quarta-feira, 29 de março de 2017

RUA DA PALMA [ XIX ]

«O TEATRO APOLO ( 5 )»
 Rua da Palma - (1956) Foto de Judah Benoliel - (Á esquerda o "TEATRO APOLO" nessa altura apresentava em duas sessões  a comédia "ENQUANTO HOUVER SANTO ANTÓNIO" com IRENE ISIDRO e ANTÓNIO SILVA . Na parte direita o espaço da demolição da IGREJA DO SOCORRO) (Se abrir ao máximo a imagem, poderá ver a esquina Sul da Rua Fernandes Fonseca, que fazia esquina no edifício do "TEATRO APOLO") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML 
 Rua da Palma - (1927) Foto de Eduardo Portugal - (Panorâmica tirada da varanda do "TEATRO APOLO" sobre a "RUA DA PALMA" para Norte, no cruzamento para a esquerda é a RUA DE SÃO LÁZARO" e podemos observar a sombra da Igreja do Socorro nessa altura)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   AML 
 Rua da Palma - (Década de 40 do século XX)  -  (Publicação num jornal de LISBOA  anunciando a Opereta popular "O COLETE ENCARNADO" em representação no "TEATRO APOLO")  in  RESTOS DE COLECÇÃO
Rua da Palma - ( 1912)  -  (A "PRETA FERNANDA" vestida de "CAVALEIRO-TOUREIRO" que o pintor "ALBERTO DE SOUSA" imortalizou numa aguarela, representava em quase todos os teatros de LISBOA , tendo também pisado o palco do antigo "TEATRO DO PRÍNCIPE REAL")  in  "ALFACINHAS" os lisboetas do Passado e do Presente.


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA PALMA [ XIX ]

«O TEATRO APOLO ( 5 )»

 Em 23 de Fevereiro de 1911 estreava no "TEATRO APOLO" a primeira revista verdadeiramente republicana ( pelo espírito revolucionário) com o título de «AGULHA EM PALHEIRO», em 3 actos e 14 quadros de ERNESTO RODRIGUES, FÉLIX BERMUDES e "MARÇAL VAZ" pseudónimo de LINO FERNANDES. Com musica de FILIPE DUARTE e CARLOS CALDERON. Entre os colaboradores plásticos figuravam grandes nomes da pintura portuguesa de então; JOSÉ MALHÕA, ALBERTO DE SOUSA, ROQUE GAMEIRO, FRANCISCO VALENÇA e EMÉRICO NUNES. Com um elenco prestigioso de CARLOS LEAL como o "compère" "ZÉ QUITOLAS", NASCIMENTO FERNANDES em mais um dos seus inconfundíveis polícias, aqui o "1 2 3 ", convertido ao novo regime mas saudoso das "chanfalhadas" ( 1 )  de outrora.
"LUCINDA DO CARMO",  "AMÉLIA PEREIRA", "DELFINA VICTOR", "ISAURA FERREIRA", "JOÃO SILVA" e (um nome ilustre da cena declamada) "ANTÓNIO PINHEIRO", bem como dois jovens actores, um deles também cantor, que não tardariam a notabilizar-se, "ALFREDO RUAS" e "SALES RIBEIRO". «Êxito estrondoso, completo! uma época inteira em cena».

Na revista de 1936 em «HÁ FESTA NA MOURARIA», de LINO FERRREIRA, L. RODRIGUES, FERNANDO SANTOS e C. MOURÃO, com musica de RAUL FERRÃO, RAUL PORTELA e A. LOPES. Dominava a representação a "BEATRIZ COSTA" (14.12.1907 - 14.04.1996) era o símbolo vivo, a própria encarnação do espírito da REVISTA PORTUGUESA dos anos 30. A galeria de personagens que animou com a sua transbordante vivacidade, o seu poder de observação e a sua pitoresca fantasia, é de facto impressionante. Nenhuma actriz, em tão curto período, e talvez mesmo em toda a história do nosso teatro de revista,  atingiu a popularidade que ela desfrutou e que o cinema (sobretudo graças à "CANÇÃO DE LISBOA" e à "ALDEIA DA ROUPA BRANCA") reforçou. À sua volta fez-se sem esforço a unanimidade do público e da crítica, ainda a mais exigente. Escrevendo acerca da sua participação numa remodelação da revista.
"HÁ FESTA NA MOURARIA" de (1936), disse por exemplo "EDUARDO SCARLATTI: " A grande atracção na revista do TEATRO APOLO continua a ser "BEATRIZ COSTA" - a garota endiabrada e comunicativa, brinquedo familiar, de meia LISBOA, saltitante, de rosto expressivo com traços de boneca da BÉNARD e corpo miúdo (...). Anda numa roda-viva gárrula, falaciosa.  No seu trabalho tudo é exteriorização, bufonaria irradiante. Mas a sua presença domina tudo e todos".

Em LISBOA (Cidade e Capital de PORTUGAL) não existe o topónimo de "RUA BEATRIZ COSTA". Só no DISTRITO DE LISBOA o podemos encontrar, nos CONCELHOS de: ALMADA, CASCAIS, LOURES, ODIVELAS etc.. É de estranhar pelo tempo que decorre entre a sua morte (1996), vinte e um anos aproximadamente, não se encontre uma entidade (singular ou colectiva) que proponha o seu nome, para figurar numa "RUA DE LISBOA".

São inúmeros os episódios ligados à história do velho "TEATRO APOLO". A «PRETA FERNANDA» (como lhe chamavam na época) personificada pelo pintor "ALBERTO DE SOUSA" numa aguarela bem divertida, publicada no seu livro (póstumo). A «PRETA FERNANDA» morava do BAIRRO ALTO, representava em quase todos os espectáculos teatrais da época e, muito em especial no antigo "TEATRO DO PRÍNCIPE REAL". Excêntrica por natureza, usava muitos chapéus comprados nas melhores lojas do CHIADO, embora a sua maior façanha que tanto alarido provocou, foi em dado momento se ter vestido de "CAVALEIRO-TOUREIRO", com a indumentária própria  de "tricórnio", casaca, meia branca, calça de malha, bota com salto de prateleira e esporas. Dizem, ter mesmo actuado por divertimento, na PRAÇA DE TOUROS DE ALGÉS.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA PALMA [ XX ] O TEATRO APOLO ( 6 )»

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