Rua das Portas de Santo Antão (Actual) Fotógrafo não identificado (Entrada do Coliseu em dia de festa) in anossavoz.com
Rua das Portas de Santo Antão - (Actual) Fotógrafo não identificado in http://www.ebi-vasco-gama.rctc.pt/ lisboa cultural
Rua das Portas de Santo Antão - (actual) Foto Luis Villas (Cervejaria SOLMAR) in Rio abaixo.blogspot.pt
Rua das Portas de Santo Antão - (19--) Foto Paulo Guedes (Ateneu Comercial de Lisboa-Portal) in AFML
Rua das Portas de Santo Antão - (2000) Fotógrafo não identificado (Pátio do Tronco) in http://www.geocites.com/
Rua das Portas de Santo Antão - (2006) Fotógrafo não identificado (Túnel do Pátio da Cadeia do Tronco) in Junta de Freguesia de S. José
Rua das Portas de Santo Antão - (2000) Fotografo não identificado ( Arco do Túnel do Pátio da Prisão do Tronco) in http://www.geocites.com/
A RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO pertence a três freguesias. À freguesia de SANTA JUSTA do número 1 a 127 e do número 2 a 74, à freguesia da PENA os números 76 a 110, à freguesia de S.JOSÉ os restantes números pares e ímpares. Começa no Largo de São Domingos no número 10 e termina no Largo da Anunciada no número 1.
Se existem ruas em Lisboa onde as mudanças de nomes foram quase uma constante, esta será uma delas.
A Rua começou inicialmente por se chamar RUA DE SANTO ANTÃO, seguiu-se RUA DA PORTA DE SANTO ANTÃO (desde meados do século XVI) e RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO, ou RUA DIREITA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO, desde 1646.
Em edital de 1 de Setembro de 1859 determinou que se passasse a denominar simplesmente RUA DE SANTO ANTÃO. Este nome foi novamente substituído pelo edital camarário de 7 de Agosto de 1911.
A República mandou retirar das placas toponímicas a tradicional RUA DE SANTO ANTÃO e substitui-la por RUA EUGÉNIO DOS SANTOS. Mas as Portas de Santo Antão tinham força secular, pelo que vieram a recuperar (nos anos 60 do século passado) o seu nome.
Em desespero de causa, o arquitecto foi então parar a uma ruazinha junto ao Parque Eduardo VII, artéria que é simples elo de ligação, sem que nada a distinga ou lhe confira personalidade.
Eugénio dos Santos (e Carvalho), que teve o seu nome nos dísticos da antiga Rua de Santo Antão, nasceu em Aljubarrota, em Março de 1711, faleceu em Lisboa na Rua da Rosa das Partilhas, em 5 de Agosto de 1760. Foi executor e inspector de todas as Reais obras de Arquitectura da Corte. Foi ele que levantou a planta da nova cidade de Lisboa, depois do Terramoto de 1755 e fez o projecto da estátua equestre de El-Rei D. José I.
As portas que deram o nome à Rua abriam-se na Muralha Fernandina, a qual atravessava a rua, pouco mais ou menos, no sítio em que nela desemboca a Travessa do Forno. Dos Jardins do Palácio dos Condes de Almada, que chagam até à mesma muralha, via-se uma grande parte dela.
Segundo ensina nos seus estudos o mestre Pastor de Macedo, em meados do século XV, ou talvez antes, existiu próximo desta porta um CURRAL onde «se matava gado vacun», o qual em 1464 era designado por CURRAL VELHO, e muito mais perto das portas, havia um chão reservado para SALGAMENTO dos coiros dos animais mortos no dito curral.
O CURRAL VELHO de 1464 era o mesmo onde antes se 1557 tinham estado porcos. A sua localização exacta é-nos comunicada por um auto de medição do terreno feito naquele ano de 1557.
A respeito da porta, sabemos que no princípio do século XVI já tinha desaparecido a primitiva e que outra se estava a fazer. Isto segundo uma carta que El-Rei D.Manuel, estando em Vila Franca, mandou aos vereadores de Lisboa, com data de 25 de Setembro de 1509, mostrando o seu total desacordo com a maneira como estavam fazendo a nova porta.
Estas Portas que El-Rei mandara pôr, foram retiradas em 1727 para que com maior desafogo se pudesse fazer entrada pública em Lisboa.
As portas eram chapeadas de ferro e delas, colocadas nos seus lugares, ainda se lembrava o padre Baptista de Castro quando escrevia o seu utilíssimo Mapa de Portugal.
Delas também nos fala frei Apolinário da Conceição, dando-nos algumas notícias de interesse: «Havia por cima - diz-nos ele - numa porta a Imagem de Nª. Srª. da Conceição, e na outra a de Santo Antão, de que tomava o nome». (Não sabemos ao certo se corresponde à verdade).
Fizeram a sua entrada pública em Lisboa, utilizando estas portas, o arcebispo D. Rodrigo da Cunha em 1636, e o 1º Patriarca de Lisboa D. Tomás de Almeida, em 1717.
A RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO é fértil em acontecimentos históricos e casas com história. Seria muito extenso uma abordagem a todo o seu conteúdo, por isso, não estranhem se não falar de algumas casas, Palácios ou outras. Para assinalar o que demais se podia dizer, aqui fica uma lista de quem noutros tempos deu luz e cor a esta rua.
O Grande Hotel Francfort, Casa Liquidadora, Armazéns Leal, Casa dos Condes da Ponte, Palácio dos Marqueses de Rio Maior, Secretaria e sala de troféus do SLB. Esta Rua nos anos 10 a 20 do século passado também era conhecida pela rua «dos Clubes Nocturnos». Nomeadamente:Arcádia, Bristol clube, O Majestic, Monumental clube e o Palace Clube, era uma rua divertida e cheia de história.
Vamos falar de algumas casas e locais que fazem parte da história desta rua. No entanto temos de seguir um critério e, para isso, começamos de Norte para Sul.
CADEIA MUNICIPAL DO TRONCO
Com entrada pela rua das Portas de Santo Antão existe o Pátio do Tronco. Neste Pátio existiu no século XVI a Cadeia Municipal do Tronco.
Diz-nos a história que, com 28 anos de idade, em 15 de Junho de 1552 dia do Corpo de Deus, Luís de Camões passeava entre o Rossio e as Portas de Santo Antão. Tinha regressado um ano antes de Ceuta, onde num combate com os Mouros perdera uma vista. Em dado momento repara numa briga e reconhece que nela estavam dois amigos seus; não hesitou em envolver-se na desordem, ferindo com um golpe de espada na nuca um criado do Paço, de nome Gonçalo Borges.
Camões foi preso e levado para a Cadeia do Tronco de Lisboa, onde permanece largos meses (apesar de perdoado pelo ofendido) foi libertado em 24 de Março de 1553 por carta régia do dia 7 desse mês. A carta dizia «Mancebo pobre que me vai este ano servir à ÍNDIA». Assim apesar do perdão real, foi forçado a seguir como soldado raso para a Índia, o homem o génio que escreveu a grande obra épica de "OS LUSÍADAS".
Pela passagem do nosso poeta por esta prisão, o túnel que dá acesso ao Pátio do Tronco está assinalada por um painel de azulejos de Leonel Moura, inaugurado em 1992.
O Pátio que pertenceu à prisão serve hoje para estacionamento de carros.
ATENEU COMERCIAL DE LISBOA
O Ateneu, situado na Rua das Portas de Santo Antão no número 110 no Palácio Povolide, foi fundado por um grupo de empregados do Comércio a 10 de Janeiro de 1880, na Comemoração dos 300 anos sobre a morte de Camões. Este centro de caráter cultural (com Escola Comercial actividades físicas e desportivas), surgiu com o intuito de proporcionar aso seus associados um local de convívio e de luta pela conquista de algumas regalias por parte dos comerciantes da capital.
Estando a decorrer um audacioso projecto "200% polémico" que poderá "marcar a cidade para os próximos mil anos" foi o desafio lançado pelo seu presidente, ao arquitecto Rogério Brito.
O Projecto tem uma área de intervenção de cerca de 15 mil metros quadrados, delimitada pela Rua das Portas de Santo Antão, Calçada do Lavra, Rua Joaquina e Coliseu dos Recreios.
Em aspectos gerais trata-se de "fechar" as Ruas para as transformar numa espécie de Galerias Victor Emanuel, um dos principais cartões de visita da cidade italiana de Milão.
Assim se conclui que volta novamente a esta Rua das Portas de Santo Antão, que já teve "Portas" para entrar na cidade, desta vez terá "Portas" para resguardar um determinado percurso da sua artéria.
SOLMAR
Entre o Ateneu e o Coliseu dos Recreios temos a cervejaria mais famosa desta rua no número 106 a 108. rata-se pois da emblemática "SOLMAR", com a sua grande variedade de mariscos que costumam estar à vista dos clientes dentro de grandes aquários
Esta cervejaria tem um estatuto invejável entre as suas congéneres pela decoração do seu interior típico dos anos 50 do século passado.
COLISEU DOS RECREIOS
O Coliseu abriu as suas portas em 14 de Agosto de 1890.Começou com uma ópera Cómica, o "Bocacio", de Supé, pela Companhia Italiana Carracciolo, com 64 artistas. E praticamente nunca mais parou... Os mais diversos géneros de espectáculo passaram por aquela casa.
O Circo foi o rei, chegando a haver temporadas em que três e quatro companhias se seguiam.
A sua pista serviu para tudo: corridas de patins, Boxe, luta livre, até touradas...
Retirada a pista e colocadas a plateia, o Coliseu pode funcionar como Teatro (a revista, por exemplo, teve ali grandes épocas), como Cinema, sala de Concertos, de Ópera, de Bailado. Serviu também para comícios e congressos.
Mais modernamente, um orgulho natural de qualquer artista (cantor, por exemplo) é dar o seu espectáculo no Coliseu e encher a casa.
O grade êxito do Coliseu ficou a dever-se, em grande parte, à tempera dos seus primeiros empresários.
Começou por António dos Santos, um homem que vinha do Real Coliseu (de Rua da Palma) e tinha o arrojo e o entusiasmo no sangue. Seguiu-se o carismático Ricardo Covões, empresário que levou aquela casa aos seus tempos de maior glória e que, para além da direcção, ainda colaborava na redacção de peças e revistas ali representadas.
Entre 1959 e 1981 os espectáculos líricos passaram a ser organizados com o S. Carlos, oferecendo possibilidade de ouvir algumas das grandes vozes que vinham a Lisboa por preços acessíveis.
Para não tornar esta lista muito extensa, destacamos apenas alguns artistas (líricos) que tiveram o privilégio de passar por esta casa: Tito Schipa, Alfredo Kraus, Antonietta Stella, Carlo Bergonzi, Elene Sulictis, Tito Gobi e o nosso português Tomás Alcaide.
(Continua uma segunda parte desta Rua)
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