quarta-feira, 18 de novembro de 2009

RUA DA BICA DE DUARTE BELO [ VIII ]

Rua da Bica de Duarte Belo - (2009) - Foto de APS (Elevador da Bica) ARQUIVO/APS
Rua da Bica de Duarte Belo - (2002) - Foto de Andres Lejona (O elevador da Bica na parte Norte da Rua) in AFML

Rua da Bica de Duarte Belo - (2008) - Foto de Mário Lopes (Início do elevador da Bica entrada pela Rua de S. Paulo) in TRANSPORTES EM MOVIMENTO


Rua da Bica de Duarte Belo - (1959) Foto de Fernando de Jesus Matias (Ascensor da Bica inaugurado em 1892) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA BICA DE DUARTE BELO [ VIII]
«A HISTÓRIA DO ELEVADOR DA BICA (2)»
Só em 1912, após a assinatura de um novo contrato com a Câmara Municipal de Lisboa autorizando a modificação, foi possível acordar com a «LISBON ELECTRIC TRAMWAYS, LIMITED» e a «COMPANHIA CARRIS» a exploração da «CENTRAL ELÉCTRICA DE SANTOS» e assim resolver o problema do fornecimento de energia eléctrica indispensável.
O processo adoptado era extensivo aos ascensores do «LAVRA», «BICA» e «GLÓRIA».
Em cada um funcionariam dois carros ligados por um cabo, de forma a contrabalançarem-se no seu peso.
A via compunha-se de dois carris exteriores em que assentavam os rodados dos carros e de outros dois, limitando uma fenda onde passava o cabo.
Cada carro era provido de um grampo que o ligava ao cabo e de um poderoso freio de garra que actuava apertando os carris centrais entre duas sapatas, uma pela parte inferior e outra pela superior. Para além desta existia ainda outro freio funcionando por pressão sobre os carris.
Pesavam cerca de 10 toneladas e eram accionados por meio de dois motores eléctricos, ligados em série, de forma que um carros só se podia pôr em movimento com a manobra conjunta dos guarda-freios de ambos, bastando contudo a manobra de um só para os imobilizar. Eram fechados, com dois bancos longitudinais e entrada pela plataforma de uma das extremidades.
Quando em 12 de Outubro de 1916, junto ao «LARGO DO CALHARIZ», se ultimavam os trabalhos e se procedia ao assentamento de um dos carros sobre os carris, o mau funcionamento dos travões precipitou-o, após uma descida descontrolada, de encontro à Estação da «RUA DE SÃO PAULO», onde se despedaçou.
Em consequência deste acidente o «ASCENSOR DA BICA» permaneceu inactivo durante vários anos até que, em 1923, a «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA» exigiu que voltasse a funcionar.
O sistema que então foi adoptado diferia do anterior por terem sido suprimidos os motores dos carros, os quais passariam a ser accionados por um motor instalado num subterrâneo da Estação do «LARGO DO CALHARIZ».
Os carros de um novo modelo, foram fornecidos pela firma «THEODORE BELL». Eram constituídos por um leito e rodado de aço em que assentavam as caixas, abertas, construídas em madeira e reforçadas a ferro.
Os bancos, eram transversais e divididos em três compartimentos, dispostos "em plateia", podendo transportar 16 passageiros sentados e 6 de pé na plataforma da retaguarda.
A 27 de Junho de 1927 o «ASCENSOR DA BICA» retomava o serviço. Já então passava a ser propriedade da «COMPANHIA CARRIS». Nos finais do ano anterior a «NOVA COMPANHIA DOS ASCENSORES MECÂNICOS DE LISBOA», após anos de negociações com a «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA» e a «CARRIS» dissolvera-se, tendo transferido para esta última não apenas a concessão de que era proprietária mas também todo o seu material fixo e circulante.
Acredita-se ter sido já na década de trinta que os carros sofreram algumas alterações assumindo então o seu aspecto actual.
Pela sua importância e significado, o «ASCENSOR DA BICA» como os seus congéneres do «LAVRA» e da «GLÓRIA», foram classificados de Monumento Nacional por Decreto 5/2002 de 19/02/2002.
(Publicado por CARRIS.pt)
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA BICA DE DUARTE BELO [IX] - A BICA DE TODOS OS TEMPOS»




4 comentários:

Marcia Faria disse...

No centro da cidade do Rio, no bairro de Santa Teresa,que fica em uma região mais alta chega-se lá de automóvel e também de ¨BONDE¨.

Idêntico ao de Lisboa,esse carro é o único existente aqui no Rio.

Em um trecho antes de chegar à Santa Teresa, ele passa sobre um aqueduto(1602)inspirado no Aqueduto das Águas Livres de Lisboa.


Um abraço!!!

APS disse...

Cara Marcia Faria

Parece-me que já sei a que carro se refere. Deve ser um carro eléctrico amarelo que passa sobre um aqueduto. Observamo-lo aqui em Portugal, nas telenovelas filmadas no Rio de Janeiro. Só não sabia que o aqueduto era de (1602).

Pelas datas que consegui comparar, o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa a determinação para a sua construção, deu-se por alvará de 12de Maio de 1731 no reinado de D. João V.
É o Aqueduto mais importante no vale de Alcântara, com a sua monumental arcaria de 35 arcos, sendo 21 arcos externos de volta perfeita e os 14 centrais em ogiva.
A sua construção compreende os anos de 1732-1748 uma determinada fase.
O Aqueduto das Águas Livres de Lisboa conseguiu resistir ao terramoto de 1755.

Um abraço
APS

Marcia Faria disse...

Segundo o que consta, cada novo governador acrescentava uma parte à obra sem entretanto terminá-la.

Em 1720 houve uma mudança no
projeto original feita pelo então governador Aires de Saldanha de Albuquerque Coutinho Matos e Noronha que se inspirou no aqueduto
que então começava a se erguer em Lisboa.

O término aconteceu em 1723
mas em 1744 ele foi reconstruido
e inaugurado em 1750.

O aqueduto, a partir de 1896 passou a ser utilizado como viaduto para os novos bondes de ferro da Companhia de Carris Urbanos, principal meio de acesso do centro aos altos do bairro de Santa Teresa, até os dias de hoje.

A estrutura, em pedra argamassada, apresentava originalmente 270 metros de comprimento por 17,6 metros de altura.

Em estilo românico, caiada, possui 42 arcos duplos e óculos na parte superior. Em sua construção foi empregada a mão-de-obra de escravos indígenas e africanos.


A coisa pública aqui no Brasil desde então, anda à passo de tartaruga, é dinheiro desviado
para o bolso dos políticos, são obras super faturados e o povo
que espere.
Um abraço!!!

APS disse...

Cara Márcia Faria

Gostei muito da sua dissertação histórica em relação ao viaduto.

Nós por cá, também levámos muitos anos para finalizar a nossa obra.

Assim, a Obra das Águas Livres, enquanto tal, arrastar-se-ia até 1799, isto para percorrer em troços subterrâneos e sobre arcos.

Este aqueduto atinge um comprimento linear de cerca de 48 Km, a que se devem juntar cerca de 12 Km de rede urbana de distribuição.

Ao todo são 60Km e 109 arcos, 137 clarabóias, enfim talvez a maior obra do género de sempre.

Um abraço
APS