Calçada dos Barbadinhos - (2009) (Vista de satélite da Igreja e antigo Convento dos Barbadinhos Italianos, sua cerca mais para nascente onde hoje está instalado o Museu da Água) in GOOGLE EARTH
Calçada dos Barbadinhos - (1998) - Foto de António Sacchetti (O Beato Lourenço foi beatificado em 1783. "D. Maria I" encarregou "MACHADO DE CASTRO", de fazer uma escultura em madeira de cedro do Brasil com a imagem deste Santo, para a Igreja dos Barbadinhos) in CAMINHO DO ORIENTE
Calçada dos Barbadinhos - (1998) Foto de António Sacchetti (Porta do Sacrário do Altar-Mor, obra em forma de capela, com zimbório, e realizada em Génova. O baixo-relevo é desenho de Lourenzo de Ferreri e a talha de Girolano Pittaluga na Igreja do Convento dos Barbadinhos) in CAMINHO DO ORIENTE Calçada dos Barbadinhos -(s/d) - Autor não identificado (Frades Capuchinhos de outra Ordem dos Barbadinhos) in ESCOLA SÃO FRANCISCO DE ASSIS
.(CONTINUAÇÃO)
.CALÇADA DOS BARBADINHOS [ V ]
.«O CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS (2)»
Os presos continuaram 21 anos na cadeia incomunicáveis, até à destituição do «MARQUÊS DE POMBAL». Os GENOVESES governaram a «CASA DE LISBOA» até que, em 1782, «D. MARIA I» pôs fim à questão, determinando que a casa era pertença do REAL PADROADO e não de nenhuma província dos «BARBADINHOS ITALIANOS».
Daquela data para a frente governaram-na religiosos nomeados por «ROMA» e aprovados pelo «GOVERNO PORTUGUÊS».
Em 1760, passou por LISBOA o literato italiano «GIUSEPPE BARETTI», que escrevia aos seus irmãos, e em uma delas louva os «BARBADINHOS GENOVESES», que o convidaram para almoçar; essa carta foi publicada com as outras em 1762, foi muitas vezes reeditada e traduzida em vários idiomas, dando assim a conhecer na EUROPA, a «CASA DOS BARBADINHOS ITALIANOS» em LISBOA.
Um dos últimos SUPERIORES desta casa foi «FREI BERNARDO MARIA DE CANNECATTIM», missionário em ANGOLA durante muitos anos e autor de um Dicionário e de uma Gramática da língua BUNDA ou ANGOLENSE, publicados em 1805 e 1806.
A 2 de Julho de 1834 os «BARBADINHOS ITALIANOS» receberam do governo «LIBERAL», que se tinha instalado em LISBOA no 24 de Julho do ano anterior, ordem para se vestirem como padres seculares, à semelhança do que tinham feito todos os outros frades, e se o não fizessem, teriam de abandonar PORTUGAL.
Os «BARBADINHOS» escolheram esta segunda solução e no dia seguinte embarcaram em navio italiano, que estava no porto de Lisboa. Apesar dos litígios escandalosos, que provocaram, primeiro com os confrades franceses e depois entre genoveses e não genoveses, os «BARBADINHOS ITALIANOS» de LISBOA notalibizaram-se pela sua boa conduta moral e pelo trabalho em favor dos seus confrades, missionários em ANGOLA, S. TOMÉ e BRASIL.
Na Igreja que abandonaram em LISBOA foi instalada em 1835 a paróquia da FREGUESIA DE SANTA ENGRÁCIA. Até aos dias de hoje a CASA CONVENTUAL teve diversas utilizações e tanto a igreja como a CASA estão situadas na «CALÇADA DOS BARBADINHOS».
Com a extinção das Ordens (1834), começou a descaracterização do antigo edifício Conventual, requisitado para quartel da «GUARDA NACIONAL» em 26.03.1835, sendo as casas anexas (portaria de 16.07.1835), pedida pela «IRMANDADE DO SACRAMENTO DE SANTA ENGRÁCIA» o quintal, o claustro destinados a logradouro do pároco da freguesia (portaria de 18.02.1836).
A Cerca, foi requisitada (1839) pelo «MINISTÉRIO DA GUERRA» e, mais tarde nela se construiu a «ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUAS DO ALVIELA», hoje «MUSEU DA ÁGUA».
Quanto à IGREJA, requisitou-a o «GOVERNADOR CIVIL» para a freguesia de «SANTA ENGRÁCIA» (27.04.1836).
O Convento foi mais tarde vendido e transformado em apartamentos. Depois das obras nele realizadas, são hoje vendidos em T0, T1, T2 e T3, que os agentes promotores nos convidam a visitar as «CASAS DO CONVENTO», situadas no antigo edifício do «CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS», cuja construção remonta ao século XVIII.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ VI ] - PALÁCIO VASCO LOURENÇO VELOSO ( 1 )»
4 comentários:
Caro APS
Muito interessante e clara a sua exposição.
Agradeço me ter explicado o que ninguém me explicou antes.
Será que os Barbadinhos tinham uma função de "registo civil" ?
Imagino que os Barbadinhos deveriam ter uma actividade laboral tal como outros frades na Europa.
O termo "italianos" não seria um termo genérico visto que originários de Génova era então o Reino de Sardenha ?
Curiosamente a França ocupou parte deste antigo reino (Sabóia, Condado de Nice).
As relações com os barbadinhos franceses parecem não terem sido sempre pacíficas.
A cerca deveria incluir provavelmente o terreno da actual junta de freguesia.
Os rectângulos na planta 1856-1858 parecem o indicar.
Um abraço
Gracioso
Caro Gracioso
Reparo que é uma pessoa muito interessada na nossa história. Felicito-o por isso, e também agradeço a sua atenção aos detalhes secundários de que tem necessidade de aprofundar.
Os frades BARBADINHOS ITALIANOS, nada têm a ver com o «REGISTO CÍVIL». Eles eram homens da fé e ajudavam os seus compatriotas que seguiam ou regressavam das MISSÕES, dando-lhes apoio moral e espiritual nas suas passagens por LISBOA. Já as antigas instalações na «CALÇADA DOS BARBADINHOS», essas foram disputadas (após o abandono dos frades), pelos organismos de LISBOA, que delas necessitavam, entre outros o «GOVERNO CÍVIL».
O termo "ITALIANO" só deve começar a fazer sentido depois da unificação da ITÁLIA. Sabemos da existência de uma antiga «REPÚBLICA DE GENOVA» que tinha oito séculos de existência, tendo o seu apogeu no século XVI «O SÉCULO DOS GENOVESES». Estiveram também instalados na Córsega e Sardenha.
Documentação recente dá-nos conta que «CRISTÓVÃO COLOMBO» (O Genovês Descobridor da América) terá a sua origem na Sardenha, num antigo domínio dos GENOVESES.
Tem razão quanto às relações entre frades ITALIANOS e FRANCESES em LISBOA.
A Cerca do «CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS» ficava entre a «CALÇADA DOS BARBADINHOS» e ocupava toda a área onde hoje está instalado o «MUSEU DA ÁGUA».
Um abraço
APS
O seu artigo é a melhor exposição que encontrei sobre o Convento dos Barbadinhos, em Lisboa, e a sua história. A mim interessava-me particularmente saber quem terá plantado os dois dragoeiros centenários que se encontram neste jardim, falo naturalmente dos dragoeiros mais antigos(eventualmente de finais do século XVIII), e não dos dragoeiros que estão na entrada do Museu da Água, filhos dos anteriores necessariamente, e também eles já com cento e poucos anos.
Cara Margarida Bico
Agradecido pela sua visita.
Como em 1744 já se falava na "RUA NOVA DOS BARBADINHOS" tudo indica que deviam ter sido os primeiros frades BARBADINHOS ITALIANOS os autores dessa plantação, pois a sua irmandade deslocava-se na rota onde predomina essa variedade de planta "DRAGOEIROS", nome cientifico "DRACAENA DRACO".
As rotas seriam Madeira, Canárias, Cabo Verde e também Açores.
Embora a minha área não seja Botânica mas sim História, não quis deixar de responder à sua questão. Fui documentar-me sobre o «DRAGOEIRO» e reparei que ele era muito utilizado nos séculos XV a XIX na produção de Tintas, lacas e Vernizes, existindo também referencia do seu uso de resina na medicina popular.
O desenvolvimento da planta é bastante lento, levando cerca de 10 anos para atingir 2 metros, antes de dar flor.
Por outro lado não consegui identificar através da «GOOGLE EARTH» os "DRAGOEIROS" mais antigos, só detectei os da entrada do "MUSEU DA ÁGUA".
Volte sempre
Cumprimentos
APS
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