sábado, 1 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [ III ]

Poço do Borratém - 2008 - (Vista de satélite do Poço do Borratém e seus envolventes) in http://wikimapia.org/

Poço do Borratém - (Sitio da Praça da Figueira e Poço do Borratém, um pouco mais perceptível - embora sem escala - do percurso da Rua da Betesga até ao Borratém. APS


Poço do Borratém - (Depois de 1755) - Desenho retirado de uma planta da época por Júlio de Castilho) - (Planta do sítio do Poço do Borratém) in Lisboa Antiga-Bairros Orientais Volume III página 131


(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O SÍTIO DO POÇO DO BORRATÉM»


Após o Terramoto de 1755 grande parte de Lisboa e em especial a zona da baixa ficou bastante destruída.
Com base numa planta topográfica local (elaborada por Júlio de Castilho) vamos tentar explicar como o sítio do Borratém se modificou.
Começou-se por alargar e traçar em linha recta a Rua da Betesga. «BETESGA» era, segundo o Dicionário "Morais", um Beco sem saída, que fazia saco, ou fundo de saco; daí derivar o verbo "embetesgar" (A).

Referente a esta rua existe uma expressão tipicamente lisboeta «METER O ROSSIO NA RUA DA BETESGA» o que significa quando se quer meter algo num espaço onde nunca caberá, pois o Rossio é uma Praça de grandes dimensões e a Betesga uma rua estreita. (Atendendo a que esta rua antes do terramoto era ainda mais estreita).
Esta viela já se encontra nos escritos do século XVI.
Saía do canto sueste do Rossio (como hoje); uma esquina era para o Rossio, a outra para a «PRAÇA DA PALHA»(1), seguia para nascente, tinha à direita o «BECO DA ESTALAGEM»(2), depois uma rua angulosa chamada «POCINHO DENTRE AS HORTAS»(3), à esquerda mais à frente um "BECO"(4), onde funcionava uma "roda dos enjeitados". Sobre a «RODA DOS ENJEITADOS» teremos ocasião de nos debruçar noutro capítulo.
A seguir à Roda continuava a Rua da Betesga o seu caminho tortuoso, espalmava-se num mesquinho terreiro poligonal chamado «LARGO DO MENDANHA»(5), e dava para a «RUA DO BORRATÉM»(6).
A mão do Marquês de Pombal rasgou nas hortas a Rua Oriental da Praça da Figueira, desde a Rua Nova da Palma (hoje Rua D. Duarte), até pouco mais ou menos à antiga roda dos enjeitados; e no sentido poente a levante rasgou a Rua do Amparo que tomou o nome de uma ermida, que o Hospital de Todos-os-Santos possuía sobre o Rossio.
A «RUA DO BORRATÉM», embora um pouco alargada e regularizada, ficou sensivelmente com a mesma directriz e forma que sempre teve.

(A) - Meter em Betesga; encurralar.
(1 a 6) - Podemos acompanhar o percurso da Rua da Betesga (o ponteado é anterior a 1755) do Rossio ao Borratém.

(CONTINUA) - Próximo «O SÍTIO DO POÇO BORRATÉM-(2)»



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