Calçada dos Barbadinhos - (Século XVIII) - (O Convento de Santa Apolónia, segundo o desenho publicado por GONZAGA PEREIRA) in CAMINHO DO ORIENTE Calçada dos Barbadinhos - (Entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Convento de Santa Apolónia, actualmente o edifício pertence à CP) in AFML
Calçada dos Barbadinhos - (1856-1858) (Pormenor da Carta Nº 38 onde o edifício do antigo Convento é referido como ESTAÇÃO CENTRAL. Sabe-se que aqui funcionou o terminus provisório do caminho-de-ferro, originando possivelmente deste facto a denominação de Estação de Santa Apolónia, depois alargada ao novo edifício mais a Sul) in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA Calçada dos Barbadinhos - (1856-1858) (Carta Nº 38 de Lisboa coordenação de Filipe Folque, vendo-se o CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA fazendo já parte da CP) in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
(CONTINUA)
CALÇADA DOS BARBADINHOS [ IX ]
«CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA ( 1 )» Em 1552 já era referenciada nesta localidade uma Ermida que tinha por orago « SANTA APOLÓNIA», e no último quartel do século XV esta Ermida constituía referência toponímica do sítio. Diz-nos o «SUMÁRIO», (1555) "que era casa de muita devoção e esmolas. Tem confraria da mesma «SANTA»" ( 1 ).
A Ermida era pertença dos confeiteiros e deu lugar a um recolhimento, fundado por «D. ISABEL DA MADRE DE DEUS», beata de VILA VIÇOSA, protegida pelos Duques «D. JOÃO IV» e «D. LUÍSA DE GUSMÃO» que lhe chamavam "a minha capuchinha". A rainha negociou com os confeiteiros para que deixassem a Ermida e casas anexas, afim de ali se instalar a beata. A estima da «CASA REAL» valeu-lhe um lugar no séquito de «D. CATARINA», em INGLATERRA (1662), de onde regressou a «SANTA APOLÓNIA» em 1693. Aí fundou o recolhimento e em 1712, residiam 20 recolhidas "sujeitas aos arcebispos de Lisboa, aonde tem seu capelão com obrigação de confessor".
Em 1717 o «PAPA CLEMENTE XI-1649-1721» transformou esta recolhimento em «CONVENTO», cujas recolhidas professariam com grande solenidade, sendo a sua capacidade para 28 religiosas (da 1ª regra de Santa Clara). Por altura do ano de 1719 pediam as religiosas ao «SENADO» para fazer a frontaria da sua igreja de novo. A pronta vistoria e mediação determinou que, depois de feitas as obras, a rua da parte Norte, devia ficar com "trinta e seis palmos". Dez anos passados e as religiosas continuaram mal acomodadas e estando a igreja muito batida pelas ondas do rio, pondo em risco a capela-mor. Assim, as freiras pretendiam melhorar de sítio, edificando a Igreja em uma terra murada, que possuíam fronteira ao dito Mosteiro, com passadiço por arco sobre a entrada. Estes pedidos não foram satisfeitos e sabe-se que em 1740, tinham cedido terreno fronteiro aos «BARBADINHOS» para a abertura da Calçada que os levava ao seu «CONVENTO».
Diz-nos o prior «BARBUDA» em 1758, "que a igreja deste Convento antes do terramoto era pequena; porta principal ao norte; pelo terramoto ficou este Convento e Igreja, inabitável (...) que as religiosas perto de dois anos fizeram residência no forte junto ao mesmo Convento. Reedificou-se só o Convento com esmolas particulares, e algumas ocultas. Foi acrescentado para a parte do mar, e se acha esta nova reedificação com mais cómodos, e fortaleza, excepto a Igreja, que não há com que se possa fazer servindo-se inteiramente de uma com excessivo descómodo" ( 2 ).
Em 1833, quando se formaram as linhas de defesa da cidade de LISBOA, as religiosas de «SANTA APOLÓNIA» foram transferidas para o «CONVENTO DE SANTA ANA», com o qual se fundiram, passando posteriormente para o de «SANTA MÓNICA».
Uma vez extinta a residência claustral, o Convento serviu de domicilio aos meninos da «REAL CASA PIA», tendo-se aí instalado um colégio de aprendizes do «ARSENAL DO EXERCITO».
- ( 1 ) - OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues de, SUMÁRIO, LISBOA, Casa do Livro, 1939, pp.48
- ( 2 ) - PEREIRA, Luís Gonzaga, MONUMENTOS SACROS de LISBOA em 1833, Lisboa, BNL, 1927 Página 280.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«CALÇADA DOS BARBADINHOS [ X ]-CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA ( 2 )»
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