quarta-feira, 10 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ I ]

 Terreiro do Paço - (Século XVI) - Gravura em madeira - anónimo (Panorama de LISBOA vista desde o Campo de Stª. Clara, a Oriente até à Esperança a Ocidente. Limitada a Norte pelos Montes da Graça, Penha de França e Santa Ana, nela estão representados os mais importantes edifícios deste século XVI. Ao centro tem o título de: LISBONA - Inserida na obra de Seb. MUNSTER (1489-1552) Volume II(1541) in  MUSEU DA CIDADE 
 Terreiro do Paço - (Séculos XVI  e XVIII) (Desenho de Matthaus Santer) (LISBOA antes e depois do terramoto de 1755. Inspirada pela perspectiva Quinhentista de BRAUNIO)  in MUSEU DA CIDADE
 Terreiro do Paço - (anterior a 1147) - (Planta que mostra o local, exacto ou aproximado de alguns edifícios ou monumentos de LISBOA anteriores à Conquista CRISTÃ no ano de 1147, o traçado da MURALHA MOURA à direita baixa, e a situação do esteiro do Tejo que penetrava por onde é agora a BAIXA POMBALINA, e que desapareceu por completo até aos finais do século XIII) in BIC LARANJA
 Terreiro do Paço - (século XII) - (Localização do esteiro do TEJO na época, e o traçado a vermelho da CERCA MOURA) in  GEOLOGIA AUGUSTA 
Terreiro do Paço - (1147) - Engº A. Vieira da Silva ( Fragmento da planta topográfica de LISBOA, mostrando o "ESTEIRO DO TEJO", que penetrava pelo vale da baixa e a "CERCA MOURA". Nesta planta conhecem-se aproximadamente os sítios com letras a preto e o edifício a vermelho, onde os romanos tinham algumas edificações na sua "FELICITAS JULIA". LEGENDA- (A) Anfiteatro romano - (B) Estabelecimento termal dedicado a CASSIOS - (C) Termas AUGUSTAIS no cruzamento entre a actual RUA DA PRATA e a RUA DOS RETROSEIROS ou da "CONCEIÇÃO" etc.. Encontram-se mais pormenores no livro do ilustre Engº A. Vieira da Silva em "A CERCA MOURA DE LISBOA" Publicações da CML, nas páginas 7 e 8) in A CERCA MOURA DE LISBOA

-TERREIRO DO PAÇO [ I ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 1 )»

"O ESTEIRO DO TEJO"
Nos tempos pré-históricos o vale da cidade de LISBOA terá sido um esteiro do RIO TEJO, onde vinham desaguar as ribeiras de "SANTO ANTÃO" (que descia a zona de VALVERDE  hoje AVENIDA DA LIBERDADE) e a  "RIBEIRA DE ARROIOS", que passava no (REGUEIRÃO DOS ANJOS), juntando-se um pouco abaixo da actual "RUA DO OURO", sensivelmente dois quarteirões depois do ROSSIO, seguindo todo o percurso da RUA DO OURO em direcção ao RIO TEJO. Podem notar-se as boas defesas naturais do CASTELO DE SÃO JORGE, com suas encostas escarpadas e protegidas por água a Oeste e Sul, proporcionando, certamente um refúgio seguro para os seus primeiros habitantes.

Na época do domínio ROMANO o esteiro já se encontrava parcialmente assoreado e com dimensões mais reduzidas. Vestígios arqueológicos encontrados até hoje mostram que a ocupação no alto da colina de S. JORGE descera até ao rio, e se estendia pelo vale a Oeste.

Os ÁRABES terão fortificado com novas muralhas LISBOA, a chamada CERCA VELHA ou CERCA MOURA, protegendo uma área aproximadamente de 16 hectares; reforçaram igualmente a "ALCÁÇOVA",( 1 ) e aí instalaram o palácio do Alcaide e uma Mesquita.
Com a conquista de LISBOA pelos CRISTÃOS em 1147, os vencidos que mantiveram a  sua fé, tiveram que deixar o núcleo fortificado e instalarem-se num arrabalde, sendo hoje conhecido por MOURARIA.
A comunidade JUDAICA também saiu e constituiu os seus bairros próprios; a JUDIARIA GRANDE no vale a Oeste, e duas JUDIARIAS PEQUENAS, uma no vale e outra em ALFAMA.
Duzentos anos mais tarde, em 1373, o Rei D. FERNANDO construiu novas muralhas, a "CERCA FERNANDINA", que ocupava 104 hectares, incluindo não só casas mas também terrenos para cultivo. Tanto a CERCA MOURA como a CERCA FERNANDINA, ainda hoje existem pedaços, incorporados em edifícios ou muros.
No final do século XIII LISBOA tinha aproximadamente vinte e sete mil habitantes, tendo aumentado a sua população para mais do dobro até início do século XVI.
O rei D. MANUEL residia no PAÇO DA ALCÁÇOVA mas descia constantemente à beira rio. Assim, ainda em finais do século XV este rei inicia a construção do "PAÇO DA RIBEIRA" reforçando a deslocação do centro em direcção ao rio e às zonas ribeirinhas. 
Os desenhos de "JORGE BRAUNIO", embora do século XVI, ilustram bem o aspecto da cidade na época Medieval.
A planta mais antiga de LISBOA que se conhece é a de JOÃO NUNES TINOCO data de 1650.
Não deixa de ser interessante analisar estes desenhos em conjunto com outras gravuras de JORGE BRAUNIO, que se reproduz parcialmente. Na densa malha construída destacam-se dois amplos espaços públicos, o ROSSIO a Norte, abrindo para o campo e os arredores, e o "TERREIRO DO PAÇO" junto ao RIO. TINOCO mostra já o renovado "PALÁCIO REAL" e os melhoramentos nos edifícios ribeirinhos.

O PAÇO DA RIBEIRA

A primeira residência régia da cidade de LISBOA, situava-se desde os tempos da conquista da cidade, no interior do CASTELO DE S. JORGE, aproveitando não só a capacidade defensiva do sítio, mas integrando-se perfeitamente no núcleo do burgo primitivo. Em finais do século XV, D. MANUEL decidiu abandonar o PAÇO DE ALCÁÇOVA e mandar construir, junto do RIO, um novo palácio. A medida teve razões práticas e dimensão simbólica.

- ( 1 ) - ALCÁÇOVA -(s.f. - Árabe "ALKASABA", Cidadela), Castelo antigo, fortaleza principal de um Castelo, último reduto da fortaleza Medieval, constituindo a zona habitacional do Castelo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO[ II ]-O PAÇO DA RIBEIRA (2)» 

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