sábado, 3 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

«O PALACETE CASTILHO»
 Rua da Escola Politécnica - (2013) Foto de autor não identificado (Fachada do "PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO 
 Rua da Escola Politécnica - (2013) - (O "PALACETE CASTILHO" terceiro prédio na direita, na "Rua da Escola Politécnica")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares - ( "PALACETE CASTILHO"; existem notícias deste Palacete desde 1728, então propriedade de um tal "Pereira da Azambuja" Cavaleiro da "ORDEM DE CRISTO") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) - Foto de FOTOVOO - ("PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" é considerado uma das mais antigas casas nobres na "COTOVIA") in A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

«O PALACETE CASTILHO»

O "PALACETE CASTILHO" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA do número 38 a 48, será provavelmente um dos mais antigos edifícios e casa-nobre da RUA, onde estiveram instalados vários nobres, instituições de Ensino e Lojas de Marca.
Esta magnifica RUA, trata-se de um antigo troço que foi a "RUA DIREITA DO PATRIARCAL" dita "QUEIMADA", ainda no Atlas de FILIPE FOLQUE de 1858, como anos antes, era chamada de "RUA NOVA ou "DIREITA DA COTOVIA" e da "FÁBRICA DAS SEDAS".
Esta antiguidade do PALACETE é manifestada num pormenor da fachada que, se olhada com atenção, a distingue das restantes suas vizinhas. É muito acentuada a separação entre as janelas, demonstrando um apego à exaltação do muro base como elemento caracterizador de uma prática arquitectónica, tão manifestamente desenvolvida pelo gosto "chão" seiscentista. Gosto que se prolongou por vezes bem dentro do século XVIII, sobretudo acarinhado pelas camadas médias da fidalguia, quer urbana quer de província. 

Do possível construtor, não existe nenhum documento, embora o primeiro nome que chegou como morador nesta casa, viveu nesse tempo e integrava-se nesse característico grupo social intermédio. Chamou-se ele "JOÃO PEREIRA DA COSTA AZAMBUJA", Cavaleiro da ORDEM DE CRISTO, e é citado como aqui residente em 1728.
Em 1738, habitava-a, por aluguer, a família do CAPITÃO-MOR (de onde, não consta) "JOSÉ ANTÓNIO DE CASTILHO, cujos filhos esposaram uma menina LOUSÃ e um irmão dela, vizinhos como sabemos. Daí que os CONDES DA LOUSÃ acabarem por lá se instalar ou viver, e viessem a herdar a propriedade, em 1870, o VISCONDE DE ARNEIRO, titular desse ano, advogado, deputado, e apreciado compositor musical.

Actualmente, a fachada compõe-se de quatro pisos. O último, uma espécie de mansarda elevada, meio-escondido pela balaustrada, é recente o acrescento talvez de 1980.
Quanto aos restantes, os dois primeiros, rés-do-chão e andar nobre de sacadas, são os primitivos. O acrescento de um piso de janelas de peito, espécie de mezzanino, deverá ser mais tardio, possivelmente simultâneo do ressalto de duas pilastras em reboco, à altura da fachada, que suportam um frontão triangular, também ele em reboco e que traz um interessante ao neo-clássico, enganador quanto à sua datação imediata.
Estas alterações deverão ter sido iniciativa da família "CASTILHO", que aqui morou até meados do século XIX. Ocupou a casa desde 1753, aqui residindo sem interrupção vários membros da família e outros colaterais, como os irmãos do CONDE DA LOUSA, um deles casado com a dona da casa. Aqui morou, assim, D. LOURENÇO DE LENCANTRE, mais tarde BISPO DE ELVAS e personagem da sátira "Hissope", de CRUZ E SILVA.
Os próprios CONDES DA LOUSÃ também aqui viveram já no século XIX, como herdeiros de sua tia, pois os CASTILHOS tinham adquirido em 1810 a propriedade da casa, até então alugada. Aliás, a presença desta família foi mantida no local. pelo baptismo da rua fronteira que, por muito tempo, se chamou "RUA NOVA DO CASTILHO, hoje RUA DE SÃO MARÇAL. É a permanente ligação a esta família que nos leva assim identificar este edifício.

Posteriormente a casa teve muitos outros inquilinos, sendo mais tarde dividida em apartamentos autónomos, tornando-se um vulgar prédio de habitação. Só recentemente, com a instalação da "UNIVERSIDADE INTERNACIONAL", a velha Mansão da COTOVIA, voltou a encontrar a unidade com que a construíram e acrescentaram os seus diversos proprietários. 
Este PALACETE nos anos 40 do século passado era a "SECRETARIA GERAL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA". Em 1999 foi adaptada luxuosamente a lojas de objectos de decoração de marca internacional "EMPÓRIO ARMANI", e em outros espécies de enobrecimento comercial da artéria.  No número 42 desta RUA, vamos encontrar o "ENTRE TANTO", é um "indoor market" que ocupa uma parte do PALACETE CASTILHO. A apresentação é um labirinto de descobertas; começamos a subir uma escada muito estreita e de repente damos de "caras" com uma loja de livros, ou um salão de beleza.
Seguindo o "caminho" do "PALÁCIO RIBEIRO DA CUNHA" actual "EMBAIXADA", outros edifícios desta rua também receberam esse "banho" de lojas, capitaneado por um BANCO DE INVESTIMENTOS, alguns com a mesma proposta de uso, outros para virarem moradias de luxo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ] -A  ESCOLA POLITÉCNICA (1)»

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