993- LISBOA
- ATLAS da Carta Topográfica de LISBOA-Direcção de Filipe Folque:1856-1858 -CML - Departamento do Património Cultural - Arquivo Municipal de Lisboa - 2000 - LISBOA
- CAEIRO, Baltazar Matos - Os Conventos de Lisboa - Distri Editora - Edª. 1ª 1989 - LISBOA
- DELGADO, Ralph - A Antiga Freguesia dos Olivais - Grupo de Amigos de Lisboa 1969 - LISBOA
- DIAS, Jaime Lopes - Brasão da Cidade de Lisboa - CML - 1968 - LISBOA
- DIAS, Marina Tavares - Lisboa Misteriosa - 1º Ed. Quimera - 2004 - LISBOA
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Francisco Santana e Eduardo Sucena-Carlos Quintas & Associados-Consultores, Lda. - Sacavém - 1994
- FERREIRA, Jaime Alberto do Couto - FARINHAS, MOINHOS E MOAGENS- Ed. Âncora 1999- LISBOA
- FERREIRA, PAULA CRISTINA - SANCHEZ, Paula - FIGUEIREDO. Sandra - A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA - Ed. da J. Freguesia do Beato - 1995 - LISBOA
- FOLGADO, Deolinda e CUSTÓDIO, Jorge - CAMINHO DO ORIENTE - Guia do Património Industrial - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA
- FRANÇA, José-Augusto-A ARTE EM PORTUGAL NO Século XIX  1º e 2º Vol. Liv. Bertrand - 1966 - LISBOA
- FURTADO, Mário - DO ANTIGO SÍTIO DE XABREGAS - Ed. 1ª-Vega - 1997 - LISBOA
- LISBOA - ADRAGÃO, José Vítor - PINTO, Natália e RASQUILHO, Rui - Ed. Presença - 1993- LISBOA.
- MATOS, José Sarmento de - PAULO, Jorge Ferreira - Caminho do Oriente - Guia Histórico II - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA
- MATOS, José Sarmento de - LISBOA, um passeio a Oriente - Ed. Parque Expor'98-1993 LISBOA
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Cood. Afonso Eduardo M. Zuquete- Editorial Enciclopédia, Lda. Vol. II - 1960 - LISBOA
- PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - LISBOA ORIENTAL - CONSIGLIERI, Carlos-RIBEIRO,Filomena-VARGAS, José Manuel e ABEL, Marília- CML - Pelouro da Cultura - 1993 - LISBOA
- REIS DE PORTUGAL - Direcção :ROBERTO CARNEIRO - 34 Vol. Círculo de Leitores - 2006 - LISBOA.

INTERNET
- CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA 
- IGESPAR
- MUSEU DA CIDADE - CML

(PRÓXIMO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS"2ª [ I ] A RUA ACÚRCIO PEREIRA(1)»

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