Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (A Rua Central que constituía a antiga "Fábrica Seixas", na "Quinta da Mitra", mais tarde as instalações do "Asilo da Mitra") in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (2013) - (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Edifício na "Quinta da Mitra" construído no tempo da "Fábrica da Cortiça" que mais tarde serviu para outras actividades, hoje propriedade da Segurança Social) in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedido por Ricardo Moreira) (Outro aspecto do edifício em "tijolo à vista" construído no tempo da "Fábrica Seixas", depois utilizado para vários fins) in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (2013) (Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira) (Os edifícios do lado direito da antiga "Fábrica Seixas", de duas águas, encimados por um óculo, construídos em tijolo e rebocados a cal) in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (ant. a 1998) (Foto de António Sacchetti) (Aspecto actual do edifício construído já na última etapa e confinado a Norte com os terrenos do Caminho-de-ferro, hoje propriedade da Segurança Social) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (1987) (Planta aerofotogramétrica, escala 1:2000, Maio de 1963, actualizada em 1987, da "Fábrica de Cortiça na Quinta da Mitra") in CAMINHO DO ORIENTE
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ XV ]
«A FÁBRICA DE CORTIÇA DA QUINTA DA MITRA»
A «FÁBRICA DE CORTIÇA» estava localizada na «QUINTA DA MITRA», junto ao "PALÁCIO" com o mesmo nome, fundado por «D. THOMAZ DE ALMEIDA». Esta fábrica de cortiça, dos finais do século XIX, insere-se no universo das corticeiras de LISBOA ORIENTAL que caracterizavam o ambiente fabril e operário da zona do "POÇO DO BISPO" e "BRAÇO DE PRATA".
Das diversas fábricas que existiram na parte Oriental de Lisboa, subsistem as lembranças da «SOCIEDADE NACIONAL DE CORTIÇA» (Situada na "Quinta dos Quatro Olhos" junto à "Rua do Vale Formoso de Baixo") e os edifícios que descrevemos da empresa catalã «FUERTES Y COMANDITA». Entre as mais célebres corticeiras desta zona, podemos referir-nos a de «NARCISO VILLALLONGA», na "RUA DO AÇÚCAR", 10-13; «ROMÃO DA SERRA LOPES» no BEATO e a de «ANTÓNIO BONNEVILLE» na "ESTRADA DE BRAÇA DE PRATA" aos OLIVAIS, todas referidas no "INQUÉRITO INDUSTRIAL" de 1890, algumas atestando a presença de fabricantes e capital catalão e espanhol neste sector industrial.
Com a venda da "Quinta da Mitra" para a construção da linha de Caminho-de-ferro, "D. JOSÉ DE SALDANHA» «MARQUÊS DE SALAMANCA", poderoso banqueiro e empresário, adquire os terrenos agrícolas - ou pelo menos o que ainda deles restava - abandonados até 1888, altura da construção da unidade corticeira.
Localizada no antigo «ALBERGUE DA MITRA» junto do «PALÁCIO DA MITRA» existiu uma «FÁBRICA DE CORTIÇA» fundada em 1889, pertencia à firma "FUERTES Y COMANDITA" que, em 1917, passa para a empresa portuguesa «FÁBRICA SEIXAS», que a explorou até 1919. A dissolução só terá ocorrido em 1925 ( 1 ), que a partir dessa altura passou a pertencer à Segurança Social.
Esta fábrica construída em alvenaria de tijolo aparente, reveste-se de algum interesse pela organização dos edifícios industriais e armazéns adjacentes uns aos outros.
A sua refuncionalização e adaptação, permitiu chegar até aos nossos dias a estrutura antiga da fábrica, cuja memória se esvaeceu no tempo, com a instalação de novas funções sociais.
Esta fábrica composta por uma alameda central ladeada de cinco edifícios de duas águas, encimados por um óculo , com portão e janelas laterais, de um lado e uma correnteza de dois pisos do outro, são os aspectos mais salientes do que subsistiu.
O referido arruamento confina com um grande edifício transversal de quatro pisos, mais recente, com largas janelas repetidas e uma platibanda a todo o comprimento.
As janelas e os portais do piso térreo revelam a mesma linguagem construtiva. Este último edifício encontra-se confinado a Norte com os terrenos do Caminho-de-ferro.
Um outro arruamento formado largo, à direita do término da rua central, define o espaço fabril, no qual se construiu um edifício centralizado que, provavelmente, se destinava à casa das máquinas.
Quase em todos os prédios notam-se obras de alguma qualidade de intervenção dos engenheiros industriais, que não quiseram deixar uma fábrica malfeita, mas sim uma obra de acordo com as modernas normas construtivas das fábricas de cortiça.
Este aspecto foi tido em consideração quando se reconverteu o espaço para «ALBERGUE». A qualidade pode detectar-se também no interior, embora aí exista a necessidade de destrinçar o que foi obra dos empresários da cortiça e o que resultou da adaptação para fins sociais.
Do ponto de vista arquitectónico estamos na presença de uma construção em tijolo suporto por vigas de ferro, mas rebocada a cal.
Num destes edifícios da antiga «FÁBRICA DE CORTIÇA» esteve durante anos depositado provisoriamente, muito material destinado ao «MUSEU DO BOMBEIRO».
No ano de 2004 todas as peças foram transferidas, para o novo "MUSEU DO BOMBEIRO" instalado num edifício de construção e arquitectura moderna em «CARNIDE», junto do "CENTRO COMERCIAL COLOMBO".
( 1 ) - Norberto de Araújo, INVENTÁRIO DE LISBOA, fasc. V, p.16
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XVI ] - A QUINTA DO MARQUÊS DE MARIALVA ( 1 )».
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