quarta-feira, 18 de abril de 2012

RUA VÍTOR CORDON [ VII ]

Rua Vítor Cordon - (2011) (Vista da "Rua Vítor Cordon" na sua extensão) in GOOGLE EARTH
Rua Vítor Cordon - (2007) (Panorama da antiga "Cidade de São Francisco" e "Rua Vítor Cordon") in GOOGLE EARTH
Rua Vítor Cordon - (1907-04) Foto de Joshua Benoliel ("Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, no antigo "Largo da Biblioteca Pública") in AFML
Rua Vítor Cordon - (ant. a Nov. de 1755) Desenho de Simão Gomes dos Reis (Fragmento da vista Panorâmica existente no "Museu de Arte Contemporânea) (À esquerda vê-se o "Palácio dos Duques de Bragança" à direita no cimo, o "Convento e Igreja de S. Francisco", um pouco mais para a esquerda o "Palácio dos Condes de Vila Franca", entreve-se a Torre sineira da primitiva "Igreja dos Mártires") in LISBOA ANTIGA de JÚLIO CASTILHO

(CONTINUAÇÃO) - RUA VÍTOR CORDON [ VII ]

«O CONVENTO DE S. FRANCISCO DE LISBOA ( 3 )»

No ano de 1474 era já o Convento considerado na cidade de Lisboa como «um guarda fé como uma atalaia», tendo sido escolhido nessa data a grande figura de «FREI JOÃO DA PÓVOA» para confessor e testamenteiro de «D. JOÃO II»; e faziam mesmo questão os comerciantes e mercadores da cidade de proverem os seus celeiros, porque eles eram uma providência sempre ao dispor dos pobres. A este respeito é oportuno recordar que, tendo sido os Franciscanos os criadores dos «MONTEPIOS» em ITÁLIA, se tornariam pelo Mundo fora como os pioneiros das mutualidades e outras obras de solidariedade social em favor dos menos favorecidos da sorte. Assim se explica que nos subterrâneos do «GOVERNO CIVIL» tivessem sido descobertos por volta dos anos 20, enormes espaços que poderiam ter sido, por um lado caneiros funerários, e por outro, celeiros de abastecimento para os necessitados que se abasteciam à porta do Convento. Aliás, também os comerciantes caprichavam em dar aos Franciscanos uma espécie de corretagem no volume dos seus negócios, ganhando o Convento uma certa comissão sobre eles. Era assim, uma providencial partilha em prol da solidariedade com vista aos pobres.
Sendo o Convento sobranceiro à «RIBEIRA DAS NAUS», seguiram muitos frades em missão de evangelização e assistência a bordo, ficando de alguns o nome e a fama de virtude e valor apostólico. É o caso, entre outros, de «FREI HENRIQUE DE COIMBRA», Teólogo notável que em 1500 seguiu na armada de «PEDRO ÁLVARES CABRAL» e que foi o primeiro a pisar terras do BRASIL, de cruz alçada, ali celebrando a primeira missa.
Do BRASIL seguiria para ORIENTE, acabando por ser nomeado BISPO DE CEUTA, em 1505, e encarregado pelo rei «D. MANUEL I» de diversas missões diplomáticas de certa delicadeza.
Em 1708 o Convento foi vítima de um incêndio, tendo custado a sua reedificação e restauro, sobretudo o de chamado "Capela da Piedade", enormes somas. Mas outro incêndio maior viria a destruir o seu majestoso templo em 1741. Chamou então «D. JOÃO V» a si a tarefa de apoiar a sua reedificação, empenhando-se nessa tarefa, a exemplo do rei, nobres fidalgos, comerciantes e populares, ficando a Igreja com três naves, e 12 colunas colunas magnificas, abóbadas pintadas por «BOCARELLI» e coro. Diz-se que num gesto de solidariedade para com o Convento, cerca de 20 mil irmãos entraram para a «CONFRARIA DOS TERCEIROS», e tornou-se de bom tom pertencer à «IRMANDADE DE S. FRANCISCO».
Mas em breve viria o terramoto de 1755, que arrasaria por completo a «CIDADE DE S.FRANCISCO», como era designado o majestoso e histórico complexo. Segundo as crónicas, do Convento apenas se salvou o "hospício da terra Santa", faleceram na catástrofe 12 religiosos, na destruição quase súbita do edifício. Derreteu-se toda a prata, salvando-se apenas um cálice e um turíbulo.
A monumental livraria de 9 mil volumes ficou totalmente reduzida a cinzas. Para se fazer uma ideia da monumentalidade do Convento e Igreja, basta tentar admirar as magnificas colunas jónicas da fachada da Igreja, transferidas para o «ROSSIO» e estão hoje à vista de toda a gente no «TEATRO NACIONAL DE D. MARIA II», suportando o frontão triangular. As outras colunas foram para "S. JULIÃO", Igreja desactivada que fica perto da CML, e pertence hoje ao "BANCO DE PORTUGAL".
As obras após terramoto foram muito lentas, primeiro de nova Igreja, sendo o projecto de «HONORATO JOSÉ CORREIA» (autor também do "Chafariz da Junqueira" e "Chafariz do Intendente"). Ainda não estavam totalmente concluídas quando foram extintas as Ordens Religiosas em Portugal (1834).
As instalações do Convento, bem como as extensas galerias, passaram então a servir como depósito geral do espólio livreiro vindo dos demais Conventos do país, ali ficando instalada a «BIBLIOTECA NACIONAL» a partir de 1836, até ser transferida em 1965 para as actuais instalações no «CAMPO GRANDE».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO) -«RUA VÍTOR CORDON [ VIII ] -CASA ONDE FALECEU O 1º CONDE DE MONSARAZ»


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