Rua do Açúcar - (2009) Foto de autor não identificado (Palácio dos "Condes de Figueiró" mais tarde dos "Marqueses de Abrantes". O acesso é efectuado através do pátio, cuja fachada constitui uma atraente nota arquitectónica seiscentista, na "Rua de Marvila") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Coroamento do Janelão gradado do pátio, datável possivelmente dos finais do século XVII, na entrada do "Palácio dos Marqueses de Abrantes" na "Rua de Marvila") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (2011) - (Foto de autor não identificado) ("Pátio do Colégio", acesso por portal com brasão picado ao antigo Palácio dos "Marqueses de Abrantes" na "Rua de Marvila") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XXVII ]
«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 4 )»
O edifício principal dos «MARQUESES DE ABRANTES» abre sobre o lado Sul de um pátio quadrangular, com portão de acesso para a "RUA DE MARVILA", a velha via estruturante de toda a zona.
O projecto inicial desenhou um edifício quadrado de dois pisos, um térreo e outro nobre, com torreão aos cantos - hoje prejudicados na sua leitura pelo acrescento de mais um andar - no respeito por um formulário muito em voga desde a segunda metade do século XVI, continuado ao longo do século XVII, com manifesta influência erudita dos tratados de arquitectura de matriz renascentista.
No piso térreo, sobre o pátio, abrem-se três arcos sobre uma ampla galeria de entrada, de onde nasce a escadaria para o piso nobre, bastante sóbria no lançamento dos seus dois lanços. A peça mais interessante deste conjunto, a sua verdadeira fachada, é o grande portão de entrada do pátio, em cantaria rusticada, cujo desenho deverá ter sido recomposto quando das grandes obras levadas a cabo no início do século XVIII, de quando por certo deverão datar as janelas que abrem do referido pátio para a via pública.
Temos informação de duas principais campanhas de obras realizadas nesta quinta. A primeira, levada a cabo na época de «D. HELENA DE NORONHA», na transição do século XVI para o seguinte, de certo com a influência de seu terceiro marido, "Manuel de Vasconcelos", "Morgado do ESPORÃO" e regedor da justiça, figura de grande relevo público e social nesse período. Estamos em crer - por mera intuição decorrente do gosto sóbrio expresso e o evidente carácter de pavilhão quadrangular, de dimensões mais de recreio que propriamente palacianas - que é da responsabilidade deste casal a estrutura base do edifício existente, bem como o portal original, aliás cópia de modelos então vulgares nos tratados de arquitectura.
A segunda campanha, posterior a 1705, iniciativa do "5º Conde de VILA NOVA DE PORTIMÃO", limitou-se a alargar as dependências iniciais de um pavilhão de recreio, demasiado apertado para as novas exigências da vida de corte, e, sobretudo, renovou o muro de entrada no pátio, através da abertura de duas janelas sobre a entrada com acentuados frontões triangulares, e procedeu à transformação do portão existente, conformando-o necessariamente ao novo arranjo do muro, introduzindo-lhe uma dinâmica formal barroca, originariamente ausente no desenho de recorte mais clássico.
Apesar de a leitura deste conjunto ser naturalmente falível, julga-se indispensável inseri-la numa visão de conjunto que nos permita começar a definir os modelos palacianos cortesão - quer sejam urbanos, quer de recreio - cuja lenta aclimatação entre nós se inicia sobretudo no último quartel do século XVI.
A ZONA ORIENTAL DE LISBOA guarda assim, alguns dos primeiros exemplares, todos de nítido sabor erudito, como será o caso deste de MARVILA, ou a casa de "MANUEL QUARESMA" a "SANTA APOLÓNIA", ou sobretudo o "PAÇO DE XABREGAS", iniciativa um pouco anterior do próprio rei. Além de ganhar neste período um novo eixo viário principal, com a consolidação definitiva da via ribeirinha, o novo caminho para oriente, também se adorna com um novo visual, imposto pelas novas construções, fossem religiosas ou civis. A zona ORIENTAL torna-se, assim, território privilegiado para a explanação de um gosto novo, professado pela gente de corte que, a pouco e pouco, ganha características de verdadeira aristocracia. [ FINAL ]
BIBLIOGRAFIA
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-LISBOA - Revista Municipal Nº13-3º Trimestre de 1985 - CML - LISBOA
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-MATOS, José Sarmento de - LISBOA, um passeio a Oriente-Ed. Parque EXPOR'98-1993-LISBOA.
-MATOS, José Sarmento de - e PAULO, Jorge Ferreira - Caminho do Oriente - Guia Histórico - Liv. Horizonte - 1999 - LISBOA.
-PELAS FREGUESIAS DE LISBOA - Lisboa Oriental - Pelouro da Educação-CML-1993.
-SILVA, Antº. Joaquim Ferreira da, -Acendalhas Phosphoricas, in Relatório da Exposição Industrial Portuguesa de 1891 no Palácio Crystal Portuense, Lisboa, in 1893.
-SOCIEDADE NACIONAL DE FÓSFOROS-Assistência ao pessoal, in Industria Portuguesa, Revista da Asso. Industrial Portuguesa, Número especial, Lisboa 1937.
INTERNET
- C.M.L.http://www.cm-lisboa.pt/en
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2 comentários:
Caro APS
Mais um trabalho notável de investigação, aliás a essência deste blog.
Os meus sinceros parabéns, e fico a aguardar o próximo.
Um abraço
José Leite
Caro José Leite
Mais uma vez obrigado pelas suas amáveis palavras a este blogue.
O próximo será a "RUA DA JUNQUEIRA" que também se desdobra por 26 publicações, onde englobam sete Palácios e Palacetes mais conhecidos, o "Hospital Egas Moniz", o "Instituto de Medicina Tropical". Dedico duas publicações à "Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha", mas não desenvolvo o seu actual proprietário a "Univ. Lusíada".
Falo também no antigo "Forte de S. João da Junqueira" próximo da Foz do "Rio Seco" e da "Cordoaria Nacional", finalizando com o C.C.L. "Centro de Congressos de Lisboa" e a antiga "FIL" na JUNQUEIRA.
Renovo os meus agradecimentos, despeço-me com amizade
Um abraço
APS
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