quarta-feira, 30 de abril de 2008

PRAÇA DO MUNICÍPIO [ V ]

Praça do Município - (2008) Foto de APS (Ao fundo a entrada para o Parque de estacionamento subterrâneo na Praça do Município em Lisboa)

Praça do Município - (2008) Foto de APS (Edifício dos Paços do Concelho de Lisboa)

Praça do Município - (1910) Fotógrafo não identificado (Dr. Manuel de Arriaga primeiro Presidente da República Portuguesa) in www.brasilcult.pro.br/
Praça do Município - (1910) Fotógrafo não identificado (José Relvas proclamando a República em 5 de Outubro de 1910 na varanda da CML) in lmf.di.uminho.pt



(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DO MUNICÍPIO
«A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA)
No dia 5 de Outubro de 1910 deu-se a revolta republicana que se antevia, dado o contexto da instabilidade política vivida na altura.
A «Praça do Município» foi palco do acontecimento, nomeadamente para a sua aclamação.
Assim noticiava o Edital da Proclamação da República apresentada na Câmara Municipal.
«O Governo provisório da República Portuguesa saúda as forças de terra e mar, que com o povo instituiu a República para felicidade da Pátria. Confio no patriotismo de todos, e porque a República para todos é feita, espero que os oficiais do Exército e da Armada que não tomaram parte no movimento se apresentem no Quartel General, a garantir por sua honra a mais absoluta lealdade ao novo Regime» - (Teófilo de Braga-Lisboa,5 de Outubro de 1910).
Também José Relvas, na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, proclamara a República em Portugal: «Hoje, 5 de Outubro de 1910, às 11 horas, foi proclamada a República em Portugal na Sala Nobre do Município de Lisboa, depois de ter terminado o movimento da revolução Nacional. Constituiu-se imediatamente o Governo Provisório sob a Presidência do Dr. Teófilo de Braga».


«
PARQUE DE ESTACIONAMENTO»
O Parque de Estacionamento subterrâneo instalado na Praça do Município tem uma planta aproximadamente rectangular. Possui quatro pisos e corresponde a uma estrutura do tipo FUNGIFORME em betão armado. Com a sua entrada pelo lado poente da Praça do Município, a saída esta virada para o Largo de São Julião.


(CONTINUA) - (Próximo- OS PAÇOS DO CONCELHO DE LISBOA)



terça-feira, 29 de abril de 2008

PRAÇA DO MUNICÍPIO [ IV ]

Praça do Município - (s/d) Fotógrafo não identificado (Ascensor de S. Julião ou da Biblioteca/Município) in cidadaniaLx
Praça do Município - (1909) Foto de Joshua Benoliel (Ascensor da Biblioteca/Município) in Ilustração Portuguesa

Praça do Município - (s/d) Fotógrafo não identificado (Fachada do Banco de Portugal- Rua do Comércio esquina com a Rua do Ouro) in i24.photobucker.com


(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DO MUNICÍPIO
«O BANCO DE PORTUGAL»
Na Rua do Comércio muito perto da Praça do Município encontramos o «BANCO DE PORTUGAL». Criado por decreto régio de 19 de Novembro de 1846, com função de Banco Comercial e Banco emissor. A sua formação teve como fusão o «BANCO DE LISBOA» e a «COMPANHIA CONFIANÇA NACIONAL», uma sociedade de investimentos especializado no financiamento da dívida pública.
Fundado com o estatuto de Sociedade Anónima e, até à sua nacionalização, em 1974, era maioritariamente privado.
Depois da sua nacionalização, em Setembro de 1974, as funções e estatuto do Banco de Portugal foram redefinidos através da Lei Orgânica pública em 15 de Novembro de 1975, que lhe atribuía o estatuto de Banco Central, incluindo, pela primeira vez, a função de supervisão do sistema bancário. Assim, compete ao «Banco de Portugal» a supervisão prudencial das instituições de crédito e das sociedades financeiras. Compete-lhe também regular, fiscalizar e promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamentos, gerir as disponibilidades externas do País e agir como intermediário das relações monetárias internacionais do Estado, bem como aconselhar o Governo nos domínios económicos e financeiros.


«O ASCENSOR DE S.JULIÃO ou BIBLIOTECA/MUNICÍPIO»
O elevador do Município ou da Biblioteca ou de S. Julião, é mais um projecto arrojado do Engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard. Subia 30 metros na vertical, desde o Largo de S. Julião (entrando-se pelo actual número 13 hoje porta do Restaurante Solar Pombalino, para o respectivo saguão), até ao nível do Largo da Biblioteca, hoje Largo da Academia Nacional de Belas Artes (com entrada/saída também pelo número 13, porta ao lado de um portão com o número 12, que parece sem serventia actual) ao qual se chegava percorrendo um viaduto ou passarela metálica sobre a calçada de São Francisco.
Tinha duas cabinas movidas por contra peso de água, subindo uma quando a outra descia, e com lotação para 25 pessoas.
Foi inaugurado em 12 de Janeiro de 1897, mas funcionou poucos anos (até 1915), em virtude de ter começado a existir a carreira de «eléctricos» Rua da Conceição-Calçada de S. Francisco- Camões.
Como nota curiosa, acrescentamos que este ascensor serviu de ponto de reunião aos conspiradores do 28 de Janeiro de 1908.
Também o escritor «JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS» no seu livro «Pouca sorte com barbeiros» nos relatava: «Ouvi falar dum ascensor da Biblioteca onde, coisa misteriosa, tinham sido apanhados alguns conspiradores de categoria. Que é que a Biblioteca tinha que ver com políticas? Nunca o pude entender».
BIBLIOGRAFIA
Dicionário da História de Lisboa
(CONTINUA) (Próximo - PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA e PARQUE DE ESTACIONAMENTO na PRAÇA DO MUNICÍPIO)


segunda-feira, 28 de abril de 2008

PRAÇA DO MUNICÍPIO [ III ]

Praça do Município - (2007) Foto de Dias dos Reis (O Pelourinho e calçada à portuguesa) in http://www.pbase.com/
Praça do Município - (200-) Fotógrafo não identificado (O Pelourinho na actualidade) in http://www.ebi-vasco-gama.rcts.pt/

Praça do Município - (1965) Foto de Armando Serôdio ( O Pelourinho) in AFML

Praça do Município - (s/d) Foto de Eduardo Portugal in AFML

Praça do Município - (194-) Fotógrafo não identificado ( O Pelourinho da Praça) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DO MUNICÍPIO
«O PELOURINHO»
O Pelourinho que hoje podemos contemplar na Praça do Município em frente da Câmara Municipal de Lisboa, é de finais do século XVIII, um monolito modelado em espiral coroado por uma esfera armilar de metal dourado.
Existiu outro Pelourinho em Lisboa, a informação é-nos dada por Pastor de Macedo e Norberto de Araújo. «situava-se a Norte do Largo do Pelourinho, no sítio onde a Rua Nova, correndo desde o poente, vinha desembocar. Nesse Largo se erguia, já em 1294 (...)».
Portanto, o Pelourinho instalado no largo em cujo lado ocidental desembocava a Rua Nova e Rua da Ferreira (depois Rua da Confeitaria), encontrava-se num largo onde estavam instalados os serviços Camarários e em que, como defendem os autores, a própria Câmara terá permanecido no último quartel do século XIV.


O «Pelourinho» servia de distintivo da Jurisdição de um Concelho e da sua autonomia municipal. No entanto, tinham também direito de Pelourinho os grandes donatários, os bispos, os cabidos e os Mosteiros. Em Portugal, os Pelourinhos dos Municípios localizavam-se sempre no interior dos centros urbanos, normalmente em frente do edifício da Câmara.

O «Largo do Pelourinho Velho» perdura na memória de símbolo Camarário até ao terramoto, nesse espaço que hoje ocupa o quarteirão delimitado pelas Ruas do Comércio, da Madalena, da Alfandega, e dos Fanqueiros.
Informa-nos Castilho na sua «Lisboa Antiga-Bairros Orientais, vol. X).
O General Junot quando se retirou de Lisboa em 1808, depois da primeira invasão francesa, pensou em levar o Pelourinho consigo, como lembrança; felizmente, os ingleses chegaram a tempo de o impedir.
Em 1866 o vereador, Gregório Van-Ranz Barreto Frois, apresentou em sessão uma proposta no sentido de o «Pelourinho» ser retirado do seu lugar, por ser «um padrão de ignomínia», embora «um primor de obra de arte», e sugeria o aproveitamento da coluna para se erguer um obelisco no Campo de Sant'Ana. Propunha também que fosse «apagado o letreiro» onde se lia Praça do Pelourinho.
O bom senso não considerou a proposta. A verdade é que o «Pelourinho» de Lisboa não tem, significação odiosa.("Casas da Câmara de Lisboa"-Luís Pastor de Macedo e Norberto de Araújo).
É também Castilho quem transcreve palavras proferidas em 19 de Outubro de 1882, por João Joaquim Antunes Rebelo, nas quais este vereador conclui que: «esta coluna, quer seja considerada como recordação histórica, quer seja considerada como símbolo da autoridade municipal, quer seja considerada como um simples primor de arte portuguesa, merece ocupar um lugar distinto numa cidade em que não abundam os Monumentos de valor artístico(...)».
A este Pelourinho, consta que já no século XIX, foram retidas as ferragens que à data se pensava tratar-se de instrumentos que serviam para prender os criminosos condenados à injuria de quem por eles passava. Com o Liberalismo alguns Pelourinhos de Portugal chegaram mesmo a ser apeados.
(CONTINUA) (Proximo - «BANCO DE PORTUGAL» e «ASCENSOR DO MUNICÍPIO»


domingo, 27 de abril de 2008

PRAÇA DO MUNICÍPIO [ II ]

Praça do Município - (200-) Foto de Alexis (Igreja de S. Julião no século XXI) in http://lisboakamo.blogspot.com
Praça do Município - (s/d) Fotógrafo não identificado (A igreja de S. Julião na parte esquerda da Praça) in AFML

Praça do Município - (1961) Foto de Mário Costa (Igreja de S. Julião) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
Praça do Município - (1961) Foto de Mário Costa (Igreja de S. Julião, fachada principal) in AFML



(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DO MUNICÍPIO
«A IGREJA DE S. JULIÃO»
A Igreja de S. Julião localizada no Largo de S. Julião, de traço típico pombalino, tem semelhanças com as Igrejas da ENCARNAÇÃO, S. NICOLAU, do SACRAMENTO e dos MÁRTIRES.
Esta Paróquia terá sido criada ainda em finais do século XII ou em data não bem determinada na centúria seguinte. Situava-se a Igreja paroquial para norte da «RUA NOVA DOS FERROS», abrindo o adro para a parte meridional da «RUA DAS ESTEIRAS»; ficava para noroeste do local onde veio a ser construída a sua sucessora; em termos actuais «ocupava metade do 3º quarteirão (...) da rua Augusta, do lado esquerdo, indo da Praça do Comércio; o adro do lado Ocidental da Igreja, ocupava a outra metade, e a capela-mor caía toda sobre a Rua Augusta, abrangendo com o seu comprimento a largura total desta rua».(1)
Destruída pelo terramoto, foi substituída pelo templo construído em terrenos que tinham sido ocupados pelo Patriarcal. Entre o terramoto e 1758 foi sede da freguesia uma barraca no Terreiro do Paço.
Em 1802 transferiu-se para a nova Igreja mas (o templo só ficará concluído em 1810). Devido a um incêndio ocorrido em 4 de Outubro de 1816 passou para a Ermida de Nª. Senhora da Oliveira, aí permaneceu até 1855.


Esta igreja a sua fachada inscreve-se em rectângulo cuja altura corresponde irregularmente a uma vez e meia de altura. É rematada por um frontão híbrido, aberto por um óculo emoldurado, frontão que remata as quatro falsas pilastras. As três portas acopladas a três janelas e coroadas de cada uma por seu óculo são também emolduradas por uma decoração de motivos geométricos, folhas e conchas simplificadas até às linhas essenciais. A porta principal é rematada por um frontão semicircular e ladeada também por duas falsas pilastras cujo capitel foi suprimido e substituído por um elemento em forma de mísula alongada.


Após a reconstrução do edifício, a Companhia do Santíssimo Sacramento da freguesia de São Julião, vendeu ao Banco de Portugal o imóvel, por escritura de 7 de Junho de 1933, para custear a construção da nova Igreja de Nª. Senhora de Fátima. O culto manteve-se nesta Igreja até 2 de Junho de 1934.
A paróquia muda de novo a sua sede para a Ermida de N. Srª. da Oliveirinha, vindo a ser extinta em 1959.
No ano de 1937 a Câmara Municipal de Lisboa dá autorização para ser demolida a Igreja, mas só em 1940 se dá inicio às obras, começando pela demolição do interior, no entanto foram suspensas três anos mais tarde.
Lembramo-nos de nos anos 60 do século XX, termos observado durante largo tempo, as pedras que compunham toda a fachada da Igreja de S. Julião, com uma numeração e referencias, denotando que alguma coisa estava iminente; o seu desmantelamento ou transladação, mas tal não aconteceu e as marcações mais tarde foram apagadas.
Com a reconversão da «BAIXA POMBALINA» no ano de 1974, foi alertado o Banco de Portugal que deveria conservar toda a construção exterior da Igreja, incluindo a «TORRE» e, que no seu interior, (entretanto destruído), fosse dado «uma utilização compatível com o aspecto exterior do edifício».
Recentemente tivemos acesso a uma notícia onde dizia: «que o espaço (interior da Igreja) era usado como estacionamento de carros».
(1) -A. Vieira da Silva - AS FREGUESIAS DE LISBOA p. 38
BIBLIOGRAFIA
-Monumento e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa - Tomo I
(CONTINUA) - (Próximo - «O PELOURINHO»

sábado, 26 de abril de 2008

PRAÇA DO MUNICÍPIO [ I ]

Praça do Município - (2007) Foto de Jaime Silva (Placa toponímica) in olhareslisboa.blogspot.com(azulejo)
Praça do Município - (1966) Foto de Armando Serôdio (Pelourinho e Arsenal da Marinha à esquerda) in AFML

Praça do Município - (s/d) - Fotógrafo não identificado in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa




«PRAÇA DO MUNICÍPIO»
A PRAÇA DO MUNICÍPIO pertence a duas freguesias. À freguesia dos MÁRTIRES os números 1 a 38, à freguesia de S.NICOLAU o Edifício da Câmara Municipal de Lisboa. Fica entre as Ruas do Arsenal, do Comércio e do Largo de S. Julião.


A «PRAÇA DO PELOURINHO» cuja designação foi mudada para «PRAÇA DO MUNICÍPIO» em 1886 (edital de 24 de Maio desse ano), ocupa aproximadamente a mesma área do antigo «LARGO DO PATRIARCAL».
Do lado Sul é limitado pela fachada do Arsenal da Marinha, a nascente pelo edifício da Câmara Municipal de Lisboa. A Norte fica o Largo de S. Julião (com a sua Igreja já desactivada). O Pelourinho terá sido levantado «alguns anos depois do terramoto de 1755» ( é o que nos diz Vieira da Silva em 1968), e a sua autoria atribuída ao Arquitecto Eugénio dos Santos estando classificado como Monumento Nacional desde 1910.


O «LARGO DO PELOURINHO» situava-se antes do terramoto de 1755, no dizer do mestre olisipógrafo Norberto de Araújo: «no chão onde se ergue o quarteirão extremo da actual Rua do Comércio, entre as Ruas dos Fanqueiros e Madalena de hoje».
Depois do terramoto foi necessário procurar local para uma Praça que lembrasse o «LARGO DO PELOURINHO» medieval.
A construção da Praça no sítio onde ela havia existido destoava do plano de reedificação da parte arruinada da cidade. O lado oposto do vale da Baixa, na base sudeste do escarpado do Monte de S. Francisco, em terrenos onde haviam acampado a Igreja Patriarcal e algumas dependências do Palácio Real, foi escolhido como o local ideal para a construção de uma nova «PRAÇA DO PELOURINHO».
(CONTINUA) - (Próximo - Igreja de S. Julião)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ VII ]

Rua do Arsenal (1974) Fotógrafo não identificado (Salgueiro Maia um homem do 25 de Abril de 1974) in http://www.sintravox.com/
Rua do Arsenal - (1974) Fotógrafo não identificado´(Salgueiro Maia enfrenta a unidade hostil) in jornada.wordpress.com

Rua do Arsenal - (1974) (Fotógrafo não identificado) (Salgueiro Maia ao encontro do Brigadeiro que comandava as forças fiéis ao regime) in ocristo.blogs.sapo.pt



(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
«EPISÓDIO DO 25 DE ABRIL NA RUA DO ARSENAL»
A Rua do Arsenal foi palco de um episódio bastante marcante, na manhã do dia 25 de Abril de 1974.
Aqui, nesta rua, era o coronel Romeira Júnior quem comandava os dois carros de combate que faziam parte da força às ordens do brigadeiro Junqueira dos Reis: a restante força estava na Avenida da Ribeira das Naus.
Previa-se o confronto: Salgueiro Maia mandou parlamentar Alfredo Assunção, tenente da Escola Prática de Cavalaria. Mas Junqueira dos Reis não querendo ouvi-lo, agrediu-o.
O emissário de Salgueiro Maia enfrentou firma, sem ripostar à agressão feita pelo brigadeiro, respondeu com uma aprumada continência. Apesar da correcção do oficial subalterno, Junqueira dos Reis não ficou satisfeito e mandou disparar sobre o tenente que, graças à pronta intervenção do coronel Romeira Júnior, ninguém disparou. Tendo o parlamentar voltado ileso para junto do Capitão Salgueiro Maia.
Entretanto o brigadeiro Junqueira dos Reis ainda não tinha desistido dos seus intuitos bélicos, guardando-os para a Avenida da Ribeira das Naus.
O pior passou, nenhuma arma foi ali disparada.
Estava ao largo no Tejo frente à Praça do Comércio, um vaso de guerra cujo propósito se desconhecia se era a favor ou contra o movimento revoltoso.
Aqui na Rua do Arsenal tinha-se passado um mau momento, e Salgueiro Maia caminha de cabeça erguida, pela linha do eléctrico enfrentando o perigo, conseguindo apaziguar a ira.
O Homem de Santarém não era ainda um alvo...
Ultrapassados vários anos depois da Revolução do 25 de Abril de 1974, ficamos com a convicção de que a vitória da Revolução começou a decidir-se na «RUA DO ARSENAL».

quinta-feira, 24 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ VI ]

Rua do Arsenal - (200--) Fotógrafo não identificado (Arsenal da Marinha, lugar de refúgio da familia real após o incidente) in hpserra.blogs.sapo.pt
Rua do Arsenal - (1908) Desenho de Autor não identificado (O Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908) in http://historiaberta.com.sapo.pt/

Rua do Arsenal - (1908) - Desenho de Carlos Alberto (Buíça alvejando o Rei) in http://www.cienciahoje.pt/


Rua do Arsenal - (1908) -Desenho de autor não identificado (O Rei a ser alvejado) in estradapoerenta.blogspot.com



(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
«O REGICÍDIO»
A Rua do Arsenal foi "testemunha" do Regicídio de 1908, e o Arsenal da Marinha o refúgio ocasional da família Real.
O Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, ocorrido no Terreiro do Paço, marcou profundamente a tensão que perturbava o aspecto político português.
O sistema político vigente desgastado desde o período da Regeneração, os dois partidos políticos que alternavam o poder (Progressistas e Regeneradores) e o renascer de novos partidos, agravara os primeiros anos do século XX.
A família Real, regressa de Vila Viçosa (no Alentejo) onde costumavam passar uma temporada de caça.
A Estação Fluvial na parte sul-sueste da Terreiro do Paço, era o local de chegada a Lisboa da comitiva real.
A escolta resumia-se aos batedores protocolares e a um oficial a cavalo, Francisco Figueira Freire, ao lado da carruagem do Rei.
Encontrava-se pouca população no Terreiro do Paço, quando a carruagem circulava junto ao lado ocidental da praça quando se desencadeia um tiroteio.
Manuel Buiça dirige-se para o centro da rua e dispara a sua carabina. O tiro feriu mortalmente o Rei, outros atiradores disparam em diversos pontos da praça, atirando sobre a carruagem que fica crivada de balas.
Alfredo Costa um segundo regicida surge das arcadas e de pé sobre o estribo da carruagem, dispara também sobre o Rei já tombado. A Rainha de pé na carruagem, fustiga-o com a única arma de que dispunha: um ramo de flores, gritando "infames! infames!".
Alfredo Costa volta-se para o príncipe D.Luís Filipe, que se levanta e saca do seu revólver,mas é atingido no peito. Mesmo ferido, o príncipe dispara quatro tiros rápidos sobre o atacante, que tomba da carruagem. Ao levantar-se D. Luís Filipe fica na linha de tiro sendo morto pelo atirador da carabina.
Buíça voltara a fazer pontaria sobre a família real, mas é impedido de disparar sobre a carruagem pela intervenção de um simples soldado de Infantaria 12, que passava no local. O oficial Francisco Figueira carrega primeiro sobre o Costa, que ferido pelo príncipe é atingido por um golpe de sabre, preso pela polícia, e de seguida dirige-se a Buíça. Este ainda o consegue atingir numa perna com a sua última bala e tenta fugir, mas Figueira alcança-o e imobiliza-o.
O condutor da carruagem a golpes de chicote, fez arrancar a carruagem virando a esquina da Rua do Arsenal, procurando ali refugio. É nessa altura que um atirador desconhecido ainda consegue atingir D. Manuel num braço.
A carruagem entra no Arsenal da Marinha, onde se verifica o óbito do Rei e herdeiro do Trono, o princípe Luís Filipe.
Em conclusão, o regicídio é geralmente considerado como o fim do regime monárquico constitucional, sendo o golpe de 5 de Outubro de 1910 apenas a sua confirmação.
BIBLIOGRAFIA
(CONTINUA) - (Próximo - (O Episódio do 25 de Abril na Rua do Arsenal)


quarta-feira, 23 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ V ]

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Painel de azulejos representando várias passagens da vida de S. Roque - lateral direito da Capela, vista parcial do coro) in Revista Municipal CML
Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Painel de azulejos do século XVIII) in Revista Municipal CML

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Tecto em abóbada, à esquerda a meio um cordeiro e sobre este uma coroa) in Revista Municipal CML


(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
«A CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA»
As paredes são revestidas de seis painéis de azulejos do século XVIII (três em cada lado), a azul e branco, com cercaduras de flores amarelo e rosa, representando várias passagens da vida de S. Roque, assim descritas:
1-«NASCIMENTO DE S.ROQUE, NO QUAL SE VIU UMA CRUZ VERMELHA NO PEITO DO SANTO MENINO»;
2-«S.ROQUE SAÍDO DA SUA TERRA ENTROU NUM HOSPITAL, NO QUAL FEZ MARAVILHAS»;
3-«S.ROQUE FAZ O SINAL DA CRUZ NA TESTA DE UM CARDEAL, ESTE FERIDO SE PÔS BEM»;
4-«O SANTO VENDO QUE TODOS SE ESCUSAM A DAR-LHE ACOLHIMENTO SE RETIRA PARA UM BOSQUE»;
5-«ENTROU EM MONTEPELIER EM MISERÁVEL ESTADO, DE SORTE QUE DESCONFIARAM DELE E O PRENDERAM»;
6-«AQUI SE VÊ MORTO S. ROQUE DENTRO DA PRISÃO, ONDE O TIO O RECONHECE COMO SENDO SEU SOBRINHO».
Junto à Igreja fica a sacristia, onde esteve instalada a Caixa de Pensões dos Operários do Arsenal. No meio do tecto, estão pintadas as armas da Irmandade dos Carpinteiros Navais.
O pavimento é de boa madeira de duas cores. Na parte central, embutidas, uma elipse e uma estrela de madeira preta e crema (Ébano e Espinheiro).
Por cima da sacristia ficava a Casa do Despacho da Irmandade dos Carpinteiros Navais, local onde hoje funciona a chefia do Serviço de Assistência Religiosa.
O sino da Capela, na parte exterior, com ramagens lavradas, constitui uma peça interessante. No rebordo interior tem a seguinte inscrição: «Feito no Arsenal da Marinha no ano de 1822».


Em 1913 a Irmandade passa a ser simplesmente uma Associação de Socorros Mútuos, perdendo o seu carácter religioso.
De 1928 a 1955 neste espaço esteve instalado o Cofre da Providência dos Artistas Arsenalistas(1), sendo então recuperado para o culto e passado a funcionar nos anexos à Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Armada.
No anos de 1955, a Capela foi recuperada para o culto, recebendo, de novo a Cruz do século XVIII, o Santo Cristo de metal dourado com cruz e embutidos em madre pérola e um pano com as armas da Irmandade de S. Roque que se encontra na sacristia.
Assim, a Capela de S. Roque do Arsenal da Marinha, constitui no seu todo uma peça de arte notável do final do século XVIII, e é por assim dizer, com o "DIQUE" (que se encontra entulhado) e a fachada exterior do grande edifício da Marinha, o que resta do "Velho" Arsenal que ali funcionou até 1939.
(1)- ARSENALISTAS-Designação pela qual ficaram conhecidos os elementos mais radicais do Setembrismo.
BIBLIOGRAFIA
Revista Municipal CML Nº 16-2º trimestre de 1986
Samuel da Silva Lourenço
Pa. Manuel da Costa Amorim.


(CONTINUA) (Próximo- «O REGICÍDIO»


terça-feira, 22 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ IV ]

Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (A Rua do Arsenal vista do Largo do Corpo Santo)
Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Fecho da abóbada da Capela) in Revista Municipal CML

Rua do Arsenal - (2005) Foto de Jorge Trigo (Arsenal da Marinha) in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/


Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (Placa toponímica)

(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
«A CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA»
Discordando com a convenção que tinha sido feita com os Jesuítas em 1553, resolveram os «CARPINTEIROS DE MACHADO» pedir autorização aos religiosos do Convento do Carmo para fabricarem num vão do Convento, um altar a S. Roque.
A petição foi satisfeita.
Os religiosos do Convento do Carmo foram mais longe e cederam duas dependências para as conferencias da mesa e guarda das alfaias.
Fizeram os irmãos vários acórdãos, sendo um deles, que todos os que embarcassem para fora e mesmo os que trabalhavam nos estaleiros do Reino, pagariam 500 reais para o cofre da Irmandade, para que o dinheiro amealhado pudesse servir para resgate dos irmãos cativos dos mouros.


No ano de 1756/57, pretenderam os «CARPINTEIROS DE MACHADO» restabelecer a irmandade. Recorreram a D. José I para que lhes concedesse licença de edificação dentro da Ribeira das Naus, a sua Capela.
Por despacho régio de 22 de Fevereiro de 1756, foi autorizada a construção de uma «Capela em madeira em lugar daquela que tinham tido no Convento do Carmo, enquanto se lhe dava lugar para que fosse de pedra e cal».
No ano de 1760, destinou D. José I o sítio para a Capela ser edificada em pedra e cal, pelo que se demoliu a que tinha sido construída inicialmente em madeira, esta capela foi sede da Irmandade dos Carpinteiros Navais, substituindo a que existia no Convento do Carmo, que foi destruída pelo Terramoto de 1755.
Nasceu assim a «CAPELA DE S. ROQUE», no local onde ainda hoje se encontra, no antigo Arsenal da Marinha, (quem entra nas instalações da Marinha, pelo portão na Rua do Arsenal, passa o túnel e encontra, à sua esquerda, a porta da Capela) e nela se instalou a «IRMANDADE DOS CARPINTEIROS DE MACHADO ou NAVAIS».

A Capela, mede 9,30 de comprimento e 6,40 de largura. O tecto é em abóbada de estuque branco e rosa, com ornatos em relevo. O retábulo do altar é uma alegoria a S. Roque, trabalho atribuído a José da Costa Negreiros, feito para a Capela da Ribeira das Naus.
A balaustrada de acesso ao altar foi construída em 1955, em madeira de pau santo, sob desenho de técnicos da antiga Direcção-Geral da Marinha, e executado por operários carpinteiros da mesma Direcção.

(CONTINUA) - (Próximo: a terceira parte da Capela de S. Roque)



segunda-feira, 21 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ III ]

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (O painel - representando S. Roque - que encobre o altar, era descido nas ocasiões de culto in Revista Municipal da CML
Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Painel de azulejos lateral e púlpito, vista parcial do coro à esquerda) in Revista Municipal da CML

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Porta Principal da Capela de S. Roque no Arsenal da Marinha de Lisboa) in Revista Municipal da CML



(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
[CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA da irmandade «CARPINTEIROS DE MACHADO ou CARPINTEIROS NAVAIS»]
A origem desta capela e seu patrono atravessa vários séculos e baseados na lenda e sua história, tentaremos explicar.
Quem foi e o que fez S. Roque?
Filho de João e Libânia, nasceu em 1290 na cidade de Montpellier (França) onde seu pai era governador. Faleceu com trinta e dois anos em 16 de Agosto de 1322.
Consta que quando nasceu trazia uma cruz impressa no peito. Já homem, por morte de seus pais, ficou herdeiro dos bens que distribuiu metade pelos pobres e entregou a outra metade a um tio.
Vestiu um pobre hábito, colocou um chapéu, muniu-se de um bordão de peregrino e partiu para Roma.
Levava a sua fé, descansava em estalagens e aí confortava os pobres e os doentes.
Na Itália a peste estava presente e este peregrino apresentara-se a tratar os atacados da doença. Obteve muitas graças curando com um simples sinal da Cruz e o fervor da sua fé. Foi acometido do mesmo mal de que tantos tinha livrado. Refugiou-se numa mata isolada à procura do alívio para os seus males. Lá teria morrido de fome se não fosse um cão que vinha todas as manhãs trazer-lhe um pão roubando da mesa do seu dono. Este, intrigado com o animal que roubava com tanta regularidade, seguiu-o pela floresta; encontrou o doente, travou amizade com ele e fez o possível por lhe melhorar a sorte.
Viu-se o Santo livre de terrível mal. Chegado a um lugar que tinha sido domínio de seu pai, foi preso como inimigo. Na cadeia, padeceu muitos trabalhos que sofreu com exemplar paciência e onde faleceu.
Os padres do Concilio foram obrigados a escrever os milagres, que por intercessão de S. Roque se observaram em Veneza, Nápoles, Secilia, França e Milão, crescendo a devoção pelo Santo.
No reinado de D. João II, chegaram a Portugal os ecos das maravilhas de «S. Roque» em França e Itália.
Decorria já o reinado de D.Manuel I, quando a cidade de Lisboa foi acometida do terrível mal de peste, motivada por contágio de uma nau vinda de Veneza.
D.Manuel I pediu a Veneza que lhe mandassem algumas relíquias de S. Roque. Quando chegaram as relíquias foram recolhidas numa ermida no campo onde se costumavam sepultar os que morriam de peste.
No ano de 1506 foi a Ermida erigida à custa dos devotos, e entre estes se enumeram os «Carpinteiros da Ribeira das Naus».
Os Jesuítas que 14 anos antes tinham entrado no reino, por intercessão de D.João III, tomaram conta da Ermida, estabelecendo três condições:
1)-Que sempre se conservaria um altar dedicado a S. Roque.
2)-Que no dia competente se lhe faria sua festa com música.
3)-Que a nova Igreja que se fizesse, sempre conservaria o título de S. Roque.
Finda a peste em Lisboa, a devoção ao Santo foi aumentando. O Povo mandou fabricar imagens para colocar em diferentes Igrejas, sendo uma delas na Metrópole cidade de Lisboa, outra no de Nossa Senhora do Restelo, no lugar onde os padres Jerónimos fundaram o seu Convento, a cuja Igreja iam os que embarcavam para a Índia, pedir a Nossa Senhora que lhes desse boa viagem e que faziam na altura do embarque.
(CONTINUA) - (Próximo: a segunda parte da Capela de S. Roque)




domingo, 20 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ II ]

Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (Fachada principal do Arsenal da Marinha de Lisboa)

Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (Final da Rua do Arsenal - o recinto para estacionamento de carros foi em tempos a "Sala do Risco")
Rua do Arsenal - (Século XV-XVI) (Pintor Martins Barata) (Reconstituição da Ribeira de Lisboa) in Revista Municipal da CML
Rua do Arsenal - (1622) (Desenho de Domingos Vieira) (Tercenas representadas na panorâmica de Lisboa, inserta na obra de LAVANHA, Viagem da Católica Real Magestade o rei Filipe II N.S. ao reino de Portugal,Madrid.) in Revista Municipal da CML
Rua do Arsenal - (1294) (Desenho atribuido ao Engº Augusto Vieira da Silva) (Tercenas de D. Dinis) in Revista Municipal da CML


(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
«ARSENAL DA MARINHA DE LISBOA»
A zona marginal do TEJO entre a Praça do Município e a Igreja da Conceição Velha chamou-se, no passado a RIBEIRA.
Aqui existiram «TERCENAS» ou «TARACENAS», onde se construiram navios e se guardavam apetrechos maritímos. D. Manuel, quando vivia na Alcáçova do Castelo, vinha com freqência à Ribeira para seguir a construção dos navios, ali se instalando no Paço que mandou edifícar.
Os chamados estaleiros da Ribeira das Naus e os armazéns das armas, de pólvora, de monições, de aprovisionamento e géneros foram, em grande parte, os responsáveis pela epopeia marítima dos portugueses. O terremoto de 1755 destruiu esse importante complexo, mas logo no dia 14 desse mês foi determinada a sua reconstruçãoque, de facto, se iniciou em 1759, com o risco de Eugénio dos Santos.

No início da segunda metade do século XIX, o ARSENAL DA MARINHA começa a adaptar-se à construção de navios de ferro movidos a vapor. Para além de duas carreiras de construção, armazéns e oficinas, o Arsenal dispunha de um "DIQUE", construido em 1792, destinado à reparação de navios. Esta doca seca, a primeira que existiu no país, teve longos períodos de inactividade entre 1807 e 1877, passou então a utilizar uma porta-batel, manteve-se em plena operacionalidade até 1939, data em que, por motivo da abertura da Avenida das Naus, foi atulhada.
Alguns anos antes, em 1936, tinha-se iniciado a transferência do «ARSENAL DA MARINHA» para as «INSTALAÇÕES NAVAIS DO ALFEITE».


Nos edifícios que envolviam o espaço do Arsenal foram instalados, ao longo do tempo, diversas instituições e serviços, dos quais se destacam os seguintes: Observatório Astronómico - criado por D. Maria I em 15 de Março de 1798, serviu para o ensino de astronomia dos alunos das Academias de Guardas-Marinhas e da Marinha. Após as Invansões Francesas, e pelo facto de parte do material ter sido transferido para o Brasil, o observatório passa a ter uma vida atribulada. Em 1824 é traferido para o Real Colégio dos Nobres, que em 1837 passa a Escola Politécnica. Do incêndio que destruiu esta escola em 1843 salvaram-se os instrumentos e livros de registos, perdendo-se a livraria. Em 1845 é integrado na Escola Naval, acabando por ser extinto em 1874.


«SALA DO RISCO»
Situada na aula poente dos edifícios do Arsenal foi, durante muito tempo o maior salão que existiu em Lisboa. (72,26 X 18,70 metros) e manteve as suas caracteristicas até 1916 quando foi destruído por um violento incêndio. Servindo de aquartelamento à Companhia de Guardas-Marinhas, criada em 1782, este espaço também foi designado «CASA DAS FORMAS», por ter servido de armazenamento e traço das formas dos navios que se construíram no Arsenal.
Ali foi instalado em 1796 a aula de construção, desenho e traçamento de formas, dum curso de Construção Naval então existente.


«TERCENAS DE LISBOA»
Outrora eram chamadas de «Taracenas» e designavam, não apenas o local onde se construíam embarcações, mas também os armazéns que, directa ou indirectamente estavam correlacionados com a arumação naval, e, depois, a zona de varadouro das galés.
Torna-se assaz difícil, ou mesmo impossivel, saber o que foi a Ribeira de Lisboa no tempo dos Romanos, dos Godos e dos Mouros. Todavia, estamos certos que ninguém irá pensar que uns e outros se limitassem a apreciar a bela panorâmica do rio, quando qualquer deles já sabiam construir embarcações. E delas, seguramente, teriam necessidades para atravessar o rio (1) e para pescar.

(1)- A via romana de Lisboa para Mérida, que passava por Salácia, começava na margem Sul do Tejo (Moita ou Montijo-antiga Aldeia Galega), o que implicava a travessia do dito rio.
BIBLIOGRAFIA
Anais da Marinha, número especial, Lisboa, Dezembro de 1942
A Nau de Pedra, Coordenação de A. Malheiro do Vale, Lisboa, 1987
LOUREIRO, Carlos Gomes de Amorim, Estaleiros Navais Portugueses, Lisboa, 1960
Revista Municipal, 2ª Série Nº16 (2º Trimestre 1986)

(CONTINUA) - (Próximo - A CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA da Irmandade do «Carpinteiros de Machado ou Carpinteiros Navais»)















































sábado, 19 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ I ]


 

    Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (A Rua do Arsenal vista do lado da Praça do Município)
Rua do Arsenal - (2008) Foto de APS (Ramalho O Rei do Bacalhau) Rua do Arsenal - (1966) Foto Armando Serôdio (Casa Terra Nova - Venda de Bacalhau) in AFML
Rua do Arsenal - (1966) Foto Armando Serôdio in AFML Rua do Arsenal - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel (Rua do Arsenal vista do Largo do Corpo Santo, no lado direito ainda se pode ver uma pontinha dos edifícios da Sala de Risco) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.

A RUA DO ARSENAL pertence a três freguesias.
À freguesia de S.NICOLAU todos os números ímpares e de 2 a 42, à freguesia dos MARTIRES do número 44 ao número 132, à freguesia de S.PAULO do número 134 em diante.
Começa na Praça do Comércio e termina no Largo do Corpo Santo.

Esta rua tem o seu nome ligado ao Arsenal da Marinha, que funcionou desde o século XVIII nesta artéria.
O Arsenal da Marinha foi o antigo local dos estaleiros da Ribeira das Naus e dos armazéns das armas, da pólvora e munições. Com o terramoto de 1755 ficou completamente destruído. Reconstruído em 1759, funcionou até 1939, embora a transferência da construção e reparação de navios, para o Arsenal do Alfeite, tenha sido iniciada em 1936.

A Rua do Arsenal foi local muito procurado para manifestações políticas durante os séculos XIX e XX.
Esta artéria foi palco do «REGICÍDIO» de 1908 e o Arsenal da Marinha o refúgio ocasional da família Real depois do incidente.
Era nesta Rua que «os arsenalistas (elementos mais radicais do setembrismo, de inspiração jacobina e adeptos da soberania popular) se manifestavam contra o poder instituído.
A Rua do Arsenal também em 1918 "assistiu" ao grande Cortejo do Armistício.
Permanece dentro das instalações do Arsenal da Marinha a «CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA», de culto ao Santo e à sua irmandade dos Carpinteiros Navais, de que falaremos noutra ocasião mais detalhadamente.
A Rua do Arsenal foi "testemunha" de outro acontecimento importante em 25 de Abril de 1974, entre o Capitão Salgueiro Maia e as tropas afectas ao regime comandadas pelo Brigadeiro Junqueira dos Santos.


A RUA DO ARSENAL era uma artéria abastecedora da baixa pombalina, tendo como tradição a venda do bom «BACALHAU» que ainda persiste.
Os comerciantes de secos e molhados começaram a instalar-se nesta rua durante os finais do século XIX, uma vez que a estrutura social da baixa pombalina apelava a que ali se centralizasse todo o comércio por excelência.
As casas que hoje resistem, sempre tiveram todas as variedades de bacalhau conhecidas, bem como os "mimos":caras, línguas e por vezes ovas de conserva.
CONTINUA) (Próximo o "ARSENAL DA MARINHA")

sexta-feira, 18 de abril de 2008

RUA DA ARRÁBIDA

Rua da Arrábida - (2004) Fotógrafo não identificado (Placa toponímica)

Rua da Arrábida, 2 a 20 - (1969) Foto João H. Goulart in AFML


Rua da Arrábida, 48 - (1964) Foto Armando Serôdio in AFML

Rua da Arrábida, 71 - (1949) Foto Eduardo Portugal (Registo de Santos votivo a Nª. Srª. da Arrábida e Placa Toponímica) in AFML


Rua da Arrábida - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


A RUA DA ARRÁBIDA pertence à freguesia de SANTA ISABEL, começa no número 28 da Rua D. Dinis e finaliza no número 175 da Rua Silva de Carvalho.


Esta rua posterior ao terramoto, mas ainda do século XVIII, deve o seu nome ao painel de azulejos que representa a Nossa Senhora da Arrábida, incrustado no edifício que ostenta o número 71 desta rua.
Salientamos que apenas foi erigida na Rua da Arrábida um Palacete já no fim do século XIX.
Trata-se do Palacete de Bernardo José Barbosa 1º Visconde de Semelhe. O Título de visconde atribuído foi criado por D. Carlos I Reia de Portugal, por decreto de 25.09.1890. Este aristocrata nasceu em Braga no dia 30 de Outubro de 1837 e faleceu em Lisboa no ano de 1913.


A Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo (SFAA), conta hoje com 135 anos, foi fundada em 26 de Maio de 1872, na Rua Silva Carvalho (antiga Rua de São João dos Bem Casados), onde funcionou alguns anos, tendo passado também a sua Sede Social pela Rua da Arrábida número 70-1º andar, e finalmente, em 18 de Agosto de 1956 voltou a instalar-se na Rua Silva Carvalho no número 225, onde funciona actualmente.


Por mera curiosidade devemos acrescentar, que esta Sociedade partiu de um grupo de cabos da polícia da freguesia de Santa Isabel. O seu primordial objectivo era constituir uma banda filarmónica, mas da união e vontade dos cabos de polícia e dos civis da zona, surgiu a Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo, dedicada a várias actividades embora seja mais conhecida nas danças desportivas ou de salão.


A Rua da Arrábida é uma rua estreita sem ser uma ruela, sossegada mas com alguma vida própria. Arquitectónicamente é uma mistura de várias épocas, pombalina, oitocentista, vestígios de Arte Nova (principalmente no Palacete de Semelhe), prédios do Estado Novo e dos anos sessenta e setenta do século passado.