Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Meado do século XVIII) - Eduardo Portugal - (O ROSSIO vendo-se o Hospital Real de Todos-os-Santos) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [IV]
«ROSSIO (4)»
Na face Leste, ergueu-se, nos tempos de D. João II e D. Manuel I, o «HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS», vulgarmente chamado «Hospital de El-Rei» por ter sido El-Rei quem o mandou construir, sendo obra sumptuosa; foi acabada por D. Manuel , beneficiando-o de muitas rendas e privilégios.
Um dos seus braços da Cruz era ocupado por uma formosa e grande Igreja, com porta para o «ROSSIO». O acesso era feito por escadas de pedra com três faces que levavam a um grande patamar.
A Praça foi-se compondo, as edificações foram delimitando o terreno baldio e, algumas delas, de um ou outro modo importantes. Começa por beneficiar da vizinhança do «CONVENTO DE S. DOMINGOS». Em meados do século XV são edificados ao lado Norte os «ESTAUS», onde mais tarde (em 1540) se instalará a «INQUISIÇÃO».
A parte central da Praça era de terra batida e, quase em frente de S. Domingos, existiu o célebre chafariz do Rossio, com um Neptuno de Pedra.
Mas o maior interesse da Praça estará no facto de ter servido um pouco para tudo: desde os autos de fé aos mercados, as corridas de toiros, às festas, desde as conspirações políticas às cenas de boémia. Daqui saiu o povo para defender o «MESTRE DE AVIS», aquém acabaria por aclamar rei, e daqui partiram os conjurados de 1640 que foram ao Terreiro do Paço derrubar Filipe III e substitui-lo por D. João IV.
Pela sua posição estratégica, o «ROSSIO» torna-se local de actividades e palco de ocorrências diversas.
O «TERRAMOTO de 1755» destroçou as edificações que limitavam o «ROSSIO» "os arquitectos reedificadores da capital ergueram, em vez da Praça antiga, irregular e esguelhada, um formoso paralelograma de casario, que foi notabilissimo progresso".(1)
Nos anos seguintes a 1755, foi o «ROSSIO» ganhando aos poucos, a feição actual.
No lado Sul da Praça, contrariando igualmente o projecto primitivo de «MARDEL», que apresentava uma continuidade de fachadas, foi erguido um corpo de edifício semelhante ao existente a Norte. Porém, foi necessário dar passagem para uma rua (Rua dos Sapateiros ou Rua do Arco do Bandeira) estreita, já existente e agora aberta no eixo da Praça, regularizando o arco também existente antes do terramoto.
No conjunto das fachadas, esta construção, o Arco do Bandeira, nome do proprietário e capitalista «JOSÉ RODRIGUES BANDEIRA», tem um ar insólito e as relações com os edifícios simétricos de um e outro lado são discutíveis. É seu autor provável «REINALDO MANUEL», que poderá ter sido também o autor da fachada definitiva da «INQUISIÇÃO».
No ano de 2005 foi indicado o nome de «HOSPITAL DE TODOS-OS-SANTOS» (em memória do que existiu no Rossio), a uma unidade hospitalar que estaria concluída no ano de 2012(?), terá uma capacidade para 800 camas e será a fusão dos antigos Hospitais; de São José, Santo António dos Capuchos, do Desterro, de D. Estefânia, e de Santa Marta. O edificado ficará na zona de Chelas.
(1) - Júlio Castilho
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2 comentários:
Uma grand epraça de Lisboa e cheia de história.
Se precisar de fotos da praça diga-me o mail que se arranja. Abraço
Caro Rafael Santos
Muito obrigado pelo oferecimento. É sempre um prazer incluir no meu Blogue as suas fotos.
Em separado vou indicar os temas que necessito.(Para o Rossio)
Esta grande Praça tem vinte episódios, e suprimi muito.
Mais uma vez obrigado.
um abraço
APS
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