quarta-feira, 28 de maio de 2008

RUA ANTÓNIO VARIAÇÕES

Rua António Variações - (1983) - Fotógrafo não identificado in 13.photobuckt.com/
Rua António Variações - (198-) Fotógrafo não identificado in www.uni-hamburg.de/

Rua António Variações (s/d) Fotógrafo não identificado in boraiprosol.blogs.sapo.pt

Rua António Variações - (198-) Fotógrafo não identificado in dn.sapo.pt2004/11/12/artes


A «RUA ANTÓNIO VARIAÇÕES» pertence à freguesia de SANTA MARIA DOS OLIVAIS. Começa na Rua Carlos Daniel e termina na Rua Mário Viegas.
Por deliberação Camarária de 13 de Maio de 1998 e Edital de 24 de Junho de 1998, foi atribuído o nome de António Variações à rua nesta freguesia, de designação anterior "B" do Bairro dos Retornados, sendo inaugurada em 7 de Maio de 1999.


A 3 de Dezembro de 1944 na Aldeia minhota de Fiscal, situada no Concelho de Amares (BRAGA), viu nascer um dos seus filhos mais famosos, António Joaquim Rodrigues Ribeiro, que é como foi baptizado «ANTÓNIO VARIAÇÕES».
Estudou por aquelas bandas, no mesmo tempo que ajudara o seu pai no trabalho do campo. Já nesses tempos demonstrava grande apetência pela música.
Com apenas 11 anos teve o seu primeiro emprego, em Caldelas, como fabricante de quinquilharias. Um ano depois vem para Lisboa, onde começa a trabalhar num escritório.
Os anos passaram e veio a altura de cumprir o serviço militar. Os tempos eram outros e o seu destino foi Angola. Antes de partir, pede à sua mãe que acenda uma vela a Santo António, figura da sua devoção. Regressa em 1975, mas por pouco tempo. O seu próximo destino é Londres. Um ano depois, mais um rápido retorno... e nova partida; desta feita, para Amesterdão, cidade em que aprende o seu oficio: assim, monta em Lisboa, no Centro Comercial IMAVIZ, o primeiro cabeleireiro Unisexo português.


Em 1978 apresenta uma maqueta à firma Valentim de Carvalho e, uns anos mais tarde, dá-se o encontro com duas pessoas: Júlio Isidro e Luís Vitta. O primeiro abre-lhe as portas da Televisão, o segundo as da rádio.
Em 1982 sai o seu primeiro "single" «POVO QUE LAVAS NA RUA» e «ESTOU ALÉM». E, em pouco mais de um ano, transforma-se num caso de popularidade da música popular Portuguesa. Em 1983, sai o seu primeiro álbum intitulado «ANJO DA GUARDA», com êxito como «É PARA AMANHû ou «O CORPO É QUE PAGA», num estilo que ele próprio define como reunir folclore, rock, blues e fado. Em 1984 grava o seu segundo e último álbum «DAR E RECEBER», no qual se revelou como sucesso a «CANÇÃO DO ENGATE».
O seu primeiro sucesso constitui-se no arrojo de cantar «POVO QUE LAVAS NO RIO», "emblema" de Amália. Temas como «É PARA AMANHû, «O CORPO É QUE PAGA» ou «VISÕES/FRICÇÕES/NOSTRADAMUS» - com a música composta por Victor Rua - ficarão na história da música portuguesa.
Quando lhe punham questões de natureza estética, definia-se de forma vulgar: «Estou entre Braga e Nova Iorque». Morreu a 13 de Junho de 1984, no dia em que Lisboa celebra o Santo de sua devoção


BIBLIOGRAFIA
Gazeta de Lisboa Nº6 de 04/05/2000
CML - Toponímia

(ATÉ BREVE... AMIGOS)



COMUNICADO

VOU ESTAR AUSENTE DESTE MEU RECANTO PORQUE O MEU SENHORIO ME COLOCOU NA RUA, DEPOIS DE ME MOVER UMA ACÇÃO DE DESPEJO EM DESCARADA MÁ FÉ.
NÃO ME ACEITOU A RENDA (1996) EU FUI DEPOSITÁ-LA NA CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS, (A MINHA ADVOGADA NÃO VEZ PROVA DA RECUSA E EU ESTOU NA RUA), APÓS 12 ANOS DE RECUOS E AVANÇOS (POIS GANHEI TRÊS VEZES E PERDI UMA, A ÚLTIMA).
ESTAVA NESTA CASA DESDE 1960 EMBORA JÁ TIVESSE HABITADO NO MESMO PRÉDIO (NOUTRO ANDAR) DESDE 1957. TENHO 71 ANOS SEMPRE PAGUEI A RENDA ATEMPADAMENTE, AGORA VEJO-ME RETIRADO DA CASA DE PERTO DA FAMÍLIA, ALÉM DOS PROBLEMAS PSICOLÓGICOS E MORAIS QUE TUDO ISTO ENVOLVE.
NÃO ME VOU LAMENTAR MAIS, ACEITO A VIDA COMO ELA ME PROPORCIONA, NÃO SEI SE SOU UM "PARVALHÃO" OU UM "CHICO-ESPERTO", UMA COISA TENHO PRESENTE. SOU SÉRIO, O TRIBUNAL DECIDIU (MAL OU BEM NÃO INTERESSA) EU LIMITO-ME A CUMPRIR.
NO DIA 30 DE MAIO DE 2008 SERÁ O MEU ÚLTIMO DIA NESTA MORADA EM SASSOEIROS.
SAUDAÇÕES "BLOGUISTAS"
APS (Agostinho de Paiva Sobreira)

terça-feira, 27 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ VI ]

Largo do Conde Barão - (actual)(fotógrafo não identificado) in lisboa-abandonada.blogspot.com
Largo do Conde Barão - (19--) Fotógrafo não identificado (Carros Americanos) in AFML Largo do Conde Barão - (19--) Fotógrafo não identificado (carros do Chora no Largo) in AFML


(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«PALÁCIO DOS ALMADAS-CARVALHAIS»
Não queremos deixar de referir que foi aqui, neste Palácio em finais do século XIX, até1923 que existiu a «COMPANHIA NACIONAL EDITORA», infelizmente desaparecida.
Nestes últimos anos esteve, também, instalado no Palácio dos «ALMADAS-CARVALHAIS» o «CASA PIA ATLÉTICO CLUB - ATENEU CASAPIANO» (negociada a saída deste Palácio até 31 de Agosto de 2005). Existia ainda uma Biblioteca-Museu Luz Soriano na sede do Clube desde 1939 a 2005. Esta biblioteca foi fundada pelo antigo casapiano António Bernardo profissional dos CTT, que se distinguiu também na pintura e BD.
Tivemos conhecimento que este edifício já está classificado como Monumento Nacional desde 1920. Foi alvo de profundas obras de restauro no século XVIII. Da primitiva traça conserva-se o túnel de entrada com abobada de arestas forradas de azulejos seiscentistas. No pátio ainda se pode ver o claustro renascentista.


«PALÁCIO DOS CONDES-BARÕES»
O Palácio dos Condes-Barões ficam nos números 41 a 47 deste Largo (1), mas tinham a sua parte nobre na esquina da Rua dos Mastros.
Os Alvitos (cujo primeiro título pertenceu a João Fernandes da Silveira (1475), chanceler-mor e escrivão da puridade e embaixador de D. Afonso V, foi o primeiro Barão em Portugal, tinha sangue real, eram Lopos da Silveira, porque João Fernandes casara em segundas núpcias com D. Maria de Sousa Lobo que trouxe ao marido os senhorios, entre outras, de Alvito e de Oriela, de que adveio o condado de Oriela.
O primogénito do casamento, D. Diogo continuou a casa de Alvito que deu a dos «CONDE-BARÃO».
(1) - Elevam-se dois prédios de igual aparência, forrados a azulejo industrial escuro, o principal dos quais, contíguo à antiga casa dos Almadas-Carvalhais, pertence a Luís de Campos Henriques de Almeida, Conde de Pinhel.


BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Norberto de - Peregrinação em Lisboa, Volume XIII
A Capital
www.sg.min-edu.pt/museu


(Próximo) - Rua António Variações-Cantor (1945-1984)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ V ]

Largo do Conde Barão - (194-) Foto de António Castelo Branco (Pátio do Palácio Almada-Carvalhais) in AFML
Largo do Conde Barão - (194-) Foto de António Castelo Branco (Pátio do Palácio Almada-Carvalhais) in AFML
Largo do Conde Barão - (194-) Foto de António Castelo Branco (Palácio Almada-Carvalhais Portão) in AFML
Largo do Conde Barão - (1907) Fotógrafo não identificado (antigo Palácio dos Almada-Carvalhais, vendo-se a placa da Companhia Nacional Editora) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«PALÁCIO ALMADA-CARVALHAIS»
No Largo do Conde Barão, logo a seguir à Rua das Gaivotas, para poente, um prédio cujo arco de entrada nasce de um pequeno ângulo desenhado no alinhamento urbano. Foi a entrada da «GARAGEM CONDE BARÃO».


Nesse pedaço de fachada da casa apalaçada seiscentista, encontramos uma Torre de cantaria, e na janela de volta redonda que fica sobre o portão, sobrepujada do brasão dos Almada-Carvalhais.
Este solar foi pertença em meados do século XVII dos Provedores da Casa da Índia (ALMADAS), «D. CRISTÓVÃO DE ALMADA», que sucedera no cargo de Provedor a seu pai, o fidalgo «RUY FERNANDES ALMADA». Por casamento advém-lhe a união das duas famílias e casas (ALMADA-CARVALHAIS).


Os vestígios deste Palácio são curiosos.A entrada em rampa, mostra ainda as pilastras e os arcos de cantaria em volta perfeita. À direita um formoso arco de volta abatida, abre um delicioso claustro da Renascença, ao fundo do qual sobe a escadaria nobre do Palácio, hoje prédio de rendimento, indiferente às belezas do passado.
Tem o claustro três faces, adornadas, a do fundo de três arcos, e as laterais de quatro arcos, apoiadas a colunas de lindos capitéis lavrados; uma das ordens laterais de arcarias está entaipada com um barracão saliente que os encobre, e a outra está visível, mas a parte do seu interior foi ocupada por uma oficina de imprensa a «OTTOSGRÁFICA, LIMITADA»(1).
Voltando à rampa de entrada, ela segue em direcção à garagem, uma passagem, revestida de curiosos azulejos setecentistas nos dois tramos de abóbada, apoiados em belas pilastras nuas.
Sabe-se que foi aqui a cozinha da casa, no tempo em que o local da garagem constituía o jardim do Palácio do Provedor da Casa da Índia.


Este jardim, de que não restam notícias escritas, e ficará apenas esta nota, era guarnecida de algumas estátuas e azulejos, alguns do tipo dos da Bacalhoa (Azeitão), Vila onde os Carvalhais tiveram uma casa, a qual se extinguiu com último representante da família.
(1) - Existia uma ligação entre esta firma e a Empresa do "JORNAL DO COMÉRCIO", através do seu director Dinis Bordalo-Pinheiro, resultando mais tarde a firma BORDALO-PINHEIRO,Lda. no Largo do Conde Barão, 49.

domingo, 25 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ IV ]

Largo do Conde Barão, 47 - (1976-77) Fotógrafo não identificado (6ª e última casa da Escola Académica) in http://www.sg.min-edv.pt/
Largo do Conde Barão, 47 - (depois 1944) (Escola Académica) in http://www.sg.min-edv.pt/

Largo do Conde Barão - (1901) Fotógrafo não identificado in picasaweb.google.com



(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«O ENVOLVENTE AO LARGO»
O último sinal de vida activa no Palácio dos «CONDES DE PINHEL» foi dado pela «ESCOLA ACADÉMICA», estabelecimento de ensino com largas tradições em Lisboa - de que já nos referimos no nosso Blogue, referente à Calçada do Duque, em 09.02.2008 - que ali teve a sua sede. Vamos só relembrar um pouco, para salientar que esta Escola funcionou durante 130 anos (1847-1977). Teve o seu inicio em S. Roque (actual Largo Trindade Coelho) de onde passou, em 1863, para a calçada do Duque, ocupando então o enorme prédio, a meio das escadinhas, que hoje é pertença da C.P.. Ali se manteve até 1917, ano em que transitou para o Monte Agudo, (à Penha de França). Veio acabar os seus dias neste prédio do Conde Barão, no Palácio dos Condes de Pinhel onde foi instalada em 1944. Lá comemoraria o seu centenário em 1947 e por ai se manteria por mais três décadas no número 47, até ao ano lectivo de 1976/1977, ano em que é definitivamente encerrada. Como vestígio físico último da sua passagem pelo edifício, resta uma placa na fachada do mesmo. O edifício em 2007 foi intervencionado com obras de conservação.


Nesta mesmo edifício, esteve durante vários anos uma loja de loiça e vidros, das mais bem fornecidas de Lisboa.
Falando ainda do envolvente do Largo, nomeadamente na Rua do Merca-Tudo, onde o espaço se proporciona, instalam-se esplanadas durante o tempo quente. As restantes ruas, estreitas, envergonhadas, ligam o largo ao Poço dos Negros, num dédalo cuja pequenez não dá para ninguém se perder.


Os alfacinhas mais idosos lembram, por exemplo, as fábricas reunidas Vulcano e Colares, especializadas na industria de serralharia, que desafiaram o tempo com o sugestivo nome de «COMPANHIA PERSEVERANÇA». Na Rua das Gaivotas existiu a célebre fábrica de vidros, fundada em 1881, que durou até há pouco tempo. Todo um passado de trabalho, hoje transferido para os serviços e comércio que abundam no local. E dos quais devemos as notas de vida que não deixam esmorecer quem ali viva ou por quem lá passe.

Numa altura em que se fala de prédios em mau estado e destinados a evitar que eles se transformem em verdadeiros archotes vivos da cidade, virá aproposito uma visita a um Largo lisboeta que poderá ser encarado como o símbolo de "decadência".
Chama-se por aparente ironia, do CONDE-BARÃO. Não lhe valeu, contudo, o duplo título para o livrar de ser hoje uma sombra.
O movimento pela passagem dos carros e pessoas pelo Largo disfarça um tanto as enfermidades. Enquanto se olha para o transito e para o caminho, não haverá tempo de observar os prédios que outrora exibiam acção e progresso. Poucos lugares em Lisboa tiveram, nos tempos áureos, tantos palácios por metro quadrado. Hoje, reinam pelo local uma certa tristeza e a visível decrepitude.
(CONTINUA) - Próximo «O PALÁCIO DOS ALMADA-CARVALHAIS»

sábado, 24 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ III ]

Largo do Conde Barão - (Actual) Fotógrafo não identificado (Armas dos Barões de ALVITO) in www.pt.wikipedia.org/
Largo do Conde Barão - (1907) - Fotógrafo não identificado (O Largo naquele tempo) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«O CONDE-BARÃO»
Conde Barão porque? Como facilmente se pode depreender o duplo título proveio de casamentos, que deu azo a que um descendente reunisse, numa só pessoa um condado (no caso o de «ORIOLA») e um baronato (o de «ALVITO»).
O primeiro Barão de ALVITO (e primeiro fidalgo português a usar o nome de BARÃO) foi «JOÃO FERNANDES DA SILVEIRA» em (1475), chanceler-mor do reino e embaixador no tempo de D. Afonso V.
O sétimo barão do ALVITO, «D. LUÍS LOBO DA SILVEIRA», em 1653, recebia de D. João IV o titulo de Conde de ORIOLA, pelo que ficou conhecido por CONDE-BARÃO do Alvito ou, simplesmente CONDE-BARÃO, designação que perduraria na toponímia local ao nomear o Largo fronteiro ao palácio da família.
Com o tradicional espírito galhofeiro que caracteriza o alfacinha, é de ver que o duplo título foi mote das mais diversas maneiras, incluindo o de servir de nome a peça teatral divertida.
Mas voltemos ao Largo: o facto de os CONDES-BARÕES ali terem fixado residência deu, obviamente, nome ao local. E, até aos dias de hoje, a designação ficou abrangendo não só o antigo palácio como toda a zona circundante - Rua das Gaivotas, dos Mastros, do Silva, do Merca-Tudo, do Boqueirão do Duro e Travessa do Cais do Tojo. De palácio chegou-se a bairro.
São vários os palácios que mudaram o destino deste largo. Logo à esquina da Rua da Boavista com a Rua das Gaivotas, morava a família ALARCÃO. A posse do edifício deu história agitada nos tempos da Restauração,já que D. João Soares de Alarcão e Melo abraçou a causa dos Reis de Espanha, contra D. João IV. A casa foi-lhe por isso confiscada, mas acabou por voltar à posse da família mais tarde.
Lá se instalaram oficiais franceses no tempo das invasões. Da velha casa, ainda é visível um portão seiscentista, na esquina da Rua das Gaivotas para a Rua Fernandes Tomás. Uma escola e um sindicato constituem a nota viva do antigo solar.


(CONTINUA) - Próximo «O ENVOLVENTE DO LARGO»

sexta-feira, 23 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ II ]

Largo do Conde Barão - (195--) Foto Judah Benoliel (Fachada do Palácio Almada-Carvalhais na altura já transformado em prédio de rendimento) in AFML
Largo do Conde Barão - (1909) -Fotógrafo não identificado ( Ardinas no Largo) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«AINDA O SÍTIO DO CONDE BARÃO»
Primitivamente foi aqui o solar dos provedores da Casa da Índia, cargo entregue aos Almadas.
Mais uma vez um casamento veio trazer outra nova riqueza: uma dama trouxe consigo o senhorio de Carvalhais.
Das antigas opulências algumas relíquias ficaram. A entrada em rampa, as pilastras, os arcos, o pátio... No entanto, tudo isto tem convivido, ao longo dos tempos, com actividades industriais - garagens, tipografias, uma grande Companhia Editora etc.. E lá se encontrava até 2005, a sede do Casa Pia Atlético Clube, (Associação ali instalada desde 1920) com tradições nas noites lisboetas e percursor na zona como local de romagem de muita juventude.
Mas o pior, como anunciámos estava para vir: Chegamos agora à esquina do Largo com a Rua dos Mastros e aí vemos um casarão enorme fechado, decrépito, com vidros partidos. Ar de abandono absoluto...
Pois esse foi o principal Palácio da zona, onde moravam os Alvitos, os Condes-Barões.
Quem erguer o olhar, verá os três pisos do edifício, o último dos quais com as suas janelas de sacada. Não será notável o conjunto, convenhamos. Impera a sobriedade e talvez a eficácia. Mas não deixa, mesmo assim, de constituir um dor de alma.
O encerramento de um outro estabelecimento (que chegou a ter fama em muitas localidades do país) «OS ARMAZÉNS DO CONDE BARÃO», aqui tiveram a sua sede. Tratava-se de um armazém de estilo popular, com preços acessíveis, por isso muito frequentado, dando vida ao local. Agora, lá está o prédio, entre as ruas dos Mastros e do Silva, fechado e decrépito, também à espera de melhores dias.
A verdade é que o sítio conserva uma certa vivacidade e um ar ainda característico de uma Lisboa típica e aldeã.
Ainda são visíveis as pequenas oficinas, as lojinhas, as múltiplas casas de pasto onde se come em ambiente familiar, entre vizinhos, discutindo interesses comuns.
A toponímia local lembra muito o mar - GAIVOTAS, PESCADORES, MASTROS... São ainda os restos do labor que caracterizou o sítio.


(CONTINUA) - Próximo «O CONDE-BARÃO»

quinta-feira, 22 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ I ]

Largo do Conde Barão - (2007) Fotógrafo não identificado (Palácio - degradado - dos Barões do Alvito) in http://alvito-baixoalentejo.blogspot.com
Largo do Conde Barão - (C. 1952) Foto Salvador de Almeida Fernandes (Palácio Alvito) in AFML

Largo do Conde Barão - (1909-12) Foto de Joshua Benoliel (Palácio Alvito) in AFML


Largo do Conde Barão - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel (Casa Figueiredo & Cª. (Sobrinho)-Loja de ferragens e de loiça de esmalte) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



«LOCALIZAÇÃO DO CONDE BARÃO SÍTIO»
O «LARGO DO CONDE BARÃO» pertence à freguesia de S. Paulo. Encontra-se entre as ruas: da BOAVISTA, das GAIVOTAS, dos MASTROS, do SILVA, do MERCATUDO, do BOQUEIRÃO DO DURO, da Calçada MARQUÊS DE ABRANTES e da Travessa do CAIS DO TOJO.
No século XVI, junto à praia na BOA VISTA foram construídos dois palácios: O Palácio «ALVITO», construído em finais de Quinhentos e o palácio «ALMADA-CARVALHAIS», construído cerca do ano 1545.
Sucessivos aterros foram conquistando terrenos ao Tejo, onde se instalaram actividades diversas ligadas à faina marítima.
No dizer de Norberto de Araújo: «o Conde-Barão - sítio - é hoje incaracterístico; o seu pitoresco está nas ruas e ruelas que dele nascem para o lado Norte, e que levam à Rua do Poço dos Negros e a Santa Catarina».
Na parte frontal ao conjunto formado pelos dois palácios veio a formar-se um Largo irregular que recebeu a designação de «LARGO DO CONDE-BARÃO».
No inicio do século XX são instaladas diversas unidades fabris, que se haviam de consolidar no lado Sul.
É no «ITINERÁRIO LISBONENSE» de 1804, que pela primeira vez vem mencionada a designação de «LARGO DO CONDE-BARÃO». Anteriormente aquela artéria era conhecida pela «RUA DA PRAIA DA BICA DUARTE BELO» ou «OUTEIRO DA BOA VISTA».
À consolidação dos dois palácios durante o século XVI vieram juntar-se arruamentos, onde se fixou uma população ligada às actividades marítimas e comerciais, bem patentes na toponímia local, tendo como limite Norte o arruamento que estruturou urbanisticamente o lado ocidental da cidade.
O topónimo «CONDE-BARÃO» cedo extravasou os limites do largo vindo a designar este conjunto de ruas sem nunca, contudo, ter formado um bairro propriamente dito.
Continuando a jornada pelo Largo, deparamos logo a seguir com o palácio, dos «ALMADA-CARVALHAIS». Está ocupado e não apresenta, por isso, o ar de decadência que iremos encontrar a seguir.


(CONTINUA) - (Próximo - «AINDA O SÍTIO DO CONDE-BARÃO»


quarta-feira, 21 de maio de 2008

RUA DE SÃO NICOLAU [ V ]

Rua de São Nicolau - (Autor não identificado) (São Nicolau Bispo de Mira) in www.portoalegre.rs.gov.br/
Rua de São Nicolau - (2005) (autor não identificado) (São Nicolau o «PAI NATAL») in www.dizeresmeus.blogs.sapo.pt/arquivo/2005

Rua de São Nicolau - (autor não identificado) (São Nicolau) in www.fatheralexander.orp/booklets/portugal/st.nicolau



(CONTINUAÇÃO)
RUA DE SÃO NICOLAU
«INVOCAÇÃO A SÃO NICOLAU»
O Bispo de Mira «SÃO NICOLAU», nasceu em Pátara na província de Lícia actual Turquia, na metade do século III e faleceu em meados do século IV, tendo sido a sua veneração estendida a toda a Igreja a partir do século X.
Era filho de pais abastados (segundo a lenda), mas expressara na sua vida a caridade apostólica para com os pobres e sofredores.
É invocado popularmente como «ADVOGADO DA POBREZA», protector dos atribulados, dos aflitos, dos escravos, dos presos, dos marinheiros e muito particular da juventude feminina e dos estudantes.


Os presidiários têm-no como protector, pois São Nicolau ficou encerrado durante anos e só foi libertado em razão da amnistia dada por «CONSTANTINO» aos que se encontravam presos por motivos religiosos.
São Nicolau é um santo especialmente querido pelos ORTODOXOS, e particularmente, pelos Russos.
Também lhe é atribuído o culto popular de «PAI NATAL», reminiscência poética de São Nicolau, ressurge na segunda metade do século XIX transformado num feliz «VELHINHO» que irradia simpatia e que distribui os presentes de Natal às crianças.
«Na iconografia, São Nicolau é um tema fecundo, sendo representado, entre outras formas, com as insígnias episcopais de rito latino, com um livro (símbolo da sabedoria de que teria dado provas no concílio de Niceia), com três jovens numa tina (por ele ressuscitados) ou com três bolsas de ouro (em memória do dote que deu a três donzelas para as livrar da desonra)».

BIBLIOGRAFIA
As Freguesias de Lisboa - CML - 1943
Dicionário da História de Lisboa - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - Lisboa 1994
A Capital

terça-feira, 20 de maio de 2008

RUA DE SÃO NICOLAU [ IV ]

Rua de S. Nicolau - (2008) Fotógrafo não identificado (Igreja de S. Nicolau) in http://www.paroquiasaonicilau.pt/
Rua de S. Nicolau - (2000) Foto Luís Pavão (Fachada da Igreja) in AFML

Rua de S. Nicolau - (1959) Foto Armando Serôdio (Igreja de S. Nicolau fachada Principal in Arquivo Fotográfico de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
RUA DE SÃO NICOLAU
«A IGREJA»
Há a assinalar no caso da «IGREJA DE SÃO NICOLAU», que existiu uma primitiva Igreja bastante anterior a 1280, uma vez que nesse ano foi reedificada.
Sabe-se que também teve grandes obras em 1627 e 1650.
Mas o terramoto destrui-a e foi então construído o templo actual que demorou longo tempo a concluir. Iniciado em 1780 sob o risco de Reinaldo Manuel dos Santos, (arquitecto das Obras Públicas, encarregado de orientar e superintender em obras importantes do seu tempo), só veio a estar concluída depois de 1850.
Trata-se de uma Igreja com aspecto um tanto majestoso. No seu interior, ver-se-há o tecto em forma de arco, dividido em cinco espaços, com pinturas atribuídas ao habitual artista das Igrejas do século XVIII «Pedro Alexandrino». Abrem-se oito altares, quatro de cada lado, no corpo do templo. Na Capela-mor, além de duas tribunas, é notável a imagem do padrono, o bispo S. Nicolau.
O altar mor, guarnecido de colunas de mármore é coroado de composição escultórica na qual se vêem as insígnias de «São Nicolau». O Retábulo alberga o trono em talha dourada e a imagem do Santo bispo padroeiro. O coro alto situa-se numa das partes da nave e é apoiado em três arcos de volta abatida e sustentado por duas pilastras simples de quatro faces; o órgão, que se encontra no coro veio em 1831 do «CONVENTO DE XABREGAS».
A curiosidade reside, porém, no facto de a Igreja de São Nicolau não ficar na rua de seu nome, mas sim na paralela da Vitória. No entanto, a freguesia que abrange toda a zona da Baixa do Rossio até ao Terreiro do Paço tem o nome do bispo das terras do Norte da Europa.


(CONTINUA) - Próximo «INVOCAÇÃO A SÃO NICOLAU»


segunda-feira, 19 de maio de 2008

RUA DE SÃO NICOLAU [ I I I ]

Rua de São Nicolau - (196-)? (Fotógrafo não identificado) (Baixa Pombalina no século XX) in http://www.aoescorrerdapena.blogspot.com/
Rua de São Nicolau - (19--) (Postal de Fotógrafo não identificado-TC) in a capital


Rua de São Nicolau - (Século XIX) Fotógrafo não identificado (Baixa Pombalina) in http://www.aoescorrerdapena.blogspot.com/


(CONTINUAÇÃO)
RUA DE SÃO NICOLAU
«FREGUESIA E IGREJA»
Porém a Irmandade de S. Sacramento e Nossa Senhora da Caridade, proprietária do antigo terreno, que lhe foi confirmada por D. José I em 1776, obteve, depois de muitas reclamações, pareceres e consultas, autorização para mandar levantar nele o novo templo à sua custa, que se construiu com orientação perpendicular à da primitiva Igreja, isto é, com a frente para o Norte, sobre a Rua da Vitória, quando a frontaria antiga era voltada para poente, e ficando a nova fachada um pouco recuada sobre o alinhamento da dita Rua da Vitória, para o que lhe foi concedida a necessária licença.


As obras da actual Igreja iniciaram-se em 16 de Fevereiro de 1775, tendo-se lançado a primeira pedra, com grande solenidade, em 1 de Setembro de 1776.
A freguesia foi transferida em 4 de Dezembro de 1803, por motivo de desinteligência com os irmãos da confraria de Nossa Senhora da Vitória, para uma barraca provisória levantada dentro da nova Igreja, tendo prosseguido ininterruptamente os trabalhos de construção até ao ano de 1850.


(CONTINUA) - (Próximo - «A IGREJA»

domingo, 18 de maio de 2008

RUA DE SÃO NICOLAU [ I I ]

Rua de S. Nicolau - (século XVIII) (Planta Topográfica de reconstrução de Lisboa, segundo o projecto de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel - Litografia colorida) (Museu da Cidade de Lisboa) in webserver.cm-lisboa.pt/turismo
Rua de S. Nicolau, 121 a 127 - (1916) Foto de Joshua Benoliel) (Estabelecimento A. Serra) in AFML

Rua de S. Nicolau - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (fachada principal da Igreja de S. Nicolau na Rua da Vitória) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
RUA DE SÃO NICOLAU)
«A FREGUESIA E A IGREJA)
Esta Igreja já vem citada no documento do «EPISCOPADO» (1200 a 1229) do reinado de D. Afonso II ou de D. Sancho II, e nas «Inquirições» do reinado de D. Afonso III (1248-1274).
O seu local, antes do terramoto de 1755, era exactamente onde está construída a actual Igreja, na rua da Vitória.
Do território desta freguesia desmembrou-se, em 1584, a paroquia da Trindade, depois titulada de Santíssimo Sacramento.
No princípio do século XVII, em 18 de Dezembro de 1616, foi reedificada a Igreja, tendo-se mudado no entanto a freguesia para a antiga ermida de Nossa Senhora da Vitória, que, na planta actual de Lisboa, ficaria situada no leito da rua do Ouro, e no terreno da loja da Ourivesaria Cunha e da Casa de Cambio, que esquina da dita rua (nº203) para a da Assunção. Aí se conservou até 8 de Agosto de 1627,em que voltou solenemente para a sua Igreja reedificada, cujas obras só se concluíram, todavia, em 1650.
Pelo Terramoto de 1755 sofreu a Igreja grande ruína, (1) em consequência do que a freguesia se transferiu, depois de ter estado unida com a paróquia de Santa Justa numa barraca no Rossio, para a ermida de Nossa Senhora da Pureza, sita na esquina ocidental da Calçada da Glória para a Rua da Glória, em frente do Palácio do Marquês de Castelo Melhor, donde foi transferida com grande solenidade, em 6 de Agosto de 1769, para a actual ermida de Nossa Senhora da Vitória, na rua da mesma denominação.
Esta remida foi reedificada à custa da extinta Irmandade de Nª. Srª. da Vitória, da qual é sucessora legal a Irmandade do S. Sacramento, erguida na dita ermida, e sua actual proprietária.


(1) - Dela existe uma vista, gravura Nº 5 da Colecção de algumas Ruínas de Lisboa causadas pelo terramoto do primeiro de Novembro do ano de 1755. Desenho de M.M. Paris e Pedegache, gravura de Ph. le Bas.


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CONTINUA) - Próximo - «FREGUESIA E IGREJA»

sábado, 17 de maio de 2008

RUA DE SÃO NICOLAU [ I ]

Rua de S. Nicolau - (Após 1755) Fotógrafo não identificado (Marquês de Pombal) in http://www.razao-tem-sempre-cliente.blogspot.com/
Rua de S. Nicolau - (1755-76) (Baixa Pombalina-Manuel da Maia, Eugénio dos Santos e Carlos Mardel) in webserver.cm-lisboa.pt/turismo

Rua de S. Nicolau - (ant. 1943) Foto de Maria Novais (Igreja de S. Nicolau pintura existente no Museu da Cidade que mostra os efeitos do Terramoto de 1755) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


Rua de S. Nicolau - (antes de 1755) Fotógrafo não identificado (Lisboa antes do Terramoto-Maqueta no Museu da Cidade) in www.ipmcom.pt/cms/insidelisboa/



Rua de S. Nicolau - (Antes e depois do Terramoto de 1755) (Projecto Pombalino em cima de Lisboa antes do Terramoto) in homepage.Mac.com/


«RUA DE SÃO NICOLAU»
A «RUA DE SÃO NICOLAU» pertence à freguesia de S. Nicolau. Começa na Rua dos Fanqueiros e termina na Rua Nova do Almada. É atravessada pelas ruas: dos Douradores, da Prata, dos Correeiros, Augusta, dos Sapateiros, do Ouro e Rua do Crucifixo.
«A BAIXA DE LISBOA ANTES E DEPOIS DO TERRAMOTO DE 1755»
A Baixa de Lisboa antes do terramoto de 1755, constituía um verdadeiro labirinto. As Ruas à maneira moura, metiam-se umas pelas outras, sem plano definido. Reconstituições feitas por peritos, permitem concluir que se contavam setenta Becos, Travessas e Pátios, umas cinquenta ruas, dezasseis Largos, oito Arcos de ligação ao Terreiro do Paço...Tudo minúsculo portanto, tendo o grande sismo de 1755 arrasado boa parte deste local e sendo a destruição completada pelo incêndio que se seguiu.
A reconstrução trouxe um aspecto inteiramente diferente. Tudo passou a ser geometricamente feito, com ruas paralelas e perpendiculares.
Assim, temos hoje ao todo dez ruas de orientação Norte-Sul: Nova do Almada, do Crucifixo, do Ouro, dos Sapateiros, Augusta, dos Correiros, da Prata, dos Douradores, dos Fanqueiros e da Madalena. Quatro destas não chegaram ao Terreiro do Paço, morrendo ou nascendo na Rua da Conceição.
No sentido transversal são oito: Betesga, Santa Justa, da Assunção, da Vitória, de S. Nicolau, da Conceição, de S. Julião e do Comércio. Nenhuma delas corresponde, de perto ou de longe aos antigos arruamentos. Daí que, de cada vez que se pretende apontar a situação de uma casa, de uma Igreja, de um Monumento anterior ao Terramoto, tenha de recorrer-se à forma "ficava sensivelmente onde hoje temos...".


Alguns nomes de Ruas na «Baixa Pombalina» devem-se à existência de antigas Igrejas ou capelas, umas desaparecidas (como a da Senhora da Assunção), outras existentes (caso da Senhora da Vitória ou de S. Nicolau).


Também como outras ruas da baixa, a rua de S. Nicolau foi "invadida" por comércio de todas as espécies.
Um comerciante muito especial teve aqui o seu estabelecimento:lá existiu, na esquina onde hoje existe uma cafetaria, a «CONFEITARIA DE ROSA ARAÚJO», o homem que, uma vez à frente da Câmara Municipal de Lisboa, foi o responsável pelo aparecimento da Avenida da Liberdade. Tudo começou com uma pequena loja fundada por seu pai, Manuel José da Silva Araújo, já nesta rua mas no prédio fronteiro. Os "Araújos", pai e filho, fizeram fortuna, pois detinham a receita de uns bolos que toda a Lisboa comia: os célebres «CÓCÓS».
Tanta fama tinham os bolinhos que o seu nome foi posto como alcunha ao próprio presidente da Câmara.
(CONTINUA) - (Próximo - «A FREGUESIA»






sexta-feira, 16 de maio de 2008

PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA [ VIII ]

Praça Duque da Terceira - (1958) Foto de Armando Serôdio (Café Royal na Praça Duque da Terceira) in AFML
Praça Duque da Terceira - (1958) Foto de Armando Serôdio (Café Royal-Painel de Azulejos) in AFML

Praça Duque da Terceira - Post. 1873) Foto Alberto Carlos Lima (Estátua do Duque da Terceira) in AFML
Praça Duque da Terceira - (1913) Foto Joshua Benoliel (Edifício da AGPL) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA
«O EDIFÍCIO DA AGPL E A PRAÇA)
No ângulo sueste desta Praça fica o edifício da Administração Geral do Porto de Lisboa, concluído em 1907, com o seu telhado típico francês e o relógio que já funcionou e agora é meramente decorativo.
A Sul da Praça fica o Jardim do Roque Gameiro e já em 1915 recebeu expressiva estátua «AO LEME» obra de Francisco Santos, que completou o sítio moderno com a estação da linha de Caminhos de Ferro de Cascais, já em 1876 aberta e em 1926 electrificada para progresso turístico, tendo o edifício o risco de Pardal Monteiro.


A Praça hoje chamada de Duque da Terceira, foi em 1845 ou 1849, empedrada a preto e branco e arborizada, também lhe colocaram no centro, sobre uma mesa de pedra-lioz, um quadrante horizontal o qual era chamado «O MERIDIANO DOS REMOLARES », depois substituído pela estátua do Duque, cuja implantação decorreu de 1875 a 1877.
Foi regularizado o aterro que afastou o rio definitivamente para mais longe de onde corria.
A Praça teve a sua vida muito própria, piso natural de embarcadiços que se repartiam por cafés e bares da vizinhança.
Tudo se foi alterando e modificando, os hotéis foram substituídos por escritórios de empresas ligadas ainda ao comércio marítimo. Os cafés de luxo desapareceram, retirando-se os bares nocturnos para a Rua de S. Paulo, como que envergonhados do que se passou.
Um ou outro bar ou restaurante ainda resiste. O afamado «Royal» frequentado por uma certa elite intelectual, ali almoçava com regularidade o pintor Columbano Bordalo Pinheiro, praticamente até ao fim da sua vida (1920), são algumas memórias de um antiquíssimo lugar outrora à beira-mar plantado.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA [ VII ]

Praça Duque da Terceira - (2005) Foto de Maria Teresa Teixeira (Fachada actual do antigo Hotel Central) in http://www.porumfio.com.br/
Praça Duque da Terceira - (1913) Foto de Joshua Benoliel (O Hotel Central) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

Praça Duque da Terceira - (1878) Fotógrafo não identificado (Grand Hotel Central) in http://jvernept.blogspot.com/


(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA
«O GRAND HOTEL CENTRAL»
Na Praça Duque da Terceira na face oriental existe um edifício, - entre a Rua Bernardino Costa e a do Cais do Sodré - que teve a sua época áurea. Trata-se do célebre «GRAND HOTEL CENTRAL», um dos mais famosos de Lisboa oitocentista e dos alvores do século XX. Ficou este estabelecimento hoteleiro na crónica e no romance. Nele se hospedaram, príncipes, políticos de nomeada, diplomatas, artistas de renome internacional. Eça de Queiroz, mais do que qualquer outro escritor, ajudou à celebridade. Passaram-se no Central as cenas de alguns romances, nomeadamente de «Os Maias», já que este foi o local onde se realizou o célebre jantar de homenagem ao banqueiro Cohen.
Um guia lisboeta, redigido em francês, dos finais do século XIX descrevia o «Central» como sendo «edificado à beira do Tejo, gozando-se das suas janelas um magnífico panorama do Porto de Lisboa».
As instalações são recomendadas aos visitantes estrangeiros como «muito confortáveis», sendo o serviço «de primeira ordem».
Acrescente-se por curiosidade, que o preço de uma diária, em 1897, oscilava, conforme o tamanho do quarto ocupado e do serviço pedido, entre 2200 e os 3500 réis.
O sítio parecia fadado para hotel: na verdade, antes do «Central» ocupou aquele espaço um outro hotel, pertencente a uma «MADAME LENGLET». Seguiu-se o «Central» em meados do século XIX e lá se manteve até 1919, ano em que encerrou as portas. Para lá foi a Sociedade Estoril, então concessionária da linha férrea que parte do Cais do Sodré em direcção a Cascais.
No piso térreo do edifício, funcionaram cafés que foram também pontos de encontro de primeiro plano em Lisboa. Foi o caso do «CAFÉ GREGO», que já existia em 1809 e fora fundado, como quase todos os cafés lisboetas, por um italiano, Angiolo Canaglioti. Ao que parece, a casa esteve sempre amplamente vigiada pela polícia, e acabou por fechar quando já era pertença de um português, António Salinas. Seguiu-se, no mesmo lugar, a "Casa José Bento", fundada segundo os preciosos apontamentos do mestre Norberto de Araújo, em 1889. Lá existiu também um «CAFÉ LONDRES», em época mais próxima da nossa.
No mesmo quarteirão do «HOTEL CENTRAL», mas virada ao rio, encontrava-se uma «TAVERNA INGLESA», designação comercial que era vulgar nestes sítios (e continua semelhante, uma vez que naquela zona ainda subsiste o «BRITISH BAR» e os Bares irlandeses).
Uma outra do mesmo nome ficou no quarteirão fronteiro, a dar para os Remolares; a esta «Taverna Inglesa», um pouco mais antiga, se deve referir Eça de Queiroz no final do seu «Primo Basílio», quando o protagonista e o Visconde Reinaldo nada encontraram para fazer e para chorar a morte da prima Luísa senão ir beber Xerez àquele estabelecimento.


Sabe-se que «Júlio Verne» esteve em Lisboa pela primeira vez em 1878. Visita a casa de um amigo «Jorge O'Neill», mas costumava ir jantar a este famoso «Grand Hotel Central», voltando ao seu iate para pernoitar.
Após o encerramento do Hotel, seguiram-se obras de remodelação às fachadas do edifício ao gosto da década dos anos 20.
O rés-do-chão com frente para a Praça também sofreu novas alterações, provavelmente na década de 40.
Hoje, o edifício do antigo «Hotel Central» está ocupado por escritórios e estabelecimentos, com realce entre estes para as agências de viagens, num sinal de que a zona da «PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA», não perdeu de todo as características de entreposto de partidas e chegadas.


(CONTINUA) - Próximo - «O EDIFÍCIO DA AGPL e a PRAÇA»

quarta-feira, 14 de maio de 2008

PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA [ VI ]

Praça Duque da Terceira - (2008) Foto de APS (Estátua ao Duque da Terceira)
Praça Duque da Terceira - (2008) Foto de APS (A Praça com a estátua)

Praça Duque da Terceira - Autor desconhecido ( Duque da Terceira) in http://www.projectotio.net/



(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA DUQUE DA TERCEIRA
«DUQUE DA TERCEIRA E SUA ESTÁTUA)

António José de Sousa Manuel de Menezes Severim de Noronha nasceu em Lisboa no dia 18 de Março de 1792 e faleceu também em Lisboa no dia 26 de Abril de 1860.
Foi 7º Conde e 1º Marquês de Vila Flor e ainda 1º Duque da Terceira, um importante general e homem de Estado português no tempo do liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras dessa altura, tanto no plano político, como no plano militar.
Entrou para o exército com 10 anos e aos 15 era alferes.
Combateu na Guerra Peninsular, expulsando os invasores franceses, foi depois, durante pouco tempo,ajudante de ordens de S. Miguel.
Na verdade, as suas ideias nada tinham a ver com as do Rei absoluto. Aderiu à causa liberal e foi nomeado governador da Ilha Terceira.
Aí teve notável acção militar e organizou as forças que haveriam de dirigir-se ao continente.
Participou então no desembarque do «MINDELO», comandou a expedição até ao Algarve e daí arrancou para o ataque vitorioso em Lisboa.
Chegou a participar em movimentos de ordem política, onde a sua acção não foi tão brilhante como lhe tinha acontecido como militar. Depois de elevado a marquês de Vila Flor, recebeu o titulo de Duque da Terceira.
Colocada no centro da Praça com o seu nome o monumento foi inaugurado em 24 de Julho de 1877. Uma estátua em sua honra, obra do escultor José Simões de Almeida, sendo o risco da autoria do arquitecto José António Gaspar.
Assim ficou simbolizado o General e Estadista, com o chapéu sob o braço esquerdo o bastão de marechal na mão direita, pendendo-lhe do peito a Ordem da Torre e Espada. Em volta, as inscrições lembram as grandes datas: A «Guerra Peninsular», as «Campanhas da Liberdade», o «24 de Julho».


(CONTINUA) - (Próximo - «O HOTEL CENTRAL»