Rua Garrett - (1969) Foto João H. Goulart ("Paris em Lisboa" e Ramiro Leão & Cª.) in AFML
Rua Garrett - (19--) Fotógrafo não identificado (Casa Ramiro Leão & Cª.) in AFML
Rua Garrett - (início do século XX) Foto Mário Novais (Armazéns Ramiro Leão & Cª.) in AFML
Rua Garrett - (1953) Foto Armando Serôdio (Igreja dos Mártires) in AFML
Rua Garrett - (195--) Foto Mário de Oliveira (Igreja dos Mártires fachada) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
IGREJA DOS MÁRTIRES
«PARIS EM LISBOA»
Passando a Rua Serpa Pinto, no próximo quarteirão e onde vamos finalizar esta nossa descrição por hoje, encontramos um edifício do século XIX.
«ARMAZÉNS RAMIRO LEÃO & Cª.»
RUA GARRETT parte [III]
IGREJA DOS MÁRTIRES
Com fachada virada para a Rua Garrett, entre a Rua Anchieta e Rua Serpa Pinto, encontramos a Igreja dos Mártires que no século XII, D. Afonso Henriques mandou erguer a pedido dos cavaleiros estrangeiros e dedicada a todos os mártires, cruzados vindos da Alemanha, França e Inglaterra, que participaram na tomada de Lisboa aos Mouros em 1147.
Foi várias vezes reedificada, ampliada e restaurada, começando nos anos 1598 a 1602 e em 1629.
Neste local existiu outrora um cemitério, onde foram sepultados os cruzados mortos na ajuda à conquista de Lisboa.
Em 1755 o terramoto destruiu completamente a Igreja, iniciando-se as obras de reconstrução em 1768, sendo a Igreja benzida, ainda estavam as obras por terminar em 1774.
No ano de 1787 a irmandade de Santa Cecilia instala-se na Igreja, sendo definitivamente aberta ao culto.
Quase oitenta anos depois em 1866 são necessárias novas obras e em 1969 fica muito mal tratada devido a estragos causados por um sismo.
Em Dezembro de 2004 é alvo de trabalhos de recuperação tanto exteriores como no interior do templo. A 5 de Novembro de 2005 é dado um concerto comemorativo, com trechos de João José Baldi (1770-1816) composto em honra de Nossa Senhora dos Mártires, assinalando o final dos trabalhos de recuperação.
Nesta Igreja foi baptizado FERNANDO PESSOA. Ao escrever uma carta a um amigo, Fernando Pessoa a dada altura diz: « o sino da minha aldeia é o da Igreja dos Mártires». Feliz coincidência foi anos mais tarde ficar simbolicamente sentado à porta da Brasileira do Chiado, muito próximo da Igreja, quiçá para continuar a ouvir o "seu" sino.
«PARIS EM LISBOA»
Passando a Rua Serpa Pinto, no próximo quarteirão e onde vamos finalizar esta nossa descrição por hoje, encontramos um edifício do século XIX.
A área correspondente aos números 77 a 88 com os seus andares nobres, é explorada pela firma A. de Sousa & Cª. Lda., (comércio a retalho de fazendas, modas, confecções e outros artigos).
Como sucessora de A. de Sousa & Cª. Lda. e Sousa Monteiro, usavam o nome comercial de «PARIS EM LISBOA» e pouco a pouco, foram ocupando toda a superfície do prédio. Com as características que lhe são peculiares trazidas de Paris, tanto no formato de decoração (Alpendre Arte Deco), como nas novidades da última moda parisiense.
«ARMAZÉNS RAMIRO LEÃO & Cª.»
No ano de 1880 no número 83 a 93 desta rua, os irmãos António e Ramiro Leão fundaram um estabelecimento comercial os famosos «ARMAZENS RAMIRO LEÃO & Cª.».
Enriquecido com pinturas murais nas paredes que envolvem a escada da autoria do pintor João Vaz, figurando Palácios, Torres e Igrejas da Capital. Também um vitral estilo "Arte-Nova" com motivos vegetativos e animais, bem assim como um elevador ao mesmo estilo, e pinturas a óleo no tecto feitas por alunos da Escola Afonso Domingues com base em cartões do mesmo pintor.
No ano de 1926 um incêndio parcial, determinou uma campanha de obras, efectuadas sob a orientação do arquitecto Norte Júnior, responsável pela remodelação da fachada e pela construção do Torreão Noroeste.
Em 2001 sofre obras de conservação da fachada e remodelação dos interiores sob a orientação do arquitecto Jorge Matos Alves.
Foram retiradas as pinturas de João Vaz, recuperadas e doadas ao Museu da Cidade em Lisboa. Procede-se também a obras de recuperação e de desactivação do elevador primitivo.
Em 17 de Dezembro de 2001 é aberta uma loja da "United Colors of BENETTON".
Esta casa tão distinta e famosa de longa data, procurava sempre agradar ao gosto de bem vestir dos portugueses, talvez as transformações operadas após o incêndio de 1988 naquela artéria, tivessem contribuído para a sua não resistência aos tempos modernos.
Para que fique na história, é de assinalar que foi muito falado na época, a fama que gozavam as "caixeirinhas" do Ramiro Leão, pela sua elegância tanto no aspecto como no modo de atendimento.
(CONTINUA)
4 comentários:
Ramiro Leão era o meu bisavô paterno :) foi uma surpresa encontrar aqui a história sobre os armazens que tanto tenho ouvido do meu pai.
Cara Márcia Sousa
É sempre satisfatório encontrar alguém que comente a história dum parente querido.
Eu, agradeço a sua visita a este Blogue.
Cumprimentos
APS
com muitas saudades vejo estas imagens da nossa querida Lisboa com as suas lojas antigas e cujos nomes ainda existem (na nossa memória).
Ia com a minha mãe e avó até ao chiq Chiado e era uma festa.
Bem haja cumprimentos
MM da Paço de Arcos
Cara MM de Paço de Arcos
É com muito carinho que lhe respondo ao seu comentário.
E duas razões estão implícitas. Primeiro porque gosto muito da minha cidade de LISBOA, a segunda razão prende-se que foi na velha "Igreja de Paço de Arcos" que me casei, e vivi durante alguns anos na "Av. Voluntários da República", que neste momento recordo com uma certa nostalgia. Tempos que já não voltam, mas ficam sempre gravados no nosso pensamento.
Obrigado por ter passado por aqui.
Um bem-haja!
APS
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