quarta-feira, 30 de abril de 2014

LARGO DO CARMO [ I ]

 Largo do Carmo - (2014) (Desenho adaptado do "LARGO DO CARMO" e seu enquadramento - Sem Escala - APS)  -  LEGENDA - 1)LARGO DO CARMO - 2)CHAFARIZ DO CARMO - 3)AS RUÍNAS DA IGREJA DO CARMO - 4)CONVENTO DO CARMO(GNR) - 5)PALÁCIO VALADARES  - 6)A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO - 7)IGREJA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO - 8)ELEVADOR DE SANTA JUSTA - 9)IGREJA DE SÃO ROQUE - 10)IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO - 11)IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO - 12)BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES - 13)TEATRO DA TRINDADE. (As RUAS assinaladas a vermelho já foram publicadas neste Blogue) in  ARQUIVO/APS
 Largo do Carmo - (Século XV) Desenho de Jesuíno A. Ganhado) - (Planta Geral do território do "CARMO E DA TRINDADE" no final do século XV. Acentua-se o traçado das vias de comunicação que se tinham anteriormente esboçado, e documenta-se o povoamento da "Vila Nova de Santa Catarina" e do "Rossio da Trindade"  in  O CARMO E A TRINDADE 
 Largo do Carmo - (Século XVI) (Desenho de Jesuíno A. Ganhado) - (Planta geral do Território do "CARMO E DA TRINDADE" no final do século XVI. Podendo ver-se já o seu povoamento, incluindo novas ruas de "Vila do Olival", abertas no princípio do século, nas herdades dos TRINOS e dos CARMELITAS)  in  O CARMO E A TRINDADE
 Largo do Carmo - (1939) (Desenho de Jesuíno A. Ganhado) (Planta do Território do CARMO E DA TRINDADE, no segundo quartel do século XX) in  O CARMO E A TRINDADE
Largo do Carmo - (2013) (Panorama do sítio do CARMO, vendo-se no lado esquerdo as "Ruínas da Igreja", o Elevador de Santa Justa e o Convento do Carmo (hoje GNR), bastante acrescentado com novos edifícios) in GOOGLE EARTH 

LARGO DO CARMO [ I ]

«O LARGO DO CARMO ( 1 )»

O «LARGO DO CARMO» (antigo "Terreiro ou Adro do Carmo" no século XV) pertenceu à antiga freguesia do SACRAMENTO, hoje freguesia de «SANTA MARIA MAIOR» no âmbito da "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" em 2013 .
O LARGO DO CARMO está rodeado de CALÇADAS, RUAS e TRAVESSAS. Assim na parte Sul temos a CALÇADA DO SACRAMENTO, RUA ALMIRANTE PESSANHA (antiga "Travessa do Sacramento), para Poente a TRAVESSA DO CARMO e RUA DA TRINDADE, a Norte RUA DA OLIVEIRA ao CARMO (antiga Rua da Oliveira), RUA DA CONDESSA (antiga Condessa da Vidigueira) e CALÇADA DO CARMO (antiga Calçadinha do Carmo). Para Nascente tem apenas o antigo PÁTIO DO CARMO ou CORREDOR DO CARMO que dá acesso ao Elevador de Santa Justa e tem hoje o nome de TRAVESSA DOM PEDRO DE MENESES.

O LARGO DO CARMO não se parecia nada como o que hoje se apresenta, era pouco mais de metade da área actual. Não tinha ainda os seus Jacarandás, nem o bulício das pessoas nas esplanadas e seus quiosques.
Tudo se terá modificado com o Terremoto de 1755, acreditamos mesmo que toda a obra exceptuando as "RUÍNAS DA IGREJA DO CONVENTO DO CARMO" (com seu aspecto no presente), todo o resto por ali é obra nova dos séculos XVIII e XIX. (As plantas que publicamos são eloquentes).
Assim, no século XVI já esta zona era um pouco urbanizada em torno dos seus dois Conventos: da TRINDADE e do CARMO, dentro da MURALHA FERNANDINA.
No LARGO DO CARMO podemos ainda destacar o antigo PALÁCIO DO CONDE DE VALADARES, (antes pertencia aos PESSANHAS) do século XIV, foi mais tarde a UNIVERSIDADE DE LISBOA, também designado (ESTUDO GERAL), a casa do JUDEU NAVARRO.  Um outro casarão urbano, enorme prédio de rendimento, também com frente para o LARGO DO CARMO, tendo as laterais viradas para a CALÇADA DO SACRAMENTO e RUA DO ALMIRANTE PESSANHA; foi construído no espaço onde existia (antes do Terramoto) o Palácio que pertenceu aos ALBUQUERQUE MEXIAS, antepassados dos CONDES DE SOUZEL.
Este LARGO dá para a RUA DA OLIVEIRA (antes do Olival) reminiscência toponímica do sítio do OLIVAL, ou HERDADE DO OLIVAL do século XV.
A RUA DA CONDESSA também lhe é convergente, ficando esta rua em frente do POSTIGO DO CONDE ou TORRE DO CONDESTÁVEL (D. NUNO ÁLVARES PEREIRA) aberto na MURALHA FERNANDINA da cidade, no pátio da antiga ESCOLA ACADÉMICA, que tomou o nome do CONDESTÁVEL, por estar situada em terrenos da herdade do CONDE SANTO, adquiridos por este para a construção do CONVENTO E IGREJA DO CARMO. Esta antiga artéria que vinha da TORRE DO CONDESTÁVEL para o TERREIRO DO CARMO e descendo a RUA DO SACRAMENTO ligava à actual RUA GARRETT, tinha o nome de CAMINHO PÚBLICO DO POSTIGO DO CARMO no século XV.
A RUA DO DUQUE (do Cadaval) (antiga Rua da Condessa de Cantanhede e mais antiga a Rua dos Galegos), torna-se quase paralela com a RUA DA CONDESSA  sendo convergente à CALÇADA DO CARMO, (antiga Calçadinha do Carmo), que vem finalizar no LARGO DO CARMO e foi aberta na encosta dos terrenos do CONVENTO para onde as habitações dos CARMELITAS tinham a face Poente.
Por escritura de 27 de Novembro de 1855 a Câmara comprou ao MARQUÊS DE TORRES NOVAS as barracas que estavam na passagem entre o TEMPLO DO CARMO e o Palácio deste titular, resto das ruínas que o terramoto fizera na casa nobre de JOÃO COSTA CARNEIRO, incluída no domínio dos VALADARES.
COMO CURIOSIDADE
Depois do Terramoto, o povo de LISBOA tinha uma expressão que ainda nos dias de hoje se usa dizer: «CAIR O CARMO E A TRINDADE». Esta expressão, que significa algo de estrondoso, surpreendente ou de grande impacto, remonta ao terramoto de um de Novembro de 1755, quando os CONVENTOS DO CARMO e da TRINDADE, localizados no sítio da PEDREIRA em LISBOA desabaram. Durante o Terramoto, ouviu-se um enorme estrondo. Quando os habitantes descobriram qual tinha sido a verdadeira causa de tal barulheira, logo disseram: CAIU O CARMO E A TRINDADE, isto é, desabaram os CONVENTOS DO CARMO E  DA TRINDADE.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ II ] O LARGO DO CARMO ( 2 )»   

sábado, 26 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

RUA VIRGÍNIA QUARESMA
 Rua Virgínia Quaresma -(2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" vista obtida da "Rua Casal Raposa" no "Bairro de Caselas" in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista de Satélite o "BAIRRO DE CASELAS" in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista Panorâmica do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Virgínia Quaresma") in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Um troço da "Rua Virgínia Quaresma" de Sul para Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" na sua extensão para Norte, no "Bairro de Caselas")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Início da "Rua Virgínia Quaresma" na parte Sul,  junto da "Rua da Cruz de Caselas") in GOOGLE EARTH
Rua Virgínia Quaresma -(Início do século XX) ("Virgínia Quaresma" a primeira jornalista portuguesa com carteira profissional) in SILÊNCIOS E MEMÓRIAS

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

«RUA VIRGÍNIA QUARESMA»

A «RUA VIRGÍNIA QUARESMA» pertencia à antiga freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER" que pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" foi incorporada na freguesia de "SANTA MARIA DE BELÉM", passando a denominar-se freguesia de «BELÉM». Tem início na "RUA DA CRUZ A CASELAS" e finaliza na "RUA DO CASAL DA RAPOSA".
Por Edital Camarário de 20 de Abril de 1988, o antigo arruamento da "RUA 4" do "BAIRRO DE CASELAS", passou a ter o topónimo de "RUA VIRGÍNIA QUARESMA".
Já nos tínhamos referido em anteriores publicações, mas voltamos a recordar, que não é fácil a vida de jornalistas (femininas) numa redacção de um jornal com projecção Nacional. Habituados que estamos nesta altura em que as mulheres "invadem" (no melhor sentido) os órgãos de Comunicação Social, recordemos pois, "VIRGÍNIA QUARESMA" a primeira jornalista profissional.
"VIRGÍNIA SOFIA DA GUERRA QUARESMA" nasceu em ELVAS em 28 de Dezembro de 1882 e faleceu em LISBOA, no dia 22 de Outubro de 1973.
As considerações tecidas ajudarão por certo a realçar ainda mais as qualidades de uma alentejana, que foi a primeira mulher detentora de uma carteira profissional de jornalista, e o seu "atrevimento" não data de há 40 ou 50 anos, mas sim de quase cento e quatro anos.
"VIRGÍNIA" veio para LISBOA e aqui teve logo um golpe de audácia ao matricular-se no então "CURSO SUPERIOR DE LETRAS" (hoje FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA), em 1903. Mulher em curso universitário era bicho raro... E, como gostava muito de escrever, foi oferecer-se à redacção de "A CAPITAL", o vespertino cuja primeira série, começou a publicar-se em 1910, sob a direcção de "MANUEL GUIMARÃES".
Entendamos: mulher em redacção de jornais não era inédito. Algumas, embora raras, letradas, mandavam as suas colaborações, escreviam os seus artigos. O que nunca tinha acontecido em Portugal era um ser humano de saias andar na rua a fazer reportagens, ir fazer perguntas aos gabinetes, infiltrar-se nos meios mais diversos para conseguir colher informações "frescas" e seguras.
VIRGÍNIA atreveu-se, MANUEL GUIMARÃES foi suficientemente moderno para apostar naquela ousada e assim nasceu uma repórter que se notabilizou essencialmente na esfera da política. E convenhamos que foi intrincado e difícil o período em que esta pioneira trabalhou entre o TERREIRO DO PAÇO e SÃO BENTO: apanhou desde os tempos que se seguiram à proclamação da REPÚBLICA até ao golpe de 28 de Maio de 1926, com a sua série de conspirações, revoluções, intentonas e mudanças de gabinetes.
Vivia geralmente no "HOTEL AVENIDA PALACE", onde tinha possibilidade de encontrar as individualidades estrangeiras que visitavam LISBOA e ali se hospedavam. No tempo da "primeira grande guerra"(1914-1918), esses contactos foram-lhe muito úteis para a elaboração de notícias correctas.
Interrompida a publicação de "A CAPITAL" exactamente em 1926, pouco depois do golpe de Maio, "VIRGÍNIA" mudou para o jornal "O SÉCULO", embora por pouco tempo.
O seu feitio irrequieto, fê-la seguir até ao BRASIL, onde trabalhou pelo menos no "CORREIO PORTUGUÊS", "GAZETA DE NOTÍCIAS" e em "A ÉPOCA" onde também se distinguiu: a sua actividade jornalística valeu-lhe o título de cidadã carioca honorária.
Foi ainda no BRASIL que  conheceu "ÓSCAR DE CARVALHO AZEVEDO" que a convidou para chefiar a delegação lisboeta da "AGÊNCIA AMERICANA DE NOTÍCIAS" (Agência Noticiosa criada por OLAVO BILAC), paredes meias com o cinema CHIADO TERRACE ali na "RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO". Durante a Primeira Guerra Mundial  esta estrutura foi colocada ao serviço da cruzada das mulheres portuguesas, promovendo o auxilio aos estropiados de guerra, órfãos e viúvas e por isso foi condecorada com o grande oficialato da ORDEM DE SANTIAGO.

O Jornal "REPÚBLICA" dava assim a notícia em 23 de Outubro de 1973, assinalando o seu desaparecimento: "Com 91 anos, faleceu em LISBOA, "VIRGÍNIA QUARESMA", natural de ELVAS, que trabalhou nos jornais "O SÉCULO" e "A CAPITAL". Como jornalista distinguiu-se, na cobertura de acontecimentos políticos, nomeadamente quando da implantação da REPÚBLICA. Foi a fundadora de uma das primeiras Agências de Publicidade do país e, durante largo tempo, trabalhou no BRASIL". [fazendogenero.ufsc.br].  [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA
- ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA [1974-1989].Volume II -Edição da C.M.L. - 2000 - LISBOA
- ALMADA NEGREIROS . Fotobiografias do Século XX - Direcção de Joaquim Vieira - Circulo de Leitores - 2001 - Rio de Mouro.
- CRÓNICA FEMININA - 1973.
- DIÁRIO POPULAR de 16 de Abril de 1973 - Drª. Elisa Guimarães.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - SARAIVA, Antº José e LOPES, Óscar - 17ª Ed. Porto Editora - 1996 - PORTO.
- PACHECO, José - STUART e o MODERNISMO EM PORTUGAL - Artes/Ilustradas - Edições VEGA - 1988 - LISBOA.

INTERNET
- TOPONÍMIA DE LISBOA - CML (Novo)

(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO  [ I ] - O LARGO DO CARMO (1)»

quarta-feira, 23 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XI ]

RUA ARNALDO GAMA
 Rua Arnaldo Gama - (2013) - (A "RUA ARNALDO GAMA" no antigo "Bairro do Arco do Cego" na recente freguesia do "AREEIRO")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua Arnaldo Gama - (2007) - (Panorâmica do antigo "Bairro Social do Arco do Cego" onde se insere a "Rua Arnaldo Gama")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Arnaldo Gama - (2013) - (Um troço da "Rua Arnaldo Gama" no antigo "Bairro do Arco do Cego")  in  GOOGLE EARTH  
 Rua Arnaldo Gama - (1863) - (O "SARGENTO-MOR DE VILAR" uma obra de "Arnaldo Gama" que relata episódios da invasão dos franceses em 1809)  in  LIVRARIA LUMIÈRE
 Rua Arnaldo Gama - (1876) - (Edição popular da obra de "Arnaldo Gama" com o título "EL-REI DINHEIRO", edição póstuma sob a direcção de "Augusto Gama") in  LOJA DO JÚLIO 
Rua Arnaldo Gama - (1973) ("Obras de Arnaldo Gama" publicado por "Lello & Irmãos Editores) in MERCADO LIVRE

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XI ]

«RUA ARNALDO GAMA»

A «RUA ARNALDO GAMA» pertencia à freguesia de "SÃO JOÃO DE BRITO" que pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, juntamente com a antiga freguesia do "ALTO DO PINA" agrupadas, passando a denominar-se freguesia do «AREEIRO».
Tem o seu início na RUA BRÁS PACHECO e finaliza na "RUA JOSÉ SARMENTO".
Por Edital publicado em 18 de Julho de 1933 destinou a "RUA Nº 3" do "BAIRRO SOCIAL DO ARCO DO CEGO", entre as ruas "COSTA GOODOLFIM" e "BRÁS PACHECO", consagrar a «RUA ARNALDO GAMA», ficando assim, perpetuado mais um jornalista portuense, na toponímia alfacinha.

ARNALDO DE SOUSA DANTES DA GAMA conhecido mais como escritor que jornalista, e especialmente como autor de romances históricos, este portuense (nascido em 1 de Agosto de 1828) também andou pelos jornais como se verá.
Foi a COIMBRA formar-se em DIREITO e voltou ao PORTO, onde montou escritório de Advogado. Passou, aliás, praticamente toda a vida no grande burgo nortenho, situando ali parte da sua obra.
Nos seus curtos 41 anos de vida (faleceu no PORTO, em 29 de Agosto de 1869), publicou poesia e contos. Mas foi, como se disse, no romance histórico que veio a tornar-se célebre.
De facto, os analistas da sua obra são unânimes em dizer que os romances eram escritos com notável exactidão, de acordo com o rigor histórico e sem dar larga margem à imaginação, como era apanágio de muitos dos seus camaradas na época. 

Destacam-se as obras "O GÉNIO DO MAL"(1856-1857) (Obra em quatro volumes, começada a editar quando ARNALDO GAMA tinha apenas 28 anos),  "UM MOTIM DE HÁ CEM ANOS" (1861), "O SARGENTO-MOR DE VILAR" (1863), "O SEGREDO DO ABADE" (1864), "A ÚLTIMA DONA DE S. NICOLAU" (1864), !O FILHO DO BALDAIA" (1866), "A CALDEIRA DE PERO BOTELHO" (1866), "O BALIO DO LEÇA" (1872), póstumo  o "EL-REI DINHEIRO" (1876), são as suas mais conhecidas obras.
Mas também a este homem da história e do foro, tentaram os demónios do jornalismo. Começou devagarinho, como redactor de um jornal literário, "A PENINSULA", onde escrevia, portanto, sobre temas considerados como da "sua arte". Mas o bichinho da política mordeu-o e aí não resistiu a ser redactor político e a sustentar algumas aguerridas polémicas.
Trabalhou então nos jornais "PORTO e CARTA", "CONSERVADOR" e acabou por fundar o "JORNAL DO NORTE".
Foi distinguido como "Cavaleiro da Ordem de Torre-e-Espada" e era sócio da "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA".
LISBOA quis consagrar numa rua sua o nome deste ilustre escritor e jornalista portuense "ARNALDO GAMA".
Na verdade, esta ronda singela, que temos vindo a fazer pelas "RUAS DE LISBOA" que usam nomes de homens e mulheres ligadas aos jornais, vem recordando que muito boa gente percorreu o caminho inverso: isto é, houve muitos que se distinguiram noutros campos, nomeadamente na escrita de livros de qualidade, e não resistiram à tentação dos jornais. Os exemplos não faltam, no passado e no presente.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ XII ]RUA VIRGÍNIA QUARESMA»

sábado, 19 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ X ]

RUA APRÍGIO MAFRA
 Rua Aprígio Mafra - (2013) - (Um troço da "RUA APRÍGIO MAFRA", jornalista e crítico teatral na nova freguesia de "ALVALADE") in GOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra - (2007) - (Vista Panorâmica de parte do "Bairro de Alvalade" onde se insere a "Rua Aprígio Mafra") in GOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra - (2013) - ("Aprígio Mafra" jornalista Alentejano, tem uma rua na actual freguesia de "ALVALADE") in GOOGLE EARTH
 Rua Aprígio Mafra, 2 a 8 - (1963-12) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" no "Bairro de Alvalade" freguesia de "ALVALADE) in AFML 
 Rua Aprígio Mafra - (1964-02) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra), 4 no "Bairro de Alvalade") in   AFML 
 Rua Aprígio Mafra - (1964-02) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" nos anos sessenta do século passado) (Abre em tamanho grande)  in  AFML
 Rua Aprígio Mafra - (1964-05) Foto de Artur Goulart (A "Rua Aprígio Mafra" na actual freguesia de "ALVALADE")  (Abre em tamanho grande) in AFML 
Rua Aprígio Mafra - (Segundo quartel do século XX) (Caricatura de "Aprígio Mafra" feita por "Fernando Neves"  in  LUZES DA RIBALTA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE

«RUA APRÍGIO MAFRA »

A «RUA APRÍGIO MAFRA» pertencia à freguesia de  "SÃO JOÃO DE BRITO", que com as freguesias de "ALVALADE" e "CAMPO GRANDE" se agruparam, por determinação do novo ordenamento Administrativo das Novas Freguesias de LISBOA, passando a designar-se por freguesia de «ALVALADE».
Tem o seu início na "AVENIDA DO BRASIL" e finaliza na "RUA JOÃO SARAIVA".
Por Edital de 25 de Janeiro de 1961 que às "RUAS 3 e 4 à RUA JOÃO SARAIVA", fosse dado o topónimo de "RUA APRÍGIO MAFRA" - Jornalista (1887-1953).
"FRANCISCO APRÍGIO MAFRA" era, apesar do apelido, alentejano de Portalegre, cidade onde nasceu em 26 de Novembro de 1877. Na sua terra natal frequentou o liceu, tendo continuado o curso secundário no Porto, no "LICEU RODRIGUES DE FREITAS". Deu-se  depois a sua entrada na "Seminário de Portalegre".
Teologia e um curso complementar de LETRAS, foram as habilitações com que o futuro jornalista se apresentou perante a vida prática.
Em 1911, deu-se, porém, o acontecimento talvez mais marcante da história de "Aprígio Mafra": teve oportunidade de entrar para a redacção de «A NAÇÃO». Agarrou a dádiva e nunca mais largou  a profissão. 
O seu percurso, foi evidenciado pelas suas crónicas mordazes, que fazia nos jornais. A sua profissão de jornalista e crítico, foi vivida sempre de mãos dadas com o «PARQUE MAYER», onde naquele tempo era costuma depois da estreia, os actores esperarem ansiosos pela crítica jornalística que saía logo na manhã seguinte.
Trabalhou ainda nos jornais: "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" ; "CORREIO DA MANHÃ"; "O SÉCULO"; "PÁTRIA"; "LUTA"; "DIÁRIO DE LISBOA" e "DIÁRIO POPULAR"... Foi, porém, no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" que esteve mais tempo e foi nesse jornal que assumiu funções de maior responsabilidade, já que ali foi chefe de redacção.
Pelo meio, ficaram a presidência do "SINDICATO DOS JORNALISTAS" e um cargo político que exerceu por pouco tempo: procurador à CÂMARA CORPORATIVA órgão consultiva previsto na CONSTITUIÇÃO de 1933, do ESTADO NOVO.
Chegou mesmo a ser secretário desse órgão colegial, mas cedo pediu escusa por não querer descurar o trabalho que mais lhe agradava: chefiar a redacção do «DIÁRIO DE NOTÍCIAS».
O teatro também o apaixonou tendo  ele traduzido algumas obras, como a peça «PÉ DE VENTO» dos IRMÃOS QUINTERO, que foi representado no TEATRO D. MARIA II.
Recebeu ainda duas condecorações: uma de OFICIAL DA ORDEM DE CRISTO  e da ORDEM DE LEOPOLDO II DA BÉLGICA.
Durante 42 anos ligado às redacções, que foram a sua casa mais constante, sendo mais um jornalista a figurar na toponímia alfacinha. Faleceu em 19 de Novembro de 1953. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ XI ]-RUA ARNALDO GAMA»

quarta-feira, 16 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ IX ]

AVENIDA ANTÓNIO SERPA
 Avenida António Serpa - (2013) ( A "Avenida António Serpa" vista da "Avenida da República" in GOOGLE EARTH
 Avenida António Serpa (2007) (Vista Panorâmica de parte da freguesia das "Avenidas Novas", onde está inserida a "Avenida António Serpa") in  GOOGLE EARTH
 Avenida António Serpa - (1964-08) Foto de Armando Madureira (Moradia "provavelmente já demolida" na "AVENIDA ANTÓNIO SERPA", 32) in  AFML
 Avenida António Serpa - (1966) Foto de Artur Goulart ("AVENIDA ANTÓNIO SERPA" dos números 31 a 33, na antiga freguesia de "Nª. Srª. de Fátima" hoje "AVENIDAS NOVAS") in  AFML
 Avenida António Serpa - (1970) Foto de Inácio Bastos (A "Avenida da República", esquina com a "Avenida António Serpa" nos anos setenta do século passado)  in  AFML
 Avenida António Serpa - (1883)? - ("ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL" iniciou a vida política em 1856 e chegou a formar um governo que presidiu de Janeiro a Setembro de 1890) in  WIKIPÉDIA
Avenida António Serpa - (finais do século XIX) ("António de Serpa Pimentel" passou por deputado, Conselheiro de Estado, Ministro das Obras Públicas, Ministro da Guerra (interino), Ministro da fazenda e Ministro dos Negócios Estrangeiros, tendo formado um Governo em 1890)  in  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ IX ]

«AVENIDA ANTÓNIO SERPA»

A «AVENIDA ANTÓNIO SERPA» pertencia à antiga freguesia de "Nª. Srª. de FÁTIMA", hoje integrada com a freguesia de "SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA", pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, adoptando o nome de «AVENIDAS NOVAS». Tem o seu início na "AVENIDA DA REPÚBLICA"(antiga "Rua António Maria Avelar" e finaliza na "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO" (antiga "Avenida Ressano Garcia). O topónimo "AVENIDA ANTÓNIO SERPA" foi atribuído durante a Monarquia, a 29 de Novembro de 1902.
Em 22 de Julho de 1982, a COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA (ACTA Nº 2/82) responde a um ofício do "MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA", remetendo cópia de requerimento apresentado na ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA pelo deputado "ANTÓNIO DE SOUSA LARA", com o pedido de esclarecimento sobre a possibilidade do topónimo "AVENIDA ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL".
Parecer: Considerando que a pretendida rectificação representaria alteração de uma nomenclatura já muito consagrada na toponímia de LISBOA e que grandes transtornos iria provocar aos residentes ou estabelecimentos no local, a COMISSÃO entendeu preferível optar-se pela inscrição nas respectivas placas toponímicas, de uma legenda que identifique melhor a figura homenageada, sugerindo, para o efeito, que imediatamente a seguir à designação toponímica seja gravada a seguinte legenda: "Político e escritor" (1825-1900)
Assim, mandou a Câmara Municipal de Lisboa que uma via pública situada entre as antigas "Estrada do Arco do Cego" e a "Rua António Maria Avelar" (designação que entretanto desapareceram) passasse a ter o nome do Matemático, professor Universitário, Militar, Político, Escritor e ainda Jornalista "ANTÓNIO SERPA".
ANTÓNIO DE SERPA PIMENTEL nasceu em COIMBRA, a 20 de Novembro de 1825 e faleceu em LISBOA a 2 de Março de 1900.
Tendo começado por assentar praça em Infantaria aos 17 anos, acabou por ingressar na UNIVERSIDADE DE COIMBRA onde, aos 21, se doutorava em Matemática. Veio para LISBOA, foi lente da ESCOLA POLITÉCNICA, onde ensinou álgebra e cálculo. Pouco depois, por proposta de ALEXANDRE HERCULANO, era feito sócio da ACADEMIA REAL DAS CIÊNCIAS. A partir daí, a carreira política e o jornalismo surgiram em cheio na sua vida. Estamos, assim, diante de mais um caso em que o jornalismo foi actividade-trampolim para uma carreira política.
ANTÓNIO SERPA ligou-se aos jornais também pela mão de HERCULANO, como de LATINO COELHO e ANDRADE CORVO, com os quais fez "O NOVO TROVADOR".
Só com "LATINO COELHO" dirigiu "O PHAROL". E foi também um dos principais redactores do "meu" "JORNAL DO COMÉRCIO", no qual se notabilizou pelos artigos sobre matéria financeira. Foi ainda o fundador da "GAZETA DE PORTUGAL", jornal que, durante anos, foi o órgão do PARTIDO REGENERADOR.
Na vida política iniciou-se em 1856 como deputado eleito por OLIVEIRA DE AZEMEIS.
Em 1876 no dia 31 de Janeiro foi nomeado Conselheiro de Estado. A 12 de Agosto de 1886, era presidente do Tribunal de Contas. Foi ministro de várias pastas e acabou por ser chefe do PARTIDO REGENERADOR e, por esse facto, ascendeu à presidência do Ministério.
Foi ainda incumbido de ir a PARIS pedir a mão da princesa D. AMÉLIA DE ORLEANS para o então príncipe "D . CARLOS". Teve tempo para tudo!

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS -2ª SÉRIE [ X ] .RUA APRÍGIO MAFRA»

sábado, 12 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VIII ]

RUA ALMADA NEGREIROS
 Rua Almada Negreiros - (2013) A entrada da "RUA ALMADA NEGREIROS" pelo lado da "Avenida Cidade de Luanda")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2007) - (Vista de satélite da zona dos OLIVAIS onde podemos encontrar a "RUA ALMADA NEGREIROS" desde 1970)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) - (Um troço da "RUA ALMADA NEGREIROS" na freguesia dos OLIVAIS)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) (A "Rua Almada Negreiros" no Bairro dos "OLIVAIS SUL") in  GOOGLE EARTH
 Rua Almada Negreiros - (2013) - (A "Rua Almada Negreiros" no sítio dos "OLIVAIS SUL"  in  GOOGLE EARTH
Rua Almada Negreiros - (1929) - ( A cara de "ALMADA NEGREIROS", caricatura de "STUART CARVALHAIS" publicada na "ILUSTRAÇÃO" do repórter "X" em 1929)  in  LUZES DA RIBALTA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ VIII ]

«A RUA ALMADA NEGREIROS»

A "RUA ALMADA NEGREIROS" pertence à freguesia dos «OLIVAIS», antiga freguesia de "SANTA MARIA DOS OLIVAIS", actualizada no ano de 2013 pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA".
Tem início na "AVENIDA CIDADE DE LUANDA" e finaliza na "AVENIDA DE PÁDUA".
Um Edital de 11 de Julho de 1970 (menos de um mês passado sobre a morte de ALMADA NEGREIROS, que terá ocorrido em 15 de Junho do mesmo ano), mandou que no antigo arruamento denominado "RUA E 2 - Célula E - OLIVAIS SUL", tomasse o nome de "RUA ALMADA NEGREIROS".
De seu nome completo "JOSÉ SOBRAL DE ALMADA NEGREIROS" (1893-1970), o homem que foi artista plástico, escritor, caricaturista, futurista e tudo, deixou-nos há cerca de 44 anos. No passado ano de 2013, no dia 7 de Abril foi comemorado o 120º aniversário do seu nascimento.
ALMADA NEGREIROS nasceu na ILHA DE SÃO TOMÉ, em 7 de Abril de 1893, fica órfão de mãe aos 3 anos de idade. Seu pai, vem viver para a Metrópole, deixando os seus dois filhos entregues aos cuidados dos "JESUÍTAS DO COLÉGIO DE CAMPOLIDE" e, mais tarde, ALMADA ingressa na ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES.
Foi dono, como se sabe, de um talento polifacetado. Aos 18 anos, em 1911, escreveu a sua primeira peça de teatro e publica os primeiros desenhos e caricaturas, aos 19 expôs pela primeira vez. LISBOA está cheia de amostras da sua arte, não só em museus como principalmente, em locais que estão patentes ao grande público.
De referir os mosaicos e pinturas da IGREJA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, seguindo-se as pinturas murais das gares Marítimas de ALCÂNTARA e da ROCHA DO CONDE DE ÓBIDOS os trabalhos nas fachadas dos mais antigos edifícios da CIDADE UNIVERSITÁRIA ao CAMPO GRANDE.
ALMADA além da pintura mural fez ainda pintura a óleo, tapeçaria, gravura, mosaico, azulejo e vitral. Os quadros da "A BRASILEIRA DO CHIADO" (1925) são também de sua autoria, assim como do BRISTOL CLUB em 1926.
Foi ainda romancista, autor teatral, novelista, conferencista, panfletário, poeta...etc, etc..
A INVENÇÃO DO DIA CLARO(1921) ou NOME DE GUERRA(1938) são entre outros, títulos que os leitores se habituaram a fixar.
É óbvio, portanto, que a um homem destes não podia escapar o sortilégio dos jornais ou melhor dizendo, das publicações periódicas. E é essa faceta que especialmente nos interessa, nesta ronda que estamos a fazer pelas RUAS DE LISBOA com nomes de pessoas ligadas aos jornais.
ALMADA NEGREIROS, logo em 1915, foi co-fundador da revista "ORFHEU", que tanta influência exerceu na renovação da LITERATURA e da ARTE em Portugal. E, no que respeita à sua participação em publicações do mesmo género, assinalem-se ainda as intervenções na "CONTEMPORÂNEA", na "ATHENA", no "PORTUGAL FUTURISTA" etc..
Não se ficou por ai: o extinto "DIÁRIO DE LISBOA" e o seu irmão mais novo, o jornal humorístico "SEMPRE FIXE" tiveram-no como colaborador assíduo, com escritos e desenhos. Antes disso, porém, já ALMADA NEGREIROS andara pela "A CAPITAL" e espalhara o seu talento por "A MANHÃ", "A LUTA", "O SÉCULO CÓMICO" e até pelo regionalista "JORNAL DE ARGANIL".
ALMADA saltou fronteiras, também no que a jornais diz respeito. Existem trabalhos dispersos do artista e escritor pelo menos nos periódicos espanhóis "ABC", "BLANCO Y NEGRO", "REVISTA DE OCIDENTE", "GAZETA LITERÁRIA" e "LA ESFERA".
Foi um grande apoiante da política de Salazar e como é lógico, chamado a colaborar nas grandes obras do Regime.
Trabalhou sempre mesmo com a sua avançada idade e temos o exemplo do painel de pedra geométrico, para o átrio do edifício da FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN(1968-69) e os frescos da FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (sua última obra).  
Numa nota complementar, destinada a assinalar a sua estima por esta cidade, diga-se ainda que ALMADA NEGREIROS foi um dos fundadores do septuagenário "GRUPO AMIGOS DE LISBOA (1936), cuja insígnia desenhou.
O mestre ALMADA NEGREIROS faleceu a 15 de Junho de 1970 vítima de paragem cardíaca, no HOSPITAL DE SÃO LUÍS DOS FRANCESES no mesmo quarto onde faleceu "FERNANDO PESSOA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ IX ]-AVENIDA ANTÓNIO DE SERPA»

quarta-feira, 9 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VII ]

RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" vista da "Rua da Igreja" no "Bairro de Caselas") in  GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (Uma parte do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Alice Pestana" in  GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) ( A "RUA ALICE PESTANA" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (Um troço da "RUA ALICE PESTANA), professora, escritora e jornalista) in  GOOGLE EARTH
Rua Alice Pestana (CAIEL) - (1894) (Uma obra literária de "Alice Pestana" com o pseudónimo de "CAIEL", publicada pela "Parceria António Maria Pereira" em 1894) in  AVELAR MACHADO

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE

«RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)»

A vida de "ALICE PESTANA", sob seu desenrolar singelo, marca bem a coragem da mulher que teve a inteligência de SER, numa época em que as senhoras se contentavam em estar...
Tem-se dito já várias vezes que o acesso ao trabalho foi a melhor das conquistas feministas. "ALICE PESTANA" é mais outro exemplo. Hoje, quando qualquer rapariga deseja preparar-se para o futuro, escolhe a profissão e frequenta a escola que lhe convém. Isto não se consegue sem grande persistência e auto-disciplina. Mas nos finais do século XIX, este esforço era ainda acrescido de mil dificuldades. Não havia escolas nem professoras para o sexo feminino. As meninas eram educadas em casa, por preceptoras estrangeiras a quem se pedia apenas que fossem de "boas famílias". Aprendiam também piano. Os colégios particulares, muito caros, não ensinavam nada mais...
ALICE PESTANA viu-se ainda jovem na necessidade de ganhar a vida, tendo parcialmente a seu cargo a avó que a educara e um irmão mais novo, que cedo morreria.
Escolheu a profissão de professora. Mas como em consciência, não se julgava habilitada para ela, teve primeiro de fazer um a um alguns dos exames liceais, como então era regra. Isto obrigava a lições particulares dadas por professores, o que se tornava particularmente oneroso. "ALICE PESTANA" foi obrigada a pedir a sua madrinha, que era de família rica, um empréstimo que levou anos a pagar. A carta desta senhora, generosa e sensata, em que acede ao pedido, recomenda que não descure a boa alimentação do corpo, pois sem saúde nada resultaria.
As habilitações femininas contavam tão fracamente... No entanto, havia quem desejasse dar mais cultura às filhas. Estamos convencidos de que a influência de professoras como ela, tanto nas discípulas como nas mães destas, foi causa da brusca explosão da instrução feminina que se verificou em PORTUGAL logo após a  1ª Grande Guerra.
Mas se ALICE professora nunca cerrou seu labor, foi a escritora "CAIEL", nome que adoptou, quem mais e melhor serviu a causa feminina. Não era uma combatente e as questões sociais interessavam-na mais do que a política.
Mas a dignificação da mulher era o seu ideal constante. Seus livros para a juventude, dos primeiros que seus pais lhe deram a ler, marcaram-a muito. Não falavam de princípes, mas de meninos pobres.
O seu casamento, relativamente tardio (aos quarenta anos), desta intelectual tranquila, foi de certo modo romanesco.
Casou em 1902 com o professor e escritor espanhol "D. PEDRO PLANCO", com que se correspondia por indicação do Dr. BERNARDINO MACHADO, como sendo a pessoa que melhor  o poderia elucidar sobre o feminismo em PORTUGAL.
DETALHE PITORESCO:
"D. PEDRO BLANCO", por erro de leitura, de início, julgava dirigir-se a um homem. Desta correspondência nasceu o desejo do conhecimento pessoal e resultou num casamento excepcionalmente feliz e harmonioso.
O casamento fixou CAIEL em Espanha e lá exerceu com seu marido o professorado, no prestigioso "INSTITUTO DE LIBRE  ENSENANZA". Mas não deixou de escrever para Portugal. A sua obra ganhou nessa altura mais realismo e vigor. Seus livros seguem a trajectória de sua vida: "ÀS MÃES E ÀS FILHAS" e o adorável "AMOR À ANTIGA", na mocidade; "DESGARRADAS" e "MADAME RENAN", na maturidade.
Nos últimos anos fazia traduções, enriquecendo duas pátrias. Bela e operosa vida, que sabe bem recordar... [ Drª. ELINA GUIMARÃES].

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ] RUA ALMADA NEGREIROS».

sábado, 5 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VI ]

RUA ALICE PESTANA (CAIEL)-(1)
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (Um troço da "Rua Alice Pestana" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2007) (Vista Panorâmica do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Alice Pestana") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" vista da "Rua Casal da Raposa") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" numa das ruas do "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
Rua Alice Pestana (CAIEL) - (Início do século XX)? (A Jornalista "ALICE PESTANA" em "AS MULHERES E A REPÚBLICA - 2010 - Agenda Feminista") in A CIDADE DAS MULHERES


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 2ª SÉRIE [ VI ]

«RUA ALICE PESTANA (CAIEL) - (1)»

A «RUA ALICE PESTANA" (CAIEL) pertencia à antiga freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER" actual «BELÉM». Tem o seu início na "RUA DA CRUZ" número 2 e finaliza na "RUA CASAL DA RAPOSA" no número 17.
Na Acta Nº 2/88 de 25 de Março de 1988, reuniu a "Comissão Municipal de Toponímia", tendo emitido o parecer apresentado pela então JUNTA DE FREGUESIA DE S. FRANCISCO XAVIER, na atribuição no "BAIRRO DE CASELAS" de alguns nomes de vulto nas ARTES e LETRAS. Também num artigo do "Dr. AUGUSTO DE CASTRO", publicado anteriormente à construção do BAIRRO, chamava à atenção no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" para a necessidade de se prestar homenagem a figuras ilustres que ali nasceram ou viveram.
Assim, por EDITAL de 20 de Abril de 1988 mandou que fosse atribuído o topónimo ao arruamento do "BAIRRO DE CASELAS", à antiga "RUA 3" e tomasse o nome de "RUA ALICE PESTANA"(CAIEL).
"ALICE EVELINA PESTANA COELHO" nascida em SANTARÉM a 7 de Abril de 1860, e veio a ser escritora, jornalista e pedagoga notável que na literatura usou, muitas vezes o pseudónimo de "CAIEL), formado pelas letras de seu próprio nome e ainda outros como: "EDUARDO CAIEL", "CIL" como estratégia de legitimação, e ainda o anagrama "CÉLIA ELEVANI".
Versada em línguas (cujo estudo fez acompanhar pelo da música), deverá ter sido a primeira mulher portuguesa a escrever numa revista estrangeira: "THE FINANCIAL and MERCANTIL GAZETTE", para onde redigiu, em inglês, um artigo de crítica à tradução que el-Rei "D. LUÍS" fizera do "HAMLET". Depois colaborou durante quatro anos naquela publicação britânica. Em Portugal, deu a sua colaboração a uma revista literária onde pontificavam "CAMILO" e "TOMÁS RIBEIRO", mas estendeu ainda a sua pena para os jornais "VANGUARDA", "FOLHA DO POVO", "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" e "O SÉCULO", dedicando-se especialmente, aos problemas do ensino.
Casada com um escritor espanhol "D. PEDRO BLANCO" em 1902, viveu largo tempo em MADRID, tendo falecido nesta cidade espanhola no ano de 1927.
O Governo português aproveitou em 1888 a sua grande experiência como pedagoga, encarregando-a de várias missões ao estrangeiro, nomeadamente na recolha de elementos sobre o ensino secundário feminino nalguns países. Também, mais tarde, quando residia em ESPANHA, em 1914, o Governo espanhol a incumbiu de estudar os métodos do ensino feminino usado em Portugal.
Defendeu a educação média da mulher por ser um meio de formar a mulher moderna, habilitando-a aos cargos da sua missão complexa. Sempre foi sensibilizada para o pacifismo, fundando a "LIGA PORTUGUESA DA PAZ" em 1899, de que foi a primeira presidente.
Com o pseudónimo de CAIEL escreveu "A FILHA DE JOÃO DO OUTEIRO" editado em 1894.
Um artigo da Doutora ELINA GUIMARÃES publicado no "DIÁRIO POPULAR" em 16 de Abril de 1973, fará relembrar esta figura, que tanto fez pelas mulheres portuguesas: a escritora, professora e jornalista "CAIEL", de seu nome verdadeiro "ALICE PESTANA".
"CAIEL" foi fundamentalmente escritora, tanto jornalista como romancista. E, com ela, verifica-se mais uma vez a eterna história das escritoras apreciadas: mas com obras esgotadas que não se reeditam. Deliciosas ou dolorosas vinhetas da vida de LISBOA, com seus usos diferentes nas personagens cuja psicologia é eterna...

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS[ VII ]-RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)».