sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

RUA DE SÃO BENTO

Rua de São Bento - (Actual) Autor desconhecido (Arco de São Bento colocado na Praça de Espanha em 1998)
Rua de São Bento - ( 196--) Autor desconhecido
Rua de São Bento - (C. 1957) Foto Judah Benoliet in AFML




Rua de São Bento - (1911) Foto Joshua Benoliel (ainda com o Arco) in AFML Rua de São Bento - (Início do século XX) Foto Alberto Carlos Lima (Palácio de S. Bento com gradeamento) in AFML

A RUA DE SÃO BENTO pertence a cinco freguesias. À freguesia de SANTA CATARINA correspondem os números 1 a 51 e 2 a 78, à freguesia das MERCÊS os números 53 a 107 e 80 a 430, à freguesia de S. MAMEDE os números 432 em diante, à freguesia da LAPA do número 123 a 181-A, à freguesia de SANTA ISABEL do número 183 em diante. Tem o seu início na Rua Poço dos Negros no número 164 e termina no Largo do Rato no número 16-B.
A Rua de São Bento, segundo o «Itinerário Lisbonense», era o prolongamento da Rua da Flor da Murta e terminava no princípio da Calçadinha do Rato. Considerada à época uma das artérias mais compridas de Lisboa.
Dizia-se, nos finais do século XIX, que «bem corrida dava pelo menos dez tostões por dia». Isto é, os mendigos tendo paciência para a percorrer toda, poderiam juntar essa quantia se recolhessem cinco reis em cada uma das duzentas portas onde batessem (Mestre Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa», volume XI, página 29).
O nome vinha-lhe, assim como o de toda aquela área, do Convento de S. Bento ali construído nos finais do século XVI (iniciado em 1598 e concluído em 1615).
Antes só havia naquele lugar terras de semeadura, vinhedos e olivais, os «Olivais de S. Bento».
O último troço da rua relativamente ao Rato é de construção mais recente do que o início do traçado junto ao Palácio da Flor da Murta.
Personalidades ilustres habitaram nesta rua. No número 672 viveu viveu e morreu Hintze Ribeiro, no número 187-189 prédio de esquina com a Rua de Santa Quitéria, viveu Domingos Vandelli professor de Pádua, convidado por Pombal para professor do Colégio dos Nobres e depois da Universidade de Coimbra; no número 458 nasceu, a 28 de Abril de 1810, Alexandre Herculano, e ali viveu durante muitos anos. Nesta rua teve também o Marechal Duque de Saldanha o seu quartel-general.
Além das já citadas personalidades ilustres, resta acrescentar uma bastante popular no século XX. Habitou o número 193 durante 44 anos onde morreu no dia 6 de Outubro de 1999. Trata-se, pois, da diva do fado Amália Rodrigues. Passados alguns anos, seu biografo e historiador Victor Pavão dos Santos, enviou uma petição à Camara Municipal de Lisboa, propondo parte da Rua de São Bento se chamasse Rua Amália Rodrigues, desde o Largo do Rato até à esquina da Rua de Santo Amaro englobando a sua habitação, hoje Casa - Museu de Amália.
Dois edifícios merecem aqui especial atenção. Um é a a actual Assembleia da República, antigo Convento dos frades Beneditos, cuja construção terminou no inicio do século XVII. Em 1833, por ordem do Duque de Bragança (D. Pedro), recebeu as transformações necesárias para nele se instalar as Câmaras dos Pares e dos Deputados.
Realizadas as obras reuniram-se ali pela primeira vez a 15 de Agosto de 1834.
O outro é o Palácio da Flor da Murta. Ali viveu D. Jorge de Menezes com sua mulher D. Luiza Clara de Portugal, célebre pela sua beleza. Teve uma filha de D. João V (D. Maria de Portugal) e outra do Duque de Lafões, D. Pedro de Bragança (D. Ana de Portugal). Este Palácio, com suas duas frentes,a principal e mais extensa na Rua do Poço dos Negros, e a lateral, com sua capela, no número 10, voltada para a Rua de São Bento. Palácio apenas com primeiro andar, prolongado pelo lado nascente no começo do século XIX, ostenta no cunhal um grande brasão esquartelado anterior aos Menezes.
A Rua de São Bento pertencia, em 1780, à freguesia de Santa Isabel, ao tempo a maior freguesia de Lisboa era a artéria mais distinta da freguesia. Nela residiam não só pessoas com apreciáveis recursos financeiros mas socialmente bem colocados. Segundo relatos populares havia ali um tipo de habitação singular, apreciada por famílias de elevada catagoria social. Era descrito como quarto, podendo distinguir-se o quarto grande ou pequeno, o quarto baixo ou o quarto nobre. Entre os diversos arrendatários ressaltam os nomes de um escrivão de dízimos e do Embaixador de Espanha. O primeiro residia em três quartos de uma propriedade; o segundo alugara uma habitação com dois quartos nobres e um conjunto de loja e segundo andar. O elevado valor que as rendas chegaram a atingir parece apontar para a boa qualidade e amplas dimensões destes espaços.


1 comentário:

Anónimo disse...

Olá!
A última foto não será na Calçada da Estrela;que "dá" para as traseiras do Palácio de S.Bento?
Abraços, gosto muito do seu blog.