sábado, 29 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XVII ]

Rua do Século - (2005) -Fotografia de autor não identificado (Lugar do antigo "CONVENTO DOS CAETANOS" fachada actual do "Conservatório Nacional de Lisboa" na "Rua dos Caetanos") in O DIVINO


Rua do Século - (1959) - Foto de F.M. de Jesus Matias ( ("Conservatório Nacional" na "Rua dos Caetanos, antigo "Convento dos Caetanos") in AFML



Rua do Século - (1959) -Foto de F.M. de Jesus Matias (Antigo "Convento dos Caetanos" actual "Conservatório Nacional de Lisboa") in AFML

Rua do Século - (1918) Foto de Jushua Benoliel (Sítio do antigo "Convento dos Caetanos", obras de renovação do novo "Consevatório Nacional de Lisboa") in AFML

Rua do Século - (Início do século XX) Foto de Jushua Benoliel (O antigo edifício do Convento dos Caetanos, na "Rua dos Caetanos") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - (RUA DO SÉCULO [ XVII ]

«CONVENTO DOS CAETANOS»

Próximo da «RUA DO SÉCULO», precisamente na «RUA DOS CAETANOS» no número 29, vamos encontrar o antigo «CONVENTO DOS CAETANOS DE LISBOA» ou «CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA DIVINA PROVIDÊNCIA». É datado do ano de 1653, tendo sido reedificado no século XVIII depois do Terramoto de 1755.

O glorioso «SÃO CAETANO», cuja confiança na «DIVINA PROVIDÊNCIA» foi tão grande, que o levou a fundar um convento, pois sabe-se que a sua religião era muito louvável em «ITÁLIA». Tendo chegado a «LISBOA» em 1640 «D. ANTÓNIO ARDISONE SPINOLA» clérigo de «SÃO CAETANO DE THIENE» e embarcado em missão para «GOA», onde fundou uma «CASA» com o nome de «NOSSA SENHORA DA DIVINA PROVIDÊNCIA», para rezarem os religiosos que viessem em missão e descansar de prolongadas viagens.

Em 1648 volta a LISBOA e pretende fundar outra «CASA», na qual os religiosos que viessem da «ITÁLIA» com destino à «ÍNDIA», se pudessem recolher, esperando o tempo do seu embarque. O padre «D. ANTÓNIO SPINOLA» foi apresentar a sua ideia a El Rei «D. JOÃO IV». O rei que pretendia favorecer as «MISSÕES DA ÍNDIA», aceitou de bom grado o pedido do padre, concedendo-lhe licença para fundar um hospício. O lugar indicado pelo Rei seria junto dos religiosos da «SANTÍSSIMA TRINDADE».

Entretanto, «D. MARIANA DE NORONHA E CASTRO» ofereceu-lhe em doação um terreno de maiores dimensões que o padre «D. ANTÓNIO SPINOLA» aproveitou, depois de agradecer a oferta do Rei. E assim pôde construir o convento que até hoje perdura o nome, na «RUA DOS CAETANOS».

Composta a IGREJA do melhor modo que o tempo lhe permitiu, foi colocado nela o venerável sacramento em vinte de Setembro do ano de 1653 (dia do Arcanjo S. Miguel). Em memória do dia em que a «CASA» começou o culto, celebrava-se todos os anos a solenidade de "CORPUS". A fundação do «CONVENTO DE Nª. SENHORA DA DIVINA PROVIDÊNCIA» começou com padres italianos, tendo-se mais tarde generalizado a noviços portugueses.

Uma portaria de 12.01.1837 estabelece que as três "ESCOLAS DO CONSERVATÓRIO GERAL DE ARTE DRAMÁTICA" se instale neste convento desocupado desde 1834, devido à extinção das «ORDENS RELIGIOSAS». Igualmente uma portaria determina a remoção do «CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DA CASA PIA» para estas instalações. Em 1840 é atribuída a designação de «CONSERVATÓRIO REAL DE LISBOA»(CRL).

Após a implantação da «REPÚBLICA» passa a designar-se por «CONSERVATÓRIO NACIONAL DE LISBOA»(CNL). No ano de 2005 mantendo-se no mesmo edifício do antigo «CONVENTO DOS CAETANOS» e apesar de atravessarem um período de relativa estabilidade, lutavam ainda por um estatuto adequado às suas capacidades e por melhores condições logísticas.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XVIII ] - IGREJA DAS MERCÊS»












quarta-feira, 26 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XVI ]

Rua do Século - (s/d) - Fotografia de autor não identificado (Entrada do jornal "O SÉCULO" no antigo "Palácio dos Carvalhos" na "RUA DO SÉCULO") in AFML

Rua do Século - (09.04.1960) - (Capa da revista "O SÉCULO ILUSTRADO" número 1162, propriedade do jornal "O SÉCULO" in REVISTA ANTIGA PORTUGUESA

Rua do Século - (1913) - Foto de Joshua Benoliel (Ilustração Portuguesa Nº 385 - 2º Semestre de 1913 - "A falta de água em Lisboa" à vez no chafariz da "Rua do Século", num dia de calor em Lisboa que fazia 36º à sombra) in REVISTA ANTIGA PORTUGUESA
Rua do Século - (1911) - Foto de Joshua Banoliel (Grupo de ardinas, durante a greve na Rua Formosa, junto da redacção do jornal "O SÉCULO") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XVI ]
«O JORNAL "O SÉCULO" ( 4 )»

Na sequência daquela atitude, a 14 de Fevereiro de 1975, o «CONSELHO DE MINISTROS» nomeou uma nova Administração para a «SOCIEDADE NACIONAL DE TIPOGRAFIA», alterando ainda, profundamente, a linha editorial do jornal. A intervenção do ESTADO, auspiciando, desde logo, o fim da empresa privada, teve como consequências: a perda da independência do periódico; as lutas internas politico partidárias; a situação de agravamento económico da empresa, com um acentuado decréscimo de vendas do jornal e restantes publicações; um aumento indirecto das dívidas ao ESTADO.
Do ESTADO, surgiu o projecto de lei da imprensa estatizada, baptizada com o nome de «ALMEIDA SANTOS», então Ministro da Comunicação Social, e, em Julho de 1976, o Decreto da nacionalização das posições privadas das empresas. Por força daquele diploma, foi criada a «EMPRESA PÚBLICA DOS JORNAIS O SÉCULO E POPULAR», constituída em resultado da fusão das sociedades dos dois jornais: «SOCIEDADE NACIONAL DE TIPOGRAFIA» e «SOCIEDADE NACIONAL DE IMPRENSA». Contudo, em virtude do estado de falência técnica e dos problemas herdados de gestores anteriores, aquela empresa cedo foi considerada em situação insustentável e irrecuperável, vindo a ser extinta, em finais de 1979.
Após a extinção da «EMPRESA PÚBLICA DOS JORNAIS O SÉCULO E POPULAR» pelo Decreto-Lei Nº 162/79 de 29 de Dezembro, a «COMISSÃO LIQUIDATÁRIA» ficou obrigada, por via da alínea f) do Nº2 do art.4º do citado Decreto, a preservar a integridade do seu património arquivista até definição de destino ulterior. Em virtude da situação de impasse provocada pela liquidação da empresa, esse destino só mais tarde veio a ser determinado pela "RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS" em 9 de Dezembro de 1981, através da reserva pelo ESTADO da titularidade de alguns bens, entre os quais os arquivos; documental, fotográfico e a biblioteca. A aplicação desta medida, contudo, só foi concretizada mais tarde, em 17 de Maio de 1986. O ESTADO, como a DIRECÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO, herdeira do imóvel, sede da empresa; a DIRECÇÃO GERAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL, a quem foi entregue o arquivo fotográfico; o ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO, adquirente do restante património arquivista e biblioteca.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XVII ] - CONVENTO DOS CAETANOS»







sexta-feira, 21 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XV ]

Rua do Século - (2010) - ( A antiga porta do jornal "O SÉCULO" e suas montras onde se expunham "as notícias do dia" in GOOGLE EARTH

Rua do Século - (1961) Foto de Artur Goulart - (A FEIRA POPULAR organizada pelo jornal "O SÉCULO", nos terrenos do antigo MERCADO GERAL DO GADO em Entrecampos) in AFML Rua do Século - (1961) Foto de Artur Goulart (Entrada da Feira Popular, organizada pelo jornal "O SÉCULO", nos terrenos do antigo Mercado Geral do Gado-1888-1961). in AFML


Rua do Século - (1944) (Capa da revista "SECULO ILUSTRADO" número 346, propriedade do jornal "O SÉCULO", a cantora Cidália Meireles) in REVISTA ANTIGA PORTUGUESA

Rua do Século - (1911) Foto de Joshua Benoliel (Grupo de ardinas, durante a greve na "Rua Formosa", junto da Redacção do jornal "O SÉCULO", no antigo "Palácio dos Viscondes de Lançada") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XV ]

«O JORNAL "O SÉCULO" ( 3 )»

Todavia, face a resultados pouco satisfatórios, a organização da «FEIRA POPULAR» acabou por ser retomada em 1960, no espaço do antigo «MERCADO GERAL DO GADO», em «ENTRECAMPOS», único espaço que a Câmara Municipal de Lisboa se dispôs a licenciar e, ao longo de anos, a prorrogar a autorização, até Outubro de 2003. Sem ser o local ideal, foi, no entanto, o recurso que permitiu à Empresa fazer face aos encargos de carácter Social e aos défices da publicidade do jornal, cada vez mais agravados pela concorrência da RÁDIO e da TELEVISÃO.

Não obstante as dificuldades, durante a década de cinquenta, «O SÉCULO» conseguiu manter o seu prestígio e popularidade. Através da diversificação de suplementos - (DESPORTIVO - ARTES E LETRAS - VIDA FEMININA - AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ - PORTUGAL DE LÉS A LÉS), o jornal visou todo o tipo de público, reforçando ainda o seu papel de escola de jornalistas.

Após a morte de «JOÃO PEREIRA DA ROSA», em 1962, sucedeu-lhe seu filho «GUILHERME PEREIRA DA ROSA», já então director adjunto desde 1950. A situação financeira herdada era difícil, agravada com um contexto político e económico desfavorável. Contudo, no início dos anos 70, as estratégias adoptadas revelaram-se insuficientes para compensar a crescente subida da inflação e das despesas. Em Setembro de 1972 «GUILHERME PEREIRA DA ROSA», aceitou uma proposta do grupo económico de «JORGE DE BRITO(1928-2006)», detentor do «BANCO INTERCONTINENTAL PORTUGUÊS», acedendo a vender a sua posição na «SOCIEDADE NACIONAL DE TIPOGRAFIA».

«MANUEL FIGUEIRAS» ligado ao jornal desde 1964, seria o primeiro dos últimos directores à frente de «O SÉCULO» na sua fase terminal. Após a mudança de regime, em 25 de Abril de 1974, assegurou a direcção ainda durante alguns meses. No início de 1975, face ao recrudescer da luta ideológica e partidária no seio da empresa, a qual motivou a expulsão dos seus administradores, acabou por pedir a demissão.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XVI ] - O JORNAL "O SÉCULO" ( 4 )»









quarta-feira, 19 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XIV ]

Rua do Século - (1901) (O Almanaque Ilustrado do jornal "O Século" para 1901, um Almanaque de referência no passado) in RUA DOS DIAS QUE VOAM


Rua do Século - (30.09.1956) Foto de Eduardo Portugal (A FEIRA POPULAR de Lisboa no antigo Parque "José Maria Eugénio" "Palhavã",inaugurada em 10 de Junho de 1943, para beneficio da Colónia Balnear Infantil de "O Século") in AFML


Rua do Século - (Década de 50 do século XX) (Pormenor de uma tipografia "Compositor Manual", trabalhando com o "tipo", tal como se fazia no jornal "O Século" nos anos cinquenta do século passado) in DIZ AÍ

Rua do Século -(06.10.1910) (Na proclamação da República o jornal "O Século" fez três edições nesse dia) in CAIS DO OLHAR

Rua do Século - (1905-01) Foto de Joshua Benoliel (Instalações do jornal "O Século" na antiga "Rua Formosa", hoje "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XIV ]

«O JORNAL "O SÉCULO" ( 2 )»

«JOÃO PEREIRA DA ROSA» caracteriza-se por um grande dinamismo empresarial, de acordo com a sua cultura organizacional. Amplia a rede de correspondentes em todo o país, melhora a distribuição do jornal e renova o parque gráfico. Foram lançadas novas publicações: (O CINÉFILO, O SÉCULO ILUSTRADO e A VIDA MUNDIAL). É sem dúvida, graças ao investimento de dezenas de iniciativas de diversão, de solidariedade social, de carácter cultural, desportivo e patriótico, levado a cabo entre 1927 e 1938, que o jornal reforçou a sua popularidade em todo o país. Uma delas, a «COLÓNIA BALNEAR INFANTIL DE "O SÉCULO"), iniciada em 1908, e retomada em 1927 na linha do Estoril, designadamente em «S. PEDRO DO ESTORIL», constituiu o corolário de todas as obras que o jornal desenvolveu em prol da causa de protecção à infância desprotegida. De 1934 a 1938 «JOÃO PEREIRA DA ROSA», através de um empréstimo contraído na Caixa Geral de Depósitos, conseguiu comprar as acções de «CARLOS OLIVEIRA» e de «MOISÉS AMZALAK», reforçando a sua posição na «SOCIEDADE NACIONAL DE TIPOGRAFIA». Em 1938, na qualidade de accionista maioritário, fez entrar os seus dois filhos, «GUILHERME» e «CARLOS ALBERTO PEREIRA DA ROSA», para a administração. Uma conjuntura política, cada vez menos favorável ao debate de ideias e ao tipo de campanhas movidas pelo "O SÉCULO", enveredaram pela estratégia da diversão pública, organizando e promovendo várias iniciativas populares e desportivas. Em 1940, aquando da realização da "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS" e na sequência da instalação da «FEIRA POPULAR», a 10 de Junho de 1943 no «PARQUE DE PALHAVû, este papel de promotor de múltiplas actividades foi-lhe favorável.

No entanto, com o recrudescer da oposição, desde o final da segunda guerra Mundial, a posição de «O SÉCULO» começou a revelar alguns indícios de ambiguidades face à continuidade do regime. Essa atitude valeu-lhe o afastamento da organização da «FEIRA POPULAR», entre 1948 e 1950.

Em 1951, retomou a tradição, mantendo-a, até 1956, despedindo-se de «PALHAVû, nesse ano, por sinal o da ocorrência nela das primeiras emissões experimentais da RTP. Para colmatar o vazio deixado pelo encerramento da antiga «FEIRA POPULAR», principal fonte de receita da «COLÓNIA BALNEAR», a empresa lançou novas iniciativas: Os Salões de Arte Doméstica, em 1957; a «FEIRA DE ALVALADE» em 1958, promovida com a colaboração do "SPORTING CLUB DE PORTUGAL" e os concursos com a colaboração da RTP.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XV ] - O JORNAL "O SÉCULO" ( 3 )»

sábado, 15 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XIII ]

Rua do Século - (1944) - (Desenho de Américo Taborda) (O Século Ilustrado Nº 346 propriedade do jornal "O SÉCULO", publicando O NOME E O ROSTO DAS RUAS DE LISBOA) in REVISTA ANTIGA PORTUGUESA


Rua do Século - (1969) - (Suplemento do jornal "O SÉCULO" de 17.02.1969, na comemoração do 1º Centenário do nascimento de GAGO COUTINHO 1869-1969) in DAS MARGENS DO RIO

Rua do Século - (06.02.1961) (Uma publicação do jornal "O SÉCULO" no ano de 1961) in ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO

Rua do Século - (1918) - (O automóvel do jornal "O SÉCULO" vendendo os primeiros exemplares dos jornais, que anunciavam a assinatura do ARMISTÍCIO) in HISTÓRIAS DOS NOSSOS TEMPOS
Rua do Século - (s/d) (Prova em cianopatia) Fotografia de autor não identificado (Antiga "Rua Formosa" hoje "Rua do Século" e as antigas instalações do jornal "O SÉCULO") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XIII ]
«O JORNAL "O SÉCULO" ( 1 )»

O jornal "O SÉCULO" fundado em 1881 por «SEBASTIÃO MAGALHÃES LIMA» esteve instalado no «PALÁCIO LANÇADA» durante muitas décadas, tendo o seu primeiro número saído em 4 de Janeiro do mesmo ano.

O Palácio em 1892 recebeu inúmeras alterações, embora o corpo central e a entrada principal conservem ainda as características monumentais setecentistas de origem, tendo-se mantido igualmente a escadaria interior, em mármore, e alguns silhares de azulejos com bastante interesse. A partir de 1905 são adicionados três pisos ao edifício, destinado ao «BAIRRO OPERÁRIO DE "O SÉCULO"», ocupando ainda parte do que fora a Quinta dos «VISCONDES DE LANÇADA», com entrada pelo número 59 do Palácio.

A Ermida do Palácio, dedicada a "NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO"( 1 ), era então transformada em casa de máquinas de impressão.

Mais particularmente ligadas à história de "O SÉCULO" ficariam as obras do princípio do século XX, quando foi anexada uma parte do contíguo «PALÁCIO POMBAL», reconstruído para receber oficinas, escritórios e uma redacção "belle époqué", salão amplo e de pé-direito duplo, ritmado por graciosos colunelos em ferro, altos e finos, com capiteis trabalhados, e mobília com balcões em madeira, cristais e latões dourados, cujo acesso se fazia por uma porta rotativa.

Para além do valor patrimonial, como interessante exemplar de arquitectura do ferro e do ecletismo de finais do século XIX e da primeira metade do século XX, parte da relevância deste imóvel prende-se com a própria história da Imprensa em Portugal, cuja influencia viria mesmo a modificar a Toponímia da artéria chamada de «RUA FORMOSA» que em 18.11.1910 passaria a chamar-se «RUA DO SÉCULO».

Em 1896 toma a Direcção do jornal "O SÉCULO" «JOSÉ JOAQUIM DA SILVA GRAÇA» que irá trazer para o jornal nova orientação, prosperando muito durante a sua vigência. «SILVA GRAÇA» transformou o diário em poucos anos, o aparecimento de novos suplementos (HUMORÍSTICO, MODAS E BORDADOS, BRASIL E COLÓNIAS), edições especiais (publicações de folhetins, Século da Noite) e outras publicações (ALMANAQUE D'O SÉCULO, SÉCULO CÓMICO, ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA, OS SPORTS, SÉCULO AGRÍCOLA), definindo assim a matriz de "O SÉCULO" e a sua identidade cultural a partir da importância atribuída à informação. Nessa altura o jornal passou a ostentar no seu cabeçalho; "JORNAL DE MAIOR CIRCULAÇÃO EM PORTUGAL".

Na década de 20 do século XX começaram as divergências entre «SILVA GRAÇA» e o seu filho, relativamente à orientação do jornal. Em 1922 a «COMPANHIA PORTUGAL E COLÓNIAS» investiu numa grande ofensiva para controlar o periódico, aproveitando-se das divergências familiares, acabando por o conseguir. Na posse da «COMPANHIA PORTUGAL E COLÓNIAS» até finais de 1924, e sob a orientação de vários directores entre os quais «CUNHA LEAL». Em Novembro de 1924, «JOÃO PEREIRA DA ROSA», ex-funcionário de "O SÉCULO", «CARLOS OLIVEIRA», um dos fundadores da organização patronal, e «MOISÉS AMZALAK», economista, adquiriram o jornal "O SÉCULO" e a sua empresa editora, atribuíram a direcção ao jornalista e diplomata «HENRIQUE TRINDADE COELHO» e a administração ficou entregue a «JOÃO PEREIRA DA ROSA».

( 1 ) - A "ERMIDA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO", na RUA FORMOSA hoje RUA DO SÉCULO, edificada por «INÁCIO JOSÉ DE S.PAIO» entre 1734 e 1739 nas suas casas (DGARQ/TT, CEL, Mç. 1807 e Mç. 1809, n. 213) actualmente conhecidas como «PALÁCIO DOS VISCONDES DE LANÇADA». Informação gentilmente cedida por «RUI MENDES» do Blogue: «PATRIMÓNIO RELIGIOSO DA REGIÃO DE LISBOA».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)- «RUA DO SÉCULO [ XIV ] - O JORNAL "O SÉCULO" ( 2 )»

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XII ]

Rua do Século - (2007) Foto de Paula Figueiredo (Vista do Chafariz da "Rua do Século" autor "Carlos Mardel" em 1762) in SIPA


Rua do Século - (2007) Foto de Paula Figueiredo (Pormenor das três bicas com forma de carranca de bronze, do chafariz da "Rua do Século") in SIPA
Rua do Século - (1958) - Foto de Jushua Benoliel (Chafariz da Rua do Século) in AFML

Rua do Século - (c. 1949) - Foto de António Passaporte (O Chafariz da Rua do Século, antiga Rua Formosa) in AFML

Rua do Século - (1907-03) Foto de Joshua Benoliel (O Chafariz da Rua do Século, que nesta altura (1907) se chamava "o Chafariz da Rua Formosa") in AFML

Rua do Século - (s/d) Autor não identificado (Chafariz do Século, na antiga "Rua Formosa") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XII ]

«O CHAFARIZ DA RUA DO SÉCULO»

O «CHAFARIZ DA RUA FORMOSA» (hoje RUA DO SÉCULO), situado numa Praça em forma de meia-laranja mesmo em frente do «PALÁCIO DOS CARVALHOS», data a sua construção de 1762. Esta "Praça" semi-circular com o chafariz delineado pelo eminente arquitecto e engenheiro «CARLOS MARDEL» (1695-1763), o mesmo arquitecto que construiu o magnifico «CHAFARIZ DA ESPERANÇA», é uma obra de belo efeito e muito ao gosto (na época) do «MARQUÊS DE POMBAL».

O chafariz foi construído em cantaria de calcário lioz, de planta rectangular, assente numa plataforma de cinco degraus dispostos em polígono.

De arquitectura barroca esta chafariz urbano está instalado numa ampla praça. Foi incluído no plano setecentista de abastecimento de água à cidade de LISBOA. Tem na sua estrutura espaldar flanqueado por pilastras rusticadas e pilastras toscanas, rematando em frontão triangular. Possui três bicas em forma de carranca de bronze, que vertiam para o tanque trapezoidal de perfil galbado e bordos lisos.

O «CHAFARIZ DO SÉCULO» recebia a água de uma derivação da «GALERIA DO LORETO», denominada «PIA DO PENALVA». Este ramal iniciado em 1760, seguia próximo do extremo sul da «PRAÇA DO PRÍNCIPE REAL» e derivava desta linha para ocidente. Dois anos depois do início do ramal já funcionava o «CHAFARIZ DA RUA FORMOSA», embora os arranjos urbanísticos só terminassem em 1767.

O rei «D. JOSÉ I» concedeu os excedentes deste chafariz por alvará de 9 de Outubro de 1760, ao então «CONDE DE OEIRAS», «SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO» e ministro do rei, proprietário do palácio fronteiro.

Diz-nos ainda o mestre «JÚLIO DE CASTILHO» a propósito do chafariz:"que lhe fazia lembrar a mobília do tempo, encontrando nele qualquer coisa que o remetia para uma sala de DAMASCO do que para permanecer ao ar livre".

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XIII ] - JORNAL O SÉCULO ( 1 )»





sábado, 8 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XI ]

Rua do Século - (2010) - (Palácio dos Monteiros Paim, conhecido pelo "Bichinho de Conta" na "Rua do Século", 102 a 107) in GOOGLE EARTH


Rua do Século - (199_)- Foto de autor não identificado (O Palácio dos Monteiros Paim-Bichinho de Conta, na Rua do Século) in O CÉU SOBRE LISBOA


Rua do Século - (1968) - Foto de Armando Serôdio (Palácio dos Monteiros Paim, também conhecido pelo "Bichinho de Conta" na Rua do Século 102-107) in AFML

(CONTINUA) - RUA DO SÉCULO [ XI ]

«O PALÁCIO DOS MONTEIROS PAIM OU DO "BICHINHO DE CONTA"»

Na «RUA DO SÉCULO» depois da meia-laranja do «CHAFARIZ DO SÉCULO», aparece-nos o «PALÁCIO DOS MONTEIROS PAIM» à direita (de quem sobe) nos números 102 a 107 com portal e fachada, sua onze varandas corridas no seu aspecto setecentista, embora de aparência pouco tratada.

«D.VICENTE ROQUE JOSÉ DE SOUSA COUTINHO MONTEIRO PAIM» nasceu em LISBOA a 28 de Dezembro de 1726, e faleceu em Paris a 8 de Maio de 1792. «VICENTE PAIM» descendia de uma honrosa família, que entroncava com «TOMÁS PAIM», fidalgo inglês que viera no séquito de «D. FILIPA DE LENCASTRE» como secretário da futura rainha de Portugal, pelo casamento com «D. JOÃO I».

«ISABEL JULIANA DE SOUSA COUTINHO MONTEIRO PAIM»(1753-1793) ficou conhecida como «BICHINHO DE CONTA». Filha de «VICENTE PAIM», morava neste palácio e era amiga desde pequena de «ALEXANDRE DE SOUSA HOLSTEIN» com quem brincava na quinta do CALHARIZ. Com o passar dos tempos, eram mais do que amigos e nunca duvidaram, que um dia, seriam marido e mulher. O pai passava a vida em PARIS, gozando a sua viuvez, que aproveitava na sua condição de embaixador. O «MARQUÊS DE POMBAL» vendo que «ISABEL PAIM» daria a esposa ideal para seu filho segundo «JOSÉ FRANCISCO DE CARVALHO DAUN», propôs o casamento, a que o pai da noiva, não viu qualquer inconveniente e combinou-se o enlace.

Ninguém pensaria que «ISABEL» poderia ter opinião contrária. Resistiu e chegou mesmo a dizer: "que nunca casaria com outro que não o seu amigo de infância Alexandre", mas o omnipotente «MARQUES DE POMBAL» teimou e «D. VICENTE PAIM», obrigou a filha a esse matrimónio odioso. Realizou-se a 11 de Abril de 1768, no oratório da casa onde residia a avó da noiva «D. MARIA ANTÓNIA DE S. BOAVENTURA E MENESES PAIM». «ISABEL», aquela menina de cabelos negros aos canudos, de cara magra e nariz fino, iria fazer frente ao noivo, pai e tias e ainda ao aterrador «CONDE DE OEIRAS», que no início pensou tratar-se de um capricho de menina rica, mas com o passar dos tempos percebeu que o assunto era sério. «ISABEL» mandou fazer um saco com dois lençóis atados bem junto ao pescoço, onde dormia, para que o noivo nem tivesse a pretensão de tentar tocar-lhe. E por isso, o «MARQUÊS» era motivo de troça no Paço. Furioso terá mesmo dito, referindo-se àquela que se recusava ser sua nora. "É um bichinho de conta que me quer deter os passos".

Passaram-se três anos e, o noivo queixava-se ao pai de que o casamento ainda se não consumara. Era altura do «MARQUÊS» tomar uma atitude drástica. Pediu a anulação do casamento, não sem primeiro mandar «ISABEL» para o «CONVENTO DE SANTA JOANA», onde a abadessa era irmã do futuro «MARQUÊS DE POMBAL». Como era de esperar, a jovem «ISABEL» foi tratada quase como uma presidiária.

A sua família não lhe deu qualquer apoio, talvez porque temesse as represálias do «Marquês». O jovem «ALEXANDRE DE SOUSA HOLSTEIN» saiu também do país com sua mãe para viver em «PIEMONTE» (Itália), não fosse o «SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO» tomar com eles alguma atitude. «ISABEL PAIM» é desterrada para o «CONVENTO DO CALVÁRIO» em Évora, onde era absolutamente proibido contactar com o mundo exterior. A esperança de um dia os seus desejos se cumprissem, fazia a jovem ter vontade de viver. E esse dia chegou...

Morre em 1777 o rei «D. JOSÉ I» e a raínha «D. MARIA I» demite o ministro de seu pai, o «MARQUÊS DE POMBAL». Como nos contos de fadas, «ALEXANDRE» ainda solteiro, herdeiro de uma fortuna e de um título, corre para junto da sua amada, que ainda a vai visitar das grades no «CONVENTO DE ÉVORA». Casaram em Julho de 1779. Foi um verdadeiro casamento de amor.

ISABEL e ALEXANDRE foram os pais de «D. PEDRO DE SOUSA HOLSTEIN» o « DUQUE DE PALMELA», que nasceu em Turim a 8 de Maio de 1781.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DO SÉCULO [ XII ] - O CHAFARIZ DA RUA DO SÉCULO».


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ X ]

Rua do Século - (2011) - Foto de Luís Boléo - (Casa onde eventualmente terá nascido o "MARQUÊS DE POMBAL" in PANORAMIO


Rua do Século - (1912-02) Foto de Joshua Benoliel - (Palácio Pombal, onde estava instalada a casa Sindical, sede das Associações operárias, promotoras das greves) in AFML
Rua do Século - (C. 1906) foto de Paulo Guedes ((Instalações do jornal "O Século" na antiga "Rua Formosa" hoje "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ X ]

«O PALÁCIO DOS CARVALHOS DA RUA FORMOSA ( 5 )»

Ao nível do rés-do-chão, uma sondagem junto à escada de cantaria que leva deste piso à cave, permitiu reconhecer uma escada, de configuração helicoidal, que identificamos como sendo de meados do século XIX. A presença desta escada obrigou a repensar todo o sistema de circulação que partindo da cozinha, na cave (piso térreo do nível do jardim), levava ao piso térreo, ao andar nobre e ao sótão, onde também em oitocentos, haviam sido construídas instalações para a criadagem.

Esta circulação permitia percorrer todo o edifício na vertical, estabelecendo ligação a corredores criados, sem passar pelas áreas nobres. Quando se dá a separação física entre os diferentes pisos, nos inícios do século XX, no rés-do-chão e na cave mantinha-se a função habitacional, (estava alugado ao compositor e grande figura da cultura portuguesa «LUÍS DE FREITAS BRANCO», e só a partir de 1986, será cedida, a título precário, à «ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ARQUITECTOS PAISAGISTAS-APAP» que aí permaneceram até 2002), enquanto no piso nobre se instalavam sucessivas instituições, (a «CONFEDERAÇÃO GERAL DO TRABALHO», em 1913, a que se seguiu a «LEGAÇÃO ALEMû, e depois a «CASA DA MADEIRA», que aí permaneceu de 1927 a 2002), foi cortada a ligação da referida escada que foi emparedada.

A porta principal de acesso ao «PALÁCIO», emparedada pelo interior desde inícios de novecentos, voltou agora a estar à vista, revelando um sistema de ferragens inalterado e em bom estado de conservação. No corpo sul que ligava ao corpo demolido, o último vão de janela de peito deu origem a uma porta, o que obrigou a uma série de transformações interiores que descaracterizaram toda a área. Foi rasgada uma escada de fraca qualidade arquitectónica, de modo a permitir um acesso directo ao piso nobre. Esta solução criou uma ruptura em duas pequenas salas sete-oitocentista que ficaram unidas e parcialmente esventradas. No piso térreo fazia desaparecer parte de um sistema de circulação secundária feita por escadas de cantaria, que ligavam a cave ao piso térreo e daqui seguiriam para o andar nobre por uma escada de madeira, que foi emparedada e entulhada. Foi possível, agora, pôr a descoberto a quase totalidade da escada e, talvez num futuro próximo se reponha a circulação primitiva. Com a recuperação do corpo do «PALÁCIO» de propriedade Camarária, estão a ser reestabelecidos ligações e elos escondidos. Pretende agora criar-se uma lógica que permita conciliar as diversas intervenções cronológicas, que com critério e algum bom senso possam contribuir como uma mais-valia futura neste património que é de todos.

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