quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]

Travessa André Valente - (1856) (Levantado por Carlos Pezerat, Francisco Goulard e César Goulard) (Planta Nº 2 sob a direcção de Filipe Folque - 1856-1858) in ATLAS DA PLANTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - CML



Travessa André Valente - (1945) - Foto de J. C. Alvarez (A "Calçada do Combro" em primeiro plano o "Palácio de André Valente", seguido da "Capela da Ascenção de Cristo" e mais à frente a "Igreja dos Paulistas") in AFML


Travessa André Valente - (1913) - Foto de Joshua Benoliel (O Elevador "Estrela-Camões", também chamado de "MAXIMBOMBO" passando frente à "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" descendo a "CALÇADA DO COMBRO") in AFML

- TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]
«A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE ( 1 )»

A «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» pertence à freguesia de «SANTA CATARINA». Começa na «CALÇADA DO COMBRO» no número 56 e termina na «RUA DO SÉCULO» no número 19.

Diz-nos «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA», Livro V, página 30, que: "Foi este ANDRÉ VALENTE, que o dístico em azulejo policromo da Travessa, no vértice do seu cotovelo dá como Jurisconsulto do século XVI, (...) muito rico, que viveu na metade de quinhentos e deixou o mundo por volta de 1628".

Quem conhece a íngreme «CALÇADA DO COMBRO», à ilharga do «BAIRRO ALTO», ligando os altos do «CALHARIZ» aos baixos dos «POIAIS DE S. BENTO» e do «POÇO DOS NEGROS», recordará um grande prédio que nos ficava à direita de quem desce, esse palácio pertenceu ao desembargador «ANDRÉ VALENTE». Essa casa tinha ligação (visível até pela aproximação) com a «ERMIDA DA ASCENSÃO DE CRISTO», que hoje, ao passante desprevenido e distraído, parecerá apenas um prolongamento da «IGREJA DOS PAULISTAS» ou «PAROQUIA DE SANTA CATARINA».

Em finais do século XV, tinha a sua morada junto da capela um nobre endinheirado, de seu nome «ANTÓNIO SIMÕES DE PINA» ( 1 ). Uma sua descendente, «CATARINA DE PINA», a quem couberam a CASA e a ERMIDA, veio a casar com o «DR. ANDRÉ VALENTE DE CARVALHO». Este, uma vez na posse das terras e edifício, veio a transformar de tal forma que tudo pareceu novo. E, para a posteridade, ficou o casarão com o nome de «PALÁCIO DE ANDRÉ VALENTE». Esta fidalgo e jurista viveu em tempos da presença dos «FILIPES» no trono português, tendo-se instalado na «CALÇADA DO COMBRO» por volta do ano de 1600. Formado em leis em COIMBRA, desempenhou uma série de cargos importantes. Assim, há notícias de ter sido corregedor em ELVAS, desembargador dos "Agravos" no PORTO (cidade em que também foi Desembargador da Relação), Vereador na CÂMARA DE LISBOA e, ainda na capital, Desembargador da «CASA DA SUPLICAÇÃO».

No edifício da «CALÇADA DO COMBRO», mandou o proprietário abrir um jardim interior, o que poderá dar uma pálida ideia da sua noção de comodidade e estética. A vasta construção, confluía com a «TRAVESSA» que hoje tem o nome do proprietário, via que forma um ângulo recto e conduz à rua que nessa altura se chamava de «FORMOSA», hoje «RUA DO SÉCULO».

( 1 ) - Pessoa nobre e rica pelos anos de 1500 pouco mais ou menos, segundo nos diz "FREI AGOSTINHO DA SANTA MARIA".

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ] - A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE (2)».


sábado, 26 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ IV ]

À volta da "RUA DOS CANOS" - (2008) (Panoramica da Praça do MARTIM MONIZ no sítio da "MOURARIA" in SKYSCRAPERCITY

À volta da "RUA DOS CANOS"- (195_) Foto de Joshua Benoliel (Ainda nesta época o "ARCO" se mantinha resistente na "Rua do Arco do Marquês do Alegrete" perto da "RUA DOS CANOS" no sítio da "MOURARIA" in AFML

Largo Silva Albuquerque - (1946) Foto de Eduardo Portugal (Palácio do Marquês do Alegrete, portal sul, no antigo Largo de Silva Albuquerque, antes tinha sido "Largo da Rua dos Canos") in AFML

À volta da "RUA DOS CANOS"- (1946) Foto de Eduardo Portugal (Arco e Palácio do Marquês do Alegrete com seu portal antes das demolições, mais à frente depois de passar o Arco à direita íamos para o Largo e Rua de Silva e Albuquerque, antigo Largo e Rua dos Canos) in AFML

Avenida Almirante Reis (c. 1938) Foto de António Passaporte (Rua da Palma vista do Martim Moniz , Postal nº 87 - Avenida Almirante Reis antiga Avenida D. Amélia) in AFML

À volta da "RUA dos CANOS" - (1937) Desenho do Engº Augusto Vieira da Silva (Reconstituição da zona da "Rua de Silva e Albuquerque, outrora "RUA DOS CANOS", denominação ligada à passagem de um curso de água) in AFML

Rua Silva e Albuquerque - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (A Rua de Silva Albuquerque, antiga "RUA DOS CANOS") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ IV ]

«RUA DOS CANOS - AVENIDA ALMIRANTE REIS»

Esta pretensiosa ânsia de dar nomes novos a velhas ruas já baptizadas, levou por idêntica razão o típico e antigo nome da «RUA DOS CANOS» pela «RUA DE SILVA E ALBUQUERQUE» igualmente o «LARGO DA RUA DOS CANOS» perdeu o nome para o «LARGO DE SILVA E ALBUQUERQUE», junto da parte sul do «PALÁCIO DO MARQUÊS DE ALEGRETE» no ano de 1885. (No ano de 1950 foi dado o topónimo de "RUA SILVA E ALBUQUERQUE" desta vez na freguesia de "SÃO JOÃO DE BRITO", entre a "AVENIDA DO RIO DE JANEIRO" e a "AVENIDA DE ROMA", repondo o nome do jornalista que tinha substituído a antiga "RUA DOS CANOS", perpetuando assim um nome que tinha desaparecido do sítio da "MOURARIA").

Nos anos 30 do século passado os responsáveis pela edilidade começaram a pensar num prolongamento da «AVENIDA ALMIRANTE REIS» (antiga "AVENIDA DONA AMÉLIA"), passando pela «RUA DA PALMA» em direcção ao «ROSSIO», podendo assim, com certas demolições, alargarem o "funil" que persistia em não facilitar a circulação do trânsito, que se adivinhava vir a aumentar. Foi encarregado desse plano o arquitecto «FARIA DA COSTA», tendo apresentado o seu «ESTUDO PARA O MARTIM MONIZ»(1943).

No ano de 1948 as demolições já se encontravam em marcha, e na sua maioria tinham iniciado pela «MOURARIA» e pelo «SOCORRO». Dois anos antes (com o desaparecimento do "PALÁCIO DO MARQUÊS DO ALEGRETE"), depois quarteirão em quarteirão, foram sucumbindo não só a «IGREJA DO SOCORRO» (1949), como os prédios à sua volta. Diz-nos o mestre olisipógrafo «AUGUSTO VIEIRA DA SILVA» que "da zona da Rua Silva e Albuquerque outrora Rua dos Canos, essa antiga denominação decerto se liga à passagem de um curso de água, chamado do Rego que vinha de Arroios". Também nos elabora um desenho (que incluímos neste trabalho), referenciado na época da «CÊRCA FERNANDINA DE LISBOA», que por baixo era esta MURALHA atravessada por um cano de evacuação das águas de toda a extensa bacia hidrográfica do vale da «RUA DA PALMA» até «ARROIOS».

O «MARTIM MONIZ» que no final da década de 40 e início de 50, já uma grande área se achava desocupada de prédios, foi a firma «SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES AMADEU GAUDÊNCIO,LDA.» (para quem trabalhávamos nessa altura, na "RUA DR. ALEXANDRE DE BRAGA"sua sede social), que ganhou o concurso para a construção dos PAVILHÕES DE MADEIRA, com a finalidade de instalar ali o comércio de SAPATARIAS, OURIVESARIAS e outras. Colocar novamente alguns comerciantes que tinham sido desalojados com a demolição dos quarteirões, e retomar (provisoriamente) o seu negócio principal. E assim durou 30 anos o provisório destes estabelecimentos do «MARTIM MONIZ».

Em várias épocas existiram modificações toponímicas. Uma entre o século XIX por altura de 1885 em diante, outro período foi com a implantação da República, no início da 2ª década do século XX, com a mudança de topónimos que se referissem a nomes da realeza ou religiosos. Também no «ESTADO NOVO» se mudaram ou retomaram alguns nomes, e na revolução de 1974 aquelas individualidades que apoiavam o regime de SALAZAR.

Certamente que o assunto não se esgota por aqui, outras Ruas foram alteradas e não nos referimos neste trabalho, prometendo voltar ao tema noutra ocasião. [ FINAL ]

(PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ] - A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE (1)»

BIBLIOGRAFIA

- BOLETIM MUNICIPAL Nº 24-25-1945

- DIAS, Mariana Tavares - LISBOA DESAPARECIDA - Volume I -1987-Quimera

- LISBOA REVISTA MUNICIPAL - Nº8-9-10-2º,3º e 4ºTrimestre de 1984-Ano XLV-2ª série - Edição CML

- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O CARMO E A TRINDADE - Volume II - 1939 - Publicações Culturais da CML - Lisboa

- SILVA, Augusto Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - Vol. I -1969 - Publicações da CML

- SILVA, Augusto Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - Vol. II - 1987 -Publicações da CML

INTERNET


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ]

Rua do Diário de Notícias - (2010) (A "Rua do Diário de Notícias" antiga "Rua dos Calafates" no Bairro Alto) in GOOGLE EARTH


Rua Luz Soriano - (2010) ( A "Rua Luz Soriano" veio substituir a "Rua do Carvalho" no Bairro Alto) in GOOGLE EARTH


Rua dos Arameiros - (2010) (A "Rua dos Arameiros" ficava no topo poente do "Terreiro das Farinhas" in GOOGLE EARTH


Rua de Alfândega - (1940) Foto de Eduardo Portugal (Casas do antigo "Terreirinho das Farinhas" in AFML
Terreiro das Farinhas - (1940) Foto de Eduardo Portugal ( O "Terreiro das Farinhas" entre a "rua dos Bacalhoeiros" e a "Rua de Alfandega", desapareceu na década de 40 do século XX, vista da "Rua dos Arameiros") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ]

«TRAVESSA DO ALECRIM - RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS - RUA LUZ SORIANO - RUA DO POSSOLO - TRAVESSA DO POSSOLO - TRAVESSA DO SALITRE e TERREIRO DAS FARINHAS»
Na zona da freguesia de «SÃO PAULO», a «TRAVESSA DO CATA-QUE-FARÁS» representa um breve vestígio do que fora antes do terramoto, uma rua bastante comprida, passou a ser a actual (e muito curta) «TRAVESSA DO ALECRIM», apesar de já não existir a ermida da «Nª.Srª. do ALECRIM», a que lhe dera o nome, perdida por ocasião do grande sismo. No chamado «BAIRRO ALTO» na freguesia da «ENCARNAÇÃO» existiu o nome de «RUA DOS CALAFATES» até 1885 e desapareceu irremediavelmente da toponímia de LISBOA ao cabo de três séculos de existência, a favor da designação da «RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS», por ali ter estado sediado, durante décadas, este centenário jornal lisboeta, agora a residir na «AVENIDA DA LIBERDADE».
Já na freguesia de «SANTA CATARINA» próximo ao «LARGO DO CALHARIZ», a importante «RUA DO CARVALHO» cuja propriedade era pertença de «CARVALHO E MELO», foi rebaptizada em 1887 de «RUA LUZ SORIANO».
A «RUA DA BOA-MORTE» na freguesia da «LAPA» que em 1882 recebeu o nome de «RUA DO POSSOLO», por sua vez a «TRAVESSA DA BOA-MORTE»(antiga "TRAVESSA DOS BURROS") foi-lhe atribuído o topónimo de «TRAVESSA DO POSSOLO» na mesma data, por ter existido nessa artéria a família «NICOLAO POSSOLO», rico negociante italiano do século XVII, com portal brasonado no pátio com o número 121.
A velha «TRAVESSA DAS VACAS» na freguesia de «S. JOSÉ», designação dada por nela se encontrarem estabelecidas inúmeras vacarias, tornou-se, por mudança de nome em 1897 na nova «TRAVESSA DO SALITRE».
Verifica-se por vezes o desaparecimento do nome de uma rua porque ela também por vários motivos, desaparece. É o caso com um sítio chamado «TERREIRINHO DAS FARINHAS», um aglomerado de casas, pequeno comércio e muitos armazéns, situado entre as ruas; «RUA DOS BACALHOEIROS», «RUA DE ALFANDEGA», «RUA DOS ARAMEIROS» e o «CAMPO DAS CEBOLAS». O seu derrube foi um desafogar de vistas para a «CASA DOS BICOS» que fica na «RUA DOS BACALHOEIROS». O local, hoje um Jardim, foi durante vários anos, um terminal da «C.C.F.L.» com a bandeira de «RUA DE ALFANDEGA».
Hoje recuperar o nome de algumas ruas, torna-se bastante difícil, pois é necessário vasculhar muito em arquivos ou encontrá-los nos estudos que alguns ilustres olisipógrafos nos deixem em legado.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUAS ANTIGAS , NOMES NOVOS [ IV ]- RUA DOS CANOS e AVENIDA ALMIRANTE REIS».

sábado, 19 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ]

Rua Capelo - (2010) - (A "RUA CAPELO" onde se instalou o Governo Civil de Lisboa, chamava-se antigamente a "TRAVESSA DA PARREIRA") in GOOGLE EARTH

Rua António Maria Cardoso - (2010) (A "RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO" junto ao Chiado, substituiu a "RUA DO TESOURO VELHO" in GOOGLE EARTH

Campo dos Mártires da Pátria - (2010) (Chamaram-lhe "CAMPO DO CURRAL", "CAMPO DE SANTANA" mas hoje este topónimo tem o nome de "CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA") in GOOGLE EARTH

Rua Ivens - (2010) (A "Rua Ivens" que liga o antigo "Largo da Biblioteca Publica" hoje "Largo da Academia Nacional de Belas Artes" e a "Rua Garrett", substituiu a velha "Rua de São Francisco") in GOOGLE EARTH

Rua Anchieta - (2010) (A Rua Anchieta, celebre por ter na sua esquina a "Livraria Bertrand" a mais antiga da Europa, veio substituir a "RUA DA FIGUEIRA") in GOOGLE EARTH

Calçada da Estrela - (C. de 1910) Foto de Joshua Benoliel (A Calçada da Estrela onde existia o "Convento das Francesinhas", veio absorver a "Calçada das Francesinhas") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ]

«RUA ANCHIETA - RUA CAPELO - RUA IVENS - LARGO DO CHIADO - RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO - RUA GOMES FREIRE - CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA - CALÇADA DA ESTRELA»

Ainda na freguesia dos «MÁRTIRES» a «RUA DA FIGUEIRA» foi substituída pela «RUA ANCHIETA» e a «TRAVESSA DA PARREIRA» terá passado por edital de 07.09.1885 para «RUA CAPELO». Ali mesmo ao lado a «RUA DE SÃO FRANCISCO» tomou o nome de «RUA IVENS» na mesma data. Herminigildo Capelo, José Alberto de Oliveira Anchieta, Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto e Roberto Ivens, todos eles grandes exploradores no Continente africano, nomeadamente de «ANGOLA» e «MOÇAMBIQUE», ficaram juntos na freguesia dos «MÁRTIRES».

O «LARGO DAS PORTAS DE SANTA CATARINA» passou para «LARGO DAS DUAS IGREJAS», hoje «LARGO DO CHIADO» desde o edital de 19.05.1925.

Na freguesia da «ENCARNAÇÃO» a antiga «RUA DO TESOURO VELHO» passou a chamar-se «RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO» de tão má memória, que por pouco, ficaria conhecida pela «RUA DA MORTE», como a vontade popular assim pretendeu, mas que a edilidade não homologou no registo de assentos toponímicos.

Na freguesia da «PENA» temos a velha «CARREIRA DOS CAVALOS» que mudou para «RUA DE GOMES FREIRE», esta rua era um verdadeiro picadeiro público na época, assim denominada por permitir galopar e correr "à rédea solta" até ao «CAMPO DE SANTANA», que também cederá o seu nome para ser chamado de «CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA». Antes do topónimo «CAMPO DE SANTANA» este sítio era designado por «CAMPO DO CURRAL», por existir na altura, uma praça de touros, com instalações de abate junto do redondel tauromático.

A «CALÇADA DA ESTRELA» pertence a três freguesias: «SANTA CATARINA», «MERCÊS» e «LAPA», sendo a «CALÇADA DAS FRANCESINHAS» incorporada na «CALÇADA DA ESTRELA» no ano de 1859. Anteriormente teve várias denominações, quem nos afirma é «GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA» na sua obra «DEPOIS DO TERRAMOTO», Volume II - 1917, página 50. Chamaram-lhe «CALÇADA DE SÃO BENTO», «CALÇADA DA SAÚDE», «CALÇADA DAS FREIRAS», «CALÇADA DOS NEGROS» e por último «CALÇADA DAS FRANCESINHAS».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ] - TRAVESSA DO ALECRIM - RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS - RUA LUZ SORIANO - RUA DO POSSOLO - TRAVESSA DO POSSOLO e TRAVESSA DO SALITRE».

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ]

Rua Garrett - (2008) Foto de APS (Rua Garrett antiga Rua do Chiado, antes Rua Direita das Portas de Santa Catarina) in ARQUIVO/APS

Rua Serpa Pinto - (2010) - (A Rua Serpa Pinto uma transversal à Rua Garrett, substituiu hoje a Travessa do Estevão Galharde e a Rua Nova dos Mártires) in GOOGLE EARTH
Rua Garrett - (2010) - (A Rua Garrett na actualidade, antiga Rua Direita das Portas de Santa Catarina e Rua do Chiado) in GOOGLE EARTH

Largo do Chiado - (1965-03) Foto de Armando Serôdio (Rua Garrett - antiga Rua Direita das Portas de Santa Catarina e Rua do Chiado) in AFML

AVENIDA DA LIBERDADE - (1879) - Plano da Avenida da Liberdade elaborada por Frederico Ressano Garcia in LISBOA-URBANISMO E ARQUITECTURA

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ]
«RUA GARRETT - RUA SERPA PINTO»

Na curva descendente do passado século XIX, a Câmara Municipal de Lisboa justificou trabalho por meio da mudança de nomes de grande número de artérias públicas. Não tendo possibilidades financeiras para abrir novas ruas, porque a «AVENIDA DA LIBERDADE» e algumas artérias adjacentes, já lhe absorviam bastante parte do orçamento previsto, procurou então, mudar topónimos aos arruamentos existentes.

Não se poderá dizer que foi boa política a mudança de nomes, secularmente enraizados na memória do povo, existindo alguns baptizados pelos próprios moradores. Como o prejuízo não se ficou por aí, tal medida acabaria por dificultar a localização de acontecimentos relativos a uma «LISBOA VELHA», então supostamente remoçada com nomes novos. E assim se apagaram topónimos de grande tradição.

As quinhentistas ruas da freguesia dos «MÁRTIRES» a «RUA DIREITA DAS PORTAS DE SANTA CATARINA» e a «RUA DO CHIADO», deram lugar à oitocentista «RUA GARRETT». As velhas transversais apareceram no ajuste do traçado pós-terramoto, adoptando nesse ano de 1885, novas denominações.

A «TRAVESSA ESTEVÃO GALHARDE» com a «RUA NOVA DOS MÁRTIRES» foram incorporadas na nova «RUA DE SERPA PINTO». «ESTEVÃO GALHARDE» era casado com «PÁSCOA MARIA MACHADO», teve deste casamento dois filhos que vieram a falecer: JOSÉ em 1717 e TERESA MARIA em 1724. O ferrador parece ter casado outra vez, porque em 2 de Julho de 1723 se regista um óbito de uma LUZIA menor, filha dele e de MARIA DE JESUS. Um outro filho do casamento com «PÁSCOA MARIA MACHADO», foi baptizado com o nome de «ESTEVÃO», na freguesia das «MERCÊS», em 29 de Novembro de 1693, apadrinhado pelo «CONDE DE SOURE».

Este notável «ESTEVÃO GALHARDE» por se distinguir no ofício de «FERRADOR», «D. CATARINA DE BRAGANÇA», rainha de Inglaterra, contemplou-o no seu testamento.

O segundo «ESTEVÃO GALHARDE» ou «ESTEVÃO GARCIA GALHARDE», foi cirurgião, e um filho deste que morava na freguesia de «S. JULIÃO», faleceu em 1742 e sepultado na «IRMANDADE DO SANTÍSSIMO». O ferrador quando faleceu terá sido sepultado no «CONVENTO DE S. FRANCISCO».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ] - R. ANCHIETA, R. CAPELO, R. IVENS, LARGO CHIADO, R. ANTÓNIO MARIA CARDOSO, R. GOMES FREIRE, CAMPO MÁRTIRES DA PÁTRIA e CALÇADA DA ESTRELA»









sábado, 12 de novembro de 2011

Rua do Século [ XXI ]

Rua do Século - (1968) Foto de Armando Serôdio (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, construção seiscentista, fundado para as freiras Carmelitas Descalças em 1681) in AFML

Rua do Século - (2011) (Claustro do Mosteiro ou Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "Rua do Século") in SIPA

Rua do Século - (entre 1900 e 1945) - Foto de José Artur Leitão Bárcia (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, asilo de cegos, "Associação de Nª. Srª. da Conceição dos Aflitos", na "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XXI ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 3 )»

Com o terramoto de 1755 o edifício sofreu aluimento, que obrigou as freiras a refugiar-se na cerca, enquanto eram realizadas as obras no Convento.

Com a extinção das «ORDENS RELIGIOSAS» pela Lei de 28.05.1834, passariam para o Estado todos os CONVENTOS e CASAS RELIGIOSAS. Este, porém, teve consequências bastante atenuadas. Assim, pouco sofreu, quer com as perturbações políticas, quer com as transformações urbanísticas, conservando-se quase na sua integridade primitiva.

A última freira (irmã Gertrudes Maria José) faleceu no CONVENTO em Abril de 1876. Após a sua morte foi enviado um oficio ao «MINISTÉRIO DA FAZENDA» o qual, segundo a lei vigente, era a entidade encarregada do sequestro dos bens móveis, dando notícia do falecimento da última religiosa. O Estado tomou conta do CONVENTO, mas contra esta medida surgem os protestos do «2ª MARQUÊS DE VALADA», «D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO», 5º neto da fundadora, que se julgava com direito à posse do edifício e bens do antigo CONVENTO, não conseguindo, no entanto, que a sua pretensão fosse aceite.

Com a total disponibilidade do edifício dos «CARDAIS» a «ASSOCIAÇÃO DE Nª. Srª. DA CONSOLACÃO DOS AFLITOS» fundada por «D. MARIA MIQUELINA PEREIRA E PINTO», cujo estatutos foram criados em 1847, dedicava-se a socorrer a chamada pobreza envergonhada, pede em 1876 ao rei «D. LUÍS» que o Convento lhe seja cedido para nele instalar um asilo de cegas, auxiliadas pelas irmãs Dominicanas. O Estado anuiu ao seu pedido, concedendo à mencionada obra o extinto «CONVENTO DOS CARDAIS».

Em 1893 é apresentada na «CÂMARA DOS PARES», pelo deputado «TOMÁS RIBEIRO», o projecto de lei de cedência definitiva do edifício, cerca, Igreja com paramentos e mais destinados ao culto, à «ASSOCIAÇÃO DE Nª.Srª.DA CONSOLAÇÃO DOS AFLITOS», sendo promulgada no «DIÁRIO DO GOVERNO» de 27.07.1893. Ainda hoje as «IRMÃS DOMINICANAS» continuam a admirável obra, mantendo o espírito da velha instituição. O «CONVENTO DOS CARDAIS» constitui assim, um dos raros exemplos em Portugal de um estabelecimento religioso do século XVII, por ter chegado quase intacto aos nossos dias e onde a vida religiosa não foi interrompida. [ FINAL]

(PRÓXIMA) - «RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ] - RUA GARRETT e RUA SERPA PINTO»

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - LEGENDAS DE LISBOA-2ª.Ed. 1994- VEGA - Lisboa

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro V 2ª Ed. 1992-VEGA Lisboa.

- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3º Ed. - Volume III-Oficina Gráfica da CML - 1956 - Lisboa.

- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3ª Ed. Volume IV-Oficinas Gráficas da CML - 1962 Lisboa.

- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - Lisboa.

- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS -CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - Tomo II - 1972 - Imprensa Municipal de Lisboa - Lisboa

- JANEIRO, Maria João - LISBOA - HISTÓRIA E MEMÓRIA - 2006 - Livros Horizonte - Lisboa

- MARTINS, Rocha - LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - 1945 - Ed. Emp. Nac. de Publicidade - Lisboa.

INTERNET







quarta-feira, 9 de novembro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XX ]

Rua do Século - (1945) Foto de Eduardo Portugal (Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, nicho do portal com imagem de Nossa Senhora da Conceição) in AFML

Rua do Século - (194_) Foto de Eduardo Portugal (Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, nicho e portal com a imagem de "SÃO JOSÉ") in AFML

Rua do Século - (entre 1900 e 1945) - Foto de José Artur Leitão Bárcia (Capela que pertence ao Convento dos Cardais, fundado em 1681 por D. Luísa de Távora) in AFML

Rua do Século - (2011) - (Planta do Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais) in SIPA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XX ]
«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS (2)»

Apesar do edifício já poder ser habitado em Dezembro de 1681, como atesta a entrada das primeiras irmãs, prosseguiram os trabalhos de acabamento da construção e sobretudo da decoração da IGREJA e interiores, sob a orientação de «D. LUÍSA DE TÁVORA». Após a sua morte em 18 de Outubro de 1692 com a idade de 83 anos, passou o padroado para seu neto e herdeiro do Convento «D. JOSÉ DE MENESES E TÁVORA».

As obras foram concluídas no ano de 1703. O espaço ocupado pelo Convento, Igreja e cerca, forma uma área limitada, a norte, pela «RUA EDUARDO COELHO» (antiga Rua dos Cardais); a sul, pela «TRAVESSA DA CONCEIÇÃO»; a este, pela «RUA DO SÉCULO» (antiga Rua Formosa), para a qual dá a fachada lateral da Igreja e a oeste, pela «TRAVESSA DA HORTA».

A «CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS» dispõe-se longitudinalmente, sendo a sua planta composta por dois corpos rectangulares justapostos. A entrada faz-se pela fachada lateral, (virada para a "Rua do Século") onde foram abertas duas portas de moldura simples, rematada por pequenos florões, que integram nichos com as imagens de «SÃO JOSÉ» e «NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO». O interior, de nave única, são rasgadas janelas rectangulares e óculo para iluminação da «CAPELA-MOR». As paredes laterais da nave são cobertas até meia altura, por painéis de azulejos azul e branco de origem holandesa, assinados por «JAN VAN OORT» um mestre azulejador com oficina em Amesterdão, falecido em 1699. É evidente que se trata de uma encomenda feita expressamente para esta Igreja, não só pelo tema escolhido, cenas da vida de «SANTA TERESA DE ÁVILA», mas também pelas superfícies a preencher. É mesmo possível que «D. LUÍSA DE TÁVORA» tenha indicado como fonte iconográfica as vinte e cinco gravuras da autoria de «ADRIAN COLLAERT» que ilustram as visões mais importantes e os principais episódios da vida da Santa. O espaço da «CAPELA-MOR» é decorada a toda a volta por embutidos de mármore policromados, atribuídos a «JOÃO ANTUNES».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DO SÉCULO [ XXI ] - O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 3 )».






sábado, 5 de novembro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XIX ]

Rua do Século - (2011) - Fotógrafo não identificado - (Fachada lateral do Convento Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "Rua do Século") in SIPA

Rua do Século - (1945) - Fotógrafo não identificado (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "RUA DO SÉCULO") in AFML



Rua do Século - (19__) - Foto de Joshua Benoliel (O Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, depois asilo de cegas) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XIX ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 1 )»

O «CONVENTO DE Nª. Srª. DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS» também chamado de «CONVENTO DOS CARDAIS», foi fundado em 1681, no sítio dos «CARDAIS», para as freiras «CARMELITAS DESCALÇAS», pela fidalga «D. LUÍSA DE TÁVORA», filha de «ÁLVARO PIRES DE TÁVORA», do Morgado da «TORRE DA CAPARICA». «D.LUÍSA» veio a herdar toda a CASA de seus pais. Foi casada com «LUÍS FRANCISCO DE OLIVEIRA E MIRANDA», um dos homens mais ricos do seu tempo. Depois de enviuvar ingressou a seu pedido e por escolha do Rei «D. JOÃO IV», no «CONVENTO DE SANTOS-O-NOVO» (para o sítio de Xabregas), onde foi comendadeira.

Muito devota de «SANTA TERESA DE JESUS», parecendo-lhe pouco mortificado o viver neste Convento, desejando maior sossego para se entregar aos exercícios espirituais de piedade e devoção, resolveu fundar um «CONVENTO DE RELIGIOSAS CARMELITAS DESCALÇAS». Para isso, aproveitou os edifícios de um recolhimento de mulheres com sua igreja de invocação a «NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO», cujo padroado pertencia à sua CASA que herdara. Para tornar maior a futura instituição, doou alguns terrenos que possuía junto ao mesmo recolhimento, no «SÍTIO DOS CARDAIS», não longe da cerca do «CONVENTO DE JESUS».

As dificuldades da fundação da nova instituição foram rapidamente superadas, e as licenças concedidas, devido à influência de «D. LUÍSA» que mandou iniciar as obras da futura casa aproveitando e aumentando as edificações do antigo recolhimento, gastando com isso uma parte substancial da sua fortuna, consignando para o amparo da mesma; "650 000 mil réis de renda, fixa e perpetua para o sustento de vinte e uma religiosas, e paga dos Capelães e mais pertenças do dito Convento".

Os trabalhos devem ter começado cerca do ano de 1677 e, já no final do ano de 1681, as obras se não estavam totalmente concluídas, permitiam, pelo menos, que a nova comunidade aí se instalasse e vivesse.

Por despacho do "Desembargo do Paço" de 22.11.1681 e alvará de 2 de Dezembro do mesmo ano, o Príncipe Regente «D. PEDRO» autoriza «D.LUÍSA DE TÁVORA» a que "o seu RECOLHIMENTO DA CONCEIÇÃO fosse Convento de Religiosas professas das CARMELITAS DESCALÇAS", sendo expressamente dito no mesmo alvará "de que não teria efeito esta fundação senão depois de feito a fábrica do Convento e posto ele com todas as oficinas em perfeição". Assim, na noite de 7 de Dezembro de 1681, saíram do «CONVENTO DE SANTO ALBERTO» à Pampulha, onde se tinham reunido, dando entrada no novo edifício dos «CARDAIS», esperadas já pela fundadora que as antecedera, as primeiras quatro religiosas. No dia 8 de Dezembro, de manhã muito cedo celebrou-se a primeira missa e entronizou-se o «SANTÍSSIMO SACRAMENTO», tendo lugar nesse mesmo dia (da Imaculada Conceição, padroeira do Reino), a cerimónia da clausura. Mais tarde entraram outras monjas, para perfazer o total de vinte e uma, número limite que a nova instituição comportava.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XVIII ]

Rua do Século - (1969) (Gravura) Foto dos Estúdios Mário Novais (Igreja de Nª. Sª. das Mercês "1679?", vendida a 28 de Abril de 1942 a um particular) in AFML

Rua do Século - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoleil (Igreja Nª. Sª. das Mercês onde se encontrava o túmulo do Marquês de Pombal, vista da "Travessa das Mercês" ao fundo a "Rua do Século") in AFML


Rua do Século - (s/d)-(Desenho de A. Pedroso)-(1969) Foto dos Estúdios de Mário Novais (Gravura da Igreja de Nossa Senhora das Mercês na "RUA DO SÉCULO" esquina para a "TRAVESSA DAS MERCÊS") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XVIII ]

«IGREJA DAS MERCÊS»

A «IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS MERCÊS» existiu na «RUA DO SÉCULO» esquina com a «TRAVESSA DAS MERCÊS», até meados do século XX.

A primeira «IGREJA DE Nª. Sª. DAS MERCÊS» foi estabelecida inicialmente num recolhimento do mesmo título, fundado junto à «ERMIDA DOS FIÉIS DE DEUS» por Alvará Régio de «D. FILIPE III», datado de 23 de Dezembro de 1623. Tratava-se de uma casa para recolhimento de: "mulheres, irmãs e filhas de pessoas que andam servindo ou tivessem servido fora do Reino". Por contracto de 1 de Dezembro de 1632, foi confirmada a separação desta Igreja da jurisdição das "PAROQUIAS DE SANTA CATARINA E LORETO", constituindo uma nova IGREJA PAROQUIAL.
Em 25 de Novembro de 1651, o padroado da «IGREJA PAROQUIAL DAS MERCÊS», foi doado pelo Cabido a «PAULO DE CARVALHO» Desembargador do Paço, que a transferiu para a sua «ERMIDA DA RUA FORMOSA» (hoje Rua do Século, na freguesia de Santa Catarina), estabelecendo-a como «CABEÇA DE MORGADO»( 1 ).
Nesta Ermida foi baptizado em 6 de Junho de 1699, «SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO», o célebre «MARQUÊS DE POMBAL», e aí estiveram depositados os seus ossos, num túmulo completamente abandonado durante aproximadamente um século, até que os «REPUBLICANOS» em 1923, fizeram a sua transladação para a «IGREJA DA MEMÓRIA» no Alto da Ajuda.

A «PARÓQUIA DAS MERCÊS» foi transferida para a «IGREJA DE NOSSA SENHORA DE JESUS» no «LARGO DE JESUS» no segundo quartel do século XIX, ficando a "ERMIDA" na posse dos «CARVALHOS». Sabemos que em 1942 não estando já ao serviço do culto, foi vendida a desmantelada, dando lugar a um belíssimo edifício de habitação e comércio, onde está instalado no r/c da «TRAVESSA DAS MERCÊS» um posto da PSP.

( 1 ) - Informação gentilmente cedida do blogue «PATRIMÓNIO RELIGIOSO DA REGIÃO DE LISBOA»
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