


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XXI ]
«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 3 )»
Com o terramoto de 1755 o edifício sofreu aluimento, que obrigou as freiras a refugiar-se na cerca, enquanto eram realizadas as obras no Convento.
Com a extinção das «ORDENS RELIGIOSAS» pela Lei de 28.05.1834, passariam para o Estado todos os CONVENTOS e CASAS RELIGIOSAS. Este, porém, teve consequências bastante atenuadas. Assim, pouco sofreu, quer com as perturbações políticas, quer com as transformações urbanísticas, conservando-se quase na sua integridade primitiva.
A última freira (irmã Gertrudes Maria José) faleceu no CONVENTO em Abril de 1876. Após a sua morte foi enviado um oficio ao «MINISTÉRIO DA FAZENDA» o qual, segundo a lei vigente, era a entidade encarregada do sequestro dos bens móveis, dando notícia do falecimento da última religiosa. O Estado tomou conta do CONVENTO, mas contra esta medida surgem os protestos do «2ª MARQUÊS DE VALADA», «D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO», 5º neto da fundadora, que se julgava com direito à posse do edifício e bens do antigo CONVENTO, não conseguindo, no entanto, que a sua pretensão fosse aceite.
Com a total disponibilidade do edifício dos «CARDAIS» a «ASSOCIAÇÃO DE Nª. Srª. DA CONSOLACÃO DOS AFLITOS» fundada por «D. MARIA MIQUELINA PEREIRA E PINTO», cujo estatutos foram criados em 1847, dedicava-se a socorrer a chamada pobreza envergonhada, pede em 1876 ao rei «D. LUÍS» que o Convento lhe seja cedido para nele instalar um asilo de cegas, auxiliadas pelas irmãs Dominicanas. O Estado anuiu ao seu pedido, concedendo à mencionada obra o extinto «CONVENTO DOS CARDAIS».
Em 1893 é apresentada na «CÂMARA DOS PARES», pelo deputado «TOMÁS RIBEIRO», o projecto de lei de cedência definitiva do edifício, cerca, Igreja com paramentos e mais destinados ao culto, à «ASSOCIAÇÃO DE Nª.Srª.DA CONSOLAÇÃO DOS AFLITOS», sendo promulgada no «DIÁRIO DO GOVERNO» de 27.07.1893. Ainda hoje as «IRMÃS DOMINICANAS» continuam a admirável obra, mantendo o espírito da velha instituição. O «CONVENTO DOS CARDAIS» constitui assim, um dos raros exemplos em Portugal de um estabelecimento religioso do século XVII, por ter chegado quase intacto aos nossos dias e onde a vida religiosa não foi interrompida. [ FINAL]
(PRÓXIMA) - «RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ] - RUA GARRETT e RUA SERPA PINTO»
BIBLIOGRAFIA
- ARAÚJO, Norberto de - LEGENDAS DE LISBOA-2ª.Ed. 1994- VEGA - Lisboa
- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro V 2ª Ed. 1992-VEGA Lisboa.
- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3º Ed. - Volume III-Oficina Gráfica da CML - 1956 - Lisboa.
- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3ª Ed. Volume IV-Oficinas Gráficas da CML - 1962 Lisboa.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - Lisboa.
- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS -CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - Tomo II - 1972 - Imprensa Municipal de Lisboa - Lisboa
- JANEIRO, Maria João - LISBOA - HISTÓRIA E MEMÓRIA - 2006 - Livros Horizonte - Lisboa
- MARTINS, Rocha - LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - 1945 - Ed. Emp. Nac. de Publicidade - Lisboa.
INTERNET
- IGESPAR
- SIPA
3 comentários:
Adorei esta série sobre a Rua do Século, rua da minha infância! Aprendi muito. Muito obrigada e felicitações pelo excelente trabalho.
Cara Claudia Wermelinger
Agradecido pelas suas palavras.
Quanto à Igreja das Mercês, ainda bem que desapareceram as suas dúvidas... por vezes acontece.
De novo, este ano, vou escrever referente ao seu antigo sítio, só que desta vez é sobre a «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE».
Os melhores cumprimentos
APS
A escola primária da minha mãe ficava na esquina da Travessa André Valente com a R. do Século.
Mais uma vez peço desculpa pela precipitação do meu comentário inicial sobre a Igreja das Mercês.
CW
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