quarta-feira, 9 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ VII ]

RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (A "Rua Alice Pestana" vista da "Rua da Igreja" no "Bairro de Caselas") in  GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (Uma parte do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Alice Pestana" in  GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) ( A "RUA ALICE PESTANA" no "Bairro de Caselas") in GOOGLE EARTH
 Rua Alice Pestana (CAIEL) - (2013) (Um troço da "RUA ALICE PESTANA), professora, escritora e jornalista) in  GOOGLE EARTH
Rua Alice Pestana (CAIEL) - (1894) (Uma obra literária de "Alice Pestana" com o pseudónimo de "CAIEL", publicada pela "Parceria António Maria Pereira" em 1894) in  AVELAR MACHADO

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE

«RUA ALICE PESTANA (CAIEL) (2)»

A vida de "ALICE PESTANA", sob seu desenrolar singelo, marca bem a coragem da mulher que teve a inteligência de SER, numa época em que as senhoras se contentavam em estar...
Tem-se dito já várias vezes que o acesso ao trabalho foi a melhor das conquistas feministas. "ALICE PESTANA" é mais outro exemplo. Hoje, quando qualquer rapariga deseja preparar-se para o futuro, escolhe a profissão e frequenta a escola que lhe convém. Isto não se consegue sem grande persistência e auto-disciplina. Mas nos finais do século XIX, este esforço era ainda acrescido de mil dificuldades. Não havia escolas nem professoras para o sexo feminino. As meninas eram educadas em casa, por preceptoras estrangeiras a quem se pedia apenas que fossem de "boas famílias". Aprendiam também piano. Os colégios particulares, muito caros, não ensinavam nada mais...
ALICE PESTANA viu-se ainda jovem na necessidade de ganhar a vida, tendo parcialmente a seu cargo a avó que a educara e um irmão mais novo, que cedo morreria.
Escolheu a profissão de professora. Mas como em consciência, não se julgava habilitada para ela, teve primeiro de fazer um a um alguns dos exames liceais, como então era regra. Isto obrigava a lições particulares dadas por professores, o que se tornava particularmente oneroso. "ALICE PESTANA" foi obrigada a pedir a sua madrinha, que era de família rica, um empréstimo que levou anos a pagar. A carta desta senhora, generosa e sensata, em que acede ao pedido, recomenda que não descure a boa alimentação do corpo, pois sem saúde nada resultaria.
As habilitações femininas contavam tão fracamente... No entanto, havia quem desejasse dar mais cultura às filhas. Estamos convencidos de que a influência de professoras como ela, tanto nas discípulas como nas mães destas, foi causa da brusca explosão da instrução feminina que se verificou em PORTUGAL logo após a  1ª Grande Guerra.
Mas se ALICE professora nunca cerrou seu labor, foi a escritora "CAIEL", nome que adoptou, quem mais e melhor serviu a causa feminina. Não era uma combatente e as questões sociais interessavam-na mais do que a política.
Mas a dignificação da mulher era o seu ideal constante. Seus livros para a juventude, dos primeiros que seus pais lhe deram a ler, marcaram-a muito. Não falavam de princípes, mas de meninos pobres.
O seu casamento, relativamente tardio (aos quarenta anos), desta intelectual tranquila, foi de certo modo romanesco.
Casou em 1902 com o professor e escritor espanhol "D. PEDRO PLANCO", com que se correspondia por indicação do Dr. BERNARDINO MACHADO, como sendo a pessoa que melhor  o poderia elucidar sobre o feminismo em PORTUGAL.
DETALHE PITORESCO:
"D. PEDRO BLANCO", por erro de leitura, de início, julgava dirigir-se a um homem. Desta correspondência nasceu o desejo do conhecimento pessoal e resultou num casamento excepcionalmente feliz e harmonioso.
O casamento fixou CAIEL em Espanha e lá exerceu com seu marido o professorado, no prestigioso "INSTITUTO DE LIBRE  ENSENANZA". Mas não deixou de escrever para Portugal. A sua obra ganhou nessa altura mais realismo e vigor. Seus livros seguem a trajectória de sua vida: "ÀS MÃES E ÀS FILHAS" e o adorável "AMOR À ANTIGA", na mocidade; "DESGARRADAS" e "MADAME RENAN", na maturidade.
Nos últimos anos fazia traduções, enriquecendo duas pátrias. Bela e operosa vida, que sabe bem recordar... [ Drª. ELINA GUIMARÃES].

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ] RUA ALMADA NEGREIROS».

Sem comentários: