quarta-feira, 29 de junho de 2011

RUA DO CAIS DE SANTARÉM [ XIII ]

Rua do Cais de Santarém- (2010) Foto de Dias dos Reis (O "Palacete do Chafariz de El-Rei" virado para a "Rua do Cais de Santarém") in DIAS DOS REIS

Rua do Cais de Santarém - (2009) Foto de APS (Uma perspectiva do "CHAFARIZ DE EL-REI" na "Rua do Cais de Santarém") in ARQUIVO/APS


Rua do Cais de Santarém - (2009) Foto de APS (Caravela do escudo de armas da cidade de Lisboa, colocadas nos laterais do "CHAFARIZ DE EL-REI) in ARQUIVO/APS

Rua do Cais de Santarém - (1986) Foto de autor não identificado (Corpo central do "CHAFARIZ DE EL-REI" ostentando as armas do reino sem a coroa) in LISBOA REVISTA MUNICIPAL

Rua do Cais de Santarém - (1907) Foto de Joshua Benoliel ( Já em tempo mais pacifico, inicio do século XX, no "CHAFARIZ DE EL-REI" crianças aguardando a sua vez para encher as suas bilhas) in ILLUSTRAÇÃO PORTUGUESA de 25.03.1907

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO CAIS DE SANTARÉM [ XIII ]
«CHAFARIZ DE EL-REI ( 4 )»

As antigas notícias do «CHAFARIZ DE EL-REI» dizem-nos que ele tinha seis bicas de pedra, com bocais de bronze, e à sua frente ficava um pequeno atrío, com 17,6m de comprimento por 8,8m de largura, e cerca de 1,32m inferiormente ao terreno circunjacente, para o qual se descia por duas escadas laterais com 6,16m de largura(1).

Existiram por várias vezes obras no Chafariz, tanto no seu interior como na fachada; existiu em 1699; em 1726 ainda conservava as SEIS BICAS ( 2 ); no 2º quartel do século XVIII houve novas obras, que se concluíram em 1747, tendo-se aumentado para nove o número de bicas (3), e talvez feito o apainelamento da frontaria do corpo inferior, como se conservou pelo menos até 1821 ( 4 ). Foram realizadas outras obras de intervenção nos anos de 1774/75; em 1836 trabalhava-se no apainelamento superior do frontespício, que se continuava em 1859 ( 5 ), tendo-se assentado nesse anos os paineis e vergas, algumas pilastras e uma parte da cimalha ( 6 ), e em 1861 concluía-se o dito apainelamento superior, a platibanda, a colocação dos dez vasos com piteiras de folha de "Flandres" e as oito pirâmides, que ainda lá se encontram ( 7 ).

O frontispício apresenta a fachada em dois planos ou corpos; um inferior, onde estão as bicas, e outro superior, mais recuado, sobre o qual corre um estreito terraço. Toda a obra é de cantaria, em painéis; o do meio do corpo inferior ostenta as «ARMAS DO REINO», sem a coroa (retirada depois do movimento revolucionário de 1910); e dois laterais mostram a «CARAVELA DO ESCUDO DE ARMAS DA CIDADE DE LISBOA». O pátio ou átrio de acesso às bicas, já reduzido a uns 4 metros de largura, foi estreitado para 2 metros (até ao murete do tanque das bicas); o seu comprimento, na cortina quadrada, é igual a 27,6(metros); o número de bicas está actualmente (1939) reduzido a três, com torneiras, alimentadas com água do «ALVIELA».

No local onde existe o depósito de água era uma parte a descoberto e outra abobadado. Tem por cima uma casa apalaçada de que já falámos, com entrada pela «TRAVESSA DE S. JOÃO DA PRAÇA»; no seu cunhal noroeste vê-se uma pedra com a «CARAVELA DO BRASÃO DE LISBOA», idêntica à que está sobre a porta de entrada no recinto; na parte restante da abóbada é mais elevada, e sobre ela existe um prédio, com entrada na «TRAVESSA DO CHAFARIZ DE EL-REI», e que se prolonga por cima da primeira casa. Na parede do recinto da área de água, fronteira à entrada, vê-se gravada a seguinte inscrição: A CONCERVA FOI LIMPA EM 1856 - E EM JANEIRO DE 1875.

Já no século XX o transporte de água para as necessidades domésticas era (naquela época) um dos trabalhos braçais mais ingratos e que ocupava maior número de pessoas. Os que podiam pagar, compravam a água para os gastos aos aguadeiros, geralmente "GALEGOS", que constantemente percorriam as RUAS DE LISBOA, barril às costas, ou se juntavam, formando grupos numerosos, à volta dos chafarizes, nomeadamente do «CHAFARIZ DE EL-REI», à espera de vez. Alternando com os «GALEGOS», na vez de encher o vasilhame, havia sempre muitas mulheres de várias idades, algumas quase crianças, com cântaros de barro, por vezes até dois, um à cabeça e outro debaixo do braço. Eram geralmente criadas das casas da burguesia ou mulheres do bairro, que transportavam a água para o gasto da família.

( 1 ) - In Memórias sobre o chafariz, Bicas, Fontes etc. por J.S. Veloso Andrade, 1851, pag.105.

( 2 ) - Aquilégio Medicinal, por Francisco da Fonseca Henriques, 1726, pag. 58

( 3 ) - Demonstração Histórica, etc., por Fr. A. da Conceição, 1750, pag. 186

( 4 ) - Segundo desenho dessa altura por "Luiz Gonzaga Pereira"

( 5 ) - Annais do Municipio de Lisboa, Nº 31, 1859, pag. 259

( 6 ) - Annais do Municipio de Lisboa, Nº 61, 1859, pag. 504

( 7 ) - Archivo Municipal de Lisboa, Nº 70, 1861, pag. 560

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DO CAIS DE SANTARÉM [ XIV ] - «COZINHA ECONÓMICA Nº 5».








2 comentários:

Anónimo disse...

Interessante. Sempre pensei que o chafariz de dentro fosse mais antigo. E ainda havia o chafariz de Apolo...

APS disse...

Caro amigo
O «CHAFARIZ DE DENTRO» é realmente muito antigo, também era chamado por «CHAFARIZ DOS CAVALOS». É citado por Damião de Góis em Carta Régia de 2 de Maio de 1494.

Existiu efectivamente o «CHAFARIZ DO APOLO», mas a sua construção iniciou-se em 1652, sendo destruído pelo Terramoto de 1755.

O «CHAFARIZ DE EL-REI» acredita-se que exista desde (1211-1223).

Obrigado pelo comentário
Um abraço
APS