sábado, 20 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ VII ]

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 2 )»
 Largo da Ajuda - (1876) - (Pintura do francês JOSEPH LAYRAUD-(1833-1913) - (A família Real portuguesa, pintada pela grande e talentoso francês ; DOM LUÍS, DONA MARIA PIA, o Infante Afonso e o Príncipe Carlos) in WIKIPÉDIA
 Largo da Ajuda - (2010) - Foto de autor não identificado - ( A SALA VERDE do Palácio Nacional da Ajuda)   in   WIKIPÉDIA
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida pela amiga GLÓRIA ISHIZAKA - (Palácio Nacional da Ajuda "SALA DO DESPACHO". Nesta sala o REI concedia audiências diárias)  in   CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2014) - ( O "LARGO DA AJUDA" com o seu "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA"   in   GOOGLE EARTH 
Largo da Ajuda - (2016) - (O "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" no seu lado Nascente virado para o "LARGO")   in     GOOGLE EARTH 

(CONTINUAÇÃO) - "LARGO DA AJUDA [ VII ]"

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 2 ) »

Era necessário esperar até ao reinado de DOM LUÍS I para o PALÁCIO DA AJUDA ganhar um novo folgo. Esta é uma das suas melhores épocas de esplendor.
Quando em 1861 o REI DOM PEDRO V sucumbe vítima de febre tifóide, o seu irmão, DOM LUÍS, sobe ao trono. Retomam-se então as obras estruturais no PALÁCIO DA AJUDA.  Mas é em 1862, com o casamento de DOM LUÍS com a princesa de SABOIA, DONA MARIA PIA, que o Palácio ganha finalmente a aura e o estatuto de residência Real.

A remodelação foi entregue ao Arquitecto JOAQUIM POSSIDÓNIO NARCISO DA SILVA (1862-1865) que, seguindo de perto as instruções precisas de "DONA MARIA PIA", tornou o PALÁCIO confortável e sofisticado, pronto para ser habitado pela família Real.
Conhecida pela seu espírito caridoso, DONA MARIA PIA não deixava de ser uma princesa do seu tempo. Sensível à beleza e que gostava de rodear-se de objectos especiais. 
POSSIDÓNIO DA SILVA converteu a fachada nascente na fachada principal, e introduziu importantes alterações na disposição e decoração das salas, compartimentos e ornamentando o espaço, sempre seguido o gosto italiano da elegante princesa de SABÓIA.
As reformas estenderam-se por todo o PALÁCIO; paredes revestidas, estucadas, forradas, soalhos em "parquet" ou alcatifado. Os interiores enchiam-se de peças de requintado mobiliário, encomendados pelos monarcas recém-casados (DONA MARIA PIA deu início à moda da compra por catálogo, na época pouco comum)  ou trazidas de ITÁLIA no enxoval da rainha consorte.
O gosto burguês pela intimidade e o conforto na esfera doméstica, no auge nesta segunda metade do século XIX, estendia-se também a outras esferas da sociedade e a residência real adaptou-se aos novos tempos. Introduziram-se novos espaços de carácter mais privado e destinado ao lazer, como a SALA DE ESTAR, a SALA AZUL e a SALA DE BILHAR, todas no piso térreo, onde também ficavam os aposentos da família REAL e as modernas casas de banho com águas quentes e fria.
O piso superior estava reservado ao lado mais público da vida do PALÁCIO; era aí que se desenrolavam os grandes banquetes e recepções oficiais, e também, as reuniões do CONCELHO DE ESTADO.
O PALÁCIO DA AJUDA foi sem dúvida, palco privilegiado onde se cruzaram a história, a vida pública e a vida familiar de DOM LUÍS e DONA MARIA PIA.  Foi na AJUDA que nasceram os filhos do casal. DOM CARLOS e DOM AFONSO, foi aí que passaram a sua infância e foi esta a  derradeira morada de DONA MARIA PIA em PORTUGAL. Após a morte do marido, DOM LUÍS, em 1889, a rainha-mãe permaneceria, até à sua partida para o exílio em 1911, no PALÁCIO que ajudara a construir, a seu gosto, e que por isso era a sua verdadeira casa. 
Enquanto DONA MARIA PIA aí viveu, foram feitas várias remodelações no PALÁCIO. Por exemplo para o casamento do príncipe DOM CARLOS, com DONA AMÉLIA, fizeram-se novos melhoramentos, entre eles a aquisição de novo mobiliário para a SALA DA CEIA e o revestimento da SALA DO TRONO. Este último melhoramento esteve envolto num episódio bastante caricato. A dada altura era necessário substituir a seda que revestia as paredes da SALA DO TRONO, pois já não se entrava em condições de receber altos dignitários que tantas vezes visitaram o PALÁCIO, mas a situação económica da família REAL não era das melhores. A MARQUESA DE RIO MAIOR num momento de perspicácia lembrou-se que, dada a escassez financeira, o melhor seria virar a seda do avesso, o que permitiu forrar a sala. 
Durante o reinado de DOM CARLOS, que até ser REI vivia em BELÉM, a família REAL muda-se para as NECESSIDADES, e o PALÁCIO DA AJUDA mantém-se activo apenas para cerimónias oficiais. É nos salões Nobres do PALÁCIO DA AJUDA que DOM CARLOS recebe os monarcas do seu tempo, como EDUARDO VII de INGLATERRA ou GUILHERME II da ALEMANHA. 

A 5 de Dezembro de 1903, o REI AFONSO XIII de ESPANHA visita PORTUGAL e é no PALÁCIO que se realiza um jantar de gala em  honra do monarca.
Ainda hoje o PALÁCIO DA AJUDA continua a ser palco de recepções oficiais a grandes figuras de ESTADO que visitam o nosso país. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ VIII ] O PALÁCIO DA AJUDA ( 3 )».

2 comentários:

Mosaicos em Português disse...

Por falar na Senhora Dona Maria Pia, gostaria de sugerir um texto sobre a Rua Maria Pia, cuja "alguma história" recente poderá não ser propriamente edificante, mas, mesmo assim, me parece merecedora de alguma referência.
https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/11/lisboa-rua-maria-pia.html
Votos de um bom fim-de-semana!

APS disse...

Caro Amigo

Realmente nunca escrevi a "RUA D. MARIA PIA". Não tenho nada contra a RAINHA D. MARIA I, pelo contrário (foi o reinado que me saiu na passagem da 4ª Classe e que bem me saiu). Sabemos que era filha de D. JOSÉ I e o seu casamento foi com D. PEDRO III. Senhora de porte régio, bastante inteligente, conciliava com o cognome de PIADOSA pela sua bondade. O seu nome ao aproximar-se da Colina do CASAL VENTOSO (não confundir com CASAL VISTOSO), era um sítio de bastante má reputação nos finais do século XX.
A ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO em meados do século de Oitocentos, lançou-se a discussão do seu projeto. Iniciada a sua construção no ano de 1846, ano de crise Financeira em Portugal, só viria a ser concluída em 1857.
A Estrada da Circunvalação recuperou alguns troços da Estrada Fiscal anterior. Foi macadamizada em toda a sua extensão e acompanhada de um muro de vedação, do lado de dentro. Em algumas portas, construíram-se postos de DESPACHO, chamados de «BARREIRAS». A nova Estrada começava efectivamente na Ponte de Alcântara (ao fim da actual Rua Prior Crato), subindo a "RUA DONA MARIA PIA" (... ) passando pela RUA MORAIS SOARES, até ao ALTO DE S. JOÃO, daqui descia pela AVENIDA D. AFONSO TERCEIRO até ao extremo da "RUA DA CRUZ DA PEDRA" (Próximo a XABREGAS).
A RUA DONA MARIA PIA pertenceu às freguesias dos PRAZERES e SANTO CONDESTÁVEL, hoje pertence à freguesia da ESTRELA.

Bom fim de semana
APS