quarta-feira, 24 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ XII ]

Rua de Xabregas - (2005) - Foto de APS (Antiga Fábrica da Samaritana, depois Sociedade Têxtil do Sul, Lda. no Beco dos Toucinheiros) ARQUIVO/APS
Rua de Xabregas - (2004) - Fotógrafo não identificado (Entrada do Beco dos Toucinheiros da Fábrica de Fiação de Xabregas (vulgo) FÁBRICA DA SAMARITANA) in UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

Rua de Xabregas - (1989) Foto de APS ( A Sociedade Têxtil do Sul, antiga fábrica da Samaritana na sua agonia) ARQUIVO/APS
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ XII ]
«FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (vulgo) FÁBRICA DA SAMARITANA (2)»
Do ponto de vista empresarial a «FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS» foi pertença de duas entidades, a Companhia acima referida (entre 1854 e 1936) e a «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LIMITADA» de (1934-1951). Durante o período da sua vida, esta Companhia teve diferentes direcções fabris, que marcaram a sua evolução técnica, industrial e social.
Uma mudança qualitativa correspondeu a seguir ao incêndio de 3 de Agosto de 1877, que criou as condições de completa renovação, apetrechando-se com a tecelagem mecânica e nova potência de vapor. Deve datar desta altura a nova casa das máquinas e a nova chaminé da Fábrica que, com a primeira, marca ainda a paisagem daquele local.
Outro pavoroso incêndio, datado de 1948 (a que assistimos), consumiu grande parte do edifício, quando já pertencia à «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LDA.». Actualmente persistem vestígios desse acidente, nas fachadas, coberturas e janelas, que não foram objecto de qualquer recuperação.
O ponto alto desta têxtil, atendendo à informação nos Inquéritos Industriais de 1881 e 1890, ocorreu no final do século. Nessa altura, laboravam 531 operários, funcionavam 213 teares, dispondo de uma potência de 120 C/V distribuída pelas duas máquinas. Data deste período a construção de um bairro social para os seus trabalhadores a «VILA FLAMIANO» (inaugurada em Outubro de 1888).
Esta fábrica dispôs de um internato para aprendizes no seu interior, sistema utilizado para suprir a falta de qualificação de mão-de-obra, aspecto laboral criticado pela opinião pública contrária à utilização de crianças como operários (2/3 do total dos trabalhadores).
A cada criança do internato abriu-se uma conta corrente referente ao respectivo salário, sendo-lhe entregue quando acabasse o aprendizado, facto que também levantou alguma celeuma na capital.
Criticava-se ainda o excessivo tempo de trabalho. Todos estes factos e outros que envolveram os pais dos menores e as diversas movimentações grevistas ligadas aos seus trabalhadores, foram matéria aproveitada pelo romancista «ABEL BOTELHO», cujos cenários fabris parecem coincidir com a «FABRICA DO BLACK», por um lado e com a «FABRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL» situada nas proximidades do antigo «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO».

Foi integrada na «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LDA.», entre 1932 e 1934, mantendo a fiação e a tecelagem juntas, funcionando até à data do último incêndio de 1948. Fornecia então, como outras fábricas daquela sociedade, os «GRANDES ARMAZÉNS DO CHIADO».
O seu espaço foi depois aproveitado para pequenos negócios e firmas. Apesar da degradação destas instalações o monumento industrial teima em continuar, chamando a este sítio «O CEMITÉRIO DAS FÁBRICAS».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DE XABREGAS [ XIII ] - A FONTE SAMARITANA».


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