segunda-feira, 21 de abril de 2008

RUA DO ARSENAL [ III ]

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (O painel - representando S. Roque - que encobre o altar, era descido nas ocasiões de culto in Revista Municipal da CML
Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Painel de azulejos lateral e púlpito, vista parcial do coro à esquerda) in Revista Municipal da CML

Rua do Arsenal - (1986) Fotógrafo não identificado (Porta Principal da Capela de S. Roque no Arsenal da Marinha de Lisboa) in Revista Municipal da CML



(CONTINUAÇÃO)
RUA DO ARSENAL
[CAPELA DE S. ROQUE DO ARSENAL DA MARINHA da irmandade «CARPINTEIROS DE MACHADO ou CARPINTEIROS NAVAIS»]
A origem desta capela e seu patrono atravessa vários séculos e baseados na lenda e sua história, tentaremos explicar.
Quem foi e o que fez S. Roque?
Filho de João e Libânia, nasceu em 1290 na cidade de Montpellier (França) onde seu pai era governador. Faleceu com trinta e dois anos em 16 de Agosto de 1322.
Consta que quando nasceu trazia uma cruz impressa no peito. Já homem, por morte de seus pais, ficou herdeiro dos bens que distribuiu metade pelos pobres e entregou a outra metade a um tio.
Vestiu um pobre hábito, colocou um chapéu, muniu-se de um bordão de peregrino e partiu para Roma.
Levava a sua fé, descansava em estalagens e aí confortava os pobres e os doentes.
Na Itália a peste estava presente e este peregrino apresentara-se a tratar os atacados da doença. Obteve muitas graças curando com um simples sinal da Cruz e o fervor da sua fé. Foi acometido do mesmo mal de que tantos tinha livrado. Refugiou-se numa mata isolada à procura do alívio para os seus males. Lá teria morrido de fome se não fosse um cão que vinha todas as manhãs trazer-lhe um pão roubando da mesa do seu dono. Este, intrigado com o animal que roubava com tanta regularidade, seguiu-o pela floresta; encontrou o doente, travou amizade com ele e fez o possível por lhe melhorar a sorte.
Viu-se o Santo livre de terrível mal. Chegado a um lugar que tinha sido domínio de seu pai, foi preso como inimigo. Na cadeia, padeceu muitos trabalhos que sofreu com exemplar paciência e onde faleceu.
Os padres do Concilio foram obrigados a escrever os milagres, que por intercessão de S. Roque se observaram em Veneza, Nápoles, Secilia, França e Milão, crescendo a devoção pelo Santo.
No reinado de D. João II, chegaram a Portugal os ecos das maravilhas de «S. Roque» em França e Itália.
Decorria já o reinado de D.Manuel I, quando a cidade de Lisboa foi acometida do terrível mal de peste, motivada por contágio de uma nau vinda de Veneza.
D.Manuel I pediu a Veneza que lhe mandassem algumas relíquias de S. Roque. Quando chegaram as relíquias foram recolhidas numa ermida no campo onde se costumavam sepultar os que morriam de peste.
No ano de 1506 foi a Ermida erigida à custa dos devotos, e entre estes se enumeram os «Carpinteiros da Ribeira das Naus».
Os Jesuítas que 14 anos antes tinham entrado no reino, por intercessão de D.João III, tomaram conta da Ermida, estabelecendo três condições:
1)-Que sempre se conservaria um altar dedicado a S. Roque.
2)-Que no dia competente se lhe faria sua festa com música.
3)-Que a nova Igreja que se fizesse, sempre conservaria o título de S. Roque.
Finda a peste em Lisboa, a devoção ao Santo foi aumentando. O Povo mandou fabricar imagens para colocar em diferentes Igrejas, sendo uma delas na Metrópole cidade de Lisboa, outra no de Nossa Senhora do Restelo, no lugar onde os padres Jerónimos fundaram o seu Convento, a cuja Igreja iam os que embarcavam para a Índia, pedir a Nossa Senhora que lhes desse boa viagem e que faziam na altura do embarque.
(CONTINUA) - (Próximo: a segunda parte da Capela de S. Roque)




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