sábado, 12 de setembro de 2015

VILA FLAMIANO [ III ]

«HABITAÇÕES OPERÁRIAS ( 3 )»
 Vila Flamiano - ( 2005 ) Foto de APS - (A "VILA FLAMIANO" a chamada "RUA DO MEIO" a mais larga (14 metros de Largura), no seu aspecto sereno. Em tempos idos existia mais movimento de pessoas e menos carros) in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - ( 2011) - Foto de APS - ( A chamada "RUA DO MEIO" da "VILA FLAMIANO", parte de direita vista de Norte para Sul)  in  ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - ( 2005 ) Foto de APS - (Antiga "FABRICA SAMARITANA" de 1857, ou "COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS", que nos seus terrenos  mandou construir a "VILA FLAMIANO", para dar uma residência mais condigna aos seus empregados) in ARQUIVO/APS
 Vila Flamiano - (1998) Foto de António Sachetti - (Aspecto da "VILA FLAMIANO" após uma intervenção nos arruamentos e ordenação de estacionamento) in  CAMINHO DO ORIENTE
 Vila Flamiano - (1954) - Foto de Fernando Martinez Pozal - (O "CHAFARIZ DO LARGO DE XABREGAS" que abastecia principalmente os moradores da "VILA FLAMIANO" até finais dos anos 50 do século XX) in  AML 
 Vila Flamiano - (anos 60 do séc. XX) - (Um aspecto tipicamente característico das nossas Vilas Operárias nesta época. Os estendais embandeiram de cor a chamada "RUA DO MEIO" da "VILA FLAMIANO". Creio que nesta ocasião já existia o chafariz no interior Norte da Vila) In   PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - CML 
Vila Flamiano - (anos 60 do séc. XX) (Um aspecto da "VILA FLAMIANO" a "RUA DO MEIO" do lado esquerdo para Norte. Podemos ainda ver a quantidade de tanques para lavar a roupa que existiam na Vila) in   JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO


(CONTINUAÇÃO) - VILA FLAMIANO [ III ]

«HABITAÇÕES OPERÁRIAS DA "COMPANHIA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS ( 3 )»

Ainda dos discursos: dizia um dos convidados, jornalista do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, a certa altura: Enche-nos de alvoroço e de satisfação o convite que acabamos de receber dos nossos amigos e senhores "JOAQUIM MOREIRA MARQUES" e "C. A. MUNRO", directores da importante "FÁBRICA DE ALGODÕES DE XABREGAS", estabelecimento fabril sempre em continuado progresso e que, de certo modo, não descura alguns dos assuntos que podem interessar ao bem estar dos seus operários.
A "COMPANHIA" acaba de construir no vasto recinto das suas instalações, habitações singelas e limpas para morada cómoda e económica dos seus operários e vai inaugurá-las hoje, 22, pelas 13 horas. Inauguração de todo o ponto simpática e para a qual nos fez a honra de convidar esta redacção.  Tencionamos assistir e contar aos nossos leitores. A importância cultural e económica do facto de se construir junto das fábricas casas para habitação dos operários é de larguíssimo alcance, que pode ser indicado em grande número de considerações positivas.
Já a "FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS LISBONENSE" fez construir em tempos, uma série de casas singelas e de renda relativamente económica que muito facilitava o viver da família dos operários honestos e morigerados. Não distante dela há outra importante fábrica, e porventura muitas outras existirão, que obedece a iguais impulsos de bom critério, benevolência para com os que trabalham e de conveniência das próprias instituições fabris e manufactoras, pois todas essas criações tendem a moralizar o operário, incentivar nela o amor da solidariedade com os interesses legítimos das industrias, modificando em certo grau a indiferença e egoísmo dos patrões pela sorte dos seus operários cooperadores.
Que esta benéfica corrente prossiga e que o nobre exemplo da "COMPANHIA DA FÁBRICA DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS" seja seguido por outras empresas fabris manufactoras, que  não podem nem devem conservar-se indiferentes à melhor sorte dos seus operários - eis o nosso voto. São estes e muitos outros os modos práticos, inteligentes e de bom critério com que se podem modificar um pouco os rigores de que se queixam as colectividades operárias e os partidos denominados socialistas.
No dia em que se possa proporcionar aos operários uma casa asseada, cómoda, económica, com bom ar, boa luz, e a limpeza que a boa higiene  não dispensa, ter-se-à aberto para ele com mais atractivo e menos consumições o lar da família em que ele possa estar naturalmente satisfeito nas poucas horas de ócio que lhe restam dos trabalhos da fábrica ou oficina, com a sua família sem ter diante de si o quadro repelente da miséria, da imundice e das exalações de um ambiente menos viciado sem ar e sem luz e cheio de elementos repelentes ou antipáticos que o façam buscar distracções nocivas na taberna, no bordel e nas más companhias.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ IV ]-DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 22.10.1888»

2 comentários:

Lisete disse...

Sorri ao recordar os tanques ás portas. Lembro-me muito bem do chafariz dentro da Vila.

APS disse...

Fico muito agradecido pelo seu comentário.
Hoje realmente é impensável ver "tanques" junto das portas das habitações. Estamos na era das máquinas de lavar a roupa.
Também me recordo de minha mãe ter uma mangueira longa, que ligava à torneira do chafariz, para encher o seu tanque. Isto, antes da canalização para as casas.
Coisas de outros tempos!
Despeço-me com amizade,
APS