quinta-feira, 6 de março de 2008

LARGO DO CHIADO [ I ]

Largo do Chiado - (2007) Fotógrafo não identificado ( Largo do Chiado e Rua Garrett )
Largo do Chiado - (2007) Foto Dias dos Reis ( O Largo com seu poeta) in http://www.pbase.com/

Largo do Chiado - (2007) Foto Dias dos Reis (Largo do Chiado com as escadas do Metro) in http://www.pbase.com/

Largo do Chiado - (1959) Foto Armando Serôdio (Estátua do Poeta Chiado) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

Largo do Chiado - (Ant. 1925) Fotógrafo não identificado (Largo das Duas Igrejas-Postal)

Largo do Chiado - [s.d.] Martins Barata ( O Chiado no tempo do romantismo - século XIX - Desenho)

Largo do Chiado - [ s.d.] (Desenho do Chafariz de Neptuno do Loreto - a figura cimeira de Neptuno é da autoria de Machado Castro (1771) feita em mármore de Carrara, encontrando-se desde 1951 no Largo D. Estefânia)

O LARGO DO CHIADO pertence a três freguesias. À freguesia dos MÁRTIRES os números 1 a 8, à freguesia da ENCARNAÇÃO os números 9 a 15, à freguesia do SACRAMENTO do número 16 em diante. Começa na Rua Garrett e termina na Praça Luís de Camões.




A origem do topónimo talvez esteja ligado a um tal Gaspar Dias, de alcunha «o Chiado», que também viveu no século de quinhentos com taberna aberta neste local, embora a tradição popular consagrasse a figura de um frade franciscano, de nome António Ribeiro Chiado, arruaceiro e devasso, mas com algum talento poético, que faleceu em 1591.


Norberto de Araújo, nas suas "Peregrinações em Lisboa", ao falar do Largo das Duas Igrejas, designação municipal desaparecida em 1925, diz-nos que este foi o «lugar da Porta (ou Portas) de Santa Catarina, construída na cerca de D. Fernando, entre 1373 e 1375, cuja demolição estava resolvida em 1702, e se realizava ainda em 1705, prolongando-se a 1707. Trezentos e trinta anos de existência justificaram a teimosia do dístico que aí correu.
Os terrenos para exterior constituíam, no final do século XV, as herdades da Boa Vista e de Santa Catarina (...) E o que se situava do lado de dentro da muralha de Lisboa(...). Os terrenos transferidos da posse do famoso almirante (que recebeu em doação de D. Dinis) para aposse da Câmara foram sendo aforados, e deram origem a Vila Nova de Santa Catarina, bisavó do Chiado e Rua Garrett(...) Os terrenos da herdade de Santa Catarina, do Judeu Guedelha e fora de muros(...) deram origem a Vila Nova de Andrade, avó do Bairro Alto.(Livro V páginas 12 e 13).
Segundo o mesmo autor que estamos a citar, pois que em mais nenhum conseguimos referencias a este local, a designação «Chiado» era muito antiga, uma vez que António Ribeiro Chiado foi poeta do século XVI, embora mais nova do que a de "Santa Catarina". «Depois do século XVI essas denominações foram simultaneamente usadas, havendo contudo um período, pelo menos, de distinção»: «Porta (ou Portas) de Santa Catarina» - era o actual Chiado; «Rua das Portas» ou «Rua Direita de Santa Catarina» era o troço actual da Rua Garrett, até onde se rompe a Rua Ivens de hoje; «Chiado» se chamava apenas ao troço desde esta confluência até ao topo.
Neste Largo, também chamado de «Cordoaria Nova», das «Cavalariças», do «Loreto» e das «Duas Igrejas», existiu, até à segunda metade do século XIX, o famoso «CHAFARIZ DOS GALEGOS» ou «CHAFARIZ DE NEPTUNO DO LORETO», da autoria de Machado Castro em 1771, composto de uma escadaria desdobrada lateralmente, com a estátua de Neptuno no topo e com toda a sua beleza que dava uma nota pitoresca ao local. Hoje a mesma estátua encontra-se no Largo de D. Estefânia desde 1951 e anteriormente esteve na Praça do Chile.
O chafariz existia onde se erigiu o monumento a António Ribeiro «CHIADO» - o poeta dos autos - obra escultural de Augusto da Costa Mota e foi inaugurada no dia 18 de Dezembro de 1925.
O sítio onde a Porta de Santa Catarina se abria chamava-se Largo do Loreto do lado de fora e Largo da Cordoaria Nova do lado de dentro. Isto porque no traçado anterior ao terramoto, e na extensão sul da área do quarteirão edificado depois, entre as Ruas do Alecrim e António Maria Cardoso, se encontrava uma Rua da Cordoaria Nova, sem saída, e cujo começo era junto da face nascente da Igreja da Encarnação. No entanto, esta designação durou pouco tempo, pois não tinha raízes sólidas. Chamou-se então «Largo das Cavalariças», por estar perto das Cocheiras da Casa de Bragança.
Com a demolição do muro, onde a porta se abria, o nome de «Largo do Loreto» generalizou-se e, pouco a pouco, passou a chamar-se de «Largo das Duas Igrejas», por nele se encontrar os dois templos: A Igreja do Loreto e a Igreja da Encarnação.
O Largo do Chiado foi o grande centro cultural de Lisboa. Guerra Junqueiro, frequentador assíduo dos cafés da zona, divulgou sobre ele muitos elogios, como por exemplo: «Para ver o Mundo, só há dois píncaros: o Himalaia e o Chiado».


(Hoje ficamos por aqui, a próxima conversa será sobre as casas ou lojas envolventes)




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