Rua Azedo Gneco, 23 a 53 - (196--) Foto H. Goulart in AFML
Rua Azedo Gneco - (1966) Foto Augusto Jesus Fernandes (esquina com a Rua Infantaria 16) in AFML
Rua Azedo Gneco - [ s.d.] Foto Artur Goulart in AFML
A RUA AZEDO GNECO pertence à freguesia de SANTO CONDESTÁVEL, começa na Rua Saraiva de Carvalho no número 328 e termina na Rua Pereira e Sousa no número 45.
Esta rua foi baptizada em Junho de 1926, antes era a Rua número 3 do Bairro em construção junto da Rua Correia Teles.
Eudóxio César Azedo Gneco nasceu a 21 de Junho de 1849 e é um dos fundadores do Partido Socialista, juntamente com José Fontana. Aliás, desde muito cedo que revelou grande interesse pela Política.
Em 1865 trabalhava como operário gravador na Casa da Moeda, ao mesmo tempo que frequentava as reuniões de várias sociedades secretas. Cerca de cinco anos depois junta-se à Maçonaria.
Em 1871, integra o Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, fundado em 1852. Mais tarde - em 1872 - este organismo daria lugar à Fraternidade Operária.
Fervoroso entusiasta das doutrinas republicanas, estabelece contactos com a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) e, em 1873, é eleito Secretário-Geral da Associação Socialista em 18 de Março, que era a secção lisboeta da AIT.
Em 1875 dá-se a ruptura: abandona de vez os ideais republicanos e tem uma grande contribuição na fundação do PS, então denominado como «Partido Operário Socialista Português». Mas, no interior do próprio partido existia várias facções: Azedo Gneco toma partido pela vertente mais marxista, contrariando as outras três tendências presentes: Anarquismo, Republicanismo e o chamado «Possibilismo dentro do Socialismo», em 1896 participa no Congresso Internacional como delegado português.
As divergências internas dão origem à sua saída e consequentemente formação do Partido Socialista Português. Pouco tempo depois dá-se uma nova cisão - os tempos políticos eram então de um conturbado debate - e surge a Aliança Republicana Socialista. Só em 1907 é possível uma reunificação.
Nessa época muitos são os que criticam Azedo Gneco como elemento próximo de alguns governantes e figuras destacadas da monarquia. A sua imagem pública entra em "queda livre", levando-o a optar por um afastamento da política entre 1908 e 1910.
Homem das letras e da palavra, distinguiu-se como jornalista e conferencista, tendo mesmo dado corpo a algumas polémicas relevantes.
«Colaborador assíduo de A Vanguarda, O País e O Século, contribuiu também para fundar o jornal Socialista O Protesto (1875) e o Protesto Operário, de que foi director, além de A Folha do Povo, sendo autor da maioria da propaganda socialista vinda a lume no seu tempo. Organizou o Congresso Nacional Operário (1893) e o Congresso Anticatólico (1895)(1).
O ambiente era de grande descrença, quer nas ideias republicanas, quer nas socialistas. O que levava os trabalhadores a aderirem em massa aos ideais do Anarco-Sindicalismo, doutrina que conheceu os seus tempos áureos durante a I República (1910-1926), bem como nos primeiros do Estado Novo, instaurado nesse mesmo ano.
Azedo Gneco mostra-se desgostoso com tudo isto, vindo a falecer em 29 de Junho de 1911. O seu túmulo, obra conseguida através de uma subscrição pública, encontra-se no Cemitério dos Prazeres, junto ao seu camarada José Fontana.(2)
A Rua que assegura a memória do seu nome fica no Bairro de Campo de Ourique.
(1) - Nova Enciclopédia Larousse
(2) - Gazeta de Lisboa Nº 9 (25.05.2000) página 8
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