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«CHAFARIZ DE EL-REI ( 1 )»
O «CHAFARIZ DE EL-REI» é o avô de todos os Chafarizes de LISBOA. Podemos mesmo considerá-lo o mais antigo chafariz público de toda a cidade de LISBOA. O seu aspecto actual está muito diferente de como se apresentava em séculos passados.
Segundo «JÚLIO DE CASTILHO», «EL-REI» referia-se a «D. DINIS» que, no entanto não foi o responsável pela sua construção, visto já existir no tempo de «D.AFONSO II» (1211-1223), um designado por "achafariz Sancti johanis" (da Praça) ( 1 ), mas no lado interior da «CERCA MOURA». Para comodidade da população é que seria transferido para o exterior da muralha.
Os Árabes não tinham chafarizes, porque gastavam água das cisternas que para isso abriam com abundância. Não sabemos se os Romanos tivessem chafarizes públicos. Se os houve na LISBOA ROMANA, algum terramoto os destruiu radicalmente.
No século XVI, em vista do desenvolvimento náutico, tornou-se altamente embaraçosa a questão da "Aguada" para os navios de alto e pequeno bordo. O "CHAFARIZ DE EL-REI" já a esse tempo, porém, não nos diz quem o fundou, nem em que ano. Em matéria de apontamentos existem duas cartas régias de «D. AFONSO V», proveniente do ano 1487. A primeira manda proceder ao encanamento das águas do chafariz até à muralha do mar, a fim de se poderem abastecer os bateis da Ribeira. Os trabalhos de canalização já tinham sido orçados em 12 mil réis. Na segunda carta participava El-Rei ao corregedor de LISBOA que estavam dadas ordens ao patrão da nau, para se entender com os mestres das embarcações surtas no Tejo, a fim de cada um dar um dia de trabalho nas referidas obras, prestando-se com o seu batel a acarretar pedra e cal. Na mesma ficava o corregedor autorizado a empregar meios coercivos, caso os mestres desobedecessem. Tinha isto o propósito de remediar, as dificuldades com que estavam os navegadores em fazer aguada.
Em 1494 «D. MANUEL I» mandava suspender todas as obras cujo fim era elevar a água deste chafariz. Ao tempo era ele descoberto, e assim se mantinha ainda em 1517, no que era a água muito prejudicada. Limos, poeiras, e várias imundices que a rapaziada lá deitava, tornando o líquido não só asqueroso como também nocivo à saúde dos consumidores.
( 1 ) - Memórias para a história das Inquisições, etc. 1815, Doc., 2, pag. 14.
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